Prefeitura quer verticalizar ‘ilha’ de 25 quarteirões no miolo da Vila Olímpia


Chamada de ‘buraco da Faria Lima’ pelo mercado imobiliário, área de 270 mil metros quadrados foi excluída de operação urbana em 2004 por pressão dos moradores e hoje abriga pequenos comércios, algumas casas e grandes terrenos

Por Fabio Leite e Isabela Palhares

Depois de 30 anos no mesmo endereço, a aposentada Lídia Leite, de 80 anos, está de mudança. Não resistiu ao assédio do mercado imobiliário e vendeu no mês passado o sobrado onde vive com o irmão e três sobrinhos para uma construtora, deixando a Rua Chilon, na Vila Olímpia, bairro nobre da zona sul de São Paulo, órfã de moradores.

"Sempre adorei morar aqui, mas chegou o momento de ir embora. Estamos isolados aqui", conta Lídia, cuja casa, que já foi rodeada de residências, está cercada de estacionamentos. "Quando mudamos para cá era muito tranquilo, conhecíamos todos os vizinhos. Agora, não tem mais ninguém. É triste, não dá para continuar."

Projeto colocado em consulta pública pretende aumentar limite de altura das construções no terreno. Foto: Hélvio Romero/Estadão
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O sobrado de Lídia fica na última área de remanso do distrito do Itaim-Bibi, importante centro de negócios da capital paulista que foi transformado pela Operação Urbana Faria Lima, a partir de 2004. São 25 quarteirões no miolo da Vila Olímpia que foram excluídos do perímetro da operação urbana por pressão dos moradores da época e que agora a gestão do prefeito João Doria (PSDB) pretende verticalizar e adensar.

Chamada de "buraco da Faria Lima" pelo mercado, a área de 270 mil metros quadrados abriga hoje uma série de pequenos comércios, como lojas e restaurantes, algumas casas e grandes terrenos que são usados como estacionamento ou estão vazios. Ao longo dos últimos anos, esses imóveis foram comprados por grandes incorporadoras que agora se juntaram para propor à Prefeitura regras de construção iguais às da operação urbana que promoveu um rápido desenvolvimento do entorno, com grandes centros empresariais e prédios residenciais de alto padrão.

O grupo de proprietários de imóveis da área apresentou no fim do ano passado uma proposta à Prefeitura para fazer um Projeto de Intervenção Urbana (PIU) com o objetivo de aumentar o potencial construtivo no local, hoje limitado a duas vezes a área do terreno com no máximo oito andares de altura. Segundo eles, a área ficou "desassociada da dinâmica do entorno", que sofreu forte verticalização com os estímulos da Operação Urbana Faria Lima, que compreende 650 hectares e se estende no trecho entre a Avenida Brigadeiro Faria Lima e a Marginal do Pinheiros, nos distritos de Pinheiros e Itaim-Bibi.

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"Nosso pleito é possibilitar a reinclusão dessas manchas nos parâmetros urbanísticos da operação urbana, corrigindo a discrepância que foi causada e revertendo investimentos e melhorias urbanas para a região", afirma o empresário Alexandre Frankel, de 40 anos, dono de imóveis no perímetro.

Adensamento. O projeto interessou à gestão Doria, que colocou a proposta em consulta pública na semana passada. Na prática, os proprietários querem regras semelhantes às da área vizinha, como poder construir quatro vezes o tamanho do terreno sem limite de altura, para erguer grandes empreendimentos. Em troca, eles propõem melhorias urbanísticas na região, como enterramento de fios, alargamento de vias, maior arborização, construções de equipamentos públicos e urbanização de favelas.

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Para Leonardo Amaral Castro, diretor de desenvolvimento da São Paulo Urbanismo (SP Urbanismo), empresa municipal de planejamento urbano, a proposta vai ao encontro das diretrizes do Plano Diretor Estratégico e, por isso, está sendo analisada pela Prefeitura. "É uma iniciativa vinda do setor privado que resguarda relação estreita com o interesse público. A área do PIU da Vila Olímpia está circundada pela macroárea de estruturação metropolitana, que é para onde o Plano Diretor prevê as principais transformações e direciona o crescimento urbano", afirma.

