Perdizes e Pinheiros têm alta de roubos; centro de SP vê queda: ‘Não me sinto mais segura’


Tendência crescente em regiões de classe média alta na zona oeste é a inversa de áreas como Sé e Campos Elíseos. Secretaria monitora se há migração de crimes e diz adotar medidas

Por Ítalo Lo Re e Cindy Damasceno
Atualização:

As regiões de Perdizes e Pinheiros, ambas na zona oeste de São Paulo, observaram alta nos números de roubos registrados de janeiro a maio deste ano, apontam dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP). Os casos subiram, respectivamente, 18,5% e 3,64% ante o mesmo período do ano passado, com mais de 1,2 mil ocorrências em cada um desses distritos policiais.

Isso vai na contramão da queda de 12,7% a cidade, sobretudo no centro, que vinha sofrendo nos últimos anos com a sensação de insegurança e o espalhamento da Cracolândia. Nas regiões da e de Campos Elíseos, os roubos caíram 56,81% e 46,6% nos cinco primeiros meses.

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A secretaria avalia que as reduções refletem medidas adotadas para combater os crimes patrimoniais, mas reconhece que pode ter havido migração para outros bairros.

O Estadão lança nesta quinta-feira, 27, o Radar da Criminalidade, ferramenta que ajuda a entender as dinâmicas de crimes como roubos e furtos de celulares e de veículos na cidade.

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O telefone celular, segundo autoridades policiais, tem sido o alvo ainda mais frequente dos criminosos principalmente pela possibilidade de fazer transferências instantâneas via Pix.

  • Foram 1.262 roubos em Perdizes de janeiro a maio, alta de 18,5% em relação aos 1.069 registros no mesmo período do ano passado;
  • Em Pinheiros, as ocorrências subiram 3,64%: de 1.428 para 1.480;
  • Em contrapartida, na Sé, caíram 46,6%: foram de 2.382 para 1.272;
  • Em Campos Elíseos, a maior queda para o período (56,81%): os casos foram de 3.443 para 1.487, segundo dados da secretaria.

Foi para fugir da criminalidade do centro que a publicitária Maria (nome fictício) se mudou de Santa Cecília para Perdizes há um ano. “Morei a vida toda na região mais central e tomei a decisão de mudar de bairro, principalmente em busca de mais segurança e tranquilidade para andar nas ruas”, diz ela, de 40 anos.

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Casos têm aumentado na área do 23º DP, em Perdizes Foto: Werther Santana/Estadão

Desde a mudança, porém, ela diz que os relatos de roubos e furtos só crescem na nova vizinhança. Até que, em maio, ela própria se tornou vítima: esperava um carro de aplicativo em frente a um bar na na Rua Cayowaá que havia acabado de fechar quando um “falso motoboy” surgiu repentinamente, já com arma de fogo em punho, e anunciou o assalto. Era por volta de meia-noite.

A publicitária e mais quatro amigas entregaram os aparelhos. “Por sorte, ele não pediu o desbloqueio dos celulares, talvez por estarmos num pequeno grupo”, diz.

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Agora ela evita andar a pé à noite e, se precisa sair, não leva o telefone nem outro pertence. “Também não uso mais o celular na rua: fica dentro da bolsa”, conta. “Não me sinto mais segura como antes.”

Em dezembro, um adolescente de 15 anos foi baleado na barriga ao reagir a um assalto à noite em Perdizes. O jovem chegou a ser internado no hospital, mas recebeu alta. Ele foi abordado por um assaltante de capacete enquanto aguardava a liberação da portaria de um prédio na Rua Diana. Ao menos um suspeito foi preso.

Quando se leva em conta toda a cidade, as maiores altas de roubos, entre os mais de 90 distritos policiais da cidade, foram em Heliópolis (60,85%), na zona sul, Itaquera (40,45%) e Guaianases (32,13%), na zona leste. Na outra ponta, estão, além de Campos Elíseos e Sé, também a Vila Joaniza, com redução de 47,41%.

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Perdizes é a 7ª área com a maior elevação, mas é a primeira delas a ter registrado não só uma alta expressiva no período de comparação, como a reunir mais de mil casos. Os furtos também estão em alta na região: foram 4.561 casos de janeiro a maio, ante 3.847 no mesmo período do ano passado, alta de 18,56%.

Ainda perto de casa, o fotógrafo Flavio Teperman, de 41 anos, enviava uma mensagem para uma cliente quando foi surpreendido por um motoqueiro. “Tudo muito rápido: ele só arrancou o celular da minha mão”, disse. O furto ocorreu por volta das 13h do último dia 14, na esquina entre as ruas Cayowaá e Ministro Gastão Mesquita, em Perdizes.

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Pinheiros é apenas o 24º com a maior alta de roubos (3,72%), mas os números absolutos chamam atenção, sobretudo quando se comparados à série histórica do bairro e ao fato de que os roubos por lá já vinham em alta no primeiro semestre do ano passado. Foram 1.478 de janeiro a maio deste ano, ante 1.425 na comparação com o mesmo mês do ano passado.

“Ultimamente, o que tem sido mais frequente é a abordagem por motociclistas na região, às vezes por um e às vezes até por dois. Costumam agir à mão armada”, afirma o engenheiro Roberto Blatt, de 63 anos. Ele é tutor da Rua Mateus Grou no Programa Vizinhança Solidária e participa com frequência das reuniões do Conselho de Segurança (Conseg) Pinheiros.

