Quem é a 1ª presidente do Conselho de Engenharia de SP: ‘Difícil ter espaço, nos testavam todo dia’


Lígia Mackey foi eleita com 64% dos votos da categoria e foi empossada para o cargo, que ocupará até 2026

Por Rariane Costa

Em 89 anos de história, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP) será presidido pela primeira vez por uma mulher, a engenheira Lígia Mackey. A eleição com 64% dos votos foi homologada na semana passada e ela foi empossada para o cargo, a ser ocupado no triênio de 2024 a 2026.

O ambiente majoritariamente masculino já era o cenário de sua carreira profissional ainda na faculdade. Lígia relembra que em uma turma de 120 alunos cerca de 15 eram mulheres. “Cheguei a ter aulas com 35 homens e só eu de mulher”, afirma.

Lígia iniciou sua trajetória profissional em 1988, quando foi aprovada no vestibular da Escola de Engenharia de Piracicaba. A primeira opção de curso era Arquitetura, mas após duas aprovações para Engenharia, a segunda opção, mudou os planos.

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“Comecei a cursar, vi que era aquilo que eu queria. Eu gostava de fazer projetos. Me encontrei na Engenharia, não consigo me ver em outra profissão”, destaca.

Única mulher entre os dois irmãos homens, a engenheira relembra que recebeu apoio dos familiares que sempre a incentivaram a estudar e enfrentar desafios. Lígia foi a primeira a ingressar na área, caminho que foi seguido posteriormente por primos. “Acho que, de certa forma, isso pode ter inspirado os demais”, pontua.

Em sua gestão, Lígia tem como um dos objetivos centrais a implementação de ações de equidade de gênero no Estado Foto: Crea-SP/Divulgação
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O número de mulheres em graduações da área tem aumentado. Dados do Censo de Ensino Superior apontam que, em 2021, as mulheres superaram o número de homens no curso de Engenharia de Alimentos com 62,9%. Nas Engenharia de Bioprocessos, Têxtil e Química, o percentual registrado foi superior a 50% no mesmo ano.

Apesar da disparidade, a engenheira destaca que as maiores dificuldades enquanto mulher desta área não estavam no ambiente universitário. Natural de Rio Claro, no interior paulista, Ligia foi a quinta engenheira formada em todo o município. “Foi difícil conquistar o espaço. Eles testavam a gente todos os dias. Quando eu chegava falavam, ‘quem é essa menina?’”, relembra.

Como engenheira civil, apaixonada por projetos desde o início da carreira, sempre teve interesse em trabalhar com obras. Desde a faculdade, em estágios, já atuava no setor. A presidente do Crea-SP já liderou obras de diversos segmentos. Celebrando os 30 anos de carreira consolidados no setor civil, agora enfrenta um novo desafio na autarquia.

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A agora presidente do Conselho que regula e fiscaliza o exercício da profissão, além de primeira mulher a vencer a eleição, também foi a primeira a concorrer ao cargo.

Antes disso, já havia ocupado interinamente a cadeira presidencial da entidade, uma vez que fazia parte da diretoria como vice-presidente na gestão de Vinicius Marchese em 2022. Na ocasião, Marchese se ausentou das atividades para concorrer ao cargo de deputado federal ficando Ligia à frente da presidência por seis meses.

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Já em 2023, teve o nome indicado e aprovado para concorrer ao cargo efetivamente. “Fui convidada pelo presidente Vinícius. Não era uma coisa que eu almejava, mas como fui chamada e trabalho muito com associativismo, eu aceitei”, pontua. A vitória com 22.903 votos foi confirmada em novembro.

Pouco antes do convite, em 2020, Lígia enfrentou uma dura batalha: o câncer de mama. A doença é o tipo que mais acomete mulheres em todo o mundo, tendo um risco estimado de 66,54 casos para cada 100 mil mulheres no Brasil, segundo dados do Instituto do Câncer (INCA). A engenheira relembra que descobriu a doença de forma repentina e na fase inicial, o que contribuiu para a cura. Exames periódicos e preventivos foram essenciais para identificação e tratamento ágil.