Conselheira da Operação Urbana Faria Lima, a urbanista Beatriz Ruffino afirma que a exclusão desse pedaço da Vila Olímpia do perímetro da operação foi uma contradição. Mas, para ela, não justifica o "investimento" da Prefeitura no debate e elaboração de um PIU específico para uma região já desenvolvida e valorizada da cidade. "Esse projeto não faz sentido sob o ponto de vista do interesse público e urbanístico. Parece muito pouco transformador para justificar o esforço da Prefeitura em uma área privilegiada da cidade", afirma Beatriz, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP).

Novos prédios devem ocupar pelo menos 40% da área

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Um estudo feito pelo grupo de proprietários de imóveis na “ilha” da Vila Olímpia estima que ao menos 40% dos 270 mil m² incluídos no escopo do Projeto de Intervenção Urbana (PIU) estão “sujeitos à transformação urbana”, ou seja, deverão ser verticalizados.

A área compreende mais de 20 ruas no eixo do cruzamento das Avenidas Faria Lima e Juscelino Kubitschek, como a Ministro Jesuíno Cardoso e a Clodomiro Amazonas.

A Prefeitura abriu prazo de 20 dias para receber sugestões ao PIU. Depois, vai elaborar a versão final da proposta e enviá-la como projeto de lei para ser aprovado em duas votações na Câmara Municipal, com maioria qualificada (2/3 dos vereadores).

Depois de 30 anos no mesmo endereço, a aposentada Lídia Leite, de 80 anos, está de mudança. Não resistiu ao assédio do mercado imobiliário e vendeu no mês passado o sobrado onde vive com o irmão e três sobrinhos para uma construtora, deixando a Rua Chilon, na Vila Olímpia, bairro nobre da zona sul de São Paulo, órfã de moradores.

"Sempre adorei morar aqui, mas chegou o momento de ir embora. Estamos isolados aqui", conta Lídia, cuja casa, que já foi rodeada de residências, está cercada de estacionamentos. "Quando mudamos para cá era muito tranquilo, conhecíamos todos os vizinhos. Agora, não tem mais ninguém. É triste, não dá para continuar."

Projeto colocado em consulta pública pretende aumentar limite de altura das construções no terreno. Foto: Hélvio Romero/Estadão

O sobrado de Lídia fica na última área de remanso do distrito do Itaim-Bibi, importante centro de negócios da capital paulista que foi transformado pela Operação Urbana Faria Lima, a partir de 2004. São 25 quarteirões no miolo da Vila Olímpia que foram excluídos do perímetro da operação urbana por pressão dos moradores da época e que agora a gestão do prefeito João Doria (PSDB) pretende verticalizar e adensar.

Chamada de "buraco da Faria Lima" pelo mercado, a área de 270 mil metros quadrados abriga hoje uma série de pequenos comércios, como lojas e restaurantes, algumas casas e grandes terrenos que são usados como estacionamento ou estão vazios. Ao longo dos últimos anos, esses imóveis foram comprados por grandes incorporadoras que agora se juntaram para propor à Prefeitura regras de construção iguais às da operação urbana que promoveu um rápido desenvolvimento do entorno, com grandes centros empresariais e prédios residenciais de alto padrão.

O grupo de proprietários de imóveis da área apresentou no fim do ano passado uma proposta à Prefeitura para fazer um Projeto de Intervenção Urbana (PIU) com o objetivo de aumentar o potencial construtivo no local, hoje limitado a duas vezes a área do terreno com no máximo oito andares de altura. Segundo eles, a área ficou "desassociada da dinâmica do entorno", que sofreu forte verticalização com os estímulos da Operação Urbana Faria Lima, que compreende 650 hectares e se estende no trecho entre a Avenida Brigadeiro Faria Lima e a Marginal do Pinheiros, nos distritos de Pinheiros e Itaim-Bibi.

"Nosso pleito é possibilitar a reinclusão dessas manchas nos parâmetros urbanísticos da operação urbana, corrigindo a discrepância que foi causada e revertendo investimentos e melhorias urbanas para a região", afirma o empresário Alexandre Frankel, de 40 anos, dono de imóveis no perímetro.

Adensamento. O projeto interessou à gestão Doria, que colocou a proposta em consulta pública na semana passada. Na prática, os proprietários querem regras semelhantes às da área vizinha, como poder construir quatro vezes o tamanho do terreno sem limite de altura, para erguer grandes empreendimentos. Em troca, eles propõem melhorias urbanísticas na região, como enterramento de fios, alargamento de vias, maior arborização, construções de equipamentos públicos e urbanização de favelas.

