São Paulo vê alta de furtos de cabos de semáforos e tampas de bueiros


CET registra 11,5% mais casos e Prefeitura retomou projeto para troca de materiais, enquanto lei mira os receptadores

Por João Ker e Priscila Mengue

Bueiros tampados com madeiras improvisadas se repetem quase a cada quarteirão pela região do Pátio do Colégio, Santa Ifigênia e das Praças da Sé e da República, assim como nas ruas que as atravessam. Em outros casos, o cimento que cola as tampas no chão ainda está mais claro que o dos vizinhos, sinal de que foi recentemente trocado.

A manutenção por vezes insuficiente e a ausência de cabos e outros itens de infraestrutura são evidentes no centro de São Paulo e em outras tantas regiões da cidade. O principal motivo atribuído pelos gestores públicos e empresas do setor são os furtos, como os que deixaram duas escolas municipais sem energia durante quase uma semana em outubro.

“Dessa vez atéas grades de proteçãoforam levadas e todas as fiações que, com muito custo, havíamossubstituídas”, lamentou a direção da EMEF José Hermínio Rodrigues, no Jardim Elisa Maria, zona norte, em rede social. Por lá, ocorreram ao menos dois furtos de itens do fornecimento de energia em menos de duas semanas, sendo que o serviço levou ao menos seis dias após o primeiro caso para ser restabelecido, inviabilizando a realização de aulas presenciais.

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Buraco tampado de improviso na Avenida Angélica; roubo de fios deixou escola sem aula presencial Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Um levantamento da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) aponta, por exemplo, um crescimento de 11,5% no volume de furtos e casos identificados como “vandalismo” da rede semafórica. A taxa é referente ao período de janeiro a setembro deste ano em comparação ao mesmo período de 2020, o que representa 14 semáforos danificados por dia.

Entre os locais mais visados, segundo a companhia, estão trechos da Avenidas São Miguel, na zona leste, do Estado, no centro, e Dona Belmira Marin, na zona sul, dentre outros. Para conter os furtos de controladores semafóricos, a companhia diz que tem feito o alteamento dos itens e a concretagem e a soldagem das tampas das caixas de passagem da fiação.

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Algumas medidas já iniciadas em outras gestões também estão sendo retomadas pela Prefeitura de São Paulo para conter os furtos, como a adoção de materiais não metálicos. Há um novo projeto piloto em parte das subprefeituras com grelhas de polietileno, por exemplo. Segundo o Município, "algumas unidades" foram instaladas em locais de maior movimentação nas regiões das subprefeituras do Ipiranga, Itaim Paulista, Jabaquara, Freguesia do Ó/Brasilândia e Sé, a fim de avaliar a durabilidade de material e impacto nos furtos. "Caso seja aprovado pelos técnicos, o produto poderá ser licitado como alternativa mais barata ao ferro utilizado usualmente", apontou.

Além disso, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) promulgou uma lei no mês passado que prevê a fiscalização de ferros-velhos e outros comércios de sucata com o acompanhamento da Guarda Civil. O texto também prevê uma regulamentação futura para a aplicação de sanções, de multas a cassação de alvará de funcionamento.

Propositor do projeto que deu origem à lei, o vereador Delegado Palumbo (MDB) considera que a fiscalização pode enfraquecer o comércio irregular. “Se combate os receptadores, automaticamente diminui o número de furtos e roubos”, comenta. “Se não tem pra quem vender a tampa de bueiro, a lápide de cemitério, o fio de cobre, vai diminuir o furto.”

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Alguns dos materiais utilizados nestes itens são valorizados no mercado. O cobre praticamente dobrou de preço em dois anos nas tabelas de ferros-velhos e compradores de sucata em São Paulo, por exemplo, chegando a valores entre R$ 30 e R$ 40, o quilo. Para comparação, o preço do alumínio nos mesmos lugares tem girado em torno de R$ 8, sendo que é necessário juntar algumas dezenas de latas para alcançar um quilo.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) diz ter intensificado as “operações de combate” e fiscalização de comércios de cabos e fios elétricos, sem citar qual seria o aumento de fato. “Somente neste ano, mais de 32 toneladas de metais entre cobre e alumínio foram apreendidas e devolvidas às concessionárias e prestadoras de serviços públicos no Estado. Até o momento, 41 criminosos envolvidos com esses crimes foram presos pelas polícias paulistas”, destacou, sem dar detalhes.

No caso do transporte por trilhos, a CPTM decidiu publicar um chamamento público de propostas para reduzir os casos. Somente neste ano, foram 142 ocorrências (número que engloba também a Grande São Paulo), superando as 113 de todo 2020 e as 103 do ano anterior.

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Embora tenha enfrentado lentidão em duas linhas no mês passado pelo o que atribuiu ao furto de cabos, o Metrô diz que as ocorrências do tipo caíram neste ano, totalizando 28 até o momento. Em 2020, foram 72, número que foi de 55 em 2019.

