SOROCABA - O escritório Cavalcanti Sion Advogados deixou a defesa do empresário Thiago Brennand Fernandes Vieira, acusado de agredir a modelo Alliny Helena Gomes, de 37 anos, em uma academia de ginástica na zona oeste de São Paulo. A saída aconteceu após uma série de novas denúncias contra o empresário, acusado por dez mulheres de crimes sexuais, inclusive estupros e tatuagens forçadas. O Cavalcanti Sion, dirigido pelas advogadas Dora Cavalcanti e Paula Sion, tem uma equipe formada predominantemente por advogadas.
A assessoria de imprensa do escritório apontou que, agora, Thiago Brennand é representado por dois escritórios: Alves de Oliveira e Salles Vanni, de São Paulo, e Carlos Barros e Gustavo Rocha Advocacia Criminal, de Recife. Conforme a assessoria, os dois escritórios já representavam o cliente anteriormente.
Em nota, o escritório Cavalcanti Sion Advogados esclareceu que sua saída da defesa de Thiago Brennand não tem relação com o mérito da causa, nem com as novas denúncias veiculadas pela imprensa. Disse, ainda, que os advogados que assumiram o caso já representavam o empresário anteriormente em outras causas.
O escritório foi contratado inicialmente para atuar no caso da agressão à modelo, acontecido no dia 3 de agosto, em uma academia do Shopping Iguatemi, na capital. Câmeras de segurança flagraram as agressões. O empresário foi denunciado pelo Ministério Público por lesão corporal e corrupção de menores, por ter, segundo o MP, incentivado o filho menor de idade a agredir verbalmente a mulher.
A Justiça acatou a denúncia e mandou recolher o passaporte de Brennand, mas a decisão aconteceu depois do dia 4 de setembro, quando ele viajou para Dubai, nos Emirados Árabes. Foi dado prazo de dez dias para seu retorno – o prazo vence nesta sexta-feira, 23.
Sobre a viagem do suspeito, quando ainda atuava na defesa dele, o Cavalcanti Sion disse que o embarque aconteceu quando não havia qualquer restrição à saída de Brennand do País. O escritório impetrou habeas corpus para evitar a retenção do passaporte e eventual prisão dele na volta ao Brasil, mas a medida foi negada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo no dia 15 último.
Os dois escritórios de advocacia devem atuar na defesa de Thiago Brennand em eventuais ações decorrentes das novas acusações contra ele de crimes sexuais. Ele já era acusado por uma mulher que mora no exterior de agressões, estupro e cárcere privado, além de lesões corporais por tê-la obrigado a se submeter a um ritual de tatuagem, com as iniciais do nome dele gravadas em seu corpo. O inquérito havia sido arquivado pela Polícia Civil de Porto Feliz, mas foi reaberto por determinação do Ministério Público.
Depois da divulgação do caso, ao menos mais nove mulheres procuraram o MP para apresentar denúncias semelhantes. Os depoimentos das possíveis vítimas, inicialmente previstos para começar nesta semana, terão início na próxima segunda-feira, 26, no Núcleo de Atendimento à Vítima de Violência (NAV), coordenado pela promotora Silvia Chakian. Os fatos denunciados serão mantidos em sigilo. O próprio MP pode iniciar procedimentos de investigação, se houver indícios de crimes.
O advogado Márcio Cezar Janjacomo, que assiste as vítimas e encaminhou os casos ao MP, disse que o modus operandi usado pelo empresário é o mesmo relatado pela mulher que já o havia denunciado à Polícia Civil de Porto Feliz.
São relatos de assédio sexual, estupros, cárcere privado, agressões e ameaças. Outras vítimas teriam sido marcadas com as iniciais do agressor. Thiago Brennand conheceu as mulheres em eventos sociais, bares e baladas, ou através de redes sociais e, segundo o advogado, nem todas são do nível social e econômico dele.
O Estadão entrou em contato com os escritórios Alves de Oliveira e Salles Vanni, em São Paulo, e Carlos Barros e Gustavo Rocha Advocacia Criminal, de Recife, e ainda aguarda os retornos.
Além das mulheres, ao menos dois homens acusam o empresário de agressões: um enfermeiro de um hospital na capital e um garçom de um hotel em Porto Feliz. O caso do garçom Vitor Igor Rodrigues Machado, de 26 anos, está em processo de investigação pela Polícia Civil.
Acusado de passar “correndo” com a moto pela frente da mansão do empresário em Porto Feliz o jovem conta ter sido agredido a socos e ameaçado para não mais voltar a cruzar o caminho do agressor. Desde o episódio, o garçom está afastado do serviço no restaurante Fasano, mudou de função e está em home office como auxiliar administrativo.