Para Leonardo Amaral Castro, diretor de desenvolvimento da São Paulo Urbanismo (SP Urbanismo), empresa municipal de planejamento urbano, a proposta vai ao encontro das diretrizes do Plano Diretor Estratégico e, por isso, está sendo analisada pela Prefeitura. "É uma iniciativa vinda do setor privado que resguarda relação estreita com o interesse público. A área do PIU da Vila Olímpia está circundada pela macroárea de estruturação metropolitana, que é para onde o Plano Diretor prevê as principais transformações e direciona o crescimento urbano", afirma.

Conselheira da Operação Urbana Faria Lima, a urbanista Beatriz Ruffino afirma que a exclusão desse pedaço da Vila Olímpia do perímetro da operação foi uma contradição. Mas, para ela, não justifica o "investimento" da Prefeitura no debate e elaboração de um PIU específico para uma região já desenvolvida e valorizada da cidade. "Esse projeto não faz sentido sob o ponto de vista do interesse público e urbanístico. Parece muito pouco transformador para justificar o esforço da Prefeitura em uma área privilegiada da cidade", afirma Beatriz, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP).

Novos prédios devem ocupar pelo menos 40% da área

Um estudo feito pelo grupo de proprietários de imóveis na “ilha” da Vila Olímpia estima que ao menos 40% dos 270 mil m² incluídos no escopo do Projeto de Intervenção Urbana (PIU) estão “sujeitos à transformação urbana”, ou seja, deverão ser verticalizados.

A área compreende mais de 20 ruas no eixo do cruzamento das Avenidas Faria Lima e Juscelino Kubitschek, como a Ministro Jesuíno Cardoso e a Clodomiro Amazonas.

A Prefeitura abriu prazo de 20 dias para receber sugestões ao PIU. Depois, vai elaborar a versão final da proposta e enviá-la como projeto de lei para ser aprovado em duas votações na Câmara Municipal, com maioria qualificada (2/3 dos vereadores).

Depois de 30 anos no mesmo endereço, a aposentada Lídia Leite, de 80 anos, está de mudança. Não resistiu ao assédio do mercado imobiliário e vendeu no mês passado o sobrado onde vive com o irmão e três sobrinhos para uma construtora, deixando a Rua Chilon, na Vila Olímpia, bairro nobre da zona sul de São Paulo, órfã de moradores.

"Sempre adorei morar aqui, mas chegou o momento de ir embora. Estamos isolados aqui", conta Lídia, cuja casa, que já foi rodeada de residências, está cercada de estacionamentos. "Quando mudamos para cá era muito tranquilo, conhecíamos todos os vizinhos. Agora, não tem mais ninguém. É triste, não dá para continuar."

Projeto colocado em consulta pública pretende aumentar limite de altura das construções no terreno. Foto: Hélvio Romero/Estadão

O sobrado de Lídia fica na última área de remanso do distrito do Itaim-Bibi, importante centro de negócios da capital paulista que foi transformado pela Operação Urbana Faria Lima, a partir de 2004. São 25 quarteirões no miolo da Vila Olímpia que foram excluídos do perímetro da operação urbana por pressão dos moradores da época e que agora a gestão do prefeito João Doria (PSDB) pretende verticalizar e adensar.

Chamada de "buraco da Faria Lima" pelo mercado, a área de 270 mil metros quadrados abriga hoje uma série de pequenos comércios, como lojas e restaurantes, algumas casas e grandes terrenos que são usados como estacionamento ou estão vazios. Ao longo dos últimos anos, esses imóveis foram comprados por grandes incorporadoras que agora se juntaram para propor à Prefeitura regras de construção iguais às da operação urbana que promoveu um rápido desenvolvimento do entorno, com grandes centros empresariais e prédios residenciais de alto padrão.

O grupo de proprietários de imóveis da área apresentou no fim do ano passado uma proposta à Prefeitura para fazer um Projeto de Intervenção Urbana (PIU) com o objetivo de aumentar o potencial construtivo no local, hoje limitado a duas vezes a área do terreno com no máximo oito andares de altura. Segundo eles, a área ficou "desassociada da dinâmica do entorno", que sofreu forte verticalização com os estímulos da Operação Urbana Faria Lima, que compreende 650 hectares e se estende no trecho entre a Avenida Brigadeiro Faria Lima e a Marginal do Pinheiros, nos distritos de Pinheiros e Itaim-Bibi.

