Vítima de enxurrada em Moema carregava bilhete para comprar presentes para os bisnetos


Nayde Pereira Cappellano, de 88 anos, foi vítima de um alagamento na zona sul de São Paulo na tarde da quarta-feira, 8. Neta relembra personalidade: “Prestativa e maravilhosa”

Por Ítalo Lo Re
Atualização:

Morta na enxurrada que atingiu o bairro de Moema, na zona sul de São Paulo, nesta quarta-feira, 8, a dona de casa Nayde Pereira Cappellano, de 88 anos, carregava consigo um lembrete para comprar presente para os bisnetos. “Na bolsa dela, que está aqui na minha frente, tinha uma nota para ela lembrar de comprar presente para eles”, conta ao Estadão a advogada Mariana Fanelli Cappellano, de 40 anos, uma das netas da vítima. A avó até chegou a comprar alguns dos regalos, mas a lista não pôde ser concluída.

Segundo a neta, Nayde saiu de carro do apartamento em que morava, em Moema, por volta de 15h desta quarta. Ela foi até uma farmácia comprar remédios e em uma padaria. “Minha avó tinha 88 anos, mas estava com a carta de motorista renovada, com a saúde em ordem, em plena consciência”, relata. A dona de casa residia com uma prima, mas estava sozinha no veículo. Por isso, não foi muito longe. “Era cuidadosa.”

Mariana Fanelli Cappellano e a avó, Nayde Pereira Cappellano, vítima do temporal da quarta-feira, 8 Foto: Acervo pessoal
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Mariana conta que, antes de retornar, a avó ainda parou em um posto de gasolina para abastecer o veículo, um Peugeot de cor preta. “Provavelmente foi quando ela viu que ‘o tempo virou’”, relata a advogada. Ela diz isso porque, por volta de 17h, Nayde ligou para a prima com quem morava para avisar que podia demorar um pouco mais que o previsto. “Só estou esperando a chuva diminuir, já estou indo”, disse, na ligação.

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Mulher morreu durante temporal na capital paulista nesta quarta-feira, 8. Bairro registrou enchentes

Pouco depois, ela saiu de lá dirigindo o veículo, passou pela Avenida Rouxinol e virou para a Rua Gaivota. Já estava a cerca de cinco quarteirões de casa quando tudo aconteceu. “Foi questão de 10 minutos, entre embicar o carro na rua, o carro descer e ficar preso na árvore”, conta a neta. O vídeo captado por uma câmera de segurança pega este exato momento. “Ela estava com o vidro fechado, pediu socorro quando ficou presa. As pessoas tentaram, mas não deu.”

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Ela estava com o vidro fechado, pediu socorro quando ficou presa. As pessoas tentaram, mas não deu.

Mariana Fanelli Cappellano, neta da vítima

‘Carro encheu completamente de água’

Por volta de 19h, Mariana conta que um amigo do pai dela ligou para dizer que a “situação estava feia” na Rua Gaivota e que alguns carros tinham sido levados pela enxurrada por lá. “Ele falou: ‘Pô, minha mãe não chegou’, e saiu de carro”, conta Mariana. O pai reside no mesmo prédio em que a avó morava. “Ele achou que ela no máximo estivesse presa em algum alagamento.”

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O pai de Mariana encontrou o carro da mãe já isolado na Rua Gaivota. “Ele chegou, se desesperou e me telefonou”, conta. Ainda no trabalho, a advogada correu para lá e chegou por volta de 20h20. Foi registrado um boletim de ocorrência e o corpo da vítima, retirado dali por volta de 21h30. “A gente encontrou a bolsa dela no porta-malas, o carro encheu completamente de água.”

‘Era muito prestativa, uma avó maravilhosa’

“A casa em que moro hoje, comprei dela, está sendo bem difícil. Se tivesse uma roupa descosturada, era em um minuto que ela arrumava, era muito prestativa, uma avó maravilhosa”, conta Mariana. Segundo ela, Nayde ficou viúva em 1995, mas seguiu ativa. “Meus tios moram fora, nos Estados Unidos. Ela ia e ficava quatro, cinco meses por lá. Andava de metrô sozinha.”

