Quer conhecer a cultura negra em SP? Mapa interativo mostra museus, restaurantes e mais lugares


Pontos de interesse histórico, artístico, cultural e gastronômico fortalecem a identidade afrodescendente da cidade

Por Gonçalo Junior e Amanda Botelho
Atualização:

Passeios turísticos por locais marcados pela presença negra em São Paulo atraem cada vez mais visitantes, com aumento de 20% a 30% entre 2023 e 2024, de acordo com plataformas de afroturismo.

No mês da Consciência Negra, o Estadão preparou um mapa interativo para você conhecer – e visitar – alguns pontos de interesse histórico, artístico, cultural e gastronômico que fortalecem a identidade afrodescendente da cidade. Entre eles está até uma “Pequena África”.

Fachada da Educafro, entidade importante na inserção dos negros no ensino superior, localizada na região central. Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Mas, prepare-se para redescobertas e releituras. O legado da cultura negra está sendo revisto e ampliado por pressão do movimento negro após décadas de apagamento. De 390 estátuas de figuras históricas na cidade, por exemplo, só dez homenageiam personalidades negras.

A Prefeitura de São Paulo informa que estuda a execução de mais cinco obras: Mãe Sylvia de Oxalá, Elza Soares, Chaguinhas, Lélia Gonzales e Milton Santos, escolhidas em votação popular. Falta definir os locais dessas estátuas.

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  • Esse processo de resgate das raízes afro-brasileiras está em curso na região da Liberdade, reconhecida pela presença marcante da cultura japonesa. Em junho do ano passado, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), sancionou o projeto de lei que altera a denominação da Praça da Liberdade para Liberdade África-Japão.
  • Nos séculos 18 e 19, a praça abrigava o Largo da Forca, onde negros e indígenas eram castigados. Isso está sinalizado com uma placa de 35 cm de diâmetro na saída lateral do metrô. O marco cita as execuções, entre elas a de Francisco José das Chagas, o Chaguinhas, cabo negro condenado por liderar um motim pela falta de soldo. Na hora da execução, depois que a corda arrebentou duas vezes, as pessoas começaram a gritar “Liberdade”.
  • Perto dali, descendo a rua dos Estudantes, está a Capela de Nossa Senhora dos Aflitos. No antigo Cemitério dos Aflitos eram sepultados negros escravizados, militares pobres acusados de traição e desvalidos daquela época. É ali que está enterrado Chaguinhas, que se tornou um santo popular.

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A Prefeitura estuda a construção do Memorial dos Aflitos para reconhecer a histórica presença negra no bairro. O projeto vencedor do edital para execução da obra depende da aprovação final dos órgãos de preservação de patrimônio.

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Os exemplos da presença negra se multiplicam no centro histórico. Até 1865, a Praça Sete de Setembro possuía uma coluna onde os escravizados fugitivos eram açoitados no Largo do Pelourinho. Aqui a identificação é uma placa azul em um edifício administrativo do Metrô.

Uma placa azul indica o Largo do Pelourinho, na Praça Sete de Setembro, onde escravos eram açoitados. Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

No Largo da Memória, no Anhangabaú, está o Obelisco de Piques, onde funcionavam feiras e leilões para vender pessoas escravizadas até o final do século XIX. Existe uma placa de identificação, mas sem alusão ao leilão.

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O roteiro turístico passa obrigatoriamente pelo Bixiga, reconhecido como território de quilombo urbano pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Nacional (Iphan). Por décadas, o bairro abrigou a escola de samba Vai-Vai, desapropriada para a construção da Linha 6-Laranja do Metrô. A agremiação saiu da antiga sede com a promessa de outra quadra no bairro, mas permanece desalojada.

“A nossa luta é pela permanência da Vai-Vai no território”, diz Clarício Gonçalves, presidente da escola. “É uma grande tristeza estar sem casa no dia da Consciência Negra”.

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São Paulo também tem sua ‘Pequena África’

A cidade de São Paulo também tem sua “Pequena África”, área ocupada pela comunidade afro-brasileira na região portuária do Rio de Janeiro a partir de 1830. O sociólogo e militante antirracista Tadeu Kaçula, autor do livro Casa Verde: uma pequena África paulistana, aponta a zona norte como espaço de organização de milhares de famílias negras durante o processo de crescimento da cidade.

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“No processo de desenvolvimento da cidade, a população preta foi condicionada a viver às margens, em especial na zona norte. O rio Tietê é um divisor social. As famílias reorganizaram seus nichos de sociabilidade”, diz o escritor. “Foi um processo de re-humanização”.

Como exemplos da identidade cultural e étnica da região, Kaçula cita as escolas de samba, como Unidos do Peruche, Morro da Casa Verde, Mocidade Alegre, Império de Casa Verde, Rosas de Ouro, templos de umbanda e candomblé e o Complexo Esportivo Cruz da Esperança, um dos mais importantes conjuntos de campos de várzea da cidade.

Plataformas de afroturismo apontam crescimento de 30%

Ainda não existem dados oficiais sobre aumento de interesse pelo afroturismo. A Secretaria de Turismo e Viagens de São Paulo levanta esses dados com o Grupo de Trabalho de Afroturismo. Recentemente, o órgão lançou a publicação Afroturismo SP, com opções de passeios ligados à cultura afro-brasileira no Estado. São roteiros e espaços histórico-culturais da capital (Bixiga, Liberdade e Grajaú), interior (Taubaté, Eldorado, Salto de Pirapora e Campinas) e do litoral (Santos e Ubatuba).

O jornalista e ativista Guilherme Soares Dias, um dos idealizadores e da plataforma de afroturismo Guia Negro, revela aumento na procura pela Caminhada São Paulo Negra, que atraiu 3 mil pessoas no ano passado. “No primeiro semestre deste ano, já tivemos elevação de 20%”, avalia o especialista.

Essa é a mesma avaliação de Solange Barbosa, historiadora e turismóloga e uma das pioneiras do afroturismo no Estado com a Rota da Liberdade pelo interior. “Tivemos um aumento de 30% no volume de compradores dos roteiros”, celebra.

