Tensão após série de mortes no Guarujá migra para Santos: ‘Estou com medo de sair de casa’


Ação da PM passou a ser mais frequente depois que policiais foram baleados; cidade registra dois assassinatos em 24 horas e SSP diz que casos ocorreram após confrontos

Por Gonçalo Junior

O medo e a insegurança relatados por moradores do Guarujá, provocados pelas 16 mortes por policiais confirmadas pelo Governo de São Paulo, são percebidos também em Santos, a quase 30 quilômetros, ambas no litoral paulista. A cidade também convive com ações das forças de segurança mais frequentes depois de ataques contra policiais militares.

Desde a manhã de terça-feira, 1.º, as ações se tornaram mais comuns na maior cidade da Baixada Santista. O motivo foi o ataque de criminosos com um tiro de fuzil contra uma policial militar e seu companheiro de trabalho na rua Evaristo da Veiga, no Campo Grande.

Horas depois, moradores do morro do São Bento, distante a cerca de quatro quilômetros do local, relataram uma operação policial com o sobrevoo de um helicóptero e viaturas da PM subindo o morro em alta velocidade. Ali, outro policial foi baleado.

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Operação da Polícia Militar no Morro Nova Cintra, em Santos Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO

A movimentação de carros do Baep (Batalhão de Ações Especiais) foi intensa nesta quarta-feira, 2, na região do Morro Nova Cintra. Uma nova operação foi deflagrada na Vila Progresso no final da tarde. O Estadão visitou os bairros do Jabaquara, Campo Grande e a região central.

A cidade de Santos registra duas mortes nas últimas 24 horas. Parentes e amigos de Layrton Fernandes da Cruz Vieira de Oliveira, morto a tiros na manhã de terça-feira, denunciam o que seria uma execução arbitrária por policiais militares.

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O ajudante de serviços gerais de 22 anos teve o quarto invadido no bairro do Jabaquara e teria sido morto sem apresentar resistência. Na ocorrência, os policiais afirmam que apreenderam uma arma e drogas.

Os familiares de Douglas Conceição, de 24 anos, foram até o Instituto Médico Legal (IML) da Praia Grande na manhã desta quarta-feira para fazer o reconhecimento da vítima. Os parentes, que reconhecem o envolvimento de Douglas com o tráfico de drogas, alegam que ele foi atingido com um tiro na cabeça no Jardim Prudente.

“Estou com medo de sair de casa”, diz um aposentado de 72 anos que prefere não se identificar e mora no bairro Campo Grande, local onde a policial foi atingida.

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Clima de tensão

No Guarujá, a aparente trégua dos últimos dois dias não apaga a tensão e o temor de novos confrontos. As lembranças da população ainda estão presentes nas marcas de sangue e nas perfurações de tiros na parede de uma das vielas da favela.

Eram vestígios da morte do vendedor ambulante Felipe Vieira Nunes, 30 anos. Ele teria sido torturado e assassinado por policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) na noite de sexta-feira, 28, após sair de casa para comprar cigarro, segundo o relato de parentes e vizinhos. “Todo homem que mora aqui agora virou suspeito”, relata um trabalhador autônomo de 30 anos que mora na Vila Baiana.

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Moradores e entidades protestam contra operação policial no Guarujá Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO

A violência mudou os hábitos dos moradores. O trabalhador de reciclagem Antonio Pedro (nome fictício), de 52 anos, confessa que tem medo de ficar sozinho em casa. Acha que a polícia pode chegar a qualquer momento e ele nem terá como argumentar que não é inocente. “Pedi para dois colegas ficarem aqui conversando. Um protege o outro”, diz o morador de Morrinhos.

O tema das conversas dos grupos de Whatsapp também mudou, como conta um jovem de 23 anos que mora na Vila Júlia, onde o soldado Patrick Reis foi morto na semana passada, no estopim da Operação Escudo. “A gente troca muitas notícias. As piadas e memes nem aparecem mais”, diz.

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Alguns moradores decidiram participar de um protesto na Praça 14 Bis, em Vicente de Carvalho. Convocada por entidades de proteção aos direitos humanos e de controle policial, além de entidades da sociedade civil, que viajaram para o litoral, a iniciativa “Ser pobre não é crime” procura apurar denúncias de abuso policial e tortura de moradores sem ligação com o tráfico de drogas.