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Em uma dessas idas, Mariana lembra que a avó até chegou a pintar a sala do apartamento de um dos tios. “Ela também fazia crochê, qualquer coisa que a gente quisesse, ela fazia. Casaquinhos de bebê, tapetes, bordados, colchas, tudo”, relembra.

Nayde ia de ônibus até a Rua 25 de Março, no centro, para comprar as linhas para fazer tricô. “Na quarta, eu ia lá (na casa da avó) na hora do almoço mais cedo, meu filho veio com uma bermuda furada da escola, ia levar para ela costurar. Se eu tivesse levado, talvez ela não tivesse saído.”

O sepultamento de Nayde Pereira Cappellano ocorre na manhã desta sexta-feira, 10, em um memorial de Embu das Artes. Ela deixa quatro filhos, seis netos e oito bisnetos. “Queria agradecer por todas as manifestações de todos os amigos e colegas”, diz Mariana, que hoje ocupa o cargo de vice-presidente da OAB do Jabaquara, na zona sul de São Paulo.

Morta na enxurrada que atingiu o bairro de Moema, na zona sul de São Paulo, nesta quarta-feira, 8, a dona de casa Nayde Pereira Cappellano, de 88 anos, carregava consigo um lembrete para comprar presente para os bisnetos. “Na bolsa dela, que está aqui na minha frente, tinha uma nota para ela lembrar de comprar presente para eles”, conta ao Estadão a advogada Mariana Fanelli Cappellano, de 40 anos, uma das netas da vítima. A avó até chegou a comprar alguns dos regalos, mas a lista não pôde ser concluída.

Segundo a neta, Nayde saiu de carro do apartamento em que morava, em Moema, por volta de 15h desta quarta. Ela foi até uma farmácia comprar remédios e em uma padaria. “Minha avó tinha 88 anos, mas estava com a carta de motorista renovada, com a saúde em ordem, em plena consciência”, relata. A dona de casa residia com uma prima, mas estava sozinha no veículo. Por isso, não foi muito longe. “Era cuidadosa.”

Mariana Fanelli Cappellano e a avó, Nayde Pereira Cappellano, vítima do temporal da quarta-feira, 8 Foto: Acervo pessoal

Mariana conta que, antes de retornar, a avó ainda parou em um posto de gasolina para abastecer o veículo, um Peugeot de cor preta. “Provavelmente foi quando ela viu que ‘o tempo virou’”, relata a advogada. Ela diz isso porque, por volta de 17h, Nayde ligou para a prima com quem morava para avisar que podia demorar um pouco mais que o previsto. “Só estou esperando a chuva diminuir, já estou indo”, disse, na ligação.

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Pouco depois, ela saiu de lá dirigindo o veículo, passou pela Avenida Rouxinol e virou para a Rua Gaivota. Já estava a cerca de cinco quarteirões de casa quando tudo aconteceu. “Foi questão de 10 minutos, entre embicar o carro na rua, o carro descer e ficar preso na árvore”, conta a neta. O vídeo captado por uma câmera de segurança pega este exato momento. “Ela estava com o vidro fechado, pediu socorro quando ficou presa. As pessoas tentaram, mas não deu.”

Ela estava com o vidro fechado, pediu socorro quando ficou presa. As pessoas tentaram, mas não deu.

Mariana Fanelli Cappellano, neta da vítima

‘Carro encheu completamente de água’

Por volta de 19h, Mariana conta que um amigo do pai dela ligou para dizer que a “situação estava feia” na Rua Gaivota e que alguns carros tinham sido levados pela enxurrada por lá. “Ele falou: ‘Pô, minha mãe não chegou’, e saiu de carro”, conta Mariana. O pai reside no mesmo prédio em que a avó morava. “Ele achou que ela no máximo estivesse presa em algum alagamento.”