São apenas 10 estátuas negras na capital de São Paulo

As estátuas merecem atenção especial em qualquer passeio. Aqui, o trabalho é de garimpagem de uma história (quase) apagada. De acordo com a Secretaria Municipal de Cultura, apenas 10 das 390 estátuas que prestam homenagem a figuras históricas na cidade de São Paulo são de personalidades negras.

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As últimas estátuas entregues foram as do atleta olímpico Adhemar Ferreira da Silva, da escritora Carolina Maria de Jesus, da sambista e pioneira do carnaval paulistano Deolinda Madre/Madrinha Eunice, do baluarte do samba paulista Geraldo Filme e do músico Itamar Assumpção, entre 2021 e 2022.

Zumbi dos Palmares está representado em uma estátua no centro de São Paulo. Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Além de serem mais raras, elas costumam ser menores do que as outras estruturas. A estátua de Zumbi dos Palmares tem 1,67m (2,20m, considerando o punho erguido) na praça Antonio Prado. A estátua de Borba Gato, em Santo Amaro, tem 10 metros (13m com o pedestal). A de Duque de Caxias, nos Campos Elíseos, é o maior monumento equestre do mundo com a altura de um prédio de dez andares (48 metros).

Solange explica que as atividades do afroturismo são importantes para combater o racismo estrutural, discriminação enraizada na sociedade e que se manifesta de diferentes formas, como a falta de pessoas negras em cargos de chefia, representação política quase inexistente e também no apagamento da contribuição de figuras negras na história de uma região e o desamparo da população no período após a abolição da escravização.

Por outro lado, políticas oficiais destacaram a presença imigrante e bandeirante. “As atividades do afroturismo serão vitais para a luta antirracista e para combater o apagamento da História da População Negra no Brasil”, diz a especialista.

Serviço

Biyou’Z

  • Biyou’Z Consolação - Rua Fernando de Albuquerque, 95 - (11) 2339-1220
  • Terça a Domingo: 12h à 0h
  • Biyou’Z República - Alameda Barão de Limeira, 19 - (11) 3221-6806
  • Segunda a Domingo: 12h à 0h

Camisa Verde e Branco (escola de samba)

  • Rua James Holland, 663 - Barra Funda
  • @camisaverdeweb

Educafro – Museu do Holocausto e Resistência Negra

  • Rua Riachuelo número 342, Centro – (próximo à Faculdade de Direito da USP)
  • Todos os dias, das 9h às 18h
  • Agendamento escolar: (11) 9 61736869 ou contato@franciscanos.org.br

Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos

  • Largo do Paissandu, s/n (próximo às estações Anhangabaú e República do Metrô)
  • (11) 3223-3611 / 3331-1983
  • Dias e horários: 2.ª a 6.ª, das 7h às 19h; Sábados e Domingos, das 7h às 12h.

Mama África La Bonne Bouffe (restaurante)

  • Endereço: Rua Cantagalo, 230 - Tatuapé (zona leste)
  • Dias e horários: terça a sábado (12h a 22h); domingos e feriados (12h a 16h)
  • Telefone: 11 35827438
  • Site: mamaafricalabonnebouffe.com.br/

Museu Afro Brasil Endereço

  • Parque Ibirapuera, Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, portão 10
  • Funcionamento: terça a domingo, 10h às 17h (permanência até as 18h)
  • Ingresso: R$ 15 (meia entrada, R$ 7,50). Grátis às quartas
  • Estacionamento (Parque Ibirapuera)
  • Horário: das 5h à 0h. Acessos: Portões 3 e 7

Unidos do Peruche

  • Rua Samaritá, 1040
  • 11 95469-2842 / 11 3965-5351
  • @peruche_1956

Universidade Zumbi dos Palmares

  • Av. Santos Dumont, 843
  • Exposição “20 Anos da Universidade Zumbi dos Palmares”
  • Período da Exposição: 10 de novembro a 8 de dezembro de 2024
  • Local: Centro Cultural Vergueiro (Rua Vergueiro, 1.000, São Paulo – SP)
  • Entrada Gratuita

Vai-Vai (escola de samba)

Passeios turísticos por locais marcados pela presença negra em São Paulo atraem cada vez mais visitantes, com aumento de 20% a 30% entre 2023 e 2024, de acordo com plataformas de afroturismo.

No mês da Consciência Negra, o Estadão preparou um mapa interativo para você conhecer – e visitar – alguns pontos de interesse histórico, artístico, cultural e gastronômico que fortalecem a identidade afrodescendente da cidade. Entre eles está até uma “Pequena África”.

Fachada da Educafro, entidade importante na inserção dos negros no ensino superior, localizada na região central. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Mas, prepare-se para redescobertas e releituras. O legado da cultura negra está sendo revisto e ampliado por pressão do movimento negro após décadas de apagamento. De 390 estátuas de figuras históricas na cidade, por exemplo, só dez homenageiam personalidades negras.

A Prefeitura de São Paulo informa que estuda a execução de mais cinco obras: Mãe Sylvia de Oxalá, Elza Soares, Chaguinhas, Lélia Gonzales e Milton Santos, escolhidas em votação popular. Falta definir os locais dessas estátuas.

  • Esse processo de resgate das raízes afro-brasileiras está em curso na região da Liberdade, reconhecida pela presença marcante da cultura japonesa. Em junho do ano passado, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), sancionou o projeto de lei que altera a denominação da Praça da Liberdade para Liberdade África-Japão.
  • Nos séculos 18 e 19, a praça abrigava o Largo da Forca, onde negros e indígenas eram castigados. Isso está sinalizado com uma placa de 35 cm de diâmetro na saída lateral do metrô. O marco cita as execuções, entre elas a de Francisco José das Chagas, o Chaguinhas, cabo negro condenado por liderar um motim pela falta de soldo. Na hora da execução, depois que a corda arrebentou duas vezes, as pessoas começaram a gritar “Liberdade”.
  • Perto dali, descendo a rua dos Estudantes, está a Capela de Nossa Senhora dos Aflitos. No antigo Cemitério dos Aflitos eram sepultados negros escravizados, militares pobres acusados de traição e desvalidos daquela época. É ali que está enterrado Chaguinhas, que se tornou um santo popular.

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A Prefeitura estuda a construção do Memorial dos Aflitos para reconhecer a histórica presença negra no bairro. O projeto vencedor do edital para execução da obra depende da aprovação final dos órgãos de preservação de patrimônio.

