SÃO PAULO - Inaugurada no sábado, a pista de skate da Praça Roosevelt, na região central de São Paulo, foi pichada no dia seguinte. Para combater novas investidas dos pichadores, a Skatenuts, empresa responsável pela manutenção do equipamento, já pretende pintar um grafite no local. Quatro artistas devem apresentar modelos de desenho nesta sexta.
Apenas cobrir a pichação com tinta seria insuficiente, segundo a gerente de Marketing da Skatenuts, Mariana Varenuzzi. “Se pintamos em um dia, no outro já está pichado de novo, mas acredito que os skatistas vão respeitar o grafite, então será uma boa solução”, afirmou.
Os grafiteiros frequentam o local e foram escolhidos pela empresa durante as visitas à praça, disse Mariana. O prazo para a aprovação dos desenhos pela Prefeitura pode levar até um mês.
O skatista profissional Lucas Xaparral diz apoiar o grafite, desde que haja identificação do desenho com o local. “Não me incomodo com a pichação, porque é uma forma de expressão, mas o grafite é bem-vindo, ainda mais se retratar a cena da praça”, afirmou.
Na visão do skatista Ricardo Fernandes, conhecido como Ricardo Dexter, o grafite na pista pode até ajudar a combater a discriminação ao esporte. “A arte do grafite é uma coisa, a pichação não dá cara legal e até pode trazer uma visão ruim para os skatistas a partir de um público mais leigo, porque a maioria dos pichadores não anda de skate”, afirmou.
O curador Dario Bueno, que trabalha e mora na praça, acredita que o grafite é uma ideia viável. “É preferível que um artista deles faça uma manifestação artística na pista do que qualquer um fazendo uma pichação, porque isso não é arte.”
Incômodo. Bueno ressalta, no entanto, que a pista tem atrapalhado os frequentadores da praça. “O problema é que eles não estão restritos ao espaço da pista, estão espalhados por toda a parte, até mesmo na frente dos prédios e fazem muito barulho de madrugada.”
Já a produtora cinematográfica Maiara Ferreira acredita que o grafite não inibirá a pichação. “Acho que não vai mudar nada, mas não sou contra a pichação. Não acho bonito, mas não me incomoda”, disse.
A Subprefeitura da Sé afirmou, em nota, que “os atos de pichação não contribuem para a convivência harmoniosa entre os cidadãos”. Entretanto, pelo fato de o skate estar relacionado à arte, a administração ajudará no processo de escolha do grafiteiro.
Na parceria também está prevista a instalação de câmeras capazes de monitorar 18 pontos da praça. Além disso, duas câmeras ficarão na pista de skate. “Uma delas terá o acesso liberado para a Guarda Civil Metropolitana e para a Polícia Militar, já a outra será de uso do skatista, que poderá filmar suas manobras”, disse Mariana. As câmeras devem ser instaladas até a metade de 2015.