"Nosso pleito é possibilitar a reinclusão dessas manchas nos parâmetros urbanísticos da operação urbana, corrigindo a discrepância que foi causada e revertendo investimentos e melhorias urbanas para a região", afirma o empresário Alexandre Frankel, de 40 anos, dono de imóveis no perímetro.

Adensamento. O projeto interessou à gestão Doria, que colocou a proposta em consulta pública na semana passada. Na prática, os proprietários querem regras semelhantes às da área vizinha, como poder construir quatro vezes o tamanho do terreno sem limite de altura, para erguer grandes empreendimentos. Em troca, eles propõem melhorias urbanísticas na região, como enterramento de fios, alargamento de vias, maior arborização, construções de equipamentos públicos e urbanização de favelas.

Para Leonardo Amaral Castro, diretor de desenvolvimento da São Paulo Urbanismo (SP Urbanismo), empresa municipal de planejamento urbano, a proposta vai ao encontro das diretrizes do Plano Diretor Estratégico e, por isso, está sendo analisada pela Prefeitura. "É uma iniciativa vinda do setor privado que resguarda relação estreita com o interesse público. A área do PIU da Vila Olímpia está circundada pela macroárea de estruturação metropolitana, que é para onde o Plano Diretor prevê as principais transformações e direciona o crescimento urbano", afirma.

Conselheira da Operação Urbana Faria Lima, a urbanista Beatriz Ruffino afirma que a exclusão desse pedaço da Vila Olímpia do perímetro da operação foi uma contradição. Mas, para ela, não justifica o "investimento" da Prefeitura no debate e elaboração de um PIU específico para uma região já desenvolvida e valorizada da cidade. "Esse projeto não faz sentido sob o ponto de vista do interesse público e urbanístico. Parece muito pouco transformador para justificar o esforço da Prefeitura em uma área privilegiada da cidade", afirma Beatriz, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP).

Novos prédios devem ocupar pelo menos 40% da área

Um estudo feito pelo grupo de proprietários de imóveis na “ilha” da Vila Olímpia estima que ao menos 40% dos 270 mil m² incluídos no escopo do Projeto de Intervenção Urbana (PIU) estão “sujeitos à transformação urbana”, ou seja, deverão ser verticalizados.

A área compreende mais de 20 ruas no eixo do cruzamento das Avenidas Faria Lima e Juscelino Kubitschek, como a Ministro Jesuíno Cardoso e a Clodomiro Amazonas.

A Prefeitura abriu prazo de 20 dias para receber sugestões ao PIU. Depois, vai elaborar a versão final da proposta e enviá-la como projeto de lei para ser aprovado em duas votações na Câmara Municipal, com maioria qualificada (2/3 dos vereadores).

Depois de 30 anos no mesmo endereço, a aposentada Lídia Leite, de 80 anos, está de mudança. Não resistiu ao assédio do mercado imobiliário e vendeu no mês passado o sobrado onde vive com o irmão e três sobrinhos para uma construtora, deixando a Rua Chilon, na Vila Olímpia, bairro nobre da zona sul de São Paulo, órfã de moradores.

"Sempre adorei morar aqui, mas chegou o momento de ir embora. Estamos isolados aqui", conta Lídia, cuja casa, que já foi rodeada de residências, está cercada de estacionamentos. "Quando mudamos para cá era muito tranquilo, conhecíamos todos os vizinhos. Agora, não tem mais ninguém. É triste, não dá para continuar."

Projeto colocado em consulta pública pretende aumentar limite de altura das construções no terreno. Foto: Hélvio Romero/Estadão

O sobrado de Lídia fica na última área de remanso do distrito do Itaim-Bibi, importante centro de negócios da capital paulista que foi transformado pela Operação Urbana Faria Lima, a partir de 2004. São 25 quarteirões no miolo da Vila Olímpia que foram excluídos do perímetro da operação urbana por pressão dos moradores da época e que agora a gestão do prefeito João Doria (PSDB) pretende verticalizar e adensar.

Chamada de "buraco da Faria Lima" pelo mercado, a área de 270 mil metros quadrados abriga hoje uma série de pequenos comércios, como lojas e restaurantes, algumas casas e grandes terrenos que são usados como estacionamento ou estão vazios. Ao longo dos últimos anos, esses imóveis foram comprados por grandes incorporadoras que agora se juntaram para propor à Prefeitura regras de construção iguais às da operação urbana que promoveu um rápido desenvolvimento do entorno, com grandes centros empresariais e prédios residenciais de alto padrão.