Participaram da comitiva membros da Ouvidoria das Polícias, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe). “Atuo desde os anos 1970 e poucas vezes eu ouvi relatos tão impactantes”, diz Carlos Eduardo Pestana Magalhães, de 73 anos, membro da Comissão de Justiça e Paz de São Paulo.

Entre as histórias citadas por Magalhães está a de Cleiton Barbosa Moreira, que teria sido retirado de casa, onde estava com a filha de 10 meses, para ser morto. A Secretaria de Segurança de Pública informou que todas as mortes serão investigadas e sempre ocorreram após confrontos.

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Ao todo, 58 pessoas foram presas na Operação Escudo entre os dias 28 de julho de 1.º de agosto. Outros quatro adolescentes foram apreendidos por tráfico de drogas. Até terça-feira, a polícia apreendeu 385 quilos de entorpecentes e 18 armas, entre pistolas e fuzis.

O medo e a insegurança relatados por moradores do Guarujá, provocados pelas 16 mortes por policiais confirmadas pelo Governo de São Paulo, são percebidos também em Santos, a quase 30 quilômetros, ambas no litoral paulista. A cidade também convive com ações das forças de segurança mais frequentes depois de ataques contra policiais militares.

Desde a manhã de terça-feira, 1.º, as ações se tornaram mais comuns na maior cidade da Baixada Santista. O motivo foi o ataque de criminosos com um tiro de fuzil contra uma policial militar e seu companheiro de trabalho na rua Evaristo da Veiga, no Campo Grande.

Horas depois, moradores do morro do São Bento, distante a cerca de quatro quilômetros do local, relataram uma operação policial com o sobrevoo de um helicóptero e viaturas da PM subindo o morro em alta velocidade. Ali, outro policial foi baleado.

Operação da Polícia Militar no Morro Nova Cintra, em Santos Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO

A movimentação de carros do Baep (Batalhão de Ações Especiais) foi intensa nesta quarta-feira, 2, na região do Morro Nova Cintra. Uma nova operação foi deflagrada na Vila Progresso no final da tarde. O Estadão visitou os bairros do Jabaquara, Campo Grande e a região central.

A cidade de Santos registra duas mortes nas últimas 24 horas. Parentes e amigos de Layrton Fernandes da Cruz Vieira de Oliveira, morto a tiros na manhã de terça-feira, denunciam o que seria uma execução arbitrária por policiais militares.

O ajudante de serviços gerais de 22 anos teve o quarto invadido no bairro do Jabaquara e teria sido morto sem apresentar resistência. Na ocorrência, os policiais afirmam que apreenderam uma arma e drogas.

Os familiares de Douglas Conceição, de 24 anos, foram até o Instituto Médico Legal (IML) da Praia Grande na manhã desta quarta-feira para fazer o reconhecimento da vítima. Os parentes, que reconhecem o envolvimento de Douglas com o tráfico de drogas, alegam que ele foi atingido com um tiro na cabeça no Jardim Prudente.

“Estou com medo de sair de casa”, diz um aposentado de 72 anos que prefere não se identificar e mora no bairro Campo Grande, local onde a policial foi atingida.

Clima de tensão

No Guarujá, a aparente trégua dos últimos dois dias não apaga a tensão e o temor de novos confrontos. As lembranças da população ainda estão presentes nas marcas de sangue e nas perfurações de tiros na parede de uma das vielas da favela.

Eram vestígios da morte do vendedor ambulante Felipe Vieira Nunes, 30 anos. Ele teria sido torturado e assassinado por policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) na noite de sexta-feira, 28, após sair de casa para comprar cigarro, segundo o relato de parentes e vizinhos. “Todo homem que mora aqui agora virou suspeito”, relata um trabalhador autônomo de 30 anos que mora na Vila Baiana.