Os procedimentos médicos, realizados com sucesso, não afastaram Lígia do trabalho. “Em nenhum momento me ausentei. Estive presente em todos os compromissos, com todos os cuidados necessários. Isso fez com que eu me motivasse e entendesse meu valor”, destaca.

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Equidade de gênero

Em sua gestão, Lígia tem como um dos objetivos centrais a implementação de ações de equidade de gênero no Estado a partir de programas já ativos no sistema.

“Temos programas que daremos continuidade e vamos melhorar. O Programa Mulher, por exemplo, precisa ter continuidade, fazer mais ações para poder trazer mais força para as mulheres na engenharia”, afirma.

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O programa mencionado tem como base a equidade de gênero no sistema composto pelo conselho federal (Confea), Crea e Mútua (entidade assistencial do sistema dos creas).

Apesar disso, na gestão 2023, o CREA-SP tem em sua diretoria apenas duas mulheres. Número que se repetiu nos últimos dois anos. Além de Lígia na função de Diretora de Entidades de Classe, está Andrea Sanches como Diretora de Educação.

A nova presidente reconhece o abismo entre os números, mas defende que com uma mulher na presidência novas portas serão abertas e fortalecidas. Nacionalmente, apenas 20% dos profissionais registrados no sistema da entidade são mulheres.

Lígia acredita no aumento do número, incentivando a presença de mulheres na área. “Eu sempre enfrentei desafios e ainda hoje, infelizmente, não é diferente. Para aquelas que têm interesse em continuar, vir para a área, ela tem que se capacitar, estudar e acreditar em si mesma. Nunca desistir”.

Homologada na última quinta-feira, 14, em sessão no Crea-SP, a gestão de Lígia Mackey se inicia em janeiro de 2024.

Em 89 anos de história, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP) será presidido pela primeira vez por uma mulher, a engenheira Lígia Mackey. A eleição com 64% dos votos foi homologada na semana passada e ela foi empossada para o cargo, a ser ocupado no triênio de 2024 a 2026.

O ambiente majoritariamente masculino já era o cenário de sua carreira profissional ainda na faculdade. Lígia relembra que em uma turma de 120 alunos cerca de 15 eram mulheres. “Cheguei a ter aulas com 35 homens e só eu de mulher”, afirma.

Lígia iniciou sua trajetória profissional em 1988, quando foi aprovada no vestibular da Escola de Engenharia de Piracicaba. A primeira opção de curso era Arquitetura, mas após duas aprovações para Engenharia, a segunda opção, mudou os planos.

“Comecei a cursar, vi que era aquilo que eu queria. Eu gostava de fazer projetos. Me encontrei na Engenharia, não consigo me ver em outra profissão”, destaca.

Única mulher entre os dois irmãos homens, a engenheira relembra que recebeu apoio dos familiares que sempre a incentivaram a estudar e enfrentar desafios. Lígia foi a primeira a ingressar na área, caminho que foi seguido posteriormente por primos. “Acho que, de certa forma, isso pode ter inspirado os demais”, pontua.

Em sua gestão, Lígia tem como um dos objetivos centrais a implementação de ações de equidade de gênero no Estado Foto: Crea-SP/Divulgação

O número de mulheres em graduações da área tem aumentado. Dados do Censo de Ensino Superior apontam que, em 2021, as mulheres superaram o número de homens no curso de Engenharia de Alimentos com 62,9%. Nas Engenharia de Bioprocessos, Têxtil e Química, o percentual registrado foi superior a 50% no mesmo ano.

Apesar da disparidade, a engenheira destaca que as maiores dificuldades enquanto mulher desta área não estavam no ambiente universitário. Natural de Rio Claro, no interior paulista, Ligia foi a quinta engenheira formada em todo o município. “Foi difícil conquistar o espaço. Eles testavam a gente todos os dias. Quando eu chegava falavam, ‘quem é essa menina?’”, relembra.