Em nota, a Secretaria de Transportes Metropolitanos destacou que investe em segurança, com rondas, drones e câmeras de monitoramento. “Os trechos mais sensíveis à furto de materiais são aqueles de maior exposição, em função de características geográficas de cada local”, justificou.

Prefeitura trocou grelhas de ferro pelas de polímero no bairro do Ipiranga Foto: Alex Silva/Estadão
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Dono de barbearia tapa bueiro com cadeira para evitar acidentes no centro

Trabalhadores que frequentam o centro de São Paulo narram o mesmo padrão de descaso: os furtos começaram há alguns meses e, sem o reparo garantido pela Prefeitura, comerciantes e moradores tapam os buracos com pedras e pedaços de madeira para evitar que alguém caia ou se machuque.

Na esquina do Largo do Paissandú com a Rua do Boticário, uma cadeira de plástico foi posicionada em volta de um bueiro tampado com dois pedaços de madeira. Foi o jeito que Sebastião Ferreira da Silva encontrou para prevenir acidentes tanto com os pedestres quanto entre os clientes do seu salão, que fica em frente ao buraco, feito há dois meses.

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“Isso aí é um perigo! O meu medo é que aí dentro ficam as caixas de luz e alguém pode se eletrocutar passando aí, principalmente quando chove”, reclama Tião, que dos seus 45 anos trabalha naquele ponto há 20. “Se eu pudesse, já teria cimentado por conta própria.”

Ele conta que já precisou trocar duas vezes a madeira cobrindo o buraco, que vai se corroendo com o passar do tempo e as chuvas atípicas deste outubro. Na calçada do outro lado da rua, outro bueiro está na mesma situação, coberto precariamente pelos comerciantes do entorno.

“Infelizmente, não posso fazer nada, porque se eu cimentar pode ser que precisem mexer na caixa de luz caso haja algum apagão e aí fica difícil. Teve um outro bueiro aqui perto que colocaram cimento em volta da tampa e já trataram de quebrar em volta pra roubar”, conta. Comerciantes e moradores daquela região contaram à reportagem já terem visto alguns “carroceiros” carregando as placas durante a noite.

Ao longo da Avenida Angélica, a reportagem encontrou ao menos sete desses bueiros com tampas improvisadas, fosse por madeira, sacos plásticos e até mesmo um em que o processo de remoção parece ter sido largado pela metade. Moradores e trabalhadores da região contam que eles se tornaram mais frequentes ao longo dos últimos três a seis meses, mas que o começo da “tendência” veio junto com o início da pandemia.

“Eles estão roubando tudo! Tudo, o fio, a tampa… Não tão deixando nada”, reclama uma senhora saindo da churrascaria. A babá Eliete Pereira, de 57 anos, passava empurrando um carrinho de bebê próximo ao Parque Buenos Aires e contou que os obstáculos têm crescido, assim como os roubos de celular na região. “Uma amiga quase caiu com o carrinho essa semana. E esses buracos estão aparecendo na cidade inteira, não é só aqui. Por que a Prefeitura não toma uma providência?”, questiona.

Não é difícil ver alguns pedestres menos atentos trombarem com o emaranhado de madeiras na calçada. Na esquina da rua Jaguaribe, onde um desses buracos fica em frente a um posto de vacinação contra a covid-19, um homem falava no celular e, sem ver o bueiro, tropeçou no entulho. Se não tivesse recuperado o equilíbrio, teria caído no meio do cruzamento por onde os carros passavam.

Além das tampas de ferro, outro item cujo furto é recorrente são os fios de cobre, o que causa a instabilidade de alguns semáforos na avenida Angélica, principalmente próximo à região central. No cruzamento com a avenida Barros, a um quarteirão da praça Marechal Deodoro, dois bueiros estavam tampados com madeira, um em cada lado do passeio.

“Isso é bem recente, diria que começou junto com a pandemia. O pior é que nos últimos meses já tivemos dois acidentes graves aqui nessa esquina. Um táxi capotou e o outro veículo, que tinha uma criança no banco de trás, quase colidiu com a árvore”, conta Wilson Ortega, de 61 anos, que desde 1985 tem uma banca de jornal naquele cruzamento. “No meu tempo, quando o sinal dava defeito não demorava nem dez minutos para ter um guardinha orientando o trânsito”, reclama.

De hidrômetro a postes antigos, outros itens também são visados

Ao Estadão, a Coordenadoria de Gestão da Rede Municipal de Iluminação Pública (Ilume) informou que teve 148 quilômetros de fios eletrônicos furtados de janeiro a setembro deste ano. O volume vem reduzindo aos poucos, tendo sido de 211 quilômetros no ano passado e de 290 e 299 nos dois anteriores. Um dos motivos atribuídos é a adoção de cabos bimetálicos, que misturam alumínio e cobre e dificultam a obtenção do segundo.

A Secretaria Municipal das Subprefeituras apontou ter feito 27,3 mil trocas de tampas de poços de visitas de galerias pluviais e bocas de lobo de janeiro a setembro deste ano, enquanto o número foi de 34,3 mil em todo 2020 e 32,2 mil no ano anterior. Segundo o órgão, o furto é uma das motivações para as trocas.