Moradores e entidades protestam contra operação policial no Guarujá Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO

A violência mudou os hábitos dos moradores. O trabalhador de reciclagem Antonio Pedro (nome fictício), de 52 anos, confessa que tem medo de ficar sozinho em casa. Acha que a polícia pode chegar a qualquer momento e ele nem terá como argumentar que não é inocente. “Pedi para dois colegas ficarem aqui conversando. Um protege o outro”, diz o morador de Morrinhos.

O tema das conversas dos grupos de Whatsapp também mudou, como conta um jovem de 23 anos que mora na Vila Júlia, onde o soldado Patrick Reis foi morto na semana passada, no estopim da Operação Escudo. “A gente troca muitas notícias. As piadas e memes nem aparecem mais”, diz.

Alguns moradores decidiram participar de um protesto na Praça 14 Bis, em Vicente de Carvalho. Convocada por entidades de proteção aos direitos humanos e de controle policial, além de entidades da sociedade civil, que viajaram para o litoral, a iniciativa “Ser pobre não é crime” procura apurar denúncias de abuso policial e tortura de moradores sem ligação com o tráfico de drogas.

Participaram da comitiva membros da Ouvidoria das Polícias, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe). “Atuo desde os anos 1970 e poucas vezes eu ouvi relatos tão impactantes”, diz Carlos Eduardo Pestana Magalhães, de 73 anos, membro da Comissão de Justiça e Paz de São Paulo.

Entre as histórias citadas por Magalhães está a de Cleiton Barbosa Moreira, que teria sido retirado de casa, onde estava com a filha de 10 meses, para ser morto. A Secretaria de Segurança de Pública informou que todas as mortes serão investigadas e sempre ocorreram após confrontos.

Ao todo, 58 pessoas foram presas na Operação Escudo entre os dias 28 de julho de 1.º de agosto. Outros quatro adolescentes foram apreendidos por tráfico de drogas. Até terça-feira, a polícia apreendeu 385 quilos de entorpecentes e 18 armas, entre pistolas e fuzis.

O medo e a insegurança relatados por moradores do Guarujá, provocados pelas 16 mortes por policiais confirmadas pelo Governo de São Paulo, são percebidos também em Santos, a quase 30 quilômetros, ambas no litoral paulista. A cidade também convive com ações das forças de segurança mais frequentes depois de ataques contra policiais militares.

Desde a manhã de terça-feira, 1.º, as ações se tornaram mais comuns na maior cidade da Baixada Santista. O motivo foi o ataque de criminosos com um tiro de fuzil contra uma policial militar e seu companheiro de trabalho na rua Evaristo da Veiga, no Campo Grande.

Horas depois, moradores do morro do São Bento, distante a cerca de quatro quilômetros do local, relataram uma operação policial com o sobrevoo de um helicóptero e viaturas da PM subindo o morro em alta velocidade. Ali, outro policial foi baleado.

Operação da Polícia Militar no Morro Nova Cintra, em Santos Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO

A movimentação de carros do Baep (Batalhão de Ações Especiais) foi intensa nesta quarta-feira, 2, na região do Morro Nova Cintra. Uma nova operação foi deflagrada na Vila Progresso no final da tarde. O Estadão visitou os bairros do Jabaquara, Campo Grande e a região central.

A cidade de Santos registra duas mortes nas últimas 24 horas. Parentes e amigos de Layrton Fernandes da Cruz Vieira de Oliveira, morto a tiros na manhã de terça-feira, denunciam o que seria uma execução arbitrária por policiais militares.

O ajudante de serviços gerais de 22 anos teve o quarto invadido no bairro do Jabaquara e teria sido morto sem apresentar resistência. Na ocorrência, os policiais afirmam que apreenderam uma arma e drogas.

Os familiares de Douglas Conceição, de 24 anos, foram até o Instituto Médico Legal (IML) da Praia Grande na manhã desta quarta-feira para fazer o reconhecimento da vítima. Os parentes, que reconhecem o envolvimento de Douglas com o tráfico de drogas, alegam que ele foi atingido com um tiro na cabeça no Jardim Prudente.

“Estou com medo de sair de casa”, diz um aposentado de 72 anos que prefere não se identificar e mora no bairro Campo Grande, local onde a policial foi atingida.

