Travessia da balsa em Ilhabela tem fila de 4 horas e reforma de flutuantes no meio das férias


Obras reduzem capacidade de atracação e só devem terminar em setembro; comerciantes e turistas criticam demora. Departamento Hidroviário atribui problema às intervenções estruturais

Por José Maria Tomazela
Atualização:

A travessia de balsa entre Ilhabela e São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, tem demorado até 4 horas nos últimos dias. No sentido inverso a demora era de 2 horas e meia na segunda-feira, 22. No meio do período de férias escolares, a fila na balsa traz desconforto para moradores e turistas, prejudicando o turismo em Ilhabela.

O Departamento Hidroviário (DH) atribui as filas às obras de reforma dos flutuantes que reduzem a capacidade de atracação das balsas. A obra deve terminar em setembro, antes do verão.

Até lá, os usuários e moradores das duas cidades vão conviver com o caos das filas que se estendem pela área urbana, o barulho de veículos e a emissão de poluentes. “Tem filas quilométricas na balsa e a espera é de 3 a 4 horas. Tive casos de amigos que esperaram 7 horas na fila, uma loucura. É uma fase de obras nos ancoradouros e o serviço está péssimo”, afirma Júlio Cardoso, coordenador do projeto Baleia à Vista, que orienta os avistamentos de baleias na região.

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Filas para a travessia de balsas em Ilhabela persistem fora da alta temporada. Foto: DH/Reprodução

Dono da pousada Casa de Montanha na Praia, o empresário Wilson Foz relata queda na ocupação. Segundo ele, muitos hóspedes fiéis já desistiram de Ilhabela.

“O turista não quer mais ficar 3 ou 4 horas preso na fila da balsa. Depois que entra na fila, o carro não tem a opção de sair, pois é um corredor fechado e as pessoas ficam presas lá por horas, sem cobertura, sem banheiro. É cárcere privado,” comparou.

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A bancária Bruna Ferreira, de 35 anos, moradora de Sorocaba, ainda se recorda da maratona que foi seu último passeio na ilha, em outubro, na companhia do namorado. “Levamos 11 horas e meia para chegar e ainda tivemos de aguardar 4 horas e meia na fila da balsa. Estavam fazendo manutenções e saía só uma balsa por hora”, conta.

O empresário do ramo de entretenimento Felipe Berringer não aguentou as filas na balsa e desistiu de sua casa em Ilhabela. “Moro na zona sul de São Paulo e há quatro anos não vou mais (para Ilhabela). Hoje, minha casa (de veraneio) é em Paraty, no Rio, e chego lá mais rápido do que chegava na casa de Ilhabela, por causa da balsa. Isso é surreal. Tinha um restaurante lá na ilha e faliu”, contou.

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Devido à queda no movimento, algumas pousadas fazem descontos para atrair hóspedes. Na Casa de Montanha na Praia, uma promoção de inverno tem diárias de R$ 100 por pessoa e a cada duas diárias, o hóspede ganha uma da cortesia. “Vivemos uma situação de emergência que é tratada como se fosse algo banal e a população está refém dessa situação”, disse Foz.

Ele mobiliza deputados para conseguir a abertura da CPI da Balsa na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), pois acredita que há omissão dos governantes. A Alesp informou que a proposta está em fase de coleta de assinaturas.

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Segundo Foz, os usuários reclamam também que o bilhete da balsa só pode ser pago em dinheiro. “Hoje ninguém anda com dinheiro, é tudo cartão ou Pix. Na balsa não, é só dinheiro, um sistema obsoleto até nisso”, disse.

O pagamento com cartão de crédito pode ser feito na chamada hora marcada, que é a compra antecipada do bilhete da balsa, feita pela internet. A prática reduz a espera na fila, mas tem custo alto. Enquanto um carro paga R$ 19 de São Sebastião a Ilhabela em dia de semana na fila comum, o de hora marcada terá de pagar R$ 65,30.

Travessia de balsa em Ilhabela tem fila devido a obras em atracadouros. Foto: Wilson Foz/Acervo Pessoal
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Investimentos e PPP

Em 2023, o governo prometeu investir, até o fim deste ano, R$ 243 milhões nas travessias litorâneas, reformar embarcações e equipamentos, reduzir o tempo nas filas, aumentar a capacidade e colocar balsas mais novas em operação.