Os exemplos da presença negra se multiplicam no centro histórico. Até 1865, a Praça Sete de Setembro possuía uma coluna onde os escravizados fugitivos eram açoitados no Largo do Pelourinho. Aqui a identificação é uma placa azul em um edifício administrativo do Metrô.

Uma placa azul indica o Largo do Pelourinho, na Praça Sete de Setembro, onde escravos eram açoitados. Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

No Largo da Memória, no Anhangabaú, está o Obelisco de Piques, onde funcionavam feiras e leilões para vender pessoas escravizadas até o final do século XIX. Existe uma placa de identificação, mas sem alusão ao leilão.

O roteiro turístico passa obrigatoriamente pelo Bixiga, reconhecido como território de quilombo urbano pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Nacional (Iphan). Por décadas, o bairro abrigou a escola de samba Vai-Vai, desapropriada para a construção da Linha 6-Laranja do Metrô. A agremiação saiu da antiga sede com a promessa de outra quadra no bairro, mas permanece desalojada.

“A nossa luta é pela permanência da Vai-Vai no território”, diz Clarício Gonçalves, presidente da escola. “É uma grande tristeza estar sem casa no dia da Consciência Negra”.

São Paulo também tem sua ‘Pequena África’

A cidade de São Paulo também tem sua “Pequena África”, área ocupada pela comunidade afro-brasileira na região portuária do Rio de Janeiro a partir de 1830. O sociólogo e militante antirracista Tadeu Kaçula, autor do livro Casa Verde: uma pequena África paulistana, aponta a zona norte como espaço de organização de milhares de famílias negras durante o processo de crescimento da cidade.

“No processo de desenvolvimento da cidade, a população preta foi condicionada a viver às margens, em especial na zona norte. O rio Tietê é um divisor social. As famílias reorganizaram seus nichos de sociabilidade”, diz o escritor. “Foi um processo de re-humanização”.

Como exemplos da identidade cultural e étnica da região, Kaçula cita as escolas de samba, como Unidos do Peruche, Morro da Casa Verde, Mocidade Alegre, Império de Casa Verde, Rosas de Ouro, templos de umbanda e candomblé e o Complexo Esportivo Cruz da Esperança, um dos mais importantes conjuntos de campos de várzea da cidade.

Plataformas de afroturismo apontam crescimento de 30%

Ainda não existem dados oficiais sobre aumento de interesse pelo afroturismo. A Secretaria de Turismo e Viagens de São Paulo levanta esses dados com o Grupo de Trabalho de Afroturismo. Recentemente, o órgão lançou a publicação Afroturismo SP, com opções de passeios ligados à cultura afro-brasileira no Estado. São roteiros e espaços histórico-culturais da capital (Bixiga, Liberdade e Grajaú), interior (Taubaté, Eldorado, Salto de Pirapora e Campinas) e do litoral (Santos e Ubatuba).

O jornalista e ativista Guilherme Soares Dias, um dos idealizadores e da plataforma de afroturismo Guia Negro, revela aumento na procura pela Caminhada São Paulo Negra, que atraiu 3 mil pessoas no ano passado. “No primeiro semestre deste ano, já tivemos elevação de 20%”, avalia o especialista.

Essa é a mesma avaliação de Solange Barbosa, historiadora e turismóloga e uma das pioneiras do afroturismo no Estado com a Rota da Liberdade pelo interior. “Tivemos um aumento de 30% no volume de compradores dos roteiros”, celebra.

São apenas 10 estátuas negras na capital de São Paulo

As estátuas merecem atenção especial em qualquer passeio. Aqui, o trabalho é de garimpagem de uma história (quase) apagada. De acordo com a Secretaria Municipal de Cultura, apenas 10 das 390 estátuas que prestam homenagem a figuras históricas na cidade de São Paulo são de personalidades negras.

Seu navegador não suporta esse video.

As últimas estátuas entregues foram as do atleta olímpico Adhemar Ferreira da Silva, da escritora Carolina Maria de Jesus, da sambista e pioneira do carnaval paulistano Deolinda Madre/Madrinha Eunice, do baluarte do samba paulista Geraldo Filme e do músico Itamar Assumpção, entre 2021 e 2022.

Zumbi dos Palmares está representado em uma estátua no centro de São Paulo. Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Além de serem mais raras, elas costumam ser menores do que as outras estruturas. A estátua de Zumbi dos Palmares tem 1,67m (2,20m, considerando o punho erguido) na praça Antonio Prado. A estátua de Borba Gato, em Santo Amaro, tem 10 metros (13m com o pedestal). A de Duque de Caxias, nos Campos Elíseos, é o maior monumento equestre do mundo com a altura de um prédio de dez andares (48 metros).

Solange explica que as atividades do afroturismo são importantes para combater o racismo estrutural, discriminação enraizada na sociedade e que se manifesta de diferentes formas, como a falta de pessoas negras em cargos de chefia, representação política quase inexistente e também no apagamento da contribuição de figuras negras na história de uma região e o desamparo da população no período após a abolição da escravização.

Por outro lado, políticas oficiais destacaram a presença imigrante e bandeirante. “As atividades do afroturismo serão vitais para a luta antirracista e para combater o apagamento da História da População Negra no Brasil”, diz a especialista.

Serviço

Biyou’Z

  • Biyou’Z Consolação - Rua Fernando de Albuquerque, 95 - (11) 2339-1220
  • Terça a Domingo: 12h à 0h
  • Biyou’Z República - Alameda Barão de Limeira, 19 - (11) 3221-6806
  • Segunda a Domingo: 12h à 0h

Camisa Verde e Branco (escola de samba)

  • Rua James Holland, 663 - Barra Funda
  • @camisaverdeweb

Educafro – Museu do Holocausto e Resistência Negra

  • Rua Riachuelo número 342, Centro – (próximo à Faculdade de Direito da USP)
  • Todos os dias, das 9h às 18h
  • Agendamento escolar: (11) 9 61736869 ou contato@franciscanos.org.br

Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos

  • Largo do Paissandu, s/n (próximo às estações Anhangabaú e República do Metrô)
  • (11) 3223-3611 / 3331-1983
  • Dias e horários: 2.ª a 6.ª, das 7h às 19h; Sábados e Domingos, das 7h às 12h.