A situação também afeta o setor de saneamento básico. Segundo a Sabesp, 995 tampões de poços de acesso à rede de esgoto, tiveram de ser repostos na região metropolitana paulistana de janeiro a setembro. Em nota, a companhia destacou que o número representa 0,2% do total dos 624,8 mil poços de visita na área e disse atuar em melhorias para dificultar os furtos, mas não citou exemplos.

Ainda de acordo com a Sabesp, 3,2 mil hidrômetros tiveram de ser repostos no mesmo período na região. Ela destacou que a substituição é feita sem custo se o cliente apresentar o boletim de ocorrência de furto. “No caso dos hidrômetros, a recomendação é a utilização da Unidade de Medição de Água (caixa) que dificulta o acesso ao medidor e, consequentemente, os furtos”, ressaltou.

Já a Enel apontou que teve um aumento de 128% nos furtos de caso da rede subterrânea, totalizando 238 ocorrências e 20 quilômetros de material, de janeiro a setembro deste ano. “Na rede aérea de alta tensão, o maior problema são os roubos de peças de ferragens de torres de transmissão, que além de comprometer seriamente a estabilidade da estrutura, em alguns casos impactam no tempo para o restabelecimento do fornecimento em ocorrências”, completou.

Segundo a empresa, a principal ação tomada para conter os furtos é a instalação de sensores e sistemas de comunicação para monitoramento remoto e travamento. “A companhia está desenvolvendo soluções com materiais alternativos ao ferro como, concreto pré-moldado e material polimérico”, informou.

O Estadão também procurou as principais empresas do setor de telecomunicações e conectividade, que se manifestaram por meio da associação nacional Conexis Brasil Digital. Segundo a organização, os furtos de cabos de telefonia e outros serviços relacionados aumentaram 14,5% no primeiro semestre deste ano em todo o País em relação ao mesmo período de 2020.

São Paulo é o Estado em que as empresas mais enfrentam problemas com furtos de cabos e outros itens. Ainda segundo a Conexis, o território paulista representa 1,1 milhão do total de 4,6 milhões de metros furtados em 2020 no País. “Em 2020, 6,679 milhões de clientes em todo Brasil tiveram seus serviços interrompidos pelo roubo ou furto de cabos das redes de telecomunicações”, ressaltou a organização em nota.

Locais recordistas de furtos semafóricos no período de janeiro a setembro de 2021, de acordo com a CET:

– Av. São Miguel x R. Taiuvinha 

– Av. dos Metalúrgicos Nº 1.797

– Av. Sen. Teotônio Vilela x Retorno R. Luiz Supertti

– Av. Calim Eid x R. Jarauara – Es. do Imperador nº 1.900

– R. Sapopemba x Av. Salvador Jorge Velho

– Av. Celso Garcia x R. Simas Pimenta

– Av. Mal. Tito x Pç. Lions Clube Itaim Paulista

– Av. do Estado x R. dos Patriotas

– Av. Jacu-Pêssego/Nova Trabalhadores x Av. Ragueb Chohfi

– Av. Dona Belmira Marin x R. Antônio José Escudeiro

– Av. José Pinheiros Borges x R. Modelo

Como denunciar furtos de cabos e outros itens de serviços públicos:

CPTM: telefone 0800 055 0121 ou WhatsApp (11 99767-7030)

Enel: aplicativo Enel SP,WhatsApp Elena (21 99601-9608) e Call Center (0800 72 72 120)

Metrô: SMS (11 97333 2252) e aplicativo Metrô Conecta

Polícia: no site delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br

Bueiros tampados com madeiras improvisadas se repetem quase a cada quarteirão pela região do Pátio do Colégio, Santa Ifigênia e das Praças da Sé e da República, assim como nas ruas que as atravessam. Em outros casos, o cimento que cola as tampas no chão ainda está mais claro que o dos vizinhos, sinal de que foi recentemente trocado.

A manutenção por vezes insuficiente e a ausência de cabos e outros itens de infraestrutura são evidentes no centro de São Paulo e em outras tantas regiões da cidade. O principal motivo atribuído pelos gestores públicos e empresas do setor são os furtos, como os que deixaram duas escolas municipais sem energia durante quase uma semana em outubro.

“Dessa vez atéas grades de proteçãoforam levadas e todas as fiações que, com muito custo, havíamossubstituídas”, lamentou a direção da EMEF José Hermínio Rodrigues, no Jardim Elisa Maria, zona norte, em rede social. Por lá, ocorreram ao menos dois furtos de itens do fornecimento de energia em menos de duas semanas, sendo que o serviço levou ao menos seis dias após o primeiro caso para ser restabelecido, inviabilizando a realização de aulas presenciais.

Buraco tampado de improviso na Avenida Angélica; roubo de fios deixou escola sem aula presencial Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Um levantamento da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) aponta, por exemplo, um crescimento de 11,5% no volume de furtos e casos identificados como “vandalismo” da rede semafórica. A taxa é referente ao período de janeiro a setembro deste ano em comparação ao mesmo período de 2020, o que representa 14 semáforos danificados por dia.