O pai de Mariana encontrou o carro da mãe já isolado na Rua Gaivota. “Ele chegou, se desesperou e me telefonou”, conta. Ainda no trabalho, a advogada correu para lá e chegou por volta de 20h20. Foi registrado um boletim de ocorrência e o corpo da vítima, retirado dali por volta de 21h30. “A gente encontrou a bolsa dela no porta-malas, o carro encheu completamente de água.”

‘Era muito prestativa, uma avó maravilhosa’

“A casa em que moro hoje, comprei dela, está sendo bem difícil. Se tivesse uma roupa descosturada, era em um minuto que ela arrumava, era muito prestativa, uma avó maravilhosa”, conta Mariana. Segundo ela, Nayde ficou viúva em 1995, mas seguiu ativa. “Meus tios moram fora, nos Estados Unidos. Ela ia e ficava quatro, cinco meses por lá. Andava de metrô sozinha.”

Em uma dessas idas, Mariana lembra que a avó até chegou a pintar a sala do apartamento de um dos tios. “Ela também fazia crochê, qualquer coisa que a gente quisesse, ela fazia. Casaquinhos de bebê, tapetes, bordados, colchas, tudo”, relembra.

Nayde ia de ônibus até a Rua 25 de Março, no centro, para comprar as linhas para fazer tricô. “Na quarta, eu ia lá (na casa da avó) na hora do almoço mais cedo, meu filho veio com uma bermuda furada da escola, ia levar para ela costurar. Se eu tivesse levado, talvez ela não tivesse saído.”

O sepultamento de Nayde Pereira Cappellano ocorre na manhã desta sexta-feira, 10, em um memorial de Embu das Artes. Ela deixa quatro filhos, seis netos e oito bisnetos. “Queria agradecer por todas as manifestações de todos os amigos e colegas”, diz Mariana, que hoje ocupa o cargo de vice-presidente da OAB do Jabaquara, na zona sul de São Paulo.

Morta na enxurrada que atingiu o bairro de Moema, na zona sul de São Paulo, nesta quarta-feira, 8, a dona de casa Nayde Pereira Cappellano, de 88 anos, carregava consigo um lembrete para comprar presente para os bisnetos. “Na bolsa dela, que está aqui na minha frente, tinha uma nota para ela lembrar de comprar presente para eles”, conta ao Estadão a advogada Mariana Fanelli Cappellano, de 40 anos, uma das netas da vítima. A avó até chegou a comprar alguns dos regalos, mas a lista não pôde ser concluída.

Segundo a neta, Nayde saiu de carro do apartamento em que morava, em Moema, por volta de 15h desta quarta. Ela foi até uma farmácia comprar remédios e em uma padaria. “Minha avó tinha 88 anos, mas estava com a carta de motorista renovada, com a saúde em ordem, em plena consciência”, relata. A dona de casa residia com uma prima, mas estava sozinha no veículo. Por isso, não foi muito longe. “Era cuidadosa.”

Mariana Fanelli Cappellano e a avó, Nayde Pereira Cappellano, vítima do temporal da quarta-feira, 8 Foto: Acervo pessoal

Mariana conta que, antes de retornar, a avó ainda parou em um posto de gasolina para abastecer o veículo, um Peugeot de cor preta. “Provavelmente foi quando ela viu que ‘o tempo virou’”, relata a advogada. Ela diz isso porque, por volta de 17h, Nayde ligou para a prima com quem morava para avisar que podia demorar um pouco mais que o previsto. “Só estou esperando a chuva diminuir, já estou indo”, disse, na ligação.

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Pouco depois, ela saiu de lá dirigindo o veículo, passou pela Avenida Rouxinol e virou para a Rua Gaivota. Já estava a cerca de cinco quarteirões de casa quando tudo aconteceu. “Foi questão de 10 minutos, entre embicar o carro na rua, o carro descer e ficar preso na árvore”, conta a neta. O vídeo captado por uma câmera de segurança pega este exato momento. “Ela estava com o vidro fechado, pediu socorro quando ficou presa. As pessoas tentaram, mas não deu.”

