Câmeras de segurança mostram quando um motociclista estaciona na Rua Comendador Miguel Calfat, zona oeste de São Paulo, às 19h36 de 8 de outubro. Ele saca a arma e rouba o celular de um homem na calçada. Uma semana depois, outra câmera registra um ato de violência, na mesma rua. O motociclista aponta o revólver para o pedestre que passeia com um cão, mas a vítima consegue fugir.
As duas cenas ocorrem na região da Avenida Faria Lima, um dos mais importantes centros financeiros do País. Assaltos desse tipo têm assustado quem trabalha ou mora no entorno.
A Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP) diz que a seccional que reúne as delegacias na região têm registrado queda de crimes e destaca o balanço de 4.117 suspeitos presos ou detidos naquela área (leia mais abaixo).
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Atos de violência na Rua Comendador Miguel Calfat, na zona oeste
Ao longo de seus 4,6 quilômetros, a avenida atravessa bairros nobres, como Pinheiros, Jardim Europa, Jardim Paulistano e Itaim Bibi, Vila Nova Conceição e Vila Olímpia. A região é visada pelos bandidos por conta da movimentação de representantes de grandes empresas, principalmente dos setores financeiro e de tecnologia.
No 14º DP, que atende a região de Pinheiros, o total de roubos passou de 2451 ocorrências entre janeiro e setembro do ano passado para 2715 em igual período deste ano, elevação de 11%. Ao comparar e o último setembro e o mesmo mês de 2023, a subida foi ainda maior, de 39%.
Já no 15º DP, no Itaim Bibi, a percepção de insegurança relatada por comerciantes, moradores e empresários difere dos números. Ali, houve queda nos roubos, de 1590 para 1155 ocorrências, ou 27%.
A análise das imagens - registradas pela Gabriel, startup de monitoramento e tecnologia na área de segurança - evidencia a dinâmica dos crimes. Falsos entregadores chegam antes ao local do assalto, de moto, escolhem a vítima e fazem a abordagem – com armas reais ou simulacros.
Dinâmicas semelhantes têm sido registradas nos últimos anos em outros pontos da zona oeste e da zona sul da capital, como em um arrastão visto na Chácara Santo Antônio.
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Sempre há um veículo de apoio, geralmente outra moto. Ou os dois criminosos agem em conjunto. O alvo prioritário são vítimas nas calçadas, levando celulares.
Assim um casal foi abordado na Rua Santa Justina, no Itaim Bibi, em 8 de agosto. As imagens mostram que dois ocupantes da moto – um deles está armado – sobem na calçada para surpreender as vítimas e levam os pertences.
Investigações mostram que os criminosos repetem o modus operandi após um primeiro assalto bem-sucedido e costumam escolher até o mesmo local para novos crimes.
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Abordagem criminosa na Rua Gabriel de Lara, no Itaim Bibi, zona oeste
Mais câmeras para identificar ladrões
A frequência dos crimes motiva busca por mais medidas de segurança pelos comerciantes. O empresário Rodrigo Santos, de 41 anos, conta ter contratado uma empresa de segurança pela primeira vez em quase três décadas de atividade da padaria que administra nas proximidades da Avenida Rebouças. “Aviso aos clientes sobre o risco de assalto. Aconselho a usar celular só dentro da padaria.”
A aquisição de câmeras é outro movimento recorrente na região. Segundo a Gabriel, moradores e comerciantes estão adquirindo mais câmeras para tentar identificar criminosos - a empresa usa uma plataforma específica para a comunicação com autoridades. Hoje, são 434 equipamentos só na região da Faria Lima. Dados da startup apontam a aquisição de quase 100 câmeras só nos últimos três meses.
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Mulher é assaltada na Rua Alves Guimarães, na zona oeste
Nos primeiro semestre, a tecnologia ajudou as forças policiais em 128 casos e 11 prisões, conforme a empresa. “As câmeras são interligadas e formam uma rede, com informações sobre as dinâmicas criminais completas, com o antes, durante e o depois da ocorrência”, diz Erick Coser, CEO da Gabriel.
Ao Estadão, os porteiros dos prédios também relatam já terem assistido a dezenas de cenas de roubo em frente às portarias dos prédios. “Toda semana tem pelo menos um”, afirmou um funcionário, que preferiu não se identificar.
Os moradores confessam medo de sair de casa, mas identificam leve melhoria nas últimas semanas. “Os indicadores mostram queda de roubos de celulares e relógios, mas a gente anda nas ruas com certo receio”, diz Luzia Fernandes, presidente do Conseg do Itaim Bibi.
Os indicadores citados por Luzia são os dados do 23º Batalhão da Polícia Militar – 2ª Cia, que apontam queda de 28% nos roubos em setembro em relação ao mesmo período do ano passado.
ASSP informa que a 3ª Seccional, que abrange as delegacias da região, apresentou redução de 4,5% nos roubos em setembro. “Se analisados os números desde janeiro, a queda foi de 8,9%, o que demonstra a efetividade das ações empregadas pelas polícias na região”, diz a pasta, em nota. Ainda de acordo com o órgão, 4.117 suspeitos foram presos e apreendidos no período.