Como engenheira civil, apaixonada por projetos desde o início da carreira, sempre teve interesse em trabalhar com obras. Desde a faculdade, em estágios, já atuava no setor. A presidente do Crea-SP já liderou obras de diversos segmentos. Celebrando os 30 anos de carreira consolidados no setor civil, agora enfrenta um novo desafio na autarquia.

A agora presidente do Conselho que regula e fiscaliza o exercício da profissão, além de primeira mulher a vencer a eleição, também foi a primeira a concorrer ao cargo.

Antes disso, já havia ocupado interinamente a cadeira presidencial da entidade, uma vez que fazia parte da diretoria como vice-presidente na gestão de Vinicius Marchese em 2022. Na ocasião, Marchese se ausentou das atividades para concorrer ao cargo de deputado federal ficando Ligia à frente da presidência por seis meses.

Já em 2023, teve o nome indicado e aprovado para concorrer ao cargo efetivamente. “Fui convidada pelo presidente Vinícius. Não era uma coisa que eu almejava, mas como fui chamada e trabalho muito com associativismo, eu aceitei”, pontua. A vitória com 22.903 votos foi confirmada em novembro.

Pouco antes do convite, em 2020, Lígia enfrentou uma dura batalha: o câncer de mama. A doença é o tipo que mais acomete mulheres em todo o mundo, tendo um risco estimado de 66,54 casos para cada 100 mil mulheres no Brasil, segundo dados do Instituto do Câncer (INCA). A engenheira relembra que descobriu a doença de forma repentina e na fase inicial, o que contribuiu para a cura. Exames periódicos e preventivos foram essenciais para identificação e tratamento ágil.

Os procedimentos médicos, realizados com sucesso, não afastaram Lígia do trabalho. “Em nenhum momento me ausentei. Estive presente em todos os compromissos, com todos os cuidados necessários. Isso fez com que eu me motivasse e entendesse meu valor”, destaca.

Equidade de gênero

Em sua gestão, Lígia tem como um dos objetivos centrais a implementação de ações de equidade de gênero no Estado a partir de programas já ativos no sistema.

“Temos programas que daremos continuidade e vamos melhorar. O Programa Mulher, por exemplo, precisa ter continuidade, fazer mais ações para poder trazer mais força para as mulheres na engenharia”, afirma.

O programa mencionado tem como base a equidade de gênero no sistema composto pelo conselho federal (Confea), Crea e Mútua (entidade assistencial do sistema dos creas).

Apesar disso, na gestão 2023, o CREA-SP tem em sua diretoria apenas duas mulheres. Número que se repetiu nos últimos dois anos. Além de Lígia na função de Diretora de Entidades de Classe, está Andrea Sanches como Diretora de Educação.

A nova presidente reconhece o abismo entre os números, mas defende que com uma mulher na presidência novas portas serão abertas e fortalecidas. Nacionalmente, apenas 20% dos profissionais registrados no sistema da entidade são mulheres.

Lígia acredita no aumento do número, incentivando a presença de mulheres na área. “Eu sempre enfrentei desafios e ainda hoje, infelizmente, não é diferente. Para aquelas que têm interesse em continuar, vir para a área, ela tem que se capacitar, estudar e acreditar em si mesma. Nunca desistir”.

Homologada na última quinta-feira, 14, em sessão no Crea-SP, a gestão de Lígia Mackey se inicia em janeiro de 2024.

Em 89 anos de história, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP) será presidido pela primeira vez por uma mulher, a engenheira Lígia Mackey. A eleição com 64% dos votos foi homologada na semana passada e ela foi empossada para o cargo, a ser ocupado no triênio de 2024 a 2026.

O ambiente majoritariamente masculino já era o cenário de sua carreira profissional ainda na faculdade. Lígia relembra que em uma turma de 120 alunos cerca de 15 eram mulheres. “Cheguei a ter aulas com 35 homens e só eu de mulher”, afirma.