Ela estava com o vidro fechado, pediu socorro quando ficou presa. As pessoas tentaram, mas não deu.

Mariana Fanelli Cappellano, neta da vítima

‘Carro encheu completamente de água’

Por volta de 19h, Mariana conta que um amigo do pai dela ligou para dizer que a “situação estava feia” na Rua Gaivota e que alguns carros tinham sido levados pela enxurrada por lá. “Ele falou: ‘Pô, minha mãe não chegou’, e saiu de carro”, conta Mariana. O pai reside no mesmo prédio em que a avó morava. “Ele achou que ela no máximo estivesse presa em algum alagamento.”

O pai de Mariana encontrou o carro da mãe já isolado na Rua Gaivota. “Ele chegou, se desesperou e me telefonou”, conta. Ainda no trabalho, a advogada correu para lá e chegou por volta de 20h20. Foi registrado um boletim de ocorrência e o corpo da vítima, retirado dali por volta de 21h30. “A gente encontrou a bolsa dela no porta-malas, o carro encheu completamente de água.”

‘Era muito prestativa, uma avó maravilhosa’

“A casa em que moro hoje, comprei dela, está sendo bem difícil. Se tivesse uma roupa descosturada, era em um minuto que ela arrumava, era muito prestativa, uma avó maravilhosa”, conta Mariana. Segundo ela, Nayde ficou viúva em 1995, mas seguiu ativa. “Meus tios moram fora, nos Estados Unidos. Ela ia e ficava quatro, cinco meses por lá. Andava de metrô sozinha.”

Em uma dessas idas, Mariana lembra que a avó até chegou a pintar a sala do apartamento de um dos tios. “Ela também fazia crochê, qualquer coisa que a gente quisesse, ela fazia. Casaquinhos de bebê, tapetes, bordados, colchas, tudo”, relembra.

Nayde ia de ônibus até a Rua 25 de Março, no centro, para comprar as linhas para fazer tricô. “Na quarta, eu ia lá (na casa da avó) na hora do almoço mais cedo, meu filho veio com uma bermuda furada da escola, ia levar para ela costurar. Se eu tivesse levado, talvez ela não tivesse saído.”

O sepultamento de Nayde Pereira Cappellano ocorre na manhã desta sexta-feira, 10, em um memorial de Embu das Artes. Ela deixa quatro filhos, seis netos e oito bisnetos. “Queria agradecer por todas as manifestações de todos os amigos e colegas”, diz Mariana, que hoje ocupa o cargo de vice-presidente da OAB do Jabaquara, na zona sul de São Paulo.

Morta na enxurrada que atingiu o bairro de Moema, na zona sul de São Paulo, nesta quarta-feira, 8, a dona de casa Nayde Pereira Cappellano, de 88 anos, carregava consigo um lembrete para comprar presente para os bisnetos. “Na bolsa dela, que está aqui na minha frente, tinha uma nota para ela lembrar de comprar presente para eles”, conta ao Estadão a advogada Mariana Fanelli Cappellano, de 40 anos, uma das netas da vítima. A avó até chegou a comprar alguns dos regalos, mas a lista não pôde ser concluída.

Segundo a neta, Nayde saiu de carro do apartamento em que morava, em Moema, por volta de 15h desta quarta. Ela foi até uma farmácia comprar remédios e em uma padaria. “Minha avó tinha 88 anos, mas estava com a carta de motorista renovada, com a saúde em ordem, em plena consciência”, relata. A dona de casa residia com uma prima, mas estava sozinha no veículo. Por isso, não foi muito longe. “Era cuidadosa.”

Mariana Fanelli Cappellano e a avó, Nayde Pereira Cappellano, vítima do temporal da quarta-feira, 8 Foto: Acervo pessoal

Mariana conta que, antes de retornar, a avó ainda parou em um posto de gasolina para abastecer o veículo, um Peugeot de cor preta. “Provavelmente foi quando ela viu que ‘o tempo virou’”, relata a advogada. Ela diz isso porque, por volta de 17h, Nayde ligou para a prima com quem morava para avisar que podia demorar um pouco mais que o previsto. “Só estou esperando a chuva diminuir, já estou indo”, disse, na ligação.