Clima de tensão

No Guarujá, a aparente trégua dos últimos dois dias não apaga a tensão e o temor de novos confrontos. As lembranças da população ainda estão presentes nas marcas de sangue e nas perfurações de tiros na parede de uma das vielas da favela.

Eram vestígios da morte do vendedor ambulante Felipe Vieira Nunes, 30 anos. Ele teria sido torturado e assassinado por policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) na noite de sexta-feira, 28, após sair de casa para comprar cigarro, segundo o relato de parentes e vizinhos. “Todo homem que mora aqui agora virou suspeito”, relata um trabalhador autônomo de 30 anos que mora na Vila Baiana.

Moradores e entidades protestam contra operação policial no Guarujá Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO

A violência mudou os hábitos dos moradores. O trabalhador de reciclagem Antonio Pedro (nome fictício), de 52 anos, confessa que tem medo de ficar sozinho em casa. Acha que a polícia pode chegar a qualquer momento e ele nem terá como argumentar que não é inocente. “Pedi para dois colegas ficarem aqui conversando. Um protege o outro”, diz o morador de Morrinhos.

O tema das conversas dos grupos de Whatsapp também mudou, como conta um jovem de 23 anos que mora na Vila Júlia, onde o soldado Patrick Reis foi morto na semana passada, no estopim da Operação Escudo. “A gente troca muitas notícias. As piadas e memes nem aparecem mais”, diz.

Alguns moradores decidiram participar de um protesto na Praça 14 Bis, em Vicente de Carvalho. Convocada por entidades de proteção aos direitos humanos e de controle policial, além de entidades da sociedade civil, que viajaram para o litoral, a iniciativa “Ser pobre não é crime” procura apurar denúncias de abuso policial e tortura de moradores sem ligação com o tráfico de drogas.

Participaram da comitiva membros da Ouvidoria das Polícias, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe). “Atuo desde os anos 1970 e poucas vezes eu ouvi relatos tão impactantes”, diz Carlos Eduardo Pestana Magalhães, de 73 anos, membro da Comissão de Justiça e Paz de São Paulo.

Entre as histórias citadas por Magalhães está a de Cleiton Barbosa Moreira, que teria sido retirado de casa, onde estava com a filha de 10 meses, para ser morto. A Secretaria de Segurança de Pública informou que todas as mortes serão investigadas e sempre ocorreram após confrontos.

Ao todo, 58 pessoas foram presas na Operação Escudo entre os dias 28 de julho de 1.º de agosto. Outros quatro adolescentes foram apreendidos por tráfico de drogas. Até terça-feira, a polícia apreendeu 385 quilos de entorpecentes e 18 armas, entre pistolas e fuzis.

O medo e a insegurança relatados por moradores do Guarujá, provocados pelas 16 mortes por policiais confirmadas pelo Governo de São Paulo, são percebidos também em Santos, a quase 30 quilômetros, ambas no litoral paulista. A cidade também convive com ações das forças de segurança mais frequentes depois de ataques contra policiais militares.

Desde a manhã de terça-feira, 1.º, as ações se tornaram mais comuns na maior cidade da Baixada Santista. O motivo foi o ataque de criminosos com um tiro de fuzil contra uma policial militar e seu companheiro de trabalho na rua Evaristo da Veiga, no Campo Grande.

Horas depois, moradores do morro do São Bento, distante a cerca de quatro quilômetros do local, relataram uma operação policial com o sobrevoo de um helicóptero e viaturas da PM subindo o morro em alta velocidade. Ali, outro policial foi baleado.

Operação da Polícia Militar no Morro Nova Cintra, em Santos Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO

A movimentação de carros do Baep (Batalhão de Ações Especiais) foi intensa nesta quarta-feira, 2, na região do Morro Nova Cintra. Uma nova operação foi deflagrada na Vila Progresso no final da tarde. O Estadão visitou os bairros do Jabaquara, Campo Grande e a região central.

A cidade de Santos registra duas mortes nas últimas 24 horas. Parentes e amigos de Layrton Fernandes da Cruz Vieira de Oliveira, morto a tiros na manhã de terça-feira, denunciam o que seria uma execução arbitrária por policiais militares.

