Papais Noéis negros mudam a cara do Natal nos shoppings


Adultos ficam tão emocionados quanto as crianças diante da novidade; profissionais afirmam que mercado avança, mas de maneira lenta

Por Gonçalo Junior
Atualização:

A empregada doméstica Silvana Lima, de 35 anos, não disfarçou a surpresa quando encontrou o Papai Noel no Shopping Light, na região central de São Paulo. Ela nem é muito fã desta época do ano, mas quem vestia a roupa vermelha e exibia barbas brancas era um homem negro. “Precisei de mais de 30 anos para ver um Papai Noel negro”, diz a cearense.

A presença de um Papai Noel preto ou pardo, relativizando a imagem do idoso de longas barbas brancas, face rosada e olhos claros, ainda é uma novidade. Por isso, os adultos se emocionam e se surpreendem tanto quanto as crianças. “Eu nunca vi um Papai Noel pretinho”, confessa a menina Amanda Santos, de 5 anos, em um vídeo que já ultrapassa 200 mil visualizações em uma rede social depois de visitar o local.

O Papai Noel Miller Ismael de Souza atende a menina Eloá no Shopping Campo Limpo, zona sul de São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão
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O Shopping Campo Limpo, na região sul paulistana, aposta na diversidade pela primeira vez neste ano. E, para contemplar todos os segmentos, o centro comercial com 170 lojas tem um velhinho branco pela manhã e um negro à noite. A menina Stella Torres, de 4 anos, aprovou os dois.

“Ela fala que os dois são legais porque gosta mesmo é de Papai Noel. Já tive de trazê-la três vezes neste ano só para dar um abraço neles”, conta a costureira Simone Correia de Faria, de 42 anos, moradora da região.

O superintendente Leonardo Monaci explica que a escolha de um Papai Noel negro foi natural por causa da diversidade do público e da própria sociedade brasileira. “O balanço foi bastante positivo, tivemos momentos únicos de alegria e identificação”, diz.

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O aposentado João Carlos Silva de Araújo, de 66 anos, é o Papai Noel do Shopping Light, na região central Foto: Shopping Light

A iniciativa dos dois centros comerciais mostra que espírito natalino também pode rimar com diversidade e representatividade. É um aceno relevante para uma parcela de 55,5% da população, os pretos e pardos de acordo com o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - muitos não se sentiam totalmente identificados com os velhinhos tradicionais. “Normalmente, eles colocam pessoas brancas. É legal a gente se sentir representada”, diz Silvana.

Rhuann Destro, gerente de comunicação e marketing da Gazit Brasil, empresa gestora de shoppings, explica que os relatos nas redes sociais atestam o sucesso da iniciativa na região central. “A presença do Papai Noel negro se tornou um símbolo acolhedor e inclusivo, gerando conexões significativas e memórias especiais”.

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Mercado ainda avança devagar, dizem Noéis negros

A percepção dos profissionais é de que o mercado avança, mas ainda de forma lenta. O auxiliar de loja Miller Ismael de Souza, de 66 anos, três deles como Noel, trabalha no shopping da região sul e também fará entregas de presentes no final de semana do Natal. “No começo, havia certa rejeição, as pessoas torciam o nariz. Mas esse sentimento mudou nos últimos anos”, diz Miller.

É a mesma percepção de João Carlos Araújo, antigo auxiliar de enfermagem e que também trabalha no Natal há três anos. “Nem todas as empresas contratam negros. A visibilidade deste ano pode impulsionar os convites. Acredito que vai aumentar”, diz o idoso de 66 anos, que também é formado em Teologia, Pedagogia e Gastronomia.

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Araújo conta que nunca foi discriminado. “As crianças, de qualquer cor, chegam gritando e me abraçam. Reagem normalmente. Não percebo melindre ou preconceito. Nunca fui discriminado. Algumas pessoas comentam que agora têm um representante da nação negra”, conta.

Papai Noel preto gera identificação na população de rua

A escolha da figura principal do Natal como símbolo de representatividade e inclusão também foi feita por quem atua nas ruas O Instituto Somando Mais Ações, aceleradora da ONG Bem da Madrugada e de outros projetos voltados à população em situação de rua, promoveu uma ação de Natal com um Papai Noel preto pelo segundo ano consecutivo.

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O Instituto Somando Mais Ações levou um Papai Noel negro para ação de Natal com pessoas em situação de rua Foto: Lucas Pirez

O Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População de Rua da Universidade Federal de Minas Gerais estima que sete em cada 10 pessoas em situação de rua no País são pretas. “A identificação é praticamente imediata! Algumas crianças ficam muito felizes como quando se identificam com heróis negros nos filmes e desenhos. Esse pertencimento é importante e necessário”, diz Priscila Rodrigues, CEO do Instituto.

