SÃO PAULO - Apontado por especialistas como uma das melhores alternativas para reduzir a superexploração de rios e represas, o reaproveitamento do esgoto tratado no abastecimento de água - como anunciado nesta quinta-feira por Campinas - ainda é incipiente. Segundo dados da Sabesp, a distribuição de água de reúso na Grande São Paulo corresponde a apenas 3,9% dos 15 mil litros por segundo de esgotos que são tratados.
São 600 litros por segundo consumidos principalmente por prefeituras, concessionárias de serviços públicos, empreiteiras, indústrias de papel e celulose, têxtil e petroquímicas. O volume representa menos de 1% dos 69 mil litros por segundo produzidos pela Sabesp para abastecer os cerca de 20 milhões de habitantes da Grande São Paulo.
“Assim como os romanos faziam na antiguidade, nós estamos poluindo os rios mais próximos e indo buscar água cada vez mais longe. É insustentável, precisamos mudar esse paradigma”, alerta o diretor do Centro Internacional de Referência em Reúso de Água, Ivanildo Hespanhol. Segundo ele, as normas brasileiras deveriam ser menos restritivas para o aproveitamento do esgoto. “Precisamos mudar a percepção pública. Nossa cultura não aceita reúso. Enquanto isso, Austrália, Singapura, África do Sul, Estados Unidos e Namíbia aproveitam muito bem esse recurso”, diz.