O ajudante de serviços gerais de 22 anos teve o quarto invadido no bairro do Jabaquara e teria sido morto sem apresentar resistência. Na ocorrência, os policiais afirmam que apreenderam uma arma e drogas.

Os familiares de Douglas Conceição, de 24 anos, foram até o Instituto Médico Legal (IML) da Praia Grande na manhã desta quarta-feira para fazer o reconhecimento da vítima. Os parentes, que reconhecem o envolvimento de Douglas com o tráfico de drogas, alegam que ele foi atingido com um tiro na cabeça no Jardim Prudente.

“Estou com medo de sair de casa”, diz um aposentado de 72 anos que prefere não se identificar e mora no bairro Campo Grande, local onde a policial foi atingida.

Clima de tensão

No Guarujá, a aparente trégua dos últimos dois dias não apaga a tensão e o temor de novos confrontos. As lembranças da população ainda estão presentes nas marcas de sangue e nas perfurações de tiros na parede de uma das vielas da favela.

Eram vestígios da morte do vendedor ambulante Felipe Vieira Nunes, 30 anos. Ele teria sido torturado e assassinado por policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) na noite de sexta-feira, 28, após sair de casa para comprar cigarro, segundo o relato de parentes e vizinhos. “Todo homem que mora aqui agora virou suspeito”, relata um trabalhador autônomo de 30 anos que mora na Vila Baiana.

Moradores e entidades protestam contra operação policial no Guarujá Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO

A violência mudou os hábitos dos moradores. O trabalhador de reciclagem Antonio Pedro (nome fictício), de 52 anos, confessa que tem medo de ficar sozinho em casa. Acha que a polícia pode chegar a qualquer momento e ele nem terá como argumentar que não é inocente. “Pedi para dois colegas ficarem aqui conversando. Um protege o outro”, diz o morador de Morrinhos.

O tema das conversas dos grupos de Whatsapp também mudou, como conta um jovem de 23 anos que mora na Vila Júlia, onde o soldado Patrick Reis foi morto na semana passada, no estopim da Operação Escudo. “A gente troca muitas notícias. As piadas e memes nem aparecem mais”, diz.

Alguns moradores decidiram participar de um protesto na Praça 14 Bis, em Vicente de Carvalho. Convocada por entidades de proteção aos direitos humanos e de controle policial, além de entidades da sociedade civil, que viajaram para o litoral, a iniciativa “Ser pobre não é crime” procura apurar denúncias de abuso policial e tortura de moradores sem ligação com o tráfico de drogas.

Participaram da comitiva membros da Ouvidoria das Polícias, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe). “Atuo desde os anos 1970 e poucas vezes eu ouvi relatos tão impactantes”, diz Carlos Eduardo Pestana Magalhães, de 73 anos, membro da Comissão de Justiça e Paz de São Paulo.

Entre as histórias citadas por Magalhães está a de Cleiton Barbosa Moreira, que teria sido retirado de casa, onde estava com a filha de 10 meses, para ser morto. A Secretaria de Segurança de Pública informou que todas as mortes serão investigadas e sempre ocorreram após confrontos.

Ao todo, 58 pessoas foram presas na Operação Escudo entre os dias 28 de julho de 1.º de agosto. Outros quatro adolescentes foram apreendidos por tráfico de drogas. Até terça-feira, a polícia apreendeu 385 quilos de entorpecentes e 18 armas, entre pistolas e fuzis.

O medo e a insegurança relatados por moradores do Guarujá, provocados pelas 16 mortes por policiais confirmadas pelo Governo de São Paulo, são percebidos também em Santos, a quase 30 quilômetros, ambas no litoral paulista. A cidade também convive com ações das forças de segurança mais frequentes depois de ataques contra policiais militares.

Desde a manhã de terça-feira, 1.º, as ações se tornaram mais comuns na maior cidade da Baixada Santista. O motivo foi o ataque de criminosos com um tiro de fuzil contra uma policial militar e seu companheiro de trabalho na rua Evaristo da Veiga, no Campo Grande.

Horas depois, moradores do morro do São Bento, distante a cerca de quatro quilômetros do local, relataram uma operação policial com o sobrevoo de um helicóptero e viaturas da PM subindo o morro em alta velocidade. Ali, outro policial foi baleado.