Mama África La Bonne Bouffe (restaurante)

  • Endereço: Rua Cantagalo, 230 - Tatuapé (zona leste)
  • Dias e horários: terça a sábado (12h a 22h); domingos e feriados (12h a 16h)
  • Telefone: 11 35827438
  • Site: mamaafricalabonnebouffe.com.br/

Museu Afro Brasil Endereço

  • Parque Ibirapuera, Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, portão 10
  • Funcionamento: terça a domingo, 10h às 17h (permanência até as 18h)
  • Ingresso: R$ 15 (meia entrada, R$ 7,50). Grátis às quartas
  • Estacionamento (Parque Ibirapuera)
  • Horário: das 5h à 0h. Acessos: Portões 3 e 7

Unidos do Peruche

  • Rua Samaritá, 1040
  • 11 95469-2842 / 11 3965-5351
  • @peruche_1956

Universidade Zumbi dos Palmares

  • Av. Santos Dumont, 843
  • Exposição “20 Anos da Universidade Zumbi dos Palmares”
  • Período da Exposição: 10 de novembro a 8 de dezembro de 2024
  • Local: Centro Cultural Vergueiro (Rua Vergueiro, 1.000, São Paulo – SP)
  • Entrada Gratuita

Vai-Vai (escola de samba)

Passeios turísticos por locais marcados pela presença negra em São Paulo atraem cada vez mais visitantes, com aumento de 20% a 30% entre 2023 e 2024, de acordo com plataformas de afroturismo.

No mês da Consciência Negra, o Estadão preparou um mapa interativo para você conhecer – e visitar – alguns pontos de interesse histórico, artístico, cultural e gastronômico que fortalecem a identidade afrodescendente da cidade. Entre eles está até uma “Pequena África”.

Fachada da Educafro, entidade importante na inserção dos negros no ensino superior, localizada na região central. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Mas, prepare-se para redescobertas e releituras. O legado da cultura negra está sendo revisto e ampliado por pressão do movimento negro após décadas de apagamento. De 390 estátuas de figuras históricas na cidade, por exemplo, só dez homenageiam personalidades negras.

A Prefeitura de São Paulo informa que estuda a execução de mais cinco obras: Mãe Sylvia de Oxalá, Elza Soares, Chaguinhas, Lélia Gonzales e Milton Santos, escolhidas em votação popular. Falta definir os locais dessas estátuas.

  • Esse processo de resgate das raízes afro-brasileiras está em curso na região da Liberdade, reconhecida pela presença marcante da cultura japonesa. Em junho do ano passado, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), sancionou o projeto de lei que altera a denominação da Praça da Liberdade para Liberdade África-Japão.
  • Nos séculos 18 e 19, a praça abrigava o Largo da Forca, onde negros e indígenas eram castigados. Isso está sinalizado com uma placa de 35 cm de diâmetro na saída lateral do metrô. O marco cita as execuções, entre elas a de Francisco José das Chagas, o Chaguinhas, cabo negro condenado por liderar um motim pela falta de soldo. Na hora da execução, depois que a corda arrebentou duas vezes, as pessoas começaram a gritar “Liberdade”.
  • Perto dali, descendo a rua dos Estudantes, está a Capela de Nossa Senhora dos Aflitos. No antigo Cemitério dos Aflitos eram sepultados negros escravizados, militares pobres acusados de traição e desvalidos daquela época. É ali que está enterrado Chaguinhas, que se tornou um santo popular.

Seu navegador não suporta esse video.

A Prefeitura estuda a construção do Memorial dos Aflitos para reconhecer a histórica presença negra no bairro. O projeto vencedor do edital para execução da obra depende da aprovação final dos órgãos de preservação de patrimônio.

Os exemplos da presença negra se multiplicam no centro histórico. Até 1865, a Praça Sete de Setembro possuía uma coluna onde os escravizados fugitivos eram açoitados no Largo do Pelourinho. Aqui a identificação é uma placa azul em um edifício administrativo do Metrô.

Uma placa azul indica o Largo do Pelourinho, na Praça Sete de Setembro, onde escravos eram açoitados. Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

No Largo da Memória, no Anhangabaú, está o Obelisco de Piques, onde funcionavam feiras e leilões para vender pessoas escravizadas até o final do século XIX. Existe uma placa de identificação, mas sem alusão ao leilão.

O roteiro turístico passa obrigatoriamente pelo Bixiga, reconhecido como território de quilombo urbano pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Nacional (Iphan). Por décadas, o bairro abrigou a escola de samba Vai-Vai, desapropriada para a construção da Linha 6-Laranja do Metrô. A agremiação saiu da antiga sede com a promessa de outra quadra no bairro, mas permanece desalojada.

“A nossa luta é pela permanência da Vai-Vai no território”, diz Clarício Gonçalves, presidente da escola. “É uma grande tristeza estar sem casa no dia da Consciência Negra”.

São Paulo também tem sua ‘Pequena África’

A cidade de São Paulo também tem sua “Pequena África”, área ocupada pela comunidade afro-brasileira na região portuária do Rio de Janeiro a partir de 1830. O sociólogo e militante antirracista Tadeu Kaçula, autor do livro Casa Verde: uma pequena África paulistana, aponta a zona norte como espaço de organização de milhares de famílias negras durante o processo de crescimento da cidade.

“No processo de desenvolvimento da cidade, a população preta foi condicionada a viver às margens, em especial na zona norte. O rio Tietê é um divisor social. As famílias reorganizaram seus nichos de sociabilidade”, diz o escritor. “Foi um processo de re-humanização”.

Como exemplos da identidade cultural e étnica da região, Kaçula cita as escolas de samba, como Unidos do Peruche, Morro da Casa Verde, Mocidade Alegre, Império de Casa Verde, Rosas de Ouro, templos de umbanda e candomblé e o Complexo Esportivo Cruz da Esperança, um dos mais importantes conjuntos de campos de várzea da cidade.

