Atualizada às 21h54
SÃO PAULO - A Rua Augusta, na região central de São Paulo, vai ganhar seu primeiro trecho de faixa exclusiva para ônibus na segunda-feira. De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a via segregada à direita, no sentido bairro, ficará entre a Rua Fernando Albuquerque e a Avenida Paulista. Na direção oposta, ficará entre a Alameda Itu e a Avenida Paulista.
Continuação da Augusta, a Rua Martins Fontes também terá faixa exclusiva para coletivos no sentido bairro, entre as Ruas Maria Paula e Álvaro de Carvalho. Ao todo, o dispositivo terá 1,1 quilômetro de extensão.
Segundo a CET, a faixa funcionará de segunda a sexta-feira, das 6 às 20 horas. Motoristas que desrespeitarem a proibição de circular na faixa ficam sujeitos a multa de R$ 53,20 e perderá três pontos na carteira de habilitação. Essas penalidades estão previstas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). A fiscalização está prevista para ter início em 10 de novembro. Até lá, a via terá “um período de adaptação”, conforme a CET.
Nas duas ruas que receberão a intervenção há cinco linhas de ônibus, que levam, em média, 42 mil passageiros por dia útil. No horário de pico, circulam cerca de 31 coletivos por hora. É comum ver os ônibus parados entre os carros no horário de rush. O estacionamento nas vias só é permitido em alguns trechos no fim se semana.
Com a inauguração dessa faixa, São Paulo terá 361,9 km de vias exclusivas.
Muitos ônibus. O engenheiro Horácio Augusto Figueira, mestre em Transporte pela Universidade de São Paulo (USP), apoia a iniciativa.“Essa é uma via que precisava de faixas exclusivas, porque passam muitos ônibus nela, mesmo que alguns possam reclamar que ela é ‘estreita’. Nesse sentido, a Augusta tem várias travessas, da Praça Roosevelt até os Jardins. Os semáforos demoram para abrir na esquina com a Augusta, e isso aumenta o tempo dos ônibus parados.”
Por isso, ele acredita que os trechos escolhidos são os mais críticos do ponto de vista do transporte público. “Precisa haver ações operacionais, não basta a boa vontade.” Para Figueira, no entanto, não basta a CET instalar as faixas, é preciso de fato fiscalizá-la sempre.
Quem depende de ônibus na via acha que a faixa pode beneficiar seus deslocamentos. Eliene Morais, de 37 anos, é gerente em uma rede de cinemas com salas na Rua Augusta, e vai trabalhar diariamente usando coletivos.
“Provavelmente, essa faixa vai ajudar bastante, porque aqui na Augusta é um tormento para quem está subindo sentido Paulista, vindo do centro.” Ela calcula que, se antes ficava até mais do que 20 minutos dentro do ônibus para conseguir vencer o trecho, agora o tempo pode cair para 10 minutos, como nos domingos mais tranquilos.
“Além disso, vejo muitos idosos usando ônibus para subir a Augusta (há uma agência do INSS perto da Paulista). Alguns até para vir ao cinema. Nesse caso, os motoristas até param para eles desceram aqui na porta.”