No caso de São Sebastião-Ilhabela, as medidas incluíam R$ 31,7 milhões para modernizar a frota, R$ 48,8 milhões em obras, balança permanente para pesagem de caminhões e deslocamento de caminhões fora do horário comercial.

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A diretora do Departamento Hidroviário (DH) do Estado de São Paulo, Jamille Consulin, disse que as filas são temporárias e se devem à reforma dos flutuantes, equipamentos onde as balsas atracam.

“Estamos com essas obras desde março e com menos capacidade de atracação, o que causa a morosidade. Onde normalmente cabem três balsas, hoje só conseguimos atracar uma ou duas”, disse. Segundo ele, as obras em São Sebastião serão concluídas em agosto e, as de Ilhabela, em setembro.

A reforma amplia a capacidade dos atracadouros e permite também mais rapidez na manobra de aproximação da balsa do ancoradouro. Conforme a diretora do DH, órgão do governo estadual que administra as travessias de balsa em todo o Estado, essa travessia é feita por sete embarcações que estão sendo renovadas.

“Já reformamos e entregamos quatro balsas e em agosto vamos entregar a quinta. São embarcações antigas, mas passam por reforma a cada cinco anos. Agora estamos trocando também os motores por outros mais eficientes e com menos emissões de gases”, disse.

Jamille disse que o pagamento da tarifa da balsa continua sendo em dinheiro porque o serviço está sem reajuste tarifário desde 2018 e não consegue absorver os custos de outras formas de pagamento, como cartões de crédito e débito. A concessão do serviço à iniciativa privada, que deve acontecer em 2025, prevê outras formas de cobrança. “Estamos realizando os estudos para a Parceria Público-Privada e a bilhetagem é um dos requisitos que apontamos como prioridade para a PPP”, disse.

Os estudos para a modelagem da concessão estão sendo feitos pela Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI), através da Companhia Paulista de Parcerias (CPP). Serão concedidas as oito travessias litorâneas, as travessias da Represa Billings, operadas pela Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), e as do reservatório de Paraibuna, a cargo da Companhia Energética de São Paulo (Cesp). As audiências públicas estão previstas para os meses de setembro e outubro e o edital deve ser lançado até dezembro deste ano.

Sobre as filas nas balsas e os impactos na cidade, a reportagem entrou em contato com a prefeitura de Ilhabela na segunda-feira e ainda aguarda retorno. Procurada para se manifestar sobre os prejuízos ao turismo, a Associação Comercial e Empresarial de Ilhabela (Acei) ainda não deu retorno.

A travessia de balsa entre Ilhabela e São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, tem demorado até 4 horas nos últimos dias. No sentido inverso a demora era de 2 horas e meia na segunda-feira, 22. No meio do período de férias escolares, a fila na balsa traz desconforto para moradores e turistas, prejudicando o turismo em Ilhabela.

O Departamento Hidroviário (DH) atribui as filas às obras de reforma dos flutuantes que reduzem a capacidade de atracação das balsas. A obra deve terminar em setembro, antes do verão.

Até lá, os usuários e moradores das duas cidades vão conviver com o caos das filas que se estendem pela área urbana, o barulho de veículos e a emissão de poluentes. “Tem filas quilométricas na balsa e a espera é de 3 a 4 horas. Tive casos de amigos que esperaram 7 horas na fila, uma loucura. É uma fase de obras nos ancoradouros e o serviço está péssimo”, afirma Júlio Cardoso, coordenador do projeto Baleia à Vista, que orienta os avistamentos de baleias na região.

Filas para a travessia de balsas em Ilhabela persistem fora da alta temporada. Foto: DH/Reprodução

Dono da pousada Casa de Montanha na Praia, o empresário Wilson Foz relata queda na ocupação. Segundo ele, muitos hóspedes fiéis já desistiram de Ilhabela.

“O turista não quer mais ficar 3 ou 4 horas preso na fila da balsa. Depois que entra na fila, o carro não tem a opção de sair, pois é um corredor fechado e as pessoas ficam presas lá por horas, sem cobertura, sem banheiro. É cárcere privado,” comparou.

A bancária Bruna Ferreira, de 35 anos, moradora de Sorocaba, ainda se recorda da maratona que foi seu último passeio na ilha, em outubro, na companhia do namorado. “Levamos 11 horas e meia para chegar e ainda tivemos de aguardar 4 horas e meia na fila da balsa. Estavam fazendo manutenções e saía só uma balsa por hora”, conta.

