Vizinhos fazem protesto contra novos túneis na Vila Mariana: ‘É um crime ambiental’


Prefeitura alega que Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente autorizou a retirada de 172 árvores e que a compensação será feita com o plantio de 266 mudas dentro do perímetro da obra; construtora afirma seguir contrato e melhores práticas de engenharia

Por Giovanna Castro
Atualização:

Moradores da região da Vila Mariana, na zona sul de São Paulo, fizeram nesta quarta-feira, 6, um protesto contra a construção de dois túneis na Rua Sena Madureira. Eles reclamam principalmente da derrubada de árvores para as obras viárias na região.

Para a construção, a Prefeitura pretende derrubar 172 árvores. A gestão Ricardo Nunes (MDB) alega que a obra respeita todas as exigências relativas a questões ambientais. “Foi autorizada pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente a supressão de 172 exemplares na Rua Sena Madureira, sendo preservadas as demais 362 árvores existentes no local. A compensação será realizada com plantio de 266 mudas arbóreas dentro do perímetro da obra e apenas com espécies nativas. O replantio deverá ser executado até o fim das obras.”

Já a construtora Áyla (antiga Queiroz Galvão), afirma seguir o contrato e as melhores práticas de engenharia (leia mais abaixo).

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Moradores da região da Vila Mariana são contra a obra e realizaram um protesto nesta quarta-feira. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Nesta quarta-feira, os manifestantes abraçaram árvores na tentativa de impedir a remoção. A Polícia Militar acompanhou a manifestação, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP).

“Estamos extremamente preocupados e revoltados com essa obra. É um crime ambiental”, disse Mônica Simões, moradora da Vila Mariana. “Querem matar quase 200 árvores desse corredor verde que deve unir o Parque do Ibirapuera ao Parque da Aclimação. São árvores nativas e centenárias. Isso é um absurdo.”

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Canteiro central da Rua Sena Madureira, na região da Vila Mariana, possui centenas de árvores; Prefeitura já iniciou a retirada dos primeiros exemplares. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A derrubada das 172 árvores na região da Sena Madureira está prevista para a construção de dois túneis entre o cruzamento com a Rua Botucatu, na Vila Clementino, e a Rua Sousa Ramos, próximo ao metrô Chácara Klabin. O Ministério Público do Estado (MP-SP) investiga a remoção das árvores, entre outros aspectos da obra (leia mais abaixo).

“Passo por essa rua (a Sena Madureira) praticamente todos os dias. É duro imaginar que vamos perder esse cinturão verde para o cimento e o asfalto”, diz Sylvio Novelli, empresário, morador do Alto do Ipiranga e frequentador da região.

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A justificativa do Município para realizar a obra é melhorar o trânsito. O custo previsto é de R$ 531 milhões e o prazo de entrega, setembro de 2025. “A intervenção prevê melhor fluidez do trânsito, comportando ônibus e veículos utilitários e garantindo a interligação entre a Vila Mariana, Ipiranga, Itaim Bibi e Morumbi”, afirma a Prefeitura. “Beneficiará mais de 800 mil pessoas que circulam na região diariamente”, diz o Município.

A intenção é oferecer alternativa ao cruzamento da Sena Madureira com a Rua Domingos de Morais, facilitando o acesso à Avenida Ricardo Jafet e consequentemente à Rodovia dos Imigrantes. Mas, a população teme uma sobrecarga das ruas Vergueiro e Embuaçu, na região da Chácara Klabin, por onde os veículos vão fluir da saída dos túneis até a Ricardo Jafet. A Prefeitura não prevê obras de ampliação nas duas ruas, apenas adequação na sinalização.

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Segundo o professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli USP) Claudio Barbieri da Cunha, a preocupação da população sobre a transferência do fluxo de veículos faz sentido. “Toda vez que você faz uma obra viária, como um túnel, você induz tráfego. Você cria facilidade de circulação de veículos, fazendo com que mais veículos passem por ali. No longo prazo, você tem o benefício muito diminuído, algumas vezes anulado.”

O professor chama a construção de túneis para melhora de congestionamento de “solução ultrapassada”. Isso porque, ao facilitar o tráfego de carros em uma região, há tendência de aparecimento de novos empreendimentos e comércios naquela área, aumentando também o número de veículos. De acordo com ele, a única maneira de diminuir o trânsito de forma significativa e a longo prazo é investindo em transporte coletivo.