Lígia iniciou sua trajetória profissional em 1988, quando foi aprovada no vestibular da Escola de Engenharia de Piracicaba. A primeira opção de curso era Arquitetura, mas após duas aprovações para Engenharia, a segunda opção, mudou os planos.

“Comecei a cursar, vi que era aquilo que eu queria. Eu gostava de fazer projetos. Me encontrei na Engenharia, não consigo me ver em outra profissão”, destaca.

Única mulher entre os dois irmãos homens, a engenheira relembra que recebeu apoio dos familiares que sempre a incentivaram a estudar e enfrentar desafios. Lígia foi a primeira a ingressar na área, caminho que foi seguido posteriormente por primos. “Acho que, de certa forma, isso pode ter inspirado os demais”, pontua.

Em sua gestão, Lígia tem como um dos objetivos centrais a implementação de ações de equidade de gênero no Estado Foto: Crea-SP/Divulgação

O número de mulheres em graduações da área tem aumentado. Dados do Censo de Ensino Superior apontam que, em 2021, as mulheres superaram o número de homens no curso de Engenharia de Alimentos com 62,9%. Nas Engenharia de Bioprocessos, Têxtil e Química, o percentual registrado foi superior a 50% no mesmo ano.

Apesar da disparidade, a engenheira destaca que as maiores dificuldades enquanto mulher desta área não estavam no ambiente universitário. Natural de Rio Claro, no interior paulista, Ligia foi a quinta engenheira formada em todo o município. “Foi difícil conquistar o espaço. Eles testavam a gente todos os dias. Quando eu chegava falavam, ‘quem é essa menina?’”, relembra.

Como engenheira civil, apaixonada por projetos desde o início da carreira, sempre teve interesse em trabalhar com obras. Desde a faculdade, em estágios, já atuava no setor. A presidente do Crea-SP já liderou obras de diversos segmentos. Celebrando os 30 anos de carreira consolidados no setor civil, agora enfrenta um novo desafio na autarquia.

A agora presidente do Conselho que regula e fiscaliza o exercício da profissão, além de primeira mulher a vencer a eleição, também foi a primeira a concorrer ao cargo.

Antes disso, já havia ocupado interinamente a cadeira presidencial da entidade, uma vez que fazia parte da diretoria como vice-presidente na gestão de Vinicius Marchese em 2022. Na ocasião, Marchese se ausentou das atividades para concorrer ao cargo de deputado federal ficando Ligia à frente da presidência por seis meses.

Já em 2023, teve o nome indicado e aprovado para concorrer ao cargo efetivamente. “Fui convidada pelo presidente Vinícius. Não era uma coisa que eu almejava, mas como fui chamada e trabalho muito com associativismo, eu aceitei”, pontua. A vitória com 22.903 votos foi confirmada em novembro.

Pouco antes do convite, em 2020, Lígia enfrentou uma dura batalha: o câncer de mama. A doença é o tipo que mais acomete mulheres em todo o mundo, tendo um risco estimado de 66,54 casos para cada 100 mil mulheres no Brasil, segundo dados do Instituto do Câncer (INCA). A engenheira relembra que descobriu a doença de forma repentina e na fase inicial, o que contribuiu para a cura. Exames periódicos e preventivos foram essenciais para identificação e tratamento ágil.

Os procedimentos médicos, realizados com sucesso, não afastaram Lígia do trabalho. “Em nenhum momento me ausentei. Estive presente em todos os compromissos, com todos os cuidados necessários. Isso fez com que eu me motivasse e entendesse meu valor”, destaca.

Equidade de gênero

Em sua gestão, Lígia tem como um dos objetivos centrais a implementação de ações de equidade de gênero no Estado a partir de programas já ativos no sistema.

“Temos programas que daremos continuidade e vamos melhorar. O Programa Mulher, por exemplo, precisa ter continuidade, fazer mais ações para poder trazer mais força para as mulheres na engenharia”, afirma.

O programa mencionado tem como base a equidade de gênero no sistema composto pelo conselho federal (Confea), Crea e Mútua (entidade assistencial do sistema dos creas).