O empresário do ramo de entretenimento Felipe Berringer não aguentou as filas na balsa e desistiu de sua casa em Ilhabela. “Moro na zona sul de São Paulo e há quatro anos não vou mais (para Ilhabela). Hoje, minha casa (de veraneio) é em Paraty, no Rio, e chego lá mais rápido do que chegava na casa de Ilhabela, por causa da balsa. Isso é surreal. Tinha um restaurante lá na ilha e faliu”, contou.

Devido à queda no movimento, algumas pousadas fazem descontos para atrair hóspedes. Na Casa de Montanha na Praia, uma promoção de inverno tem diárias de R$ 100 por pessoa e a cada duas diárias, o hóspede ganha uma da cortesia. “Vivemos uma situação de emergência que é tratada como se fosse algo banal e a população está refém dessa situação”, disse Foz.

Ele mobiliza deputados para conseguir a abertura da CPI da Balsa na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), pois acredita que há omissão dos governantes. A Alesp informou que a proposta está em fase de coleta de assinaturas.

Segundo Foz, os usuários reclamam também que o bilhete da balsa só pode ser pago em dinheiro. “Hoje ninguém anda com dinheiro, é tudo cartão ou Pix. Na balsa não, é só dinheiro, um sistema obsoleto até nisso”, disse.

O pagamento com cartão de crédito pode ser feito na chamada hora marcada, que é a compra antecipada do bilhete da balsa, feita pela internet. A prática reduz a espera na fila, mas tem custo alto. Enquanto um carro paga R$ 19 de São Sebastião a Ilhabela em dia de semana na fila comum, o de hora marcada terá de pagar R$ 65,30.

Travessia de balsa em Ilhabela tem fila devido a obras em atracadouros. Foto: Wilson Foz/Acervo Pessoal

Investimentos e PPP

Em 2023, o governo prometeu investir, até o fim deste ano, R$ 243 milhões nas travessias litorâneas, reformar embarcações e equipamentos, reduzir o tempo nas filas, aumentar a capacidade e colocar balsas mais novas em operação.

No caso de São Sebastião-Ilhabela, as medidas incluíam R$ 31,7 milhões para modernizar a frota, R$ 48,8 milhões em obras, balança permanente para pesagem de caminhões e deslocamento de caminhões fora do horário comercial.

A diretora do Departamento Hidroviário (DH) do Estado de São Paulo, Jamille Consulin, disse que as filas são temporárias e se devem à reforma dos flutuantes, equipamentos onde as balsas atracam.

“Estamos com essas obras desde março e com menos capacidade de atracação, o que causa a morosidade. Onde normalmente cabem três balsas, hoje só conseguimos atracar uma ou duas”, disse. Segundo ele, as obras em São Sebastião serão concluídas em agosto e, as de Ilhabela, em setembro.

A reforma amplia a capacidade dos atracadouros e permite também mais rapidez na manobra de aproximação da balsa do ancoradouro. Conforme a diretora do DH, órgão do governo estadual que administra as travessias de balsa em todo o Estado, essa travessia é feita por sete embarcações que estão sendo renovadas.

“Já reformamos e entregamos quatro balsas e em agosto vamos entregar a quinta. São embarcações antigas, mas passam por reforma a cada cinco anos. Agora estamos trocando também os motores por outros mais eficientes e com menos emissões de gases”, disse.

Jamille disse que o pagamento da tarifa da balsa continua sendo em dinheiro porque o serviço está sem reajuste tarifário desde 2018 e não consegue absorver os custos de outras formas de pagamento, como cartões de crédito e débito. A concessão do serviço à iniciativa privada, que deve acontecer em 2025, prevê outras formas de cobrança. “Estamos realizando os estudos para a Parceria Público-Privada e a bilhetagem é um dos requisitos que apontamos como prioridade para a PPP”, disse.

Os estudos para a modelagem da concessão estão sendo feitos pela Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI), através da Companhia Paulista de Parcerias (CPP). Serão concedidas as oito travessias litorâneas, as travessias da Represa Billings, operadas pela Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), e as do reservatório de Paraibuna, a cargo da Companhia Energética de São Paulo (Cesp). As audiências públicas estão previstas para os meses de setembro e outubro e o edital deve ser lançado até dezembro deste ano.