Plataformas de afroturismo apontam crescimento de 30%

Ainda não existem dados oficiais sobre aumento de interesse pelo afroturismo. A Secretaria de Turismo e Viagens de São Paulo levanta esses dados com o Grupo de Trabalho de Afroturismo. Recentemente, o órgão lançou a publicação Afroturismo SP, com opções de passeios ligados à cultura afro-brasileira no Estado. São roteiros e espaços histórico-culturais da capital (Bixiga, Liberdade e Grajaú), interior (Taubaté, Eldorado, Salto de Pirapora e Campinas) e do litoral (Santos e Ubatuba).

O jornalista e ativista Guilherme Soares Dias, um dos idealizadores e da plataforma de afroturismo Guia Negro, revela aumento na procura pela Caminhada São Paulo Negra, que atraiu 3 mil pessoas no ano passado. “No primeiro semestre deste ano, já tivemos elevação de 20%”, avalia o especialista.

Essa é a mesma avaliação de Solange Barbosa, historiadora e turismóloga e uma das pioneiras do afroturismo no Estado com a Rota da Liberdade pelo interior. “Tivemos um aumento de 30% no volume de compradores dos roteiros”, celebra.

São apenas 10 estátuas negras na capital de São Paulo

As estátuas merecem atenção especial em qualquer passeio. Aqui, o trabalho é de garimpagem de uma história (quase) apagada. De acordo com a Secretaria Municipal de Cultura, apenas 10 das 390 estátuas que prestam homenagem a figuras históricas na cidade de São Paulo são de personalidades negras.

Seu navegador não suporta esse video.

As últimas estátuas entregues foram as do atleta olímpico Adhemar Ferreira da Silva, da escritora Carolina Maria de Jesus, da sambista e pioneira do carnaval paulistano Deolinda Madre/Madrinha Eunice, do baluarte do samba paulista Geraldo Filme e do músico Itamar Assumpção, entre 2021 e 2022.

Zumbi dos Palmares está representado em uma estátua no centro de São Paulo. Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Além de serem mais raras, elas costumam ser menores do que as outras estruturas. A estátua de Zumbi dos Palmares tem 1,67m (2,20m, considerando o punho erguido) na praça Antonio Prado. A estátua de Borba Gato, em Santo Amaro, tem 10 metros (13m com o pedestal). A de Duque de Caxias, nos Campos Elíseos, é o maior monumento equestre do mundo com a altura de um prédio de dez andares (48 metros).

Solange explica que as atividades do afroturismo são importantes para combater o racismo estrutural, discriminação enraizada na sociedade e que se manifesta de diferentes formas, como a falta de pessoas negras em cargos de chefia, representação política quase inexistente e também no apagamento da contribuição de figuras negras na história de uma região e o desamparo da população no período após a abolição da escravização.

Por outro lado, políticas oficiais destacaram a presença imigrante e bandeirante. “As atividades do afroturismo serão vitais para a luta antirracista e para combater o apagamento da História da População Negra no Brasil”, diz a especialista.

Serviço

Biyou’Z

  • Biyou’Z Consolação - Rua Fernando de Albuquerque, 95 - (11) 2339-1220
  • Terça a Domingo: 12h à 0h
  • Biyou’Z República - Alameda Barão de Limeira, 19 - (11) 3221-6806
  • Segunda a Domingo: 12h à 0h

Camisa Verde e Branco (escola de samba)

  • Rua James Holland, 663 - Barra Funda
  • @camisaverdeweb

Educafro – Museu do Holocausto e Resistência Negra

  • Rua Riachuelo número 342, Centro – (próximo à Faculdade de Direito da USP)
  • Todos os dias, das 9h às 18h
  • Agendamento escolar: (11) 9 61736869 ou contato@franciscanos.org.br

Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos

  • Largo do Paissandu, s/n (próximo às estações Anhangabaú e República do Metrô)
  • (11) 3223-3611 / 3331-1983
  • Dias e horários: 2.ª a 6.ª, das 7h às 19h; Sábados e Domingos, das 7h às 12h.

Mama África La Bonne Bouffe (restaurante)

  • Endereço: Rua Cantagalo, 230 - Tatuapé (zona leste)
  • Dias e horários: terça a sábado (12h a 22h); domingos e feriados (12h a 16h)
  • Telefone: 11 35827438
  • Site: mamaafricalabonnebouffe.com.br/

Museu Afro Brasil Endereço

  • Parque Ibirapuera, Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, portão 10
  • Funcionamento: terça a domingo, 10h às 17h (permanência até as 18h)
  • Ingresso: R$ 15 (meia entrada, R$ 7,50). Grátis às quartas
  • Estacionamento (Parque Ibirapuera)
  • Horário: das 5h à 0h. Acessos: Portões 3 e 7

Unidos do Peruche

  • Rua Samaritá, 1040
  • 11 95469-2842 / 11 3965-5351
  • @peruche_1956

Universidade Zumbi dos Palmares

  • Av. Santos Dumont, 843
  • Exposição “20 Anos da Universidade Zumbi dos Palmares”
  • Período da Exposição: 10 de novembro a 8 de dezembro de 2024
  • Local: Centro Cultural Vergueiro (Rua Vergueiro, 1.000, São Paulo – SP)
  • Entrada Gratuita

Vai-Vai (escola de samba)

Passeios turísticos por locais marcados pela presença negra em São Paulo atraem cada vez mais visitantes, com aumento de 20% a 30% entre 2023 e 2024, de acordo com plataformas de afroturismo.

No mês da Consciência Negra, o Estadão preparou um mapa interativo para você conhecer – e visitar – alguns pontos de interesse histórico, artístico, cultural e gastronômico que fortalecem a identidade afrodescendente da cidade. Entre eles está até uma “Pequena África”.

Fachada da Educafro, entidade importante na inserção dos negros no ensino superior, localizada na região central. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Mas, prepare-se para redescobertas e releituras. O legado da cultura negra está sendo revisto e ampliado por pressão do movimento negro após décadas de apagamento. De 390 estátuas de figuras históricas na cidade, por exemplo, só dez homenageiam personalidades negras.

A Prefeitura de São Paulo informa que estuda a execução de mais cinco obras: Mãe Sylvia de Oxalá, Elza Soares, Chaguinhas, Lélia Gonzales e Milton Santos, escolhidas em votação popular. Falta definir os locais dessas estátuas.