“Falsos entregadores” cometem boa parte dos roubos na região, mas há também outras dinâmicas, segundo relatos compartilhados entre moradores. Entre as regiões consideradas mais críticas em relação aos roubos, estão a Travessa Tim Maia, na região da Vila Madalena, e vias que cortam a Rua dos Pinheiros.

Para facilitar os relatos das vítimas, Blatt conta que os moradores do bairro investiram em câmeras de vigilância e desenvolveram até um formulário bem direto para as vítimas preencherem (o documento não substitui o BO). Assim, os tutores das ruas do bairro conseguem informar de forma mais precisa a PM.

No fim do mês passado, um restaurante na Rua Cônego Eugênio Leite foi alvo de arrastão. O crime foi por volta das 21h, quando o comércio já estava, na maioria, fechado. Ao menos nove celulares foram levados pelo assaltante, que fugiu em seguida, segundo informou na época a Secretaria da Segurança Pública.

PM usa motos para combater crimes em Perdizes

Conforme o capitão Daniel Di Luca, comandante da 3ª Companhia do 4° Batalhão da Polícia Militar, diante da alta de furtos na região de Perdizes, a corporação aumentou, nos últimos meses, os patrulhamentos feitos com moto. São oito veículos à disposição, além de quatro equipes focadas nessa atuação.

“Geralmente eles (criminosos) agem em dois ou três indivíduos de bicicleta, fazem isso para confundir tanto a polícia quanto as vítimas no momento da abordagem. E rapidamente um passa o celular para o outro”, disse o capitão. A ampliação do uso de motos visa a facilitar possíveis perseguições. Ao todo, cerca de 150 agentes atuam em Perdizes.

Segundo Di Luca, a maior incidência de roubos e furtos se dá na divisa entre Perdizes e Lapa, onde a presença de viadutos facilita a fuga de criminosos. O entorno da Estação Barra Funda também é um ponto de atenção. “Aumenta o fluxo de pessoas e, obviamente, vai aumentar o número de delitos.”

O capitão diz ainda que a PM acompanha de perto locais de grande movimentação, a exemplo do Allianz Parque, que recebe grandes eventos. “Os furtos são mais relacionados a uma característica geográfica da região, que acaba facilitando a fuga dos indivíduos. Tem alguns viadutos, como o Pompeia, que dificultam que criminosos sejam pegos, por exemplo”, afirma.

Secretaria destaca melhora no centro, mas reconhece possível ‘migração’

A Secretaria da Segurança afirmou que, de janeiro a maio, o trabalho integrado das polícias paulistas, baseado em inteligência e com uso de novas ferramentas de tecnologia, reduziu “em cerca de 27% o número de furtos e roubos de celulares” na capital.

“A presença policial foi intensificada em toda a cidade e ações integradas já resultaram em queda de 28,11 % e 20,70% nos roubos e furtos de celulares, respectivamente, na capital de janeiro a maio”, afirma a pasta.

“A queda principal é no centro, mas, em toda a cidade, foram cerca de 16,6 mil roubos e furtos a menos de celular na capital”, diz o major Rodrigo Vilardi, da Coordenadoria de Análise e Planejamento (CAP) da Secretaria da Segurança Pública.

Na área da 3ª Seccional, onde estão instalados os distritos policiais de Perdizes e Pinheiros, a secretaria afirma que houve recuo de 9,8% e 21% nos roubos em geral e de veículos de janeiro a maio, além da prisão e apreensão de 2.308 suspeitos.

“Com esse foco nas atuações no centro, porque a gente estava com uma situação no começo do ano passado muito preocupante, no centro, no ‘fluxo’ (da Cracolândia), acaba sendo até previsível algumas migrações”, afirma Vilardi.

Segundo ele, isso ocorreu primeiramente em Perdizes, que registrou 161 roubos ou furtos de celular a mais em abril (na comparação com o mesmo período do ano passado) e, mais recentemente, em Pinheiros, que teve 45 casos a mais em maio.

“Em Perdizes, essa pequena migração em abril já demandou ações policiais ostensivas e, em maio, esse aumento já foi menor, de 19 casos”, diz Vilardi. “Depois, houve maior aumento em Pinheiros em maio, o que pode ser até reflexo, agora mais regionalizado, das ações em Perdizes.”

O major afirma que a migração é “natural”. “O que traria preocupação seria uma migração substancial, de o crime simplesmente sair do centro. Mas não foi isso que aconteceu”, diz. A secretaria destaca que a Operação Mobile possibilitou a apreensão de 2.509 aparelhos, sendo 1.025 devolvidos às vítimas até maio. Além da prisão de 232 suspeitos.

Segundo Vilardi, o perfil principal dos criminosos que praticam o roubo de celular em São Paulo é o de jovens com mais de 16 anos. Ao longo dos últimos anos, gangues desse tipo causaram medo sobretudo nas regiões de Campos Elíseos e da República, no centro.

Como forma de combater essa atuação, a PM lançou, por exemplo, a Operação Speed Bike, com o objetivo de apreender bicicletas utilizadas por ladrões de celulares. Desde o início do ano, foram apreendidas mais de 300 bicicletas sob suspeita de serem usadas por criminosos.