Além do Papai Noel, a ação de Natal teve bazar para distribuição gratuita de roupas e calçados, barracas de comida e espaço de recreação. “A inclusão em dias festivos pode parecer algo simples, mas as pessoas em situação de rua raramente tem acesso a eles”.

A empregada doméstica Silvana Lima, de 35 anos, não disfarçou a surpresa quando encontrou o Papai Noel no Shopping Light, na região central de São Paulo. Ela nem é muito fã desta época do ano, mas quem vestia a roupa vermelha e exibia barbas brancas era um homem negro. “Precisei de mais de 30 anos para ver um Papai Noel negro”, diz a cearense.

A presença de um Papai Noel preto ou pardo, relativizando a imagem do idoso de longas barbas brancas, face rosada e olhos claros, ainda é uma novidade. Por isso, os adultos se emocionam e se surpreendem tanto quanto as crianças. “Eu nunca vi um Papai Noel pretinho”, confessa a menina Amanda Santos, de 5 anos, em um vídeo que já ultrapassa 200 mil visualizações em uma rede social depois de visitar o local.

O Papai Noel Miller Ismael de Souza atende a menina Eloá no Shopping Campo Limpo, zona sul de São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

O Shopping Campo Limpo, na região sul paulistana, aposta na diversidade pela primeira vez neste ano. E, para contemplar todos os segmentos, o centro comercial com 170 lojas tem um velhinho branco pela manhã e um negro à noite. A menina Stella Torres, de 4 anos, aprovou os dois.

“Ela fala que os dois são legais porque gosta mesmo é de Papai Noel. Já tive de trazê-la três vezes neste ano só para dar um abraço neles”, conta a costureira Simone Correia de Faria, de 42 anos, moradora da região.

O superintendente Leonardo Monaci explica que a escolha de um Papai Noel negro foi natural por causa da diversidade do público e da própria sociedade brasileira. “O balanço foi bastante positivo, tivemos momentos únicos de alegria e identificação”, diz.

O aposentado João Carlos Silva de Araújo, de 66 anos, é o Papai Noel do Shopping Light, na região central Foto: Shopping Light

A iniciativa dos dois centros comerciais mostra que espírito natalino também pode rimar com diversidade e representatividade. É um aceno relevante para uma parcela de 55,5% da população, os pretos e pardos de acordo com o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - muitos não se sentiam totalmente identificados com os velhinhos tradicionais. “Normalmente, eles colocam pessoas brancas. É legal a gente se sentir representada”, diz Silvana.

Rhuann Destro, gerente de comunicação e marketing da Gazit Brasil, empresa gestora de shoppings, explica que os relatos nas redes sociais atestam o sucesso da iniciativa na região central. “A presença do Papai Noel negro se tornou um símbolo acolhedor e inclusivo, gerando conexões significativas e memórias especiais”.

Mercado ainda avança devagar, dizem Noéis negros

A percepção dos profissionais é de que o mercado avança, mas ainda de forma lenta. O auxiliar de loja Miller Ismael de Souza, de 66 anos, três deles como Noel, trabalha no shopping da região sul e também fará entregas de presentes no final de semana do Natal. “No começo, havia certa rejeição, as pessoas torciam o nariz. Mas esse sentimento mudou nos últimos anos”, diz Miller.

É a mesma percepção de João Carlos Araújo, antigo auxiliar de enfermagem e que também trabalha no Natal há três anos. “Nem todas as empresas contratam negros. A visibilidade deste ano pode impulsionar os convites. Acredito que vai aumentar”, diz o idoso de 66 anos, que também é formado em Teologia, Pedagogia e Gastronomia.

Araújo conta que nunca foi discriminado. “As crianças, de qualquer cor, chegam gritando e me abraçam. Reagem normalmente. Não percebo melindre ou preconceito. Nunca fui discriminado. Algumas pessoas comentam que agora têm um representante da nação negra”, conta.

Papai Noel preto gera identificação na população de rua

A escolha da figura principal do Natal como símbolo de representatividade e inclusão também foi feita por quem atua nas ruas O Instituto Somando Mais Ações, aceleradora da ONG Bem da Madrugada e de outros projetos voltados à população em situação de rua, promoveu uma ação de Natal com um Papai Noel preto pelo segundo ano consecutivo.

O Instituto Somando Mais Ações levou um Papai Noel negro para ação de Natal com pessoas em situação de rua Foto: Lucas Pirez

O Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População de Rua da Universidade Federal de Minas Gerais estima que sete em cada 10 pessoas em situação de rua no País são pretas. “A identificação é praticamente imediata! Algumas crianças ficam muito felizes como quando se identificam com heróis negros nos filmes e desenhos. Esse pertencimento é importante e necessário”, diz Priscila Rodrigues, CEO do Instituto.

Além do Papai Noel, a ação de Natal teve bazar para distribuição gratuita de roupas e calçados, barracas de comida e espaço de recreação. “A inclusão em dias festivos pode parecer algo simples, mas as pessoas em situação de rua raramente tem acesso a eles”.

