A Polícia Civil de São Paulo voltou a pedir a prisão do motorista do Porsche que colidiu em alta velocidade com um Renault Sandero no último domingo, 31, na Avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé, na zona leste da capital paulista. O acidente causou a morte do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos.
Desta vez, foi solicitada a prisão preventiva do empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, que conduzia o carro de luxo no momento do acidente.
Anteriormente, a polícia fez um pedido de prisão temporária, mas a solicitação foi negada pela Justiça paulista. “Embora o Ministério Público tenha se manifestado positivamente, a Justiça não acatou o pedido, e nós temos que respeitar essa decisão judicial”, disse o delegado Carlos Henrique Ruiz, da 5ª Delegacia Seccional (Leste).
Ainda assim, o delegado afirma que a investigação avançou ao longo da última semana, com oitivas de testemunhas importantes. Com isso, a equipe do 30º Distrito Policial (Tatuapé), que conduz o caso, reuniu novos elementos para solicitar a prisão.
“A Polícia Civil entende que o autor deve permanecer preso durante as investigações”, disse Ruiz, em entrevista coletiva realizada neste sábado, 6. Segundo ele, o Ministério Público voltou a dar parecer positivo para o pedido de prisão de Andrade Filho.
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O inquérito deve durar no mínimo 30 dias. Apesar dos avanços, há ainda testemunhas centrais para serem envolvidas, como a namorada de Andrade Filho, que esteva com ele em uma festa momentos antes do ocorrido. Ela deve prestar depoimento nesta semana.
Quais são os novos argumentos usados pela Polícia Civil?
A Polícia Civil se valeu de três argumentos principais para elaborar o pedido de prisão preventiva, segundo relatou o delegado:
- o primeiro seria a reincidência do excesso de velocidade, uma vez que o motorista teve a carteira suspensa recentemente por esse mesmo motivo;
- outro ponto é que, segundo testemunhas, Andrade Filho aparentava estar “alterado” naquela madrugada. A ingestão de álcool ainda é investigada, mas a suspeita acendeu o alerta dos investigadores. “Testemunhas dizem que ele apresentava voz pastosa, andar cambaleante”, disse o delegado;
- por fim, a Polícia Civil cita o risco de o motorista ir para outro país, dado, nas palavras do delegado, o “poder aquisitivo elevado” do dono do Porsche.
“Agora nós vamos aguardar para que o juiz do Tribunal do Júri decida a respeito desse pedido”, disse Ruiz. “A competência já foi deslocada ao Tribunal do Júri em virtude do indiciamento dele ter sido feito por homicídio doloso, com dolo eventual. Ou seja, (Andrade Filho) assumiu o risco.”
Além da morte de Ornaldo, o acidente envolvendo o Porsche resultou na internação de um amigo de Andrade Filho, que também estava no carro no momento da colisão. Como mostrou o Estadão, ele teve que passar por um procedimento cirúrgico para retirar o baço após o acidente.
Procurada pela reportagem, a defesa de Fernando Sastre de Andrade Filho informou que ainda não teve acesso ao novo pedido e, portanto, não se manifestou a respeito.
Antes, em nota assinada pelos advogados Carine Acardo Garcia e Merhy Daychoum, a defesa afirmou considerar o ocorrido uma fatalidade, além de afirmar ser prematuro ainda o julgamento do que provocou a batida. Os laudos periciais ainda não foram concluídos pela polícia.
Na ocasião, a defesa do empresário também negou que o cliente tenha fugido do local do acidente e afirmou que ele apenas se “resguardou de linchamento”.