Com ações desse tipo, a atuação de gangues da bicicleta não deixou de ocorrer em bairros do centro, mas agora parece estar mais dividida, na avaliação da Polícia PM. “É um ‘gato e rato’. A polícia identifica esse modus operandi, começa a bloquear e paulatinamente eles migram”, diz Vilardi.

As regiões de Perdizes e Pinheiros, ambas na zona oeste de São Paulo, observaram alta nos números de roubos registrados de janeiro a maio deste ano, apontam dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP). Os casos subiram, respectivamente, 18,5% e 3,64% ante o mesmo período do ano passado, com mais de 1,2 mil ocorrências em cada um desses distritos policiais.

Isso vai na contramão da queda de 12,7% a cidade, sobretudo no centro, que vinha sofrendo nos últimos anos com a sensação de insegurança e o espalhamento da Cracolândia. Nas regiões da e de Campos Elíseos, os roubos caíram 56,81% e 46,6% nos cinco primeiros meses.

A secretaria avalia que as reduções refletem medidas adotadas para combater os crimes patrimoniais, mas reconhece que pode ter havido migração para outros bairros.

O Estadão lança nesta quinta-feira, 27, o Radar da Criminalidade, ferramenta que ajuda a entender as dinâmicas de crimes como roubos e furtos de celulares e de veículos na cidade.

O telefone celular, segundo autoridades policiais, tem sido o alvo ainda mais frequente dos criminosos principalmente pela possibilidade de fazer transferências instantâneas via Pix.

  • Foram 1.262 roubos em Perdizes de janeiro a maio, alta de 18,5% em relação aos 1.069 registros no mesmo período do ano passado;
  • Em Pinheiros, as ocorrências subiram 3,64%: de 1.428 para 1.480;
  • Em contrapartida, na Sé, caíram 46,6%: foram de 2.382 para 1.272;
  • Em Campos Elíseos, a maior queda para o período (56,81%): os casos foram de 3.443 para 1.487, segundo dados da secretaria.

Foi para fugir da criminalidade do centro que a publicitária Maria (nome fictício) se mudou de Santa Cecília para Perdizes há um ano. “Morei a vida toda na região mais central e tomei a decisão de mudar de bairro, principalmente em busca de mais segurança e tranquilidade para andar nas ruas”, diz ela, de 40 anos.

Casos têm aumentado na área do 23º DP, em Perdizes Foto: Werther Santana/Estadão

Desde a mudança, porém, ela diz que os relatos de roubos e furtos só crescem na nova vizinhança. Até que, em maio, ela própria se tornou vítima: esperava um carro de aplicativo em frente a um bar na na Rua Cayowaá que havia acabado de fechar quando um “falso motoboy” surgiu repentinamente, já com arma de fogo em punho, e anunciou o assalto. Era por volta de meia-noite.

A publicitária e mais quatro amigas entregaram os aparelhos. “Por sorte, ele não pediu o desbloqueio dos celulares, talvez por estarmos num pequeno grupo”, diz.

Agora ela evita andar a pé à noite e, se precisa sair, não leva o telefone nem outro pertence. “Também não uso mais o celular na rua: fica dentro da bolsa”, conta. “Não me sinto mais segura como antes.”

Em dezembro, um adolescente de 15 anos foi baleado na barriga ao reagir a um assalto à noite em Perdizes. O jovem chegou a ser internado no hospital, mas recebeu alta. Ele foi abordado por um assaltante de capacete enquanto aguardava a liberação da portaria de um prédio na Rua Diana. Ao menos um suspeito foi preso.

Quando se leva em conta toda a cidade, as maiores altas de roubos, entre os mais de 90 distritos policiais da cidade, foram em Heliópolis (60,85%), na zona sul, Itaquera (40,45%) e Guaianases (32,13%), na zona leste. Na outra ponta, estão, além de Campos Elíseos e Sé, também a Vila Joaniza, com redução de 47,41%.

Perdizes é a 7ª área com a maior elevação, mas é a primeira delas a ter registrado não só uma alta expressiva no período de comparação, como a reunir mais de mil casos. Os furtos também estão em alta na região: foram 4.561 casos de janeiro a maio, ante 3.847 no mesmo período do ano passado, alta de 18,56%.

Ainda perto de casa, o fotógrafo Flavio Teperman, de 41 anos, enviava uma mensagem para uma cliente quando foi surpreendido por um motoqueiro. “Tudo muito rápido: ele só arrancou o celular da minha mão”, disse. O furto ocorreu por volta das 13h do último dia 14, na esquina entre as ruas Cayowaá e Ministro Gastão Mesquita, em Perdizes.

Pinheiros é apenas o 24º com a maior alta de roubos (3,72%), mas os números absolutos chamam atenção, sobretudo quando se comparados à série histórica do bairro e ao fato de que os roubos por lá já vinham em alta no primeiro semestre do ano passado. Foram 1.478 de janeiro a maio deste ano, ante 1.425 na comparação com o mesmo mês do ano passado.

“Ultimamente, o que tem sido mais frequente é a abordagem por motociclistas na região, às vezes por um e às vezes até por dois. Costumam agir à mão armada”, afirma o engenheiro Roberto Blatt, de 63 anos. Ele é tutor da Rua Mateus Grou no Programa Vizinhança Solidária e participa com frequência das reuniões do Conselho de Segurança (Conseg) Pinheiros.