  • Esse processo de resgate das raízes afro-brasileiras está em curso na região da Liberdade, reconhecida pela presença marcante da cultura japonesa. Em junho do ano passado, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), sancionou o projeto de lei que altera a denominação da Praça da Liberdade para Liberdade África-Japão.
  • Nos séculos 18 e 19, a praça abrigava o Largo da Forca, onde negros e indígenas eram castigados. Isso está sinalizado com uma placa de 35 cm de diâmetro na saída lateral do metrô. O marco cita as execuções, entre elas a de Francisco José das Chagas, o Chaguinhas, cabo negro condenado por liderar um motim pela falta de soldo. Na hora da execução, depois que a corda arrebentou duas vezes, as pessoas começaram a gritar “Liberdade”.
  • Perto dali, descendo a rua dos Estudantes, está a Capela de Nossa Senhora dos Aflitos. No antigo Cemitério dos Aflitos eram sepultados negros escravizados, militares pobres acusados de traição e desvalidos daquela época. É ali que está enterrado Chaguinhas, que se tornou um santo popular.

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A Prefeitura estuda a construção do Memorial dos Aflitos para reconhecer a histórica presença negra no bairro. O projeto vencedor do edital para execução da obra depende da aprovação final dos órgãos de preservação de patrimônio.

Os exemplos da presença negra se multiplicam no centro histórico. Até 1865, a Praça Sete de Setembro possuía uma coluna onde os escravizados fugitivos eram açoitados no Largo do Pelourinho. Aqui a identificação é uma placa azul em um edifício administrativo do Metrô.

Uma placa azul indica o Largo do Pelourinho, na Praça Sete de Setembro, onde escravos eram açoitados. Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

No Largo da Memória, no Anhangabaú, está o Obelisco de Piques, onde funcionavam feiras e leilões para vender pessoas escravizadas até o final do século XIX. Existe uma placa de identificação, mas sem alusão ao leilão.

O roteiro turístico passa obrigatoriamente pelo Bixiga, reconhecido como território de quilombo urbano pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Nacional (Iphan). Por décadas, o bairro abrigou a escola de samba Vai-Vai, desapropriada para a construção da Linha 6-Laranja do Metrô. A agremiação saiu da antiga sede com a promessa de outra quadra no bairro, mas permanece desalojada.

“A nossa luta é pela permanência da Vai-Vai no território”, diz Clarício Gonçalves, presidente da escola. “É uma grande tristeza estar sem casa no dia da Consciência Negra”.

São Paulo também tem sua ‘Pequena África’

A cidade de São Paulo também tem sua “Pequena África”, área ocupada pela comunidade afro-brasileira na região portuária do Rio de Janeiro a partir de 1830. O sociólogo e militante antirracista Tadeu Kaçula, autor do livro Casa Verde: uma pequena África paulistana, aponta a zona norte como espaço de organização de milhares de famílias negras durante o processo de crescimento da cidade.

“No processo de desenvolvimento da cidade, a população preta foi condicionada a viver às margens, em especial na zona norte. O rio Tietê é um divisor social. As famílias reorganizaram seus nichos de sociabilidade”, diz o escritor. “Foi um processo de re-humanização”.

Como exemplos da identidade cultural e étnica da região, Kaçula cita as escolas de samba, como Unidos do Peruche, Morro da Casa Verde, Mocidade Alegre, Império de Casa Verde, Rosas de Ouro, templos de umbanda e candomblé e o Complexo Esportivo Cruz da Esperança, um dos mais importantes conjuntos de campos de várzea da cidade.

Plataformas de afroturismo apontam crescimento de 30%

Ainda não existem dados oficiais sobre aumento de interesse pelo afroturismo. A Secretaria de Turismo e Viagens de São Paulo levanta esses dados com o Grupo de Trabalho de Afroturismo. Recentemente, o órgão lançou a publicação Afroturismo SP, com opções de passeios ligados à cultura afro-brasileira no Estado. São roteiros e espaços histórico-culturais da capital (Bixiga, Liberdade e Grajaú), interior (Taubaté, Eldorado, Salto de Pirapora e Campinas) e do litoral (Santos e Ubatuba).

O jornalista e ativista Guilherme Soares Dias, um dos idealizadores e da plataforma de afroturismo Guia Negro, revela aumento na procura pela Caminhada São Paulo Negra, que atraiu 3 mil pessoas no ano passado. “No primeiro semestre deste ano, já tivemos elevação de 20%”, avalia o especialista.

Essa é a mesma avaliação de Solange Barbosa, historiadora e turismóloga e uma das pioneiras do afroturismo no Estado com a Rota da Liberdade pelo interior. “Tivemos um aumento de 30% no volume de compradores dos roteiros”, celebra.

São apenas 10 estátuas negras na capital de São Paulo

As estátuas merecem atenção especial em qualquer passeio. Aqui, o trabalho é de garimpagem de uma história (quase) apagada. De acordo com a Secretaria Municipal de Cultura, apenas 10 das 390 estátuas que prestam homenagem a figuras históricas na cidade de São Paulo são de personalidades negras.

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As últimas estátuas entregues foram as do atleta olímpico Adhemar Ferreira da Silva, da escritora Carolina Maria de Jesus, da sambista e pioneira do carnaval paulistano Deolinda Madre/Madrinha Eunice, do baluarte do samba paulista Geraldo Filme e do músico Itamar Assumpção, entre 2021 e 2022.

Zumbi dos Palmares está representado em uma estátua no centro de São Paulo. Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Além de serem mais raras, elas costumam ser menores do que as outras estruturas. A estátua de Zumbi dos Palmares tem 1,67m (2,20m, considerando o punho erguido) na praça Antonio Prado. A estátua de Borba Gato, em Santo Amaro, tem 10 metros (13m com o pedestal). A de Duque de Caxias, nos Campos Elíseos, é o maior monumento equestre do mundo com a altura de um prédio de dez andares (48 metros).

Solange explica que as atividades do afroturismo são importantes para combater o racismo estrutural, discriminação enraizada na sociedade e que se manifesta de diferentes formas, como a falta de pessoas negras em cargos de chefia, representação política quase inexistente e também no apagamento da contribuição de figuras negras na história de uma região e o desamparo da população no período após a abolição da escravização.