O grupo de proprietários de imóveis da área apresentou no fim do ano passado uma proposta à Prefeitura para fazer um Projeto de Intervenção Urbana (PIU) com o objetivo de aumentar o potencial construtivo no local, hoje limitado a duas vezes a área do terreno com no máximo oito andares de altura. Segundo eles, a área ficou "desassociada da dinâmica do entorno", que sofreu forte verticalização com os estímulos da Operação Urbana Faria Lima, que compreende 650 hectares e se estende no trecho entre a Avenida Brigadeiro Faria Lima e a Marginal do Pinheiros, nos distritos de Pinheiros e Itaim-Bibi.

"Nosso pleito é possibilitar a reinclusão dessas manchas nos parâmetros urbanísticos da operação urbana, corrigindo a discrepância que foi causada e revertendo investimentos e melhorias urbanas para a região", afirma o empresário Alexandre Frankel, de 40 anos, dono de imóveis no perímetro.

Adensamento. O projeto interessou à gestão Doria, que colocou a proposta em consulta pública na semana passada. Na prática, os proprietários querem regras semelhantes às da área vizinha, como poder construir quatro vezes o tamanho do terreno sem limite de altura, para erguer grandes empreendimentos. Em troca, eles propõem melhorias urbanísticas na região, como enterramento de fios, alargamento de vias, maior arborização, construções de equipamentos públicos e urbanização de favelas.

Para Leonardo Amaral Castro, diretor de desenvolvimento da São Paulo Urbanismo (SP Urbanismo), empresa municipal de planejamento urbano, a proposta vai ao encontro das diretrizes do Plano Diretor Estratégico e, por isso, está sendo analisada pela Prefeitura. "É uma iniciativa vinda do setor privado que resguarda relação estreita com o interesse público. A área do PIU da Vila Olímpia está circundada pela macroárea de estruturação metropolitana, que é para onde o Plano Diretor prevê as principais transformações e direciona o crescimento urbano", afirma.

Conselheira da Operação Urbana Faria Lima, a urbanista Beatriz Ruffino afirma que a exclusão desse pedaço da Vila Olímpia do perímetro da operação foi uma contradição. Mas, para ela, não justifica o "investimento" da Prefeitura no debate e elaboração de um PIU específico para uma região já desenvolvida e valorizada da cidade. "Esse projeto não faz sentido sob o ponto de vista do interesse público e urbanístico. Parece muito pouco transformador para justificar o esforço da Prefeitura em uma área privilegiada da cidade", afirma Beatriz, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP).

Novos prédios devem ocupar pelo menos 40% da área

Um estudo feito pelo grupo de proprietários de imóveis na “ilha” da Vila Olímpia estima que ao menos 40% dos 270 mil m² incluídos no escopo do Projeto de Intervenção Urbana (PIU) estão “sujeitos à transformação urbana”, ou seja, deverão ser verticalizados.

A área compreende mais de 20 ruas no eixo do cruzamento das Avenidas Faria Lima e Juscelino Kubitschek, como a Ministro Jesuíno Cardoso e a Clodomiro Amazonas.

A Prefeitura abriu prazo de 20 dias para receber sugestões ao PIU. Depois, vai elaborar a versão final da proposta e enviá-la como projeto de lei para ser aprovado em duas votações na Câmara Municipal, com maioria qualificada (2/3 dos vereadores).

Depois de 30 anos no mesmo endereço, a aposentada Lídia Leite, de 80 anos, está de mudança. Não resistiu ao assédio do mercado imobiliário e vendeu no mês passado o sobrado onde vive com o irmão e três sobrinhos para uma construtora, deixando a Rua Chilon, na Vila Olímpia, bairro nobre da zona sul de São Paulo, órfã de moradores.

"Sempre adorei morar aqui, mas chegou o momento de ir embora. Estamos isolados aqui", conta Lídia, cuja casa, que já foi rodeada de residências, está cercada de estacionamentos. "Quando mudamos para cá era muito tranquilo, conhecíamos todos os vizinhos. Agora, não tem mais ninguém. É triste, não dá para continuar."