“Falsos entregadores” cometem boa parte dos roubos na região, mas há também outras dinâmicas, segundo relatos compartilhados entre moradores. Entre as regiões consideradas mais críticas em relação aos roubos, estão a Travessa Tim Maia, na região da Vila Madalena, e vias que cortam a Rua dos Pinheiros.

Para facilitar os relatos das vítimas, Blatt conta que os moradores do bairro investiram em câmeras de vigilância e desenvolveram até um formulário bem direto para as vítimas preencherem (o documento não substitui o BO). Assim, os tutores das ruas do bairro conseguem informar de forma mais precisa a PM.

No fim do mês passado, um restaurante na Rua Cônego Eugênio Leite foi alvo de arrastão. O crime foi por volta das 21h, quando o comércio já estava, na maioria, fechado. Ao menos nove celulares foram levados pelo assaltante, que fugiu em seguida, segundo informou na época a Secretaria da Segurança Pública.

PM usa motos para combater crimes em Perdizes

Conforme o capitão Daniel Di Luca, comandante da 3ª Companhia do 4° Batalhão da Polícia Militar, diante da alta de furtos na região de Perdizes, a corporação aumentou, nos últimos meses, os patrulhamentos feitos com moto. São oito veículos à disposição, além de quatro equipes focadas nessa atuação.

“Geralmente eles (criminosos) agem em dois ou três indivíduos de bicicleta, fazem isso para confundir tanto a polícia quanto as vítimas no momento da abordagem. E rapidamente um passa o celular para o outro”, disse o capitão. A ampliação do uso de motos visa a facilitar possíveis perseguições. Ao todo, cerca de 150 agentes atuam em Perdizes.

Segundo Di Luca, a maior incidência de roubos e furtos se dá na divisa entre Perdizes e Lapa, onde a presença de viadutos facilita a fuga de criminosos. O entorno da Estação Barra Funda também é um ponto de atenção. “Aumenta o fluxo de pessoas e, obviamente, vai aumentar o número de delitos.”

O capitão diz ainda que a PM acompanha de perto locais de grande movimentação, a exemplo do Allianz Parque, que recebe grandes eventos. “Os furtos são mais relacionados a uma característica geográfica da região, que acaba facilitando a fuga dos indivíduos. Tem alguns viadutos, como o Pompeia, que dificultam que criminosos sejam pegos, por exemplo”, afirma.

Secretaria destaca melhora no centro, mas reconhece possível ‘migração’

A Secretaria da Segurança afirmou que, de janeiro a maio, o trabalho integrado das polícias paulistas, baseado em inteligência e com uso de novas ferramentas de tecnologia, reduziu “em cerca de 27% o número de furtos e roubos de celulares” na capital.

“A presença policial foi intensificada em toda a cidade e ações integradas já resultaram em queda de 28,11 % e 20,70% nos roubos e furtos de celulares, respectivamente, na capital de janeiro a maio”, afirma a pasta.

“A queda principal é no centro, mas, em toda a cidade, foram cerca de 16,6 mil roubos e furtos a menos de celular na capital”, diz o major Rodrigo Vilardi, da Coordenadoria de Análise e Planejamento (CAP) da Secretaria da Segurança Pública.

Na área da 3ª Seccional, onde estão instalados os distritos policiais de Perdizes e Pinheiros, a secretaria afirma que houve recuo de 9,8% e 21% nos roubos em geral e de veículos de janeiro a maio, além da prisão e apreensão de 2.308 suspeitos.

“Com esse foco nas atuações no centro, porque a gente estava com uma situação no começo do ano passado muito preocupante, no centro, no ‘fluxo’ (da Cracolândia), acaba sendo até previsível algumas migrações”, afirma Vilardi.

Segundo ele, isso ocorreu primeiramente em Perdizes, que registrou 161 roubos ou furtos de celular a mais em abril (na comparação com o mesmo período do ano passado) e, mais recentemente, em Pinheiros, que teve 45 casos a mais em maio.

“Em Perdizes, essa pequena migração em abril já demandou ações policiais ostensivas e, em maio, esse aumento já foi menor, de 19 casos”, diz Vilardi. “Depois, houve maior aumento em Pinheiros em maio, o que pode ser até reflexo, agora mais regionalizado, das ações em Perdizes.”

O major afirma que a migração é “natural”. “O que traria preocupação seria uma migração substancial, de o crime simplesmente sair do centro. Mas não foi isso que aconteceu”, diz. A secretaria destaca que a Operação Mobile possibilitou a apreensão de 2.509 aparelhos, sendo 1.025 devolvidos às vítimas até maio. Além da prisão de 232 suspeitos.

Segundo Vilardi, o perfil principal dos criminosos que praticam o roubo de celular em São Paulo é o de jovens com mais de 16 anos. Ao longo dos últimos anos, gangues desse tipo causaram medo sobretudo nas regiões de Campos Elíseos e da República, no centro.

Como forma de combater essa atuação, a PM lançou, por exemplo, a Operação Speed Bike, com o objetivo de apreender bicicletas utilizadas por ladrões de celulares. Desde o início do ano, foram apreendidas mais de 300 bicicletas sob suspeita de serem usadas por criminosos.