Sobre as filas nas balsas e os impactos na cidade, a reportagem entrou em contato com a prefeitura de Ilhabela na segunda-feira e ainda aguarda retorno. Procurada para se manifestar sobre os prejuízos ao turismo, a Associação Comercial e Empresarial de Ilhabela (Acei) ainda não deu retorno.

A travessia de balsa entre Ilhabela e São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, tem demorado até 4 horas nos últimos dias. No sentido inverso a demora era de 2 horas e meia na segunda-feira, 22. No meio do período de férias escolares, a fila na balsa traz desconforto para moradores e turistas, prejudicando o turismo em Ilhabela.

O Departamento Hidroviário (DH) atribui as filas às obras de reforma dos flutuantes que reduzem a capacidade de atracação das balsas. A obra deve terminar em setembro, antes do verão.

Até lá, os usuários e moradores das duas cidades vão conviver com o caos das filas que se estendem pela área urbana, o barulho de veículos e a emissão de poluentes. “Tem filas quilométricas na balsa e a espera é de 3 a 4 horas. Tive casos de amigos que esperaram 7 horas na fila, uma loucura. É uma fase de obras nos ancoradouros e o serviço está péssimo”, afirma Júlio Cardoso, coordenador do projeto Baleia à Vista, que orienta os avistamentos de baleias na região.

Filas para a travessia de balsas em Ilhabela persistem fora da alta temporada. Foto: DH/Reprodução

Dono da pousada Casa de Montanha na Praia, o empresário Wilson Foz relata queda na ocupação. Segundo ele, muitos hóspedes fiéis já desistiram de Ilhabela.

“O turista não quer mais ficar 3 ou 4 horas preso na fila da balsa. Depois que entra na fila, o carro não tem a opção de sair, pois é um corredor fechado e as pessoas ficam presas lá por horas, sem cobertura, sem banheiro. É cárcere privado,” comparou.

A bancária Bruna Ferreira, de 35 anos, moradora de Sorocaba, ainda se recorda da maratona que foi seu último passeio na ilha, em outubro, na companhia do namorado. “Levamos 11 horas e meia para chegar e ainda tivemos de aguardar 4 horas e meia na fila da balsa. Estavam fazendo manutenções e saía só uma balsa por hora”, conta.

O empresário do ramo de entretenimento Felipe Berringer não aguentou as filas na balsa e desistiu de sua casa em Ilhabela. “Moro na zona sul de São Paulo e há quatro anos não vou mais (para Ilhabela). Hoje, minha casa (de veraneio) é em Paraty, no Rio, e chego lá mais rápido do que chegava na casa de Ilhabela, por causa da balsa. Isso é surreal. Tinha um restaurante lá na ilha e faliu”, contou.

Devido à queda no movimento, algumas pousadas fazem descontos para atrair hóspedes. Na Casa de Montanha na Praia, uma promoção de inverno tem diárias de R$ 100 por pessoa e a cada duas diárias, o hóspede ganha uma da cortesia. “Vivemos uma situação de emergência que é tratada como se fosse algo banal e a população está refém dessa situação”, disse Foz.

Ele mobiliza deputados para conseguir a abertura da CPI da Balsa na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), pois acredita que há omissão dos governantes. A Alesp informou que a proposta está em fase de coleta de assinaturas.

Segundo Foz, os usuários reclamam também que o bilhete da balsa só pode ser pago em dinheiro. “Hoje ninguém anda com dinheiro, é tudo cartão ou Pix. Na balsa não, é só dinheiro, um sistema obsoleto até nisso”, disse.

O pagamento com cartão de crédito pode ser feito na chamada hora marcada, que é a compra antecipada do bilhete da balsa, feita pela internet. A prática reduz a espera na fila, mas tem custo alto. Enquanto um carro paga R$ 19 de São Sebastião a Ilhabela em dia de semana na fila comum, o de hora marcada terá de pagar R$ 65,30.

Travessia de balsa em Ilhabela tem fila devido a obras em atracadouros. Foto: Wilson Foz/Acervo Pessoal

Investimentos e PPP

Em 2023, o governo prometeu investir, até o fim deste ano, R$ 243 milhões nas travessias litorâneas, reformar embarcações e equipamentos, reduzir o tempo nas filas, aumentar a capacidade e colocar balsas mais novas em operação.

No caso de São Sebastião-Ilhabela, as medidas incluíam R$ 31,7 milhões para modernizar a frota, R$ 48,8 milhões em obras, balança permanente para pesagem de caminhões e deslocamento de caminhões fora do horário comercial.