Entre os locais mais visados, segundo a companhia, estão trechos da Avenidas São Miguel, na zona leste, do Estado, no centro, e Dona Belmira Marin, na zona sul, dentre outros. Para conter os furtos de controladores semafóricos, a companhia diz que tem feito o alteamento dos itens e a concretagem e a soldagem das tampas das caixas de passagem da fiação.

Algumas medidas já iniciadas em outras gestões também estão sendo retomadas pela Prefeitura de São Paulo para conter os furtos, como a adoção de materiais não metálicos. Há um novo projeto piloto em parte das subprefeituras com grelhas de polietileno, por exemplo. Segundo o Município, "algumas unidades" foram instaladas em locais de maior movimentação nas regiões das subprefeituras do Ipiranga, Itaim Paulista, Jabaquara, Freguesia do Ó/Brasilândia e Sé, a fim de avaliar a durabilidade de material e impacto nos furtos. "Caso seja aprovado pelos técnicos, o produto poderá ser licitado como alternativa mais barata ao ferro utilizado usualmente", apontou.

Além disso, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) promulgou uma lei no mês passado que prevê a fiscalização de ferros-velhos e outros comércios de sucata com o acompanhamento da Guarda Civil. O texto também prevê uma regulamentação futura para a aplicação de sanções, de multas a cassação de alvará de funcionamento.

Propositor do projeto que deu origem à lei, o vereador Delegado Palumbo (MDB) considera que a fiscalização pode enfraquecer o comércio irregular. “Se combate os receptadores, automaticamente diminui o número de furtos e roubos”, comenta. “Se não tem pra quem vender a tampa de bueiro, a lápide de cemitério, o fio de cobre, vai diminuir o furto.”

Alguns dos materiais utilizados nestes itens são valorizados no mercado. O cobre praticamente dobrou de preço em dois anos nas tabelas de ferros-velhos e compradores de sucata em São Paulo, por exemplo, chegando a valores entre R$ 30 e R$ 40, o quilo. Para comparação, o preço do alumínio nos mesmos lugares tem girado em torno de R$ 8, sendo que é necessário juntar algumas dezenas de latas para alcançar um quilo.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) diz ter intensificado as “operações de combate” e fiscalização de comércios de cabos e fios elétricos, sem citar qual seria o aumento de fato. “Somente neste ano, mais de 32 toneladas de metais entre cobre e alumínio foram apreendidas e devolvidas às concessionárias e prestadoras de serviços públicos no Estado. Até o momento, 41 criminosos envolvidos com esses crimes foram presos pelas polícias paulistas”, destacou, sem dar detalhes.

No caso do transporte por trilhos, a CPTM decidiu publicar um chamamento público de propostas para reduzir os casos. Somente neste ano, foram 142 ocorrências (número que engloba também a Grande São Paulo), superando as 113 de todo 2020 e as 103 do ano anterior.

Embora tenha enfrentado lentidão em duas linhas no mês passado pelo o que atribuiu ao furto de cabos, o Metrô diz que as ocorrências do tipo caíram neste ano, totalizando 28 até o momento. Em 2020, foram 72, número que foi de 55 em 2019.

Em nota, a Secretaria de Transportes Metropolitanos destacou que investe em segurança, com rondas, drones e câmeras de monitoramento. “Os trechos mais sensíveis à furto de materiais são aqueles de maior exposição, em função de características geográficas de cada local”, justificou.

Prefeitura trocou grelhas de ferro pelas de polímero no bairro do Ipiranga Foto: Alex Silva/Estadão

Dono de barbearia tapa bueiro com cadeira para evitar acidentes no centro

Trabalhadores que frequentam o centro de São Paulo narram o mesmo padrão de descaso: os furtos começaram há alguns meses e, sem o reparo garantido pela Prefeitura, comerciantes e moradores tapam os buracos com pedras e pedaços de madeira para evitar que alguém caia ou se machuque.

Na esquina do Largo do Paissandú com a Rua do Boticário, uma cadeira de plástico foi posicionada em volta de um bueiro tampado com dois pedaços de madeira. Foi o jeito que Sebastião Ferreira da Silva encontrou para prevenir acidentes tanto com os pedestres quanto entre os clientes do seu salão, que fica em frente ao buraco, feito há dois meses.

“Isso aí é um perigo! O meu medo é que aí dentro ficam as caixas de luz e alguém pode se eletrocutar passando aí, principalmente quando chove”, reclama Tião, que dos seus 45 anos trabalha naquele ponto há 20. “Se eu pudesse, já teria cimentado por conta própria.”

Ele conta que já precisou trocar duas vezes a madeira cobrindo o buraco, que vai se corroendo com o passar do tempo e as chuvas atípicas deste outubro. Na calçada do outro lado da rua, outro bueiro está na mesma situação, coberto precariamente pelos comerciantes do entorno.