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Pouco depois, ela saiu de lá dirigindo o veículo, passou pela Avenida Rouxinol e virou para a Rua Gaivota. Já estava a cerca de cinco quarteirões de casa quando tudo aconteceu. “Foi questão de 10 minutos, entre embicar o carro na rua, o carro descer e ficar preso na árvore”, conta a neta. O vídeo captado por uma câmera de segurança pega este exato momento. “Ela estava com o vidro fechado, pediu socorro quando ficou presa. As pessoas tentaram, mas não deu.”

Ela estava com o vidro fechado, pediu socorro quando ficou presa. As pessoas tentaram, mas não deu.

Mariana Fanelli Cappellano, neta da vítima

‘Carro encheu completamente de água’

Por volta de 19h, Mariana conta que um amigo do pai dela ligou para dizer que a “situação estava feia” na Rua Gaivota e que alguns carros tinham sido levados pela enxurrada por lá. “Ele falou: ‘Pô, minha mãe não chegou’, e saiu de carro”, conta Mariana. O pai reside no mesmo prédio em que a avó morava. “Ele achou que ela no máximo estivesse presa em algum alagamento.”

O pai de Mariana encontrou o carro da mãe já isolado na Rua Gaivota. “Ele chegou, se desesperou e me telefonou”, conta. Ainda no trabalho, a advogada correu para lá e chegou por volta de 20h20. Foi registrado um boletim de ocorrência e o corpo da vítima, retirado dali por volta de 21h30. “A gente encontrou a bolsa dela no porta-malas, o carro encheu completamente de água.”

‘Era muito prestativa, uma avó maravilhosa’

“A casa em que moro hoje, comprei dela, está sendo bem difícil. Se tivesse uma roupa descosturada, era em um minuto que ela arrumava, era muito prestativa, uma avó maravilhosa”, conta Mariana. Segundo ela, Nayde ficou viúva em 1995, mas seguiu ativa. “Meus tios moram fora, nos Estados Unidos. Ela ia e ficava quatro, cinco meses por lá. Andava de metrô sozinha.”

Em uma dessas idas, Mariana lembra que a avó até chegou a pintar a sala do apartamento de um dos tios. “Ela também fazia crochê, qualquer coisa que a gente quisesse, ela fazia. Casaquinhos de bebê, tapetes, bordados, colchas, tudo”, relembra.

Nayde ia de ônibus até a Rua 25 de Março, no centro, para comprar as linhas para fazer tricô. “Na quarta, eu ia lá (na casa da avó) na hora do almoço mais cedo, meu filho veio com uma bermuda furada da escola, ia levar para ela costurar. Se eu tivesse levado, talvez ela não tivesse saído.”

O sepultamento de Nayde Pereira Cappellano ocorre na manhã desta sexta-feira, 10, em um memorial de Embu das Artes. Ela deixa quatro filhos, seis netos e oito bisnetos. “Queria agradecer por todas as manifestações de todos os amigos e colegas”, diz Mariana, que hoje ocupa o cargo de vice-presidente da OAB do Jabaquara, na zona sul de São Paulo.

Morta na enxurrada que atingiu o bairro de Moema, na zona sul de São Paulo, nesta quarta-feira, 8, a dona de casa Nayde Pereira Cappellano, de 88 anos, carregava consigo um lembrete para comprar presente para os bisnetos. “Na bolsa dela, que está aqui na minha frente, tinha uma nota para ela lembrar de comprar presente para eles”, conta ao Estadão a advogada Mariana Fanelli Cappellano, de 40 anos, uma das netas da vítima. A avó até chegou a comprar alguns dos regalos, mas a lista não pôde ser concluída.