Com ações desse tipo, a atuação de gangues da bicicleta não deixou de ocorrer em bairros do centro, mas agora parece estar mais dividida, na avaliação da Polícia PM. “É um ‘gato e rato’. A polícia identifica esse modus operandi, começa a bloquear e paulatinamente eles migram”, diz Vilardi.

As regiões de Perdizes e Pinheiros, ambas na zona oeste de São Paulo, observaram alta nos números de roubos registrados de janeiro a maio deste ano, apontam dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP). Os casos subiram, respectivamente, 18,5% e 3,64% ante o mesmo período do ano passado, com mais de 1,2 mil ocorrências em cada um desses distritos policiais.

Isso vai na contramão da queda de 12,7% a cidade, sobretudo no centro, que vinha sofrendo nos últimos anos com a sensação de insegurança e o espalhamento da Cracolândia. Nas regiões da e de Campos Elíseos, os roubos caíram 56,81% e 46,6% nos cinco primeiros meses.

A secretaria avalia que as reduções refletem medidas adotadas para combater os crimes patrimoniais, mas reconhece que pode ter havido migração para outros bairros.

O Estadão lança nesta quinta-feira, 27, o Radar da Criminalidade, ferramenta que ajuda a entender as dinâmicas de crimes como roubos e furtos de celulares e de veículos na cidade.

O telefone celular, segundo autoridades policiais, tem sido o alvo ainda mais frequente dos criminosos principalmente pela possibilidade de fazer transferências instantâneas via Pix.

  • Foram 1.262 roubos em Perdizes de janeiro a maio, alta de 18,5% em relação aos 1.069 registros no mesmo período do ano passado;
  • Em Pinheiros, as ocorrências subiram 3,64%: de 1.428 para 1.480;
  • Em contrapartida, na Sé, caíram 46,6%: foram de 2.382 para 1.272;
  • Em Campos Elíseos, a maior queda para o período (56,81%): os casos foram de 3.443 para 1.487, segundo dados da secretaria.

Foi para fugir da criminalidade do centro que a publicitária Maria (nome fictício) se mudou de Santa Cecília para Perdizes há um ano. “Morei a vida toda na região mais central e tomei a decisão de mudar de bairro, principalmente em busca de mais segurança e tranquilidade para andar nas ruas”, diz ela, de 40 anos.

Casos têm aumentado na área do 23º DP, em Perdizes Foto: Werther Santana/Estadão

Desde a mudança, porém, ela diz que os relatos de roubos e furtos só crescem na nova vizinhança. Até que, em maio, ela própria se tornou vítima: esperava um carro de aplicativo em frente a um bar na na Rua Cayowaá que havia acabado de fechar quando um “falso motoboy” surgiu repentinamente, já com arma de fogo em punho, e anunciou o assalto. Era por volta de meia-noite.

A publicitária e mais quatro amigas entregaram os aparelhos. “Por sorte, ele não pediu o desbloqueio dos celulares, talvez por estarmos num pequeno grupo”, diz.

Agora ela evita andar a pé à noite e, se precisa sair, não leva o telefone nem outro pertence. “Também não uso mais o celular na rua: fica dentro da bolsa”, conta. “Não me sinto mais segura como antes.”

Em dezembro, um adolescente de 15 anos foi baleado na barriga ao reagir a um assalto à noite em Perdizes. O jovem chegou a ser internado no hospital, mas recebeu alta. Ele foi abordado por um assaltante de capacete enquanto aguardava a liberação da portaria de um prédio na Rua Diana. Ao menos um suspeito foi preso.

Quando se leva em conta toda a cidade, as maiores altas de roubos, entre os mais de 90 distritos policiais da cidade, foram em Heliópolis (60,85%), na zona sul, Itaquera (40,45%) e Guaianases (32,13%), na zona leste. Na outra ponta, estão, além de Campos Elíseos e Sé, também a Vila Joaniza, com redução de 47,41%.

Perdizes é a 7ª área com a maior elevação, mas é a primeira delas a ter registrado não só uma alta expressiva no período de comparação, como a reunir mais de mil casos. Os furtos também estão em alta na região: foram 4.561 casos de janeiro a maio, ante 3.847 no mesmo período do ano passado, alta de 18,56%.

Ainda perto de casa, o fotógrafo Flavio Teperman, de 41 anos, enviava uma mensagem para uma cliente quando foi surpreendido por um motoqueiro. “Tudo muito rápido: ele só arrancou o celular da minha mão”, disse. O furto ocorreu por volta das 13h do último dia 14, na esquina entre as ruas Cayowaá e Ministro Gastão Mesquita, em Perdizes.

Pinheiros é apenas o 24º com a maior alta de roubos (3,72%), mas os números absolutos chamam atenção, sobretudo quando se comparados à série histórica do bairro e ao fato de que os roubos por lá já vinham em alta no primeiro semestre do ano passado. Foram 1.478 de janeiro a maio deste ano, ante 1.425 na comparação com o mesmo mês do ano passado.

“Ultimamente, o que tem sido mais frequente é a abordagem por motociclistas na região, às vezes por um e às vezes até por dois. Costumam agir à mão armada”, afirma o engenheiro Roberto Blatt, de 63 anos. Ele é tutor da Rua Mateus Grou no Programa Vizinhança Solidária e participa com frequência das reuniões do Conselho de Segurança (Conseg) Pinheiros.