Operação da Polícia Militar no Morro Nova Cintra, em Santos Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO

A movimentação de carros do Baep (Batalhão de Ações Especiais) foi intensa nesta quarta-feira, 2, na região do Morro Nova Cintra. Uma nova operação foi deflagrada na Vila Progresso no final da tarde. O Estadão visitou os bairros do Jabaquara, Campo Grande e a região central.

A cidade de Santos registra duas mortes nas últimas 24 horas. Parentes e amigos de Layrton Fernandes da Cruz Vieira de Oliveira, morto a tiros na manhã de terça-feira, denunciam o que seria uma execução arbitrária por policiais militares.

O ajudante de serviços gerais de 22 anos teve o quarto invadido no bairro do Jabaquara e teria sido morto sem apresentar resistência. Na ocorrência, os policiais afirmam que apreenderam uma arma e drogas.

Os familiares de Douglas Conceição, de 24 anos, foram até o Instituto Médico Legal (IML) da Praia Grande na manhã desta quarta-feira para fazer o reconhecimento da vítima. Os parentes, que reconhecem o envolvimento de Douglas com o tráfico de drogas, alegam que ele foi atingido com um tiro na cabeça no Jardim Prudente.

“Estou com medo de sair de casa”, diz um aposentado de 72 anos que prefere não se identificar e mora no bairro Campo Grande, local onde a policial foi atingida.

Clima de tensão

No Guarujá, a aparente trégua dos últimos dois dias não apaga a tensão e o temor de novos confrontos. As lembranças da população ainda estão presentes nas marcas de sangue e nas perfurações de tiros na parede de uma das vielas da favela.

Eram vestígios da morte do vendedor ambulante Felipe Vieira Nunes, 30 anos. Ele teria sido torturado e assassinado por policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) na noite de sexta-feira, 28, após sair de casa para comprar cigarro, segundo o relato de parentes e vizinhos. “Todo homem que mora aqui agora virou suspeito”, relata um trabalhador autônomo de 30 anos que mora na Vila Baiana.

Moradores e entidades protestam contra operação policial no Guarujá Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO

A violência mudou os hábitos dos moradores. O trabalhador de reciclagem Antonio Pedro (nome fictício), de 52 anos, confessa que tem medo de ficar sozinho em casa. Acha que a polícia pode chegar a qualquer momento e ele nem terá como argumentar que não é inocente. “Pedi para dois colegas ficarem aqui conversando. Um protege o outro”, diz o morador de Morrinhos.

O tema das conversas dos grupos de Whatsapp também mudou, como conta um jovem de 23 anos que mora na Vila Júlia, onde o soldado Patrick Reis foi morto na semana passada, no estopim da Operação Escudo. “A gente troca muitas notícias. As piadas e memes nem aparecem mais”, diz.

Alguns moradores decidiram participar de um protesto na Praça 14 Bis, em Vicente de Carvalho. Convocada por entidades de proteção aos direitos humanos e de controle policial, além de entidades da sociedade civil, que viajaram para o litoral, a iniciativa “Ser pobre não é crime” procura apurar denúncias de abuso policial e tortura de moradores sem ligação com o tráfico de drogas.

Participaram da comitiva membros da Ouvidoria das Polícias, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe). “Atuo desde os anos 1970 e poucas vezes eu ouvi relatos tão impactantes”, diz Carlos Eduardo Pestana Magalhães, de 73 anos, membro da Comissão de Justiça e Paz de São Paulo.

Entre as histórias citadas por Magalhães está a de Cleiton Barbosa Moreira, que teria sido retirado de casa, onde estava com a filha de 10 meses, para ser morto. A Secretaria de Segurança de Pública informou que todas as mortes serão investigadas e sempre ocorreram após confrontos.

Ao todo, 58 pessoas foram presas na Operação Escudo entre os dias 28 de julho de 1.º de agosto. Outros quatro adolescentes foram apreendidos por tráfico de drogas. Até terça-feira, a polícia apreendeu 385 quilos de entorpecentes e 18 armas, entre pistolas e fuzis.

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