A empregada doméstica Silvana Lima, de 35 anos, não disfarçou a surpresa quando encontrou o Papai Noel no Shopping Light, na região central de São Paulo. Ela nem é muito fã desta época do ano, mas quem vestia a roupa vermelha e exibia barbas brancas era um homem negro. “Precisei de mais de 30 anos para ver um Papai Noel negro”, diz a cearense.

A presença de um Papai Noel preto ou pardo, relativizando a imagem do idoso de longas barbas brancas, face rosada e olhos claros, ainda é uma novidade. Por isso, os adultos se emocionam e se surpreendem tanto quanto as crianças. “Eu nunca vi um Papai Noel pretinho”, confessa a menina Amanda Santos, de 5 anos, em um vídeo que já ultrapassa 200 mil visualizações em uma rede social depois de visitar o local.

O Papai Noel Miller Ismael de Souza atende a menina Eloá no Shopping Campo Limpo, zona sul de São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

O Shopping Campo Limpo, na região sul paulistana, aposta na diversidade pela primeira vez neste ano. E, para contemplar todos os segmentos, o centro comercial com 170 lojas tem um velhinho branco pela manhã e um negro à noite. A menina Stella Torres, de 4 anos, aprovou os dois.

“Ela fala que os dois são legais porque gosta mesmo é de Papai Noel. Já tive de trazê-la três vezes neste ano só para dar um abraço neles”, conta a costureira Simone Correia de Faria, de 42 anos, moradora da região.

O superintendente Leonardo Monaci explica que a escolha de um Papai Noel negro foi natural por causa da diversidade do público e da própria sociedade brasileira. “O balanço foi bastante positivo, tivemos momentos únicos de alegria e identificação”, diz.

O aposentado João Carlos Silva de Araújo, de 66 anos, é o Papai Noel do Shopping Light, na região central Foto: Shopping Light

A iniciativa dos dois centros comerciais mostra que espírito natalino também pode rimar com diversidade e representatividade. É um aceno relevante para uma parcela de 55,5% da população, os pretos e pardos de acordo com o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - muitos não se sentiam totalmente identificados com os velhinhos tradicionais. “Normalmente, eles colocam pessoas brancas. É legal a gente se sentir representada”, diz Silvana.

Rhuann Destro, gerente de comunicação e marketing da Gazit Brasil, empresa gestora de shoppings, explica que os relatos nas redes sociais atestam o sucesso da iniciativa na região central. “A presença do Papai Noel negro se tornou um símbolo acolhedor e inclusivo, gerando conexões significativas e memórias especiais”.

Mercado ainda avança devagar, dizem Noéis negros

A percepção dos profissionais é de que o mercado avança, mas ainda de forma lenta. O auxiliar de loja Miller Ismael de Souza, de 66 anos, três deles como Noel, trabalha no shopping da região sul e também fará entregas de presentes no final de semana do Natal. “No começo, havia certa rejeição, as pessoas torciam o nariz. Mas esse sentimento mudou nos últimos anos”, diz Miller.

É a mesma percepção de João Carlos Araújo, antigo auxiliar de enfermagem e que também trabalha no Natal há três anos. “Nem todas as empresas contratam negros. A visibilidade deste ano pode impulsionar os convites. Acredito que vai aumentar”, diz o idoso de 66 anos, que também é formado em Teologia, Pedagogia e Gastronomia.

Araújo conta que nunca foi discriminado. “As crianças, de qualquer cor, chegam gritando e me abraçam. Reagem normalmente. Não percebo melindre ou preconceito. Nunca fui discriminado. Algumas pessoas comentam que agora têm um representante da nação negra”, conta.

Papai Noel preto gera identificação na população de rua

A escolha da figura principal do Natal como símbolo de representatividade e inclusão também foi feita por quem atua nas ruas O Instituto Somando Mais Ações, aceleradora da ONG Bem da Madrugada e de outros projetos voltados à população em situação de rua, promoveu uma ação de Natal com um Papai Noel preto pelo segundo ano consecutivo.

O Instituto Somando Mais Ações levou um Papai Noel negro para ação de Natal com pessoas em situação de rua Foto: Lucas Pirez

O Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População de Rua da Universidade Federal de Minas Gerais estima que sete em cada 10 pessoas em situação de rua no País são pretas. “A identificação é praticamente imediata! Algumas crianças ficam muito felizes como quando se identificam com heróis negros nos filmes e desenhos. Esse pertencimento é importante e necessário”, diz Priscila Rodrigues, CEO do Instituto.

Além do Papai Noel, a ação de Natal teve bazar para distribuição gratuita de roupas e calçados, barracas de comida e espaço de recreação. “A inclusão em dias festivos pode parecer algo simples, mas as pessoas em situação de rua raramente tem acesso a eles”.

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