“Falsos entregadores” cometem boa parte dos roubos na região, mas há também outras dinâmicas, segundo relatos compartilhados entre moradores. Entre as regiões consideradas mais críticas em relação aos roubos, estão a Travessa Tim Maia, na região da Vila Madalena, e vias que cortam a Rua dos Pinheiros.

Para facilitar os relatos das vítimas, Blatt conta que os moradores do bairro investiram em câmeras de vigilância e desenvolveram até um formulário bem direto para as vítimas preencherem (o documento não substitui o BO). Assim, os tutores das ruas do bairro conseguem informar de forma mais precisa a PM.

No fim do mês passado, um restaurante na Rua Cônego Eugênio Leite foi alvo de arrastão. O crime foi por volta das 21h, quando o comércio já estava, na maioria, fechado. Ao menos nove celulares foram levados pelo assaltante, que fugiu em seguida, segundo informou na época a Secretaria da Segurança Pública.

PM usa motos para combater crimes em Perdizes

Conforme o capitão Daniel Di Luca, comandante da 3ª Companhia do 4° Batalhão da Polícia Militar, diante da alta de furtos na região de Perdizes, a corporação aumentou, nos últimos meses, os patrulhamentos feitos com moto. São oito veículos à disposição, além de quatro equipes focadas nessa atuação.

“Geralmente eles (criminosos) agem em dois ou três indivíduos de bicicleta, fazem isso para confundir tanto a polícia quanto as vítimas no momento da abordagem. E rapidamente um passa o celular para o outro”, disse o capitão. A ampliação do uso de motos visa a facilitar possíveis perseguições. Ao todo, cerca de 150 agentes atuam em Perdizes.

Segundo Di Luca, a maior incidência de roubos e furtos se dá na divisa entre Perdizes e Lapa, onde a presença de viadutos facilita a fuga de criminosos. O entorno da Estação Barra Funda também é um ponto de atenção. “Aumenta o fluxo de pessoas e, obviamente, vai aumentar o número de delitos.”

O capitão diz ainda que a PM acompanha de perto locais de grande movimentação, a exemplo do Allianz Parque, que recebe grandes eventos. “Os furtos são mais relacionados a uma característica geográfica da região, que acaba facilitando a fuga dos indivíduos. Tem alguns viadutos, como o Pompeia, que dificultam que criminosos sejam pegos, por exemplo”, afirma.

Secretaria destaca melhora no centro, mas reconhece possível ‘migração’

A Secretaria da Segurança afirmou que, de janeiro a maio, o trabalho integrado das polícias paulistas, baseado em inteligência e com uso de novas ferramentas de tecnologia, reduziu “em cerca de 27% o número de furtos e roubos de celulares” na capital.

“A presença policial foi intensificada em toda a cidade e ações integradas já resultaram em queda de 28,11 % e 20,70% nos roubos e furtos de celulares, respectivamente, na capital de janeiro a maio”, afirma a pasta.

“A queda principal é no centro, mas, em toda a cidade, foram cerca de 16,6 mil roubos e furtos a menos de celular na capital”, diz o major Rodrigo Vilardi, da Coordenadoria de Análise e Planejamento (CAP) da Secretaria da Segurança Pública.

Na área da 3ª Seccional, onde estão instalados os distritos policiais de Perdizes e Pinheiros, a secretaria afirma que houve recuo de 9,8% e 21% nos roubos em geral e de veículos de janeiro a maio, além da prisão e apreensão de 2.308 suspeitos.

“Com esse foco nas atuações no centro, porque a gente estava com uma situação no começo do ano passado muito preocupante, no centro, no ‘fluxo’ (da Cracolândia), acaba sendo até previsível algumas migrações”, afirma Vilardi.

Segundo ele, isso ocorreu primeiramente em Perdizes, que registrou 161 roubos ou furtos de celular a mais em abril (na comparação com o mesmo período do ano passado) e, mais recentemente, em Pinheiros, que teve 45 casos a mais em maio.

“Em Perdizes, essa pequena migração em abril já demandou ações policiais ostensivas e, em maio, esse aumento já foi menor, de 19 casos”, diz Vilardi. “Depois, houve maior aumento em Pinheiros em maio, o que pode ser até reflexo, agora mais regionalizado, das ações em Perdizes.”

O major afirma que a migração é “natural”. “O que traria preocupação seria uma migração substancial, de o crime simplesmente sair do centro. Mas não foi isso que aconteceu”, diz. A secretaria destaca que a Operação Mobile possibilitou a apreensão de 2.509 aparelhos, sendo 1.025 devolvidos às vítimas até maio. Além da prisão de 232 suspeitos.

Segundo Vilardi, o perfil principal dos criminosos que praticam o roubo de celular em São Paulo é o de jovens com mais de 16 anos. Ao longo dos últimos anos, gangues desse tipo causaram medo sobretudo nas regiões de Campos Elíseos e da República, no centro.

Como forma de combater essa atuação, a PM lançou, por exemplo, a Operação Speed Bike, com o objetivo de apreender bicicletas utilizadas por ladrões de celulares. Desde o início do ano, foram apreendidas mais de 300 bicicletas sob suspeita de serem usadas por criminosos.

Com ações desse tipo, a atuação de gangues da bicicleta não deixou de ocorrer em bairros do centro, mas agora parece estar mais dividida, na avaliação da Polícia PM. “É um ‘gato e rato’. A polícia identifica esse modus operandi, começa a bloquear e paulatinamente eles migram”, diz Vilardi.

