A Polícia Civil de São Paulo desmontou na segunda-feira, 5, uma central do golpe do empréstimo que funcionava na Rua da Consolação, na região central da capital paulista. Houve correria durante a ação e um homem chegou a se jogar do segundo andar após a chegada dos agentes – ele não teve ferimentos graves.
Oito suspeitos foram presos em flagrante e indiciados por associação criminosa. O grupo, que ocupava uma sala de um prédio comercial, tinha até um “manual” de telemarketing com orientações sobre o passo a passo de como enganar os alvos. Ao menos 25 pessoas foram vítimas do golpe, segundo apurou a polícia.
“Os agentes se identificaram para o porteiro e, quando chegaram na porta do escritório – é um prédio comercial de dois andares –, foi um verdadeiro alvoroço”, diz o delegado Luiz Alberto Guerra, titular da 2ª Delegacia de Investigações Gerais (DIG) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
“Houve gritaria, começaram a quebrar os aparelhos celulares, a jogar coisas pelas janelas. Inclusive um dos funcionários pulou pela janela, tentou escapar por ela”, afirma o delegado. O homem ficou preso em um telhado do primeiro andar e foi socorrido pelos agentes. Ele não teve ferimentos graves, segundo a polícia.
A ação foi feita a partir de uma denúncia. Entre os suspeitos, estavam dois homens, com idades entre 20 e 52 anos, e seis mulheres, que tinham entre 21 e 33 anos. Todos foram presos em flagrante e indiciados por associação criminosa. Eles vão responder em liberdade após o pagamento de fiança.
De acordo com o delegado, todos apontaram uma mulher como a pessoa que seria a responsável por comandar o esquema, mas ela não estava no local no momento da ação. Os policiais vão prosseguir com as investigações para obter mais informações.
Na incursão, foram apreendidos um notebook, 27 telefones – parte deles danificados –, 6 chips de celular, 6 cartões de acesso ao prédio e outros documentos. Segundo Guerra, outras pessoas que trabalhavam no prédio disseram que não suspeitavam do esquema.
Grupo usava cartilha para aplicar golpe
Um ponto que chamou a atenção da polícia é que havia até manuais no local com o passo a passo de como aplicar o golpe. “Lá funcionava como uma empresa. A sala era separada em baias de trabalho e os funcionários tinham uma cartilha de como abordar as vítimas”, diz o delegado.
O Estadão obteve acesso ao material. Para dar um tom mais profissional às chamadas telefônicas, o suposto atendente era orientado a perguntar qual era a data de preferência para o recebimento da fatura. Também listava diferentes formas de pagamento para as vítimas, como débito automático ou boleto.
Guerra resumiu como o golpe era aplicado. “Ofereciam crédito com taxas menores do que as praticadas no mercado, só que, na hora que a pessoa ia finalizar a contratação, sempre pediam um pagamento”, diz o delegado. “As vítimas pagavam essas taxas e nunca recebiam o empréstimo. É assim que funcionava.”