Apesar disso, na gestão 2023, o CREA-SP tem em sua diretoria apenas duas mulheres. Número que se repetiu nos últimos dois anos. Além de Lígia na função de Diretora de Entidades de Classe, está Andrea Sanches como Diretora de Educação.

A nova presidente reconhece o abismo entre os números, mas defende que com uma mulher na presidência novas portas serão abertas e fortalecidas. Nacionalmente, apenas 20% dos profissionais registrados no sistema da entidade são mulheres.

Lígia acredita no aumento do número, incentivando a presença de mulheres na área. “Eu sempre enfrentei desafios e ainda hoje, infelizmente, não é diferente. Para aquelas que têm interesse em continuar, vir para a área, ela tem que se capacitar, estudar e acreditar em si mesma. Nunca desistir”.

Homologada na última quinta-feira, 14, em sessão no Crea-SP, a gestão de Lígia Mackey se inicia em janeiro de 2024.

Em 89 anos de história, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP) será presidido pela primeira vez por uma mulher, a engenheira Lígia Mackey. A eleição com 64% dos votos foi homologada na semana passada e ela foi empossada para o cargo, a ser ocupado no triênio de 2024 a 2026.

O ambiente majoritariamente masculino já era o cenário de sua carreira profissional ainda na faculdade. Lígia relembra que em uma turma de 120 alunos cerca de 15 eram mulheres. “Cheguei a ter aulas com 35 homens e só eu de mulher”, afirma.

Lígia iniciou sua trajetória profissional em 1988, quando foi aprovada no vestibular da Escola de Engenharia de Piracicaba. A primeira opção de curso era Arquitetura, mas após duas aprovações para Engenharia, a segunda opção, mudou os planos.

“Comecei a cursar, vi que era aquilo que eu queria. Eu gostava de fazer projetos. Me encontrei na Engenharia, não consigo me ver em outra profissão”, destaca.

Única mulher entre os dois irmãos homens, a engenheira relembra que recebeu apoio dos familiares que sempre a incentivaram a estudar e enfrentar desafios. Lígia foi a primeira a ingressar na área, caminho que foi seguido posteriormente por primos. “Acho que, de certa forma, isso pode ter inspirado os demais”, pontua.

Em sua gestão, Lígia tem como um dos objetivos centrais a implementação de ações de equidade de gênero no Estado Foto: Crea-SP/Divulgação

O número de mulheres em graduações da área tem aumentado. Dados do Censo de Ensino Superior apontam que, em 2021, as mulheres superaram o número de homens no curso de Engenharia de Alimentos com 62,9%. Nas Engenharia de Bioprocessos, Têxtil e Química, o percentual registrado foi superior a 50% no mesmo ano.

Apesar da disparidade, a engenheira destaca que as maiores dificuldades enquanto mulher desta área não estavam no ambiente universitário. Natural de Rio Claro, no interior paulista, Ligia foi a quinta engenheira formada em todo o município. “Foi difícil conquistar o espaço. Eles testavam a gente todos os dias. Quando eu chegava falavam, ‘quem é essa menina?’”, relembra.

Como engenheira civil, apaixonada por projetos desde o início da carreira, sempre teve interesse em trabalhar com obras. Desde a faculdade, em estágios, já atuava no setor. A presidente do Crea-SP já liderou obras de diversos segmentos. Celebrando os 30 anos de carreira consolidados no setor civil, agora enfrenta um novo desafio na autarquia.

A agora presidente do Conselho que regula e fiscaliza o exercício da profissão, além de primeira mulher a vencer a eleição, também foi a primeira a concorrer ao cargo.

Antes disso, já havia ocupado interinamente a cadeira presidencial da entidade, uma vez que fazia parte da diretoria como vice-presidente na gestão de Vinicius Marchese em 2022. Na ocasião, Marchese se ausentou das atividades para concorrer ao cargo de deputado federal ficando Ligia à frente da presidência por seis meses.