Segundo a neta, Nayde saiu de carro do apartamento em que morava, em Moema, por volta de 15h desta quarta. Ela foi até uma farmácia comprar remédios e em uma padaria. “Minha avó tinha 88 anos, mas estava com a carta de motorista renovada, com a saúde em ordem, em plena consciência”, relata. A dona de casa residia com uma prima, mas estava sozinha no veículo. Por isso, não foi muito longe. “Era cuidadosa.”

Mariana Fanelli Cappellano e a avó, Nayde Pereira Cappellano, vítima do temporal da quarta-feira, 8 Foto: Acervo pessoal

Mariana conta que, antes de retornar, a avó ainda parou em um posto de gasolina para abastecer o veículo, um Peugeot de cor preta. “Provavelmente foi quando ela viu que ‘o tempo virou’”, relata a advogada. Ela diz isso porque, por volta de 17h, Nayde ligou para a prima com quem morava para avisar que podia demorar um pouco mais que o previsto. “Só estou esperando a chuva diminuir, já estou indo”, disse, na ligação.

Seu navegador não suporta esse video.

Mulher morreu durante temporal na capital paulista nesta quarta-feira, 8. Bairro registrou enchentes

Pouco depois, ela saiu de lá dirigindo o veículo, passou pela Avenida Rouxinol e virou para a Rua Gaivota. Já estava a cerca de cinco quarteirões de casa quando tudo aconteceu. “Foi questão de 10 minutos, entre embicar o carro na rua, o carro descer e ficar preso na árvore”, conta a neta. O vídeo captado por uma câmera de segurança pega este exato momento. “Ela estava com o vidro fechado, pediu socorro quando ficou presa. As pessoas tentaram, mas não deu.”

Ela estava com o vidro fechado, pediu socorro quando ficou presa. As pessoas tentaram, mas não deu.

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‘Carro encheu completamente de água’

Por volta de 19h, Mariana conta que um amigo do pai dela ligou para dizer que a “situação estava feia” na Rua Gaivota e que alguns carros tinham sido levados pela enxurrada por lá. “Ele falou: ‘Pô, minha mãe não chegou’, e saiu de carro”, conta Mariana. O pai reside no mesmo prédio em que a avó morava. “Ele achou que ela no máximo estivesse presa em algum alagamento.”

O pai de Mariana encontrou o carro da mãe já isolado na Rua Gaivota. “Ele chegou, se desesperou e me telefonou”, conta. Ainda no trabalho, a advogada correu para lá e chegou por volta de 20h20. Foi registrado um boletim de ocorrência e o corpo da vítima, retirado dali por volta de 21h30. “A gente encontrou a bolsa dela no porta-malas, o carro encheu completamente de água.”

‘Era muito prestativa, uma avó maravilhosa’

“A casa em que moro hoje, comprei dela, está sendo bem difícil. Se tivesse uma roupa descosturada, era em um minuto que ela arrumava, era muito prestativa, uma avó maravilhosa”, conta Mariana. Segundo ela, Nayde ficou viúva em 1995, mas seguiu ativa. “Meus tios moram fora, nos Estados Unidos. Ela ia e ficava quatro, cinco meses por lá. Andava de metrô sozinha.”

Em uma dessas idas, Mariana lembra que a avó até chegou a pintar a sala do apartamento de um dos tios. “Ela também fazia crochê, qualquer coisa que a gente quisesse, ela fazia. Casaquinhos de bebê, tapetes, bordados, colchas, tudo”, relembra.

Nayde ia de ônibus até a Rua 25 de Março, no centro, para comprar as linhas para fazer tricô. “Na quarta, eu ia lá (na casa da avó) na hora do almoço mais cedo, meu filho veio com uma bermuda furada da escola, ia levar para ela costurar. Se eu tivesse levado, talvez ela não tivesse saído.”

O sepultamento de Nayde Pereira Cappellano ocorre na manhã desta sexta-feira, 10, em um memorial de Embu das Artes. Ela deixa quatro filhos, seis netos e oito bisnetos. “Queria agradecer por todas as manifestações de todos os amigos e colegas”, diz Mariana, que hoje ocupa o cargo de vice-presidente da OAB do Jabaquara, na zona sul de São Paulo.

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