As regiões de Perdizes e Pinheiros, ambas na zona oeste de São Paulo, observaram alta nos números de roubos registrados de janeiro a maio deste ano, apontam dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP). Os casos subiram, respectivamente, 18,5% e 3,64% ante o mesmo período do ano passado, com mais de 1,2 mil ocorrências em cada um desses distritos policiais.

Isso vai na contramão da queda de 12,7% a cidade, sobretudo no centro, que vinha sofrendo nos últimos anos com a sensação de insegurança e o espalhamento da Cracolândia. Nas regiões da e de Campos Elíseos, os roubos caíram 56,81% e 46,6% nos cinco primeiros meses.

A secretaria avalia que as reduções refletem medidas adotadas para combater os crimes patrimoniais, mas reconhece que pode ter havido migração para outros bairros.

O Estadão lança nesta quinta-feira, 27, o Radar da Criminalidade, ferramenta que ajuda a entender as dinâmicas de crimes como roubos e furtos de celulares e de veículos na cidade.

O telefone celular, segundo autoridades policiais, tem sido o alvo ainda mais frequente dos criminosos principalmente pela possibilidade de fazer transferências instantâneas via Pix.

  • Foram 1.262 roubos em Perdizes de janeiro a maio, alta de 18,5% em relação aos 1.069 registros no mesmo período do ano passado;
  • Em Pinheiros, as ocorrências subiram 3,64%: de 1.428 para 1.480;
  • Em contrapartida, na Sé, caíram 46,6%: foram de 2.382 para 1.272;
  • Em Campos Elíseos, a maior queda para o período (56,81%): os casos foram de 3.443 para 1.487, segundo dados da secretaria.

Foi para fugir da criminalidade do centro que a publicitária Maria (nome fictício) se mudou de Santa Cecília para Perdizes há um ano. “Morei a vida toda na região mais central e tomei a decisão de mudar de bairro, principalmente em busca de mais segurança e tranquilidade para andar nas ruas”, diz ela, de 40 anos.

Casos têm aumentado na área do 23º DP, em Perdizes Foto: Werther Santana/Estadão

Desde a mudança, porém, ela diz que os relatos de roubos e furtos só crescem na nova vizinhança. Até que, em maio, ela própria se tornou vítima: esperava um carro de aplicativo em frente a um bar na na Rua Cayowaá que havia acabado de fechar quando um “falso motoboy” surgiu repentinamente, já com arma de fogo em punho, e anunciou o assalto. Era por volta de meia-noite.

A publicitária e mais quatro amigas entregaram os aparelhos. “Por sorte, ele não pediu o desbloqueio dos celulares, talvez por estarmos num pequeno grupo”, diz.

Agora ela evita andar a pé à noite e, se precisa sair, não leva o telefone nem outro pertence. “Também não uso mais o celular na rua: fica dentro da bolsa”, conta. “Não me sinto mais segura como antes.”

Em dezembro, um adolescente de 15 anos foi baleado na barriga ao reagir a um assalto à noite em Perdizes. O jovem chegou a ser internado no hospital, mas recebeu alta. Ele foi abordado por um assaltante de capacete enquanto aguardava a liberação da portaria de um prédio na Rua Diana. Ao menos um suspeito foi preso.

Quando se leva em conta toda a cidade, as maiores altas de roubos, entre os mais de 90 distritos policiais da cidade, foram em Heliópolis (60,85%), na zona sul, Itaquera (40,45%) e Guaianases (32,13%), na zona leste. Na outra ponta, estão, além de Campos Elíseos e Sé, também a Vila Joaniza, com redução de 47,41%.

Perdizes é a 7ª área com a maior elevação, mas é a primeira delas a ter registrado não só uma alta expressiva no período de comparação, como a reunir mais de mil casos. Os furtos também estão em alta na região: foram 4.561 casos de janeiro a maio, ante 3.847 no mesmo período do ano passado, alta de 18,56%.

Ainda perto de casa, o fotógrafo Flavio Teperman, de 41 anos, enviava uma mensagem para uma cliente quando foi surpreendido por um motoqueiro. “Tudo muito rápido: ele só arrancou o celular da minha mão”, disse. O furto ocorreu por volta das 13h do último dia 14, na esquina entre as ruas Cayowaá e Ministro Gastão Mesquita, em Perdizes.

Pinheiros é apenas o 24º com a maior alta de roubos (3,72%), mas os números absolutos chamam atenção, sobretudo quando se comparados à série histórica do bairro e ao fato de que os roubos por lá já vinham em alta no primeiro semestre do ano passado. Foram 1.478 de janeiro a maio deste ano, ante 1.425 na comparação com o mesmo mês do ano passado.

“Ultimamente, o que tem sido mais frequente é a abordagem por motociclistas na região, às vezes por um e às vezes até por dois. Costumam agir à mão armada”, afirma o engenheiro Roberto Blatt, de 63 anos. Ele é tutor da Rua Mateus Grou no Programa Vizinhança Solidária e participa com frequência das reuniões do Conselho de Segurança (Conseg) Pinheiros.

“Falsos entregadores” cometem boa parte dos roubos na região, mas há também outras dinâmicas, segundo relatos compartilhados entre moradores. Entre as regiões consideradas mais críticas em relação aos roubos, estão a Travessa Tim Maia, na região da Vila Madalena, e vias que cortam a Rua dos Pinheiros.