Já em 2023, teve o nome indicado e aprovado para concorrer ao cargo efetivamente. “Fui convidada pelo presidente Vinícius. Não era uma coisa que eu almejava, mas como fui chamada e trabalho muito com associativismo, eu aceitei”, pontua. A vitória com 22.903 votos foi confirmada em novembro.

Pouco antes do convite, em 2020, Lígia enfrentou uma dura batalha: o câncer de mama. A doença é o tipo que mais acomete mulheres em todo o mundo, tendo um risco estimado de 66,54 casos para cada 100 mil mulheres no Brasil, segundo dados do Instituto do Câncer (INCA). A engenheira relembra que descobriu a doença de forma repentina e na fase inicial, o que contribuiu para a cura. Exames periódicos e preventivos foram essenciais para identificação e tratamento ágil.

Os procedimentos médicos, realizados com sucesso, não afastaram Lígia do trabalho. “Em nenhum momento me ausentei. Estive presente em todos os compromissos, com todos os cuidados necessários. Isso fez com que eu me motivasse e entendesse meu valor”, destaca.

Equidade de gênero

Em sua gestão, Lígia tem como um dos objetivos centrais a implementação de ações de equidade de gênero no Estado a partir de programas já ativos no sistema.

“Temos programas que daremos continuidade e vamos melhorar. O Programa Mulher, por exemplo, precisa ter continuidade, fazer mais ações para poder trazer mais força para as mulheres na engenharia”, afirma.

O programa mencionado tem como base a equidade de gênero no sistema composto pelo conselho federal (Confea), Crea e Mútua (entidade assistencial do sistema dos creas).

Apesar disso, na gestão 2023, o CREA-SP tem em sua diretoria apenas duas mulheres. Número que se repetiu nos últimos dois anos. Além de Lígia na função de Diretora de Entidades de Classe, está Andrea Sanches como Diretora de Educação.

A nova presidente reconhece o abismo entre os números, mas defende que com uma mulher na presidência novas portas serão abertas e fortalecidas. Nacionalmente, apenas 20% dos profissionais registrados no sistema da entidade são mulheres.

Lígia acredita no aumento do número, incentivando a presença de mulheres na área. “Eu sempre enfrentei desafios e ainda hoje, infelizmente, não é diferente. Para aquelas que têm interesse em continuar, vir para a área, ela tem que se capacitar, estudar e acreditar em si mesma. Nunca desistir”.

Homologada na última quinta-feira, 14, em sessão no Crea-SP, a gestão de Lígia Mackey se inicia em janeiro de 2024.

Em 89 anos de história, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP) será presidido pela primeira vez por uma mulher, a engenheira Lígia Mackey. A eleição com 64% dos votos foi homologada na semana passada e ela foi empossada para o cargo, a ser ocupado no triênio de 2024 a 2026.

O ambiente majoritariamente masculino já era o cenário de sua carreira profissional ainda na faculdade. Lígia relembra que em uma turma de 120 alunos cerca de 15 eram mulheres. “Cheguei a ter aulas com 35 homens e só eu de mulher”, afirma.

Lígia iniciou sua trajetória profissional em 1988, quando foi aprovada no vestibular da Escola de Engenharia de Piracicaba. A primeira opção de curso era Arquitetura, mas após duas aprovações para Engenharia, a segunda opção, mudou os planos.

“Comecei a cursar, vi que era aquilo que eu queria. Eu gostava de fazer projetos. Me encontrei na Engenharia, não consigo me ver em outra profissão”, destaca.

Única mulher entre os dois irmãos homens, a engenheira relembra que recebeu apoio dos familiares que sempre a incentivaram a estudar e enfrentar desafios. Lígia foi a primeira a ingressar na área, caminho que foi seguido posteriormente por primos. “Acho que, de certa forma, isso pode ter inspirado os demais”, pontua.

Em sua gestão, Lígia tem como um dos objetivos centrais a implementação de ações de equidade de gênero no Estado Foto: Crea-SP/Divulgação

O número de mulheres em graduações da área tem aumentado. Dados do Censo de Ensino Superior apontam que, em 2021, as mulheres superaram o número de homens no curso de Engenharia de Alimentos com 62,9%. Nas Engenharia de Bioprocessos, Têxtil e Química, o percentual registrado foi superior a 50% no mesmo ano.