“Infelizmente, não posso fazer nada, porque se eu cimentar pode ser que precisem mexer na caixa de luz caso haja algum apagão e aí fica difícil. Teve um outro bueiro aqui perto que colocaram cimento em volta da tampa e já trataram de quebrar em volta pra roubar”, conta. Comerciantes e moradores daquela região contaram à reportagem já terem visto alguns “carroceiros” carregando as placas durante a noite.

Ao longo da Avenida Angélica, a reportagem encontrou ao menos sete desses bueiros com tampas improvisadas, fosse por madeira, sacos plásticos e até mesmo um em que o processo de remoção parece ter sido largado pela metade. Moradores e trabalhadores da região contam que eles se tornaram mais frequentes ao longo dos últimos três a seis meses, mas que o começo da “tendência” veio junto com o início da pandemia.

“Eles estão roubando tudo! Tudo, o fio, a tampa… Não tão deixando nada”, reclama uma senhora saindo da churrascaria. A babá Eliete Pereira, de 57 anos, passava empurrando um carrinho de bebê próximo ao Parque Buenos Aires e contou que os obstáculos têm crescido, assim como os roubos de celular na região. “Uma amiga quase caiu com o carrinho essa semana. E esses buracos estão aparecendo na cidade inteira, não é só aqui. Por que a Prefeitura não toma uma providência?”, questiona.

Não é difícil ver alguns pedestres menos atentos trombarem com o emaranhado de madeiras na calçada. Na esquina da rua Jaguaribe, onde um desses buracos fica em frente a um posto de vacinação contra a covid-19, um homem falava no celular e, sem ver o bueiro, tropeçou no entulho. Se não tivesse recuperado o equilíbrio, teria caído no meio do cruzamento por onde os carros passavam.

Além das tampas de ferro, outro item cujo furto é recorrente são os fios de cobre, o que causa a instabilidade de alguns semáforos na avenida Angélica, principalmente próximo à região central. No cruzamento com a avenida Barros, a um quarteirão da praça Marechal Deodoro, dois bueiros estavam tampados com madeira, um em cada lado do passeio.

“Isso é bem recente, diria que começou junto com a pandemia. O pior é que nos últimos meses já tivemos dois acidentes graves aqui nessa esquina. Um táxi capotou e o outro veículo, que tinha uma criança no banco de trás, quase colidiu com a árvore”, conta Wilson Ortega, de 61 anos, que desde 1985 tem uma banca de jornal naquele cruzamento. “No meu tempo, quando o sinal dava defeito não demorava nem dez minutos para ter um guardinha orientando o trânsito”, reclama.

De hidrômetro a postes antigos, outros itens também são visados

Ao Estadão, a Coordenadoria de Gestão da Rede Municipal de Iluminação Pública (Ilume) informou que teve 148 quilômetros de fios eletrônicos furtados de janeiro a setembro deste ano. O volume vem reduzindo aos poucos, tendo sido de 211 quilômetros no ano passado e de 290 e 299 nos dois anteriores. Um dos motivos atribuídos é a adoção de cabos bimetálicos, que misturam alumínio e cobre e dificultam a obtenção do segundo.

A Secretaria Municipal das Subprefeituras apontou ter feito 27,3 mil trocas de tampas de poços de visitas de galerias pluviais e bocas de lobo de janeiro a setembro deste ano, enquanto o número foi de 34,3 mil em todo 2020 e 32,2 mil no ano anterior. Segundo o órgão, o furto é uma das motivações para as trocas.

A situação também afeta o setor de saneamento básico. Segundo a Sabesp, 995 tampões de poços de acesso à rede de esgoto, tiveram de ser repostos na região metropolitana paulistana de janeiro a setembro. Em nota, a companhia destacou que o número representa 0,2% do total dos 624,8 mil poços de visita na área e disse atuar em melhorias para dificultar os furtos, mas não citou exemplos.

Ainda de acordo com a Sabesp, 3,2 mil hidrômetros tiveram de ser repostos no mesmo período na região. Ela destacou que a substituição é feita sem custo se o cliente apresentar o boletim de ocorrência de furto. “No caso dos hidrômetros, a recomendação é a utilização da Unidade de Medição de Água (caixa) que dificulta o acesso ao medidor e, consequentemente, os furtos”, ressaltou.

Já a Enel apontou que teve um aumento de 128% nos furtos de caso da rede subterrânea, totalizando 238 ocorrências e 20 quilômetros de material, de janeiro a setembro deste ano. “Na rede aérea de alta tensão, o maior problema são os roubos de peças de ferragens de torres de transmissão, que além de comprometer seriamente a estabilidade da estrutura, em alguns casos impactam no tempo para o restabelecimento do fornecimento em ocorrências”, completou.

Segundo a empresa, a principal ação tomada para conter os furtos é a instalação de sensores e sistemas de comunicação para monitoramento remoto e travamento. “A companhia está desenvolvendo soluções com materiais alternativos ao ferro como, concreto pré-moldado e material polimérico”, informou.

O Estadão também procurou as principais empresas do setor de telecomunicações e conectividade, que se manifestaram por meio da associação nacional Conexis Brasil Digital. Segundo a organização, os furtos de cabos de telefonia e outros serviços relacionados aumentaram 14,5% no primeiro semestre deste ano em todo o País em relação ao mesmo período de 2020.