A diretora do Departamento Hidroviário (DH) do Estado de São Paulo, Jamille Consulin, disse que as filas são temporárias e se devem à reforma dos flutuantes, equipamentos onde as balsas atracam.

“Estamos com essas obras desde março e com menos capacidade de atracação, o que causa a morosidade. Onde normalmente cabem três balsas, hoje só conseguimos atracar uma ou duas”, disse. Segundo ele, as obras em São Sebastião serão concluídas em agosto e, as de Ilhabela, em setembro.

A reforma amplia a capacidade dos atracadouros e permite também mais rapidez na manobra de aproximação da balsa do ancoradouro. Conforme a diretora do DH, órgão do governo estadual que administra as travessias de balsa em todo o Estado, essa travessia é feita por sete embarcações que estão sendo renovadas.

“Já reformamos e entregamos quatro balsas e em agosto vamos entregar a quinta. São embarcações antigas, mas passam por reforma a cada cinco anos. Agora estamos trocando também os motores por outros mais eficientes e com menos emissões de gases”, disse.

Jamille disse que o pagamento da tarifa da balsa continua sendo em dinheiro porque o serviço está sem reajuste tarifário desde 2018 e não consegue absorver os custos de outras formas de pagamento, como cartões de crédito e débito. A concessão do serviço à iniciativa privada, que deve acontecer em 2025, prevê outras formas de cobrança. “Estamos realizando os estudos para a Parceria Público-Privada e a bilhetagem é um dos requisitos que apontamos como prioridade para a PPP”, disse.

Os estudos para a modelagem da concessão estão sendo feitos pela Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI), através da Companhia Paulista de Parcerias (CPP). Serão concedidas as oito travessias litorâneas, as travessias da Represa Billings, operadas pela Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), e as do reservatório de Paraibuna, a cargo da Companhia Energética de São Paulo (Cesp). As audiências públicas estão previstas para os meses de setembro e outubro e o edital deve ser lançado até dezembro deste ano.

Sobre as filas nas balsas e os impactos na cidade, a reportagem entrou em contato com a prefeitura de Ilhabela na segunda-feira e ainda aguarda retorno. Procurada para se manifestar sobre os prejuízos ao turismo, a Associação Comercial e Empresarial de Ilhabela (Acei) ainda não deu retorno.

A travessia de balsa entre Ilhabela e São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, tem demorado até 4 horas nos últimos dias. No sentido inverso a demora era de 2 horas e meia na segunda-feira, 22. No meio do período de férias escolares, a fila na balsa traz desconforto para moradores e turistas, prejudicando o turismo em Ilhabela.

O Departamento Hidroviário (DH) atribui as filas às obras de reforma dos flutuantes que reduzem a capacidade de atracação das balsas. A obra deve terminar em setembro, antes do verão.

Até lá, os usuários e moradores das duas cidades vão conviver com o caos das filas que se estendem pela área urbana, o barulho de veículos e a emissão de poluentes. “Tem filas quilométricas na balsa e a espera é de 3 a 4 horas. Tive casos de amigos que esperaram 7 horas na fila, uma loucura. É uma fase de obras nos ancoradouros e o serviço está péssimo”, afirma Júlio Cardoso, coordenador do projeto Baleia à Vista, que orienta os avistamentos de baleias na região.

Filas para a travessia de balsas em Ilhabela persistem fora da alta temporada. Foto: DH/Reprodução

Dono da pousada Casa de Montanha na Praia, o empresário Wilson Foz relata queda na ocupação. Segundo ele, muitos hóspedes fiéis já desistiram de Ilhabela.

“O turista não quer mais ficar 3 ou 4 horas preso na fila da balsa. Depois que entra na fila, o carro não tem a opção de sair, pois é um corredor fechado e as pessoas ficam presas lá por horas, sem cobertura, sem banheiro. É cárcere privado,” comparou.

A bancária Bruna Ferreira, de 35 anos, moradora de Sorocaba, ainda se recorda da maratona que foi seu último passeio na ilha, em outubro, na companhia do namorado. “Levamos 11 horas e meia para chegar e ainda tivemos de aguardar 4 horas e meia na fila da balsa. Estavam fazendo manutenções e saía só uma balsa por hora”, conta.

