Um sargento e dois soldados do 23.º Batalhão da Polícia Militar foram mortos com disparos na cabeça, durante uma troca de tiros na região do Butantã, na zona oeste de São Paulo, após abordar um falso policial civil na manhã deste sábado, 8. O suspeito também morreu no local. Segundo a corporação, dois dos PMs assassinados deixam esposas grávidas.
O caso aconteceu depois de os PMs decidirem parar um Volkswagen Fox, de cor branca, após notar que os ocupantes teriam tentado abordar uma motocicleta na Avenida Politécnica, na altura do número 3.045, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP). Eram por volta das 5 horas.
No carro, havia duas pessoas: o suspeito Cauê Doretto de Assis, de 24 anos, que estava ao volante, além de outro homem no banco do passageiro. Já a viatura da PM era ocupada pelo sargento José Valdir de Oliveira Júnior, de 37 anos, e pelos soldados Victor Rodrigues Pinto da Silva, de 29, e Celso Ferreira Menezes Junior, de 33 anos.
Segundo a investigação, Assis desceu do carro, avisou que estava armado e apresentou uma carteira falsa de policial civil. Os PMs, em seguida, teriam desconfiado, recolhido uma pistola do suspeito e apanhado os documentos para fazer a consulta de registro.
Enquanto o policial checava os documentos, o criminoso sacou uma segunda arma e atirou contra os PMs. Ao lado do suspeito, o soldado Victor teria sido o primeiro baleado e foi atingido por um disparo na têmpora. O sargento Oliveira Júnior e o soldado Menezes, que estavam próximo à viatura, também foram alvejados na cabeça.
O outro homem, o do banco do passageiro, não teria participado do confronto e tentou fugir em meio aos disparos. "Na hora que o policial pediu a arma, ele (Assis) meio que se exaltou", disse, em vídeo gravado na delegacia. "Ele sacou a (segunda) arma, atirou no policial aqui (soldado Victor). Foi até a viatura e aí começou a troca de tiro intenso. Nisso, eu já tava correndo e subi o barranco."
"Eles estavam de costas para a gente, por isso não puderam ter reação", declarou. Pego mais tarde pela polícia, ele foi encaminhado para prestar depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável por investigar o caso. A PM também apura a ocorrência por meio de inquérito militar.
A principal hipótese é que o soldado Menezes - que, além da cabeça, apresentou ferimentos pelo corpo - tenha conseguido revidar a agressão e atingido Assis. Os três PMs e o suspeito foram socorridos ao hospital, mas não resistiram ao ferimento.
Segundo a polícia, Assis chegou a responder por estelionato em 2019. Em janeiro do ano passado, ele também registrou uma queixa contra um PM após supostamente ser ameaçado. Na ocasião, ele teria uma casa de show e estaria devendo ao agente.
Pelas redes sociais, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), lamentou a morte dos policiais. "Minha solidariedade às famílias dos nossos heróis da PM", declarou no Twitter.
De acordo com PM, o sargento Oliveira Júnior, que estava na corporação havia 14 anos, deixa a mulher grávida de gêmeos. Ele também tem uma filha de 16 anos.
O soldado Victor também deixa a mulher grávida - é o primeiro filho do casal, segundo a PM. Ele entrou para a PM havia quase sete anos.
Já o soldado Menezes era filho de um policial civil, tinha mais de dez anos de PM e era divorciado. "O Dia dos Pais ficará marcado tristemente na memória de três famílias paulistas", diz a PM, em nota. "Três bons homens, três heróis, três policiais, que cumpriram seus juramentos de sacrificar a própria vida em defesa das pessoas e de toda sociedade e pelo propósito de ajudar a construir um mundo melhor e mais justo."