São Paulo é o Estado em que as empresas mais enfrentam problemas com furtos de cabos e outros itens. Ainda segundo a Conexis, o território paulista representa 1,1 milhão do total de 4,6 milhões de metros furtados em 2020 no País. “Em 2020, 6,679 milhões de clientes em todo Brasil tiveram seus serviços interrompidos pelo roubo ou furto de cabos das redes de telecomunicações”, ressaltou a organização em nota.

Locais recordistas de furtos semafóricos no período de janeiro a setembro de 2021, de acordo com a CET:

– Av. São Miguel x R. Taiuvinha 

– Av. dos Metalúrgicos Nº 1.797

– Av. Sen. Teotônio Vilela x Retorno R. Luiz Supertti

– Av. Calim Eid x R. Jarauara – Es. do Imperador nº 1.900

– R. Sapopemba x Av. Salvador Jorge Velho

– Av. Celso Garcia x R. Simas Pimenta

– Av. Mal. Tito x Pç. Lions Clube Itaim Paulista

– Av. do Estado x R. dos Patriotas

– Av. Jacu-Pêssego/Nova Trabalhadores x Av. Ragueb Chohfi

– Av. Dona Belmira Marin x R. Antônio José Escudeiro

– Av. José Pinheiros Borges x R. Modelo

Como denunciar furtos de cabos e outros itens de serviços públicos:

CPTM: telefone 0800 055 0121 ou WhatsApp (11 99767-7030)

Enel: aplicativo Enel SP,WhatsApp Elena (21 99601-9608) e Call Center (0800 72 72 120)

Metrô: SMS (11 97333 2252) e aplicativo Metrô Conecta

Polícia: no site delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br

Bueiros tampados com madeiras improvisadas se repetem quase a cada quarteirão pela região do Pátio do Colégio, Santa Ifigênia e das Praças da Sé e da República, assim como nas ruas que as atravessam. Em outros casos, o cimento que cola as tampas no chão ainda está mais claro que o dos vizinhos, sinal de que foi recentemente trocado.

A manutenção por vezes insuficiente e a ausência de cabos e outros itens de infraestrutura são evidentes no centro de São Paulo e em outras tantas regiões da cidade. O principal motivo atribuído pelos gestores públicos e empresas do setor são os furtos, como os que deixaram duas escolas municipais sem energia durante quase uma semana em outubro.

“Dessa vez atéas grades de proteçãoforam levadas e todas as fiações que, com muito custo, havíamossubstituídas”, lamentou a direção da EMEF José Hermínio Rodrigues, no Jardim Elisa Maria, zona norte, em rede social. Por lá, ocorreram ao menos dois furtos de itens do fornecimento de energia em menos de duas semanas, sendo que o serviço levou ao menos seis dias após o primeiro caso para ser restabelecido, inviabilizando a realização de aulas presenciais.

Buraco tampado de improviso na Avenida Angélica; roubo de fios deixou escola sem aula presencial Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Um levantamento da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) aponta, por exemplo, um crescimento de 11,5% no volume de furtos e casos identificados como “vandalismo” da rede semafórica. A taxa é referente ao período de janeiro a setembro deste ano em comparação ao mesmo período de 2020, o que representa 14 semáforos danificados por dia.

Entre os locais mais visados, segundo a companhia, estão trechos da Avenidas São Miguel, na zona leste, do Estado, no centro, e Dona Belmira Marin, na zona sul, dentre outros. Para conter os furtos de controladores semafóricos, a companhia diz que tem feito o alteamento dos itens e a concretagem e a soldagem das tampas das caixas de passagem da fiação.

Algumas medidas já iniciadas em outras gestões também estão sendo retomadas pela Prefeitura de São Paulo para conter os furtos, como a adoção de materiais não metálicos. Há um novo projeto piloto em parte das subprefeituras com grelhas de polietileno, por exemplo. Segundo o Município, "algumas unidades" foram instaladas em locais de maior movimentação nas regiões das subprefeituras do Ipiranga, Itaim Paulista, Jabaquara, Freguesia do Ó/Brasilândia e Sé, a fim de avaliar a durabilidade de material e impacto nos furtos. "Caso seja aprovado pelos técnicos, o produto poderá ser licitado como alternativa mais barata ao ferro utilizado usualmente", apontou.

Além disso, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) promulgou uma lei no mês passado que prevê a fiscalização de ferros-velhos e outros comércios de sucata com o acompanhamento da Guarda Civil. O texto também prevê uma regulamentação futura para a aplicação de sanções, de multas a cassação de alvará de funcionamento.

Propositor do projeto que deu origem à lei, o vereador Delegado Palumbo (MDB) considera que a fiscalização pode enfraquecer o comércio irregular. “Se combate os receptadores, automaticamente diminui o número de furtos e roubos”, comenta. “Se não tem pra quem vender a tampa de bueiro, a lápide de cemitério, o fio de cobre, vai diminuir o furto.”