Apesar da disparidade, a engenheira destaca que as maiores dificuldades enquanto mulher desta área não estavam no ambiente universitário. Natural de Rio Claro, no interior paulista, Ligia foi a quinta engenheira formada em todo o município. “Foi difícil conquistar o espaço. Eles testavam a gente todos os dias. Quando eu chegava falavam, ‘quem é essa menina?’”, relembra.

Como engenheira civil, apaixonada por projetos desde o início da carreira, sempre teve interesse em trabalhar com obras. Desde a faculdade, em estágios, já atuava no setor. A presidente do Crea-SP já liderou obras de diversos segmentos. Celebrando os 30 anos de carreira consolidados no setor civil, agora enfrenta um novo desafio na autarquia.

A agora presidente do Conselho que regula e fiscaliza o exercício da profissão, além de primeira mulher a vencer a eleição, também foi a primeira a concorrer ao cargo.

Antes disso, já havia ocupado interinamente a cadeira presidencial da entidade, uma vez que fazia parte da diretoria como vice-presidente na gestão de Vinicius Marchese em 2022. Na ocasião, Marchese se ausentou das atividades para concorrer ao cargo de deputado federal ficando Ligia à frente da presidência por seis meses.

Já em 2023, teve o nome indicado e aprovado para concorrer ao cargo efetivamente. “Fui convidada pelo presidente Vinícius. Não era uma coisa que eu almejava, mas como fui chamada e trabalho muito com associativismo, eu aceitei”, pontua. A vitória com 22.903 votos foi confirmada em novembro.

Pouco antes do convite, em 2020, Lígia enfrentou uma dura batalha: o câncer de mama. A doença é o tipo que mais acomete mulheres em todo o mundo, tendo um risco estimado de 66,54 casos para cada 100 mil mulheres no Brasil, segundo dados do Instituto do Câncer (INCA). A engenheira relembra que descobriu a doença de forma repentina e na fase inicial, o que contribuiu para a cura. Exames periódicos e preventivos foram essenciais para identificação e tratamento ágil.

Os procedimentos médicos, realizados com sucesso, não afastaram Lígia do trabalho. “Em nenhum momento me ausentei. Estive presente em todos os compromissos, com todos os cuidados necessários. Isso fez com que eu me motivasse e entendesse meu valor”, destaca.

Equidade de gênero

Em sua gestão, Lígia tem como um dos objetivos centrais a implementação de ações de equidade de gênero no Estado a partir de programas já ativos no sistema.

“Temos programas que daremos continuidade e vamos melhorar. O Programa Mulher, por exemplo, precisa ter continuidade, fazer mais ações para poder trazer mais força para as mulheres na engenharia”, afirma.

O programa mencionado tem como base a equidade de gênero no sistema composto pelo conselho federal (Confea), Crea e Mútua (entidade assistencial do sistema dos creas).

Apesar disso, na gestão 2023, o CREA-SP tem em sua diretoria apenas duas mulheres. Número que se repetiu nos últimos dois anos. Além de Lígia na função de Diretora de Entidades de Classe, está Andrea Sanches como Diretora de Educação.

A nova presidente reconhece o abismo entre os números, mas defende que com uma mulher na presidência novas portas serão abertas e fortalecidas. Nacionalmente, apenas 20% dos profissionais registrados no sistema da entidade são mulheres.

Lígia acredita no aumento do número, incentivando a presença de mulheres na área. “Eu sempre enfrentei desafios e ainda hoje, infelizmente, não é diferente. Para aquelas que têm interesse em continuar, vir para a área, ela tem que se capacitar, estudar e acreditar em si mesma. Nunca desistir”.

Homologada na última quinta-feira, 14, em sessão no Crea-SP, a gestão de Lígia Mackey se inicia em janeiro de 2024.

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