Projeto colocado em consulta pública pretende aumentar limite de altura das construções no terreno. Foto: Hélvio Romero/Estadão

O sobrado de Lídia fica na última área de remanso do distrito do Itaim-Bibi, importante centro de negócios da capital paulista que foi transformado pela Operação Urbana Faria Lima, a partir de 2004. São 25 quarteirões no miolo da Vila Olímpia que foram excluídos do perímetro da operação urbana por pressão dos moradores da época e que agora a gestão do prefeito João Doria (PSDB) pretende verticalizar e adensar.

Chamada de "buraco da Faria Lima" pelo mercado, a área de 270 mil metros quadrados abriga hoje uma série de pequenos comércios, como lojas e restaurantes, algumas casas e grandes terrenos que são usados como estacionamento ou estão vazios. Ao longo dos últimos anos, esses imóveis foram comprados por grandes incorporadoras que agora se juntaram para propor à Prefeitura regras de construção iguais às da operação urbana que promoveu um rápido desenvolvimento do entorno, com grandes centros empresariais e prédios residenciais de alto padrão.

O grupo de proprietários de imóveis da área apresentou no fim do ano passado uma proposta à Prefeitura para fazer um Projeto de Intervenção Urbana (PIU) com o objetivo de aumentar o potencial construtivo no local, hoje limitado a duas vezes a área do terreno com no máximo oito andares de altura. Segundo eles, a área ficou "desassociada da dinâmica do entorno", que sofreu forte verticalização com os estímulos da Operação Urbana Faria Lima, que compreende 650 hectares e se estende no trecho entre a Avenida Brigadeiro Faria Lima e a Marginal do Pinheiros, nos distritos de Pinheiros e Itaim-Bibi.

"Nosso pleito é possibilitar a reinclusão dessas manchas nos parâmetros urbanísticos da operação urbana, corrigindo a discrepância que foi causada e revertendo investimentos e melhorias urbanas para a região", afirma o empresário Alexandre Frankel, de 40 anos, dono de imóveis no perímetro.

Adensamento. O projeto interessou à gestão Doria, que colocou a proposta em consulta pública na semana passada. Na prática, os proprietários querem regras semelhantes às da área vizinha, como poder construir quatro vezes o tamanho do terreno sem limite de altura, para erguer grandes empreendimentos. Em troca, eles propõem melhorias urbanísticas na região, como enterramento de fios, alargamento de vias, maior arborização, construções de equipamentos públicos e urbanização de favelas.

Para Leonardo Amaral Castro, diretor de desenvolvimento da São Paulo Urbanismo (SP Urbanismo), empresa municipal de planejamento urbano, a proposta vai ao encontro das diretrizes do Plano Diretor Estratégico e, por isso, está sendo analisada pela Prefeitura. "É uma iniciativa vinda do setor privado que resguarda relação estreita com o interesse público. A área do PIU da Vila Olímpia está circundada pela macroárea de estruturação metropolitana, que é para onde o Plano Diretor prevê as principais transformações e direciona o crescimento urbano", afirma.

Conselheira da Operação Urbana Faria Lima, a urbanista Beatriz Ruffino afirma que a exclusão desse pedaço da Vila Olímpia do perímetro da operação foi uma contradição. Mas, para ela, não justifica o "investimento" da Prefeitura no debate e elaboração de um PIU específico para uma região já desenvolvida e valorizada da cidade. "Esse projeto não faz sentido sob o ponto de vista do interesse público e urbanístico. Parece muito pouco transformador para justificar o esforço da Prefeitura em uma área privilegiada da cidade", afirma Beatriz, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP).

Novos prédios devem ocupar pelo menos 40% da área

Um estudo feito pelo grupo de proprietários de imóveis na “ilha” da Vila Olímpia estima que ao menos 40% dos 270 mil m² incluídos no escopo do Projeto de Intervenção Urbana (PIU) estão “sujeitos à transformação urbana”, ou seja, deverão ser verticalizados.

A área compreende mais de 20 ruas no eixo do cruzamento das Avenidas Faria Lima e Juscelino Kubitschek, como a Ministro Jesuíno Cardoso e a Clodomiro Amazonas.

A Prefeitura abriu prazo de 20 dias para receber sugestões ao PIU. Depois, vai elaborar a versão final da proposta e enviá-la como projeto de lei para ser aprovado em duas votações na Câmara Municipal, com maioria qualificada (2/3 dos vereadores).

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