Alguns dos materiais utilizados nestes itens são valorizados no mercado. O cobre praticamente dobrou de preço em dois anos nas tabelas de ferros-velhos e compradores de sucata em São Paulo, por exemplo, chegando a valores entre R$ 30 e R$ 40, o quilo. Para comparação, o preço do alumínio nos mesmos lugares tem girado em torno de R$ 8, sendo que é necessário juntar algumas dezenas de latas para alcançar um quilo.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) diz ter intensificado as “operações de combate” e fiscalização de comércios de cabos e fios elétricos, sem citar qual seria o aumento de fato. “Somente neste ano, mais de 32 toneladas de metais entre cobre e alumínio foram apreendidas e devolvidas às concessionárias e prestadoras de serviços públicos no Estado. Até o momento, 41 criminosos envolvidos com esses crimes foram presos pelas polícias paulistas”, destacou, sem dar detalhes.

No caso do transporte por trilhos, a CPTM decidiu publicar um chamamento público de propostas para reduzir os casos. Somente neste ano, foram 142 ocorrências (número que engloba também a Grande São Paulo), superando as 113 de todo 2020 e as 103 do ano anterior.

Embora tenha enfrentado lentidão em duas linhas no mês passado pelo o que atribuiu ao furto de cabos, o Metrô diz que as ocorrências do tipo caíram neste ano, totalizando 28 até o momento. Em 2020, foram 72, número que foi de 55 em 2019.

Em nota, a Secretaria de Transportes Metropolitanos destacou que investe em segurança, com rondas, drones e câmeras de monitoramento. “Os trechos mais sensíveis à furto de materiais são aqueles de maior exposição, em função de características geográficas de cada local”, justificou.

Prefeitura trocou grelhas de ferro pelas de polímero no bairro do Ipiranga Foto: Alex Silva/Estadão

Dono de barbearia tapa bueiro com cadeira para evitar acidentes no centro

Trabalhadores que frequentam o centro de São Paulo narram o mesmo padrão de descaso: os furtos começaram há alguns meses e, sem o reparo garantido pela Prefeitura, comerciantes e moradores tapam os buracos com pedras e pedaços de madeira para evitar que alguém caia ou se machuque.

Na esquina do Largo do Paissandú com a Rua do Boticário, uma cadeira de plástico foi posicionada em volta de um bueiro tampado com dois pedaços de madeira. Foi o jeito que Sebastião Ferreira da Silva encontrou para prevenir acidentes tanto com os pedestres quanto entre os clientes do seu salão, que fica em frente ao buraco, feito há dois meses.

“Isso aí é um perigo! O meu medo é que aí dentro ficam as caixas de luz e alguém pode se eletrocutar passando aí, principalmente quando chove”, reclama Tião, que dos seus 45 anos trabalha naquele ponto há 20. “Se eu pudesse, já teria cimentado por conta própria.”

Ele conta que já precisou trocar duas vezes a madeira cobrindo o buraco, que vai se corroendo com o passar do tempo e as chuvas atípicas deste outubro. Na calçada do outro lado da rua, outro bueiro está na mesma situação, coberto precariamente pelos comerciantes do entorno.

“Infelizmente, não posso fazer nada, porque se eu cimentar pode ser que precisem mexer na caixa de luz caso haja algum apagão e aí fica difícil. Teve um outro bueiro aqui perto que colocaram cimento em volta da tampa e já trataram de quebrar em volta pra roubar”, conta. Comerciantes e moradores daquela região contaram à reportagem já terem visto alguns “carroceiros” carregando as placas durante a noite.

Ao longo da Avenida Angélica, a reportagem encontrou ao menos sete desses bueiros com tampas improvisadas, fosse por madeira, sacos plásticos e até mesmo um em que o processo de remoção parece ter sido largado pela metade. Moradores e trabalhadores da região contam que eles se tornaram mais frequentes ao longo dos últimos três a seis meses, mas que o começo da “tendência” veio junto com o início da pandemia.

“Eles estão roubando tudo! Tudo, o fio, a tampa… Não tão deixando nada”, reclama uma senhora saindo da churrascaria. A babá Eliete Pereira, de 57 anos, passava empurrando um carrinho de bebê próximo ao Parque Buenos Aires e contou que os obstáculos têm crescido, assim como os roubos de celular na região. “Uma amiga quase caiu com o carrinho essa semana. E esses buracos estão aparecendo na cidade inteira, não é só aqui. Por que a Prefeitura não toma uma providência?”, questiona.

Não é difícil ver alguns pedestres menos atentos trombarem com o emaranhado de madeiras na calçada. Na esquina da rua Jaguaribe, onde um desses buracos fica em frente a um posto de vacinação contra a covid-19, um homem falava no celular e, sem ver o bueiro, tropeçou no entulho. Se não tivesse recuperado o equilíbrio, teria caído no meio do cruzamento por onde os carros passavam.

Além das tampas de ferro, outro item cujo furto é recorrente são os fios de cobre, o que causa a instabilidade de alguns semáforos na avenida Angélica, principalmente próximo à região central. No cruzamento com a avenida Barros, a um quarteirão da praça Marechal Deodoro, dois bueiros estavam tampados com madeira, um em cada lado do passeio.

“Isso é bem recente, diria que começou junto com a pandemia. O pior é que nos últimos meses já tivemos dois acidentes graves aqui nessa esquina. Um táxi capotou e o outro veículo, que tinha uma criança no banco de trás, quase colidiu com a árvore”, conta Wilson Ortega, de 61 anos, que desde 1985 tem uma banca de jornal naquele cruzamento. “No meu tempo, quando o sinal dava defeito não demorava nem dez minutos para ter um guardinha orientando o trânsito”, reclama.

De hidrômetro a postes antigos, outros itens também são visados

Ao Estadão, a Coordenadoria de Gestão da Rede Municipal de Iluminação Pública (Ilume) informou que teve 148 quilômetros de fios eletrônicos furtados de janeiro a setembro deste ano. O volume vem reduzindo aos poucos, tendo sido de 211 quilômetros no ano passado e de 290 e 299 nos dois anteriores. Um dos motivos atribuídos é a adoção de cabos bimetálicos, que misturam alumínio e cobre e dificultam a obtenção do segundo.

A Secretaria Municipal das Subprefeituras apontou ter feito 27,3 mil trocas de tampas de poços de visitas de galerias pluviais e bocas de lobo de janeiro a setembro deste ano, enquanto o número foi de 34,3 mil em todo 2020 e 32,2 mil no ano anterior. Segundo o órgão, o furto é uma das motivações para as trocas.

A situação também afeta o setor de saneamento básico. Segundo a Sabesp, 995 tampões de poços de acesso à rede de esgoto, tiveram de ser repostos na região metropolitana paulistana de janeiro a setembro. Em nota, a companhia destacou que o número representa 0,2% do total dos 624,8 mil poços de visita na área e disse atuar em melhorias para dificultar os furtos, mas não citou exemplos.

Ainda de acordo com a Sabesp, 3,2 mil hidrômetros tiveram de ser repostos no mesmo período na região. Ela destacou que a substituição é feita sem custo se o cliente apresentar o boletim de ocorrência de furto. “No caso dos hidrômetros, a recomendação é a utilização da Unidade de Medição de Água (caixa) que dificulta o acesso ao medidor e, consequentemente, os furtos”, ressaltou.

Já a Enel apontou que teve um aumento de 128% nos furtos de caso da rede subterrânea, totalizando 238 ocorrências e 20 quilômetros de material, de janeiro a setembro deste ano. “Na rede aérea de alta tensão, o maior problema são os roubos de peças de ferragens de torres de transmissão, que além de comprometer seriamente a estabilidade da estrutura, em alguns casos impactam no tempo para o restabelecimento do fornecimento em ocorrências”, completou.

Segundo a empresa, a principal ação tomada para conter os furtos é a instalação de sensores e sistemas de comunicação para monitoramento remoto e travamento. “A companhia está desenvolvendo soluções com materiais alternativos ao ferro como, concreto pré-moldado e material polimérico”, informou.

O Estadão também procurou as principais empresas do setor de telecomunicações e conectividade, que se manifestaram por meio da associação nacional Conexis Brasil Digital. Segundo a organização, os furtos de cabos de telefonia e outros serviços relacionados aumentaram 14,5% no primeiro semestre deste ano em todo o País em relação ao mesmo período de 2020.

São Paulo é o Estado em que as empresas mais enfrentam problemas com furtos de cabos e outros itens. Ainda segundo a Conexis, o território paulista representa 1,1 milhão do total de 4,6 milhões de metros furtados em 2020 no País. “Em 2020, 6,679 milhões de clientes em todo Brasil tiveram seus serviços interrompidos pelo roubo ou furto de cabos das redes de telecomunicações”, ressaltou a organização em nota.

Locais recordistas de furtos semafóricos no período de janeiro a setembro de 2021, de acordo com a CET:

– Av. São Miguel x R. Taiuvinha 

– Av. dos Metalúrgicos Nº 1.797

– Av. Sen. Teotônio Vilela x Retorno R. Luiz Supertti

– Av. Calim Eid x R. Jarauara – Es. do Imperador nº 1.900

– R. Sapopemba x Av. Salvador Jorge Velho

– Av. Celso Garcia x R. Simas Pimenta

– Av. Mal. Tito x Pç. Lions Clube Itaim Paulista

– Av. do Estado x R. dos Patriotas

– Av. Jacu-Pêssego/Nova Trabalhadores x Av. Ragueb Chohfi

– Av. Dona Belmira Marin x R. Antônio José Escudeiro

– Av. José Pinheiros Borges x R. Modelo

Como denunciar furtos de cabos e outros itens de serviços públicos:

CPTM: telefone 0800 055 0121 ou WhatsApp (11 99767-7030)

Enel: aplicativo Enel SP,WhatsApp Elena (21 99601-9608) e Call Center (0800 72 72 120)

Metrô: SMS (11 97333 2252) e aplicativo Metrô Conecta

Polícia: no site delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br

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