O Porsche 911 Carrera GTS conduzido pelo empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, estava a 156 km/h pouco antes do acidente que matou o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos, segundo laudo da Polícia Técnico-Científica.
A velocidade representa mais do que o triplo do que os 50 km/h permitidos para a via onde a colisão ocorreu, a Avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé, zona leste de São Paulo. Procurada, a defesa do empresário disse que não irá se manifestar neste momento.
O acidente, que também envolveu o Renault Sandero do motorista de app (atingido na traseira), ocorreu na madrugada do último dia 31. Além da morte de Viana, a batida resultou na internação de um amigo de Andrade Filho, que passou por procedimento cirúrgico para retirar o baço. Ele estava ao lado do empresário no Porsche.
O caso é investigado pelo 30º Distrito Policial (Tatuapé). O Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que acompanha a ocorrência, afirmou que perícia de velocidade média produzida pela Polícia Técnico-Científica aponta que o veículo estava a mais de 150 km/h “instantes antes do acidente”. O órgão informa que solicitou ainda perícia scanner em 3D para elucidar o acidente em detalhes.
O acidente foi registrado na madrugada do domingo de Páscoa, mas Andrade Filho se apresentou no 30º DP, zona leste da capital, quase 40 horas após a ocorrência em 1° de abril – mesmo dia em que Viana foi enterrado em Guarulhos, na Grande São Paulo.
O empresário foi indiciado pelos crimes de homicídio, lesão corporal – por conta dos ferimentos causados no amigo – e fuga do local do crime (não prestou socorro e não fez bafômetro).
A Justiça de São Paulo negou os dois pedidos de prisão abertos pela Polícia Civil e pelo Ministério Público contra o empresário, que responde o processo em liberdade.
Um dos pontos que embasaram o último pedido de prisão feito pela Polícia Civil, no último dia 6, é que Andrade Filho aparentava estar “alterado” naquela madrugada, segundo testemunhas ouvidas na investigação. Ele tinha acabado de sair de uma festa “open bar” (com bebida liberada). A ingestão de álcool ainda é apurada, mas a suspeita acendeu o alerta dos investigadores.
“Testemunhas dizem que ele apresentava voz pastosa, andar cambaleante”, disse, na época do segundo pedido de prisão, o delegado Carlos Henrique Ruiz, da 5ª Delegacia Seccional (Leste). Segundo sindicância da Polícia Militar, os agentes que atenderam a ocorrência erraram ao não fazer o teste do bafômetro em Andrade Filho após o acidente.
Troca em delegacia que investiga o caso
Como mostrou o Estadão na última semana, o delegado Nelson Alves, que estava à frente das investigações sobre o acidente, foi transferido do 30º Distrito Policial e deixou o caso. Para o cargo de Alves, que assume agora o 81º DP (Belém), foi escolhido o delegado Milton Burguese.
A Secretaria de Segurança Pública nega que a autoridade tenha sido afastada do distrito e justifica a troca como “mudança administrativa”. Segundo a pasta, o delegado Burguese foi para o 30° DP por ter experiência em apurações de crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro.