Uma indústria brasileira do setor farmacêutico se juntou a uma organização ambiental para plantar 100 mil mudas de árvores nativas no entorno do Sistema Cantareira. O conjunto de reservatórios que compõem o sistema responde pelo abastecimento da maior parte da Região Metropolitana de São Paulo. O Cantareira abastece também as bacias dos rios Capivari, Jundiaí e Piracicaba, responsável pela água fornecida a dezenas de cidades do interior paulista.
O plantio faz parte do programa Raízes da União, da farmacêutica União Química, em parceria com o Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê), que já tem atuação marcante em projetos de recuperação ambiental. A meta do programa é plantar 1 milhão de árvores nativas em cinco anos. Para celebrar o início do projeto, duas mil mudas foram distribuídas aos visitantes, no último dia 13, no Parque Ibirapuera, na capital.
As inserções das primeiras mudas serão feitas ao redor da represa Atibainha, um dos reservatórios que compõem o Cantareira, em Nazaré Paulista. As plantas escolhidas são típicas do bioma Mata Atlântica, predominante na região. Conforme o instituto, as árvores irão ajudar não só na produção de água e proteção dos mananciais, como também na restauração do habitat de animais ameaçados de extinção.
Pelo projeto, outras cidades do estado de São Paulo, como Guarulhos, Taboão da Serra e Embu-Guaçu participarão da iniciativa. Minas Gerais, estado onde nascem alguns dos mananciais formadores do Sistema Cantareira, também receberá plantios.
OUTROS PROJETOS - Os esforços para recuperar a biodiversidade no entorno do Sistema Cantareira, que quase secou durante a crise hídrica mais severa dos últimos 90 anos, entre 2014 e 2015, mobilizam também outros atores. A Sabesp, responsável pela operação do sistema, já reflorestou cerca de 1,2 mil hectares - área superior a 1,6 mil campos de futebol - nas margens da represa na última década. A quantidade plantada equivale a uma floresta com 1,6 milhão de árvores.
Levantamento do Atlas do Sistema Cantareira, uma publicação do Instituto Ipê, apontou que 21 mil hectares precisaram ser restaurados ou incrementados em áreas de preservação permanente, nas proximidades de nascentes, rios e riachos. São áreas que deveriam estar cobertas por florestas, mas estão praticamente desnudas. A falta de cobertura vegetal prejudica a resiliência do Cantareira, um dos maiores sistemas de abastecimento de água do mundo, responsável pela água que chega a 7,6 milhões de pessoas na região metropolitana da capital e 5 milhões nas regiões de Campinas e Piracicaba.