Por outro lado, políticas oficiais destacaram a presença imigrante e bandeirante. “As atividades do afroturismo serão vitais para a luta antirracista e para combater o apagamento da História da População Negra no Brasil”, diz a especialista.

Serviço

Biyou’Z

  • Biyou’Z Consolação - Rua Fernando de Albuquerque, 95 - (11) 2339-1220
  • Terça a Domingo: 12h à 0h
  • Biyou’Z República - Alameda Barão de Limeira, 19 - (11) 3221-6806
  • Segunda a Domingo: 12h à 0h

Camisa Verde e Branco (escola de samba)

  • Rua James Holland, 663 - Barra Funda
  • @camisaverdeweb

Educafro – Museu do Holocausto e Resistência Negra

  • Rua Riachuelo número 342, Centro – (próximo à Faculdade de Direito da USP)
  • Todos os dias, das 9h às 18h
  • Agendamento escolar: (11) 9 61736869 ou contato@franciscanos.org.br

Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos

  • Largo do Paissandu, s/n (próximo às estações Anhangabaú e República do Metrô)
  • (11) 3223-3611 / 3331-1983
  • Dias e horários: 2.ª a 6.ª, das 7h às 19h; Sábados e Domingos, das 7h às 12h.

Mama África La Bonne Bouffe (restaurante)

  • Endereço: Rua Cantagalo, 230 - Tatuapé (zona leste)
  • Dias e horários: terça a sábado (12h a 22h); domingos e feriados (12h a 16h)
  • Telefone: 11 35827438
  • Site: mamaafricalabonnebouffe.com.br/

Museu Afro Brasil Endereço

  • Parque Ibirapuera, Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, portão 10
  • Funcionamento: terça a domingo, 10h às 17h (permanência até as 18h)
  • Ingresso: R$ 15 (meia entrada, R$ 7,50). Grátis às quartas
  • Estacionamento (Parque Ibirapuera)
  • Horário: das 5h à 0h. Acessos: Portões 3 e 7

Unidos do Peruche

  • Rua Samaritá, 1040
  • 11 95469-2842 / 11 3965-5351
  • @peruche_1956

Universidade Zumbi dos Palmares

  • Av. Santos Dumont, 843
  • Exposição “20 Anos da Universidade Zumbi dos Palmares”
  • Período da Exposição: 10 de novembro a 8 de dezembro de 2024
  • Local: Centro Cultural Vergueiro (Rua Vergueiro, 1.000, São Paulo – SP)
  • Entrada Gratuita

Vai-Vai (escola de samba)

Passeios turísticos por locais marcados pela presença negra em São Paulo atraem cada vez mais visitantes, com aumento de 20% a 30% entre 2023 e 2024, de acordo com plataformas de afroturismo.

No mês da Consciência Negra, o Estadão preparou um mapa interativo para você conhecer – e visitar – alguns pontos de interesse histórico, artístico, cultural e gastronômico que fortalecem a identidade afrodescendente da cidade. Entre eles está até uma “Pequena África”.

Fachada da Educafro, entidade importante na inserção dos negros no ensino superior, localizada na região central. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Mas, prepare-se para redescobertas e releituras. O legado da cultura negra está sendo revisto e ampliado por pressão do movimento negro após décadas de apagamento. De 390 estátuas de figuras históricas na cidade, por exemplo, só dez homenageiam personalidades negras.

A Prefeitura de São Paulo informa que estuda a execução de mais cinco obras: Mãe Sylvia de Oxalá, Elza Soares, Chaguinhas, Lélia Gonzales e Milton Santos, escolhidas em votação popular. Falta definir os locais dessas estátuas.

  • Esse processo de resgate das raízes afro-brasileiras está em curso na região da Liberdade, reconhecida pela presença marcante da cultura japonesa. Em junho do ano passado, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), sancionou o projeto de lei que altera a denominação da Praça da Liberdade para Liberdade África-Japão.
  • Nos séculos 18 e 19, a praça abrigava o Largo da Forca, onde negros e indígenas eram castigados. Isso está sinalizado com uma placa de 35 cm de diâmetro na saída lateral do metrô. O marco cita as execuções, entre elas a de Francisco José das Chagas, o Chaguinhas, cabo negro condenado por liderar um motim pela falta de soldo. Na hora da execução, depois que a corda arrebentou duas vezes, as pessoas começaram a gritar “Liberdade”.
  • Perto dali, descendo a rua dos Estudantes, está a Capela de Nossa Senhora dos Aflitos. No antigo Cemitério dos Aflitos eram sepultados negros escravizados, militares pobres acusados de traição e desvalidos daquela época. É ali que está enterrado Chaguinhas, que se tornou um santo popular.

Seu navegador não suporta esse video.

A Prefeitura estuda a construção do Memorial dos Aflitos para reconhecer a histórica presença negra no bairro. O projeto vencedor do edital para execução da obra depende da aprovação final dos órgãos de preservação de patrimônio.

Os exemplos da presença negra se multiplicam no centro histórico. Até 1865, a Praça Sete de Setembro possuía uma coluna onde os escravizados fugitivos eram açoitados no Largo do Pelourinho. Aqui a identificação é uma placa azul em um edifício administrativo do Metrô.

Uma placa azul indica o Largo do Pelourinho, na Praça Sete de Setembro, onde escravos eram açoitados. Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

No Largo da Memória, no Anhangabaú, está o Obelisco de Piques, onde funcionavam feiras e leilões para vender pessoas escravizadas até o final do século XIX. Existe uma placa de identificação, mas sem alusão ao leilão.

O roteiro turístico passa obrigatoriamente pelo Bixiga, reconhecido como território de quilombo urbano pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Nacional (Iphan). Por décadas, o bairro abrigou a escola de samba Vai-Vai, desapropriada para a construção da Linha 6-Laranja do Metrô. A agremiação saiu da antiga sede com a promessa de outra quadra no bairro, mas permanece desalojada.

“A nossa luta é pela permanência da Vai-Vai no território”, diz Clarício Gonçalves, presidente da escola. “É uma grande tristeza estar sem casa no dia da Consciência Negra”.