O empresário do ramo de entretenimento Felipe Berringer não aguentou as filas na balsa e desistiu de sua casa em Ilhabela. “Moro na zona sul de São Paulo e há quatro anos não vou mais (para Ilhabela). Hoje, minha casa (de veraneio) é em Paraty, no Rio, e chego lá mais rápido do que chegava na casa de Ilhabela, por causa da balsa. Isso é surreal. Tinha um restaurante lá na ilha e faliu”, contou.

Devido à queda no movimento, algumas pousadas fazem descontos para atrair hóspedes. Na Casa de Montanha na Praia, uma promoção de inverno tem diárias de R$ 100 por pessoa e a cada duas diárias, o hóspede ganha uma da cortesia. “Vivemos uma situação de emergência que é tratada como se fosse algo banal e a população está refém dessa situação”, disse Foz.

Ele mobiliza deputados para conseguir a abertura da CPI da Balsa na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), pois acredita que há omissão dos governantes. A Alesp informou que a proposta está em fase de coleta de assinaturas.

Segundo Foz, os usuários reclamam também que o bilhete da balsa só pode ser pago em dinheiro. “Hoje ninguém anda com dinheiro, é tudo cartão ou Pix. Na balsa não, é só dinheiro, um sistema obsoleto até nisso”, disse.

O pagamento com cartão de crédito pode ser feito na chamada hora marcada, que é a compra antecipada do bilhete da balsa, feita pela internet. A prática reduz a espera na fila, mas tem custo alto. Enquanto um carro paga R$ 19 de São Sebastião a Ilhabela em dia de semana na fila comum, o de hora marcada terá de pagar R$ 65,30.

Travessia de balsa em Ilhabela tem fila devido a obras em atracadouros. Foto: Wilson Foz/Acervo Pessoal

Investimentos e PPP

Em 2023, o governo prometeu investir, até o fim deste ano, R$ 243 milhões nas travessias litorâneas, reformar embarcações e equipamentos, reduzir o tempo nas filas, aumentar a capacidade e colocar balsas mais novas em operação.

No caso de São Sebastião-Ilhabela, as medidas incluíam R$ 31,7 milhões para modernizar a frota, R$ 48,8 milhões em obras, balança permanente para pesagem de caminhões e deslocamento de caminhões fora do horário comercial.

A diretora do Departamento Hidroviário (DH) do Estado de São Paulo, Jamille Consulin, disse que as filas são temporárias e se devem à reforma dos flutuantes, equipamentos onde as balsas atracam.

“Estamos com essas obras desde março e com menos capacidade de atracação, o que causa a morosidade. Onde normalmente cabem três balsas, hoje só conseguimos atracar uma ou duas”, disse. Segundo ele, as obras em São Sebastião serão concluídas em agosto e, as de Ilhabela, em setembro.

A reforma amplia a capacidade dos atracadouros e permite também mais rapidez na manobra de aproximação da balsa do ancoradouro. Conforme a diretora do DH, órgão do governo estadual que administra as travessias de balsa em todo o Estado, essa travessia é feita por sete embarcações que estão sendo renovadas.

“Já reformamos e entregamos quatro balsas e em agosto vamos entregar a quinta. São embarcações antigas, mas passam por reforma a cada cinco anos. Agora estamos trocando também os motores por outros mais eficientes e com menos emissões de gases”, disse.

Jamille disse que o pagamento da tarifa da balsa continua sendo em dinheiro porque o serviço está sem reajuste tarifário desde 2018 e não consegue absorver os custos de outras formas de pagamento, como cartões de crédito e débito. A concessão do serviço à iniciativa privada, que deve acontecer em 2025, prevê outras formas de cobrança. “Estamos realizando os estudos para a Parceria Público-Privada e a bilhetagem é um dos requisitos que apontamos como prioridade para a PPP”, disse.

Os estudos para a modelagem da concessão estão sendo feitos pela Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI), através da Companhia Paulista de Parcerias (CPP). Serão concedidas as oito travessias litorâneas, as travessias da Represa Billings, operadas pela Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), e as do reservatório de Paraibuna, a cargo da Companhia Energética de São Paulo (Cesp). As audiências públicas estão previstas para os meses de setembro e outubro e o edital deve ser lançado até dezembro deste ano.

Sobre as filas nas balsas e os impactos na cidade, a reportagem entrou em contato com a prefeitura de Ilhabela na segunda-feira e ainda aguarda retorno. Procurada para se manifestar sobre os prejuízos ao turismo, a Associação Comercial e Empresarial de Ilhabela (Acei) ainda não deu retorno.

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