Para facilitar os relatos das vítimas, Blatt conta que os moradores do bairro investiram em câmeras de vigilância e desenvolveram até um formulário bem direto para as vítimas preencherem (o documento não substitui o BO). Assim, os tutores das ruas do bairro conseguem informar de forma mais precisa a PM.

No fim do mês passado, um restaurante na Rua Cônego Eugênio Leite foi alvo de arrastão. O crime foi por volta das 21h, quando o comércio já estava, na maioria, fechado. Ao menos nove celulares foram levados pelo assaltante, que fugiu em seguida, segundo informou na época a Secretaria da Segurança Pública.

PM usa motos para combater crimes em Perdizes

Conforme o capitão Daniel Di Luca, comandante da 3ª Companhia do 4° Batalhão da Polícia Militar, diante da alta de furtos na região de Perdizes, a corporação aumentou, nos últimos meses, os patrulhamentos feitos com moto. São oito veículos à disposição, além de quatro equipes focadas nessa atuação.

“Geralmente eles (criminosos) agem em dois ou três indivíduos de bicicleta, fazem isso para confundir tanto a polícia quanto as vítimas no momento da abordagem. E rapidamente um passa o celular para o outro”, disse o capitão. A ampliação do uso de motos visa a facilitar possíveis perseguições. Ao todo, cerca de 150 agentes atuam em Perdizes.

Segundo Di Luca, a maior incidência de roubos e furtos se dá na divisa entre Perdizes e Lapa, onde a presença de viadutos facilita a fuga de criminosos. O entorno da Estação Barra Funda também é um ponto de atenção. “Aumenta o fluxo de pessoas e, obviamente, vai aumentar o número de delitos.”

O capitão diz ainda que a PM acompanha de perto locais de grande movimentação, a exemplo do Allianz Parque, que recebe grandes eventos. “Os furtos são mais relacionados a uma característica geográfica da região, que acaba facilitando a fuga dos indivíduos. Tem alguns viadutos, como o Pompeia, que dificultam que criminosos sejam pegos, por exemplo”, afirma.

Secretaria destaca melhora no centro, mas reconhece possível ‘migração’

A Secretaria da Segurança afirmou que, de janeiro a maio, o trabalho integrado das polícias paulistas, baseado em inteligência e com uso de novas ferramentas de tecnologia, reduziu “em cerca de 27% o número de furtos e roubos de celulares” na capital.

“A presença policial foi intensificada em toda a cidade e ações integradas já resultaram em queda de 28,11 % e 20,70% nos roubos e furtos de celulares, respectivamente, na capital de janeiro a maio”, afirma a pasta.

“A queda principal é no centro, mas, em toda a cidade, foram cerca de 16,6 mil roubos e furtos a menos de celular na capital”, diz o major Rodrigo Vilardi, da Coordenadoria de Análise e Planejamento (CAP) da Secretaria da Segurança Pública.

Na área da 3ª Seccional, onde estão instalados os distritos policiais de Perdizes e Pinheiros, a secretaria afirma que houve recuo de 9,8% e 21% nos roubos em geral e de veículos de janeiro a maio, além da prisão e apreensão de 2.308 suspeitos.

“Com esse foco nas atuações no centro, porque a gente estava com uma situação no começo do ano passado muito preocupante, no centro, no ‘fluxo’ (da Cracolândia), acaba sendo até previsível algumas migrações”, afirma Vilardi.

Segundo ele, isso ocorreu primeiramente em Perdizes, que registrou 161 roubos ou furtos de celular a mais em abril (na comparação com o mesmo período do ano passado) e, mais recentemente, em Pinheiros, que teve 45 casos a mais em maio.

“Em Perdizes, essa pequena migração em abril já demandou ações policiais ostensivas e, em maio, esse aumento já foi menor, de 19 casos”, diz Vilardi. “Depois, houve maior aumento em Pinheiros em maio, o que pode ser até reflexo, agora mais regionalizado, das ações em Perdizes.”

O major afirma que a migração é “natural”. “O que traria preocupação seria uma migração substancial, de o crime simplesmente sair do centro. Mas não foi isso que aconteceu”, diz. A secretaria destaca que a Operação Mobile possibilitou a apreensão de 2.509 aparelhos, sendo 1.025 devolvidos às vítimas até maio. Além da prisão de 232 suspeitos.

Segundo Vilardi, o perfil principal dos criminosos que praticam o roubo de celular em São Paulo é o de jovens com mais de 16 anos. Ao longo dos últimos anos, gangues desse tipo causaram medo sobretudo nas regiões de Campos Elíseos e da República, no centro.

Como forma de combater essa atuação, a PM lançou, por exemplo, a Operação Speed Bike, com o objetivo de apreender bicicletas utilizadas por ladrões de celulares. Desde o início do ano, foram apreendidas mais de 300 bicicletas sob suspeita de serem usadas por criminosos.

Com ações desse tipo, a atuação de gangues da bicicleta não deixou de ocorrer em bairros do centro, mas agora parece estar mais dividida, na avaliação da Polícia PM. “É um ‘gato e rato’. A polícia identifica esse modus operandi, começa a bloquear e paulatinamente eles migram”, diz Vilardi.

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