São Paulo também tem sua ‘Pequena África’

A cidade de São Paulo também tem sua “Pequena África”, área ocupada pela comunidade afro-brasileira na região portuária do Rio de Janeiro a partir de 1830. O sociólogo e militante antirracista Tadeu Kaçula, autor do livro Casa Verde: uma pequena África paulistana, aponta a zona norte como espaço de organização de milhares de famílias negras durante o processo de crescimento da cidade.

“No processo de desenvolvimento da cidade, a população preta foi condicionada a viver às margens, em especial na zona norte. O rio Tietê é um divisor social. As famílias reorganizaram seus nichos de sociabilidade”, diz o escritor. “Foi um processo de re-humanização”.

Como exemplos da identidade cultural e étnica da região, Kaçula cita as escolas de samba, como Unidos do Peruche, Morro da Casa Verde, Mocidade Alegre, Império de Casa Verde, Rosas de Ouro, templos de umbanda e candomblé e o Complexo Esportivo Cruz da Esperança, um dos mais importantes conjuntos de campos de várzea da cidade.

Plataformas de afroturismo apontam crescimento de 30%

Ainda não existem dados oficiais sobre aumento de interesse pelo afroturismo. A Secretaria de Turismo e Viagens de São Paulo levanta esses dados com o Grupo de Trabalho de Afroturismo. Recentemente, o órgão lançou a publicação Afroturismo SP, com opções de passeios ligados à cultura afro-brasileira no Estado. São roteiros e espaços histórico-culturais da capital (Bixiga, Liberdade e Grajaú), interior (Taubaté, Eldorado, Salto de Pirapora e Campinas) e do litoral (Santos e Ubatuba).

O jornalista e ativista Guilherme Soares Dias, um dos idealizadores e da plataforma de afroturismo Guia Negro, revela aumento na procura pela Caminhada São Paulo Negra, que atraiu 3 mil pessoas no ano passado. “No primeiro semestre deste ano, já tivemos elevação de 20%”, avalia o especialista.

Essa é a mesma avaliação de Solange Barbosa, historiadora e turismóloga e uma das pioneiras do afroturismo no Estado com a Rota da Liberdade pelo interior. “Tivemos um aumento de 30% no volume de compradores dos roteiros”, celebra.

São apenas 10 estátuas negras na capital de São Paulo

As estátuas merecem atenção especial em qualquer passeio. Aqui, o trabalho é de garimpagem de uma história (quase) apagada. De acordo com a Secretaria Municipal de Cultura, apenas 10 das 390 estátuas que prestam homenagem a figuras históricas na cidade de São Paulo são de personalidades negras.

Seu navegador não suporta esse video.

As últimas estátuas entregues foram as do atleta olímpico Adhemar Ferreira da Silva, da escritora Carolina Maria de Jesus, da sambista e pioneira do carnaval paulistano Deolinda Madre/Madrinha Eunice, do baluarte do samba paulista Geraldo Filme e do músico Itamar Assumpção, entre 2021 e 2022.

Zumbi dos Palmares está representado em uma estátua no centro de São Paulo. Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Além de serem mais raras, elas costumam ser menores do que as outras estruturas. A estátua de Zumbi dos Palmares tem 1,67m (2,20m, considerando o punho erguido) na praça Antonio Prado. A estátua de Borba Gato, em Santo Amaro, tem 10 metros (13m com o pedestal). A de Duque de Caxias, nos Campos Elíseos, é o maior monumento equestre do mundo com a altura de um prédio de dez andares (48 metros).

Solange explica que as atividades do afroturismo são importantes para combater o racismo estrutural, discriminação enraizada na sociedade e que se manifesta de diferentes formas, como a falta de pessoas negras em cargos de chefia, representação política quase inexistente e também no apagamento da contribuição de figuras negras na história de uma região e o desamparo da população no período após a abolição da escravização.

Por outro lado, políticas oficiais destacaram a presença imigrante e bandeirante. “As atividades do afroturismo serão vitais para a luta antirracista e para combater o apagamento da História da População Negra no Brasil”, diz a especialista.

Serviço

Biyou’Z

  • Biyou’Z Consolação - Rua Fernando de Albuquerque, 95 - (11) 2339-1220
  • Terça a Domingo: 12h à 0h
  • Biyou’Z República - Alameda Barão de Limeira, 19 - (11) 3221-6806
  • Segunda a Domingo: 12h à 0h

Camisa Verde e Branco (escola de samba)

  • Rua James Holland, 663 - Barra Funda
  • @camisaverdeweb

Educafro – Museu do Holocausto e Resistência Negra

  • Rua Riachuelo número 342, Centro – (próximo à Faculdade de Direito da USP)
  • Todos os dias, das 9h às 18h
  • Agendamento escolar: (11) 9 61736869 ou contato@franciscanos.org.br

Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos

  • Largo do Paissandu, s/n (próximo às estações Anhangabaú e República do Metrô)
  • (11) 3223-3611 / 3331-1983
  • Dias e horários: 2.ª a 6.ª, das 7h às 19h; Sábados e Domingos, das 7h às 12h.

Mama África La Bonne Bouffe (restaurante)

  • Endereço: Rua Cantagalo, 230 - Tatuapé (zona leste)
  • Dias e horários: terça a sábado (12h a 22h); domingos e feriados (12h a 16h)
  • Telefone: 11 35827438
  • Site: mamaafricalabonnebouffe.com.br/

Museu Afro Brasil Endereço

  • Parque Ibirapuera, Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, portão 10
  • Funcionamento: terça a domingo, 10h às 17h (permanência até as 18h)
  • Ingresso: R$ 15 (meia entrada, R$ 7,50). Grátis às quartas
  • Estacionamento (Parque Ibirapuera)
  • Horário: das 5h à 0h. Acessos: Portões 3 e 7

Unidos do Peruche

  • Rua Samaritá, 1040
  • 11 95469-2842 / 11 3965-5351
  • @peruche_1956

Universidade Zumbi dos Palmares

  • Av. Santos Dumont, 843
  • Exposição “20 Anos da Universidade Zumbi dos Palmares”
  • Período da Exposição: 10 de novembro a 8 de dezembro de 2024
  • Local: Centro Cultural Vergueiro (Rua Vergueiro, 1.000, São Paulo – SP)
  • Entrada Gratuita

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