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Prefeitura iniciou a retirada de árvores do canteiro central da Rua Sena Madureira, na região da Vila Mariana. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O que a Promotoria investiga

Como mostrou o Estadão, a gestão Ricardo Nunes (MDB) retomou o projeto dos túneis anunciado inicialmente na gestão Gilberto Kassab (2006-2012). As obras começaram em setembro. A construtora responsável é a Áyla, antiga Queiroz Galvão, que já foi demandada em ação civil de improbidade administrativa do Ministério Público Federal e ação civil pública do MP-SP “em razão de fraude na licitação relacionada ao Programa de Desenvolvimento do Sistema Viário Estratégico Metropolitano de São Paulo, bem como pagamento de propina”.

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A Áyla diz que “o Consórcio Expresso Sena Madureira está executando as obras do complexo viário nos termos do contrato administrativo e de acordo com os projetos de engenharia. A construção do empreendimento envolve diversas etapas construtivas, dentre elas a criação de caminhos de serviço para o acesso às obras. As obras e intervenções estão sendo executadas de acordo com as melhores práticas de engenharia e de segurança”.

Em nota, a Prefeitura disse que a Secretaria de Mobilidade e Trânsito informa que “os esclarecimentos serão prestados” no prazo estipulado.

O segundo inquérito do MPSP investiga a derrubada de árvores e poluição sonora causada pela obra. E o terceiro calcula se haverá ganhos significativos de mobilidade urbana e se a população que vive na comunidade Sousa Ramos será devidamente realocada.

Sobre a retirada de população local, da comunidade Sousa Ramos, a Secretaria Municipal de Habitação afirmou que “reforça o compromisso de atendimento definitivo às famílias residentes na área de intervenção das obras do Túnel Sena Madureira, podendo fazer a opção pela indenização de seus imóveis ou a realocação em uma nova unidade habitacional, sendo que nenhuma família residente no local ficará desalojada. A equipe social da SEHAB tem trabalhado nas reuniões para garantir que todas as famílias envolvidas entendam o processo.” O início do cadastro está previsto para esta quinta-feira, 7.

Segundo o Tribunal de Contas do Município (TCM), o contrato da obra foi assinado em 2011 e a Prefeitura emitiu novas ordens de serviço em maio e setembro de 2024. Em agosto, obteve a Licença Ambiental de Instalação. O órgão disse que vai analisar e monitorar o projeto.

Moradores da região da Vila Mariana, na zona sul de São Paulo, fizeram nesta quarta-feira, 6, um protesto contra a construção de dois túneis na Rua Sena Madureira. Eles reclamam principalmente da derrubada de árvores para as obras viárias na região.

Para a construção, a Prefeitura pretende derrubar 172 árvores. A gestão Ricardo Nunes (MDB) alega que a obra respeita todas as exigências relativas a questões ambientais. “Foi autorizada pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente a supressão de 172 exemplares na Rua Sena Madureira, sendo preservadas as demais 362 árvores existentes no local. A compensação será realizada com plantio de 266 mudas arbóreas dentro do perímetro da obra e apenas com espécies nativas. O replantio deverá ser executado até o fim das obras.”

Já a construtora Áyla (antiga Queiroz Galvão), afirma seguir o contrato e as melhores práticas de engenharia (leia mais abaixo).

Moradores da região da Vila Mariana são contra a obra e realizaram um protesto nesta quarta-feira. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Nesta quarta-feira, os manifestantes abraçaram árvores na tentativa de impedir a remoção. A Polícia Militar acompanhou a manifestação, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP).

“Estamos extremamente preocupados e revoltados com essa obra. É um crime ambiental”, disse Mônica Simões, moradora da Vila Mariana. “Querem matar quase 200 árvores desse corredor verde que deve unir o Parque do Ibirapuera ao Parque da Aclimação. São árvores nativas e centenárias. Isso é um absurdo.”

Canteiro central da Rua Sena Madureira, na região da Vila Mariana, possui centenas de árvores; Prefeitura já iniciou a retirada dos primeiros exemplares. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A derrubada das 172 árvores na região da Sena Madureira está prevista para a construção de dois túneis entre o cruzamento com a Rua Botucatu, na Vila Clementino, e a Rua Sousa Ramos, próximo ao metrô Chácara Klabin. O Ministério Público do Estado (MP-SP) investiga a remoção das árvores, entre outros aspectos da obra (leia mais abaixo).

“Passo por essa rua (a Sena Madureira) praticamente todos os dias. É duro imaginar que vamos perder esse cinturão verde para o cimento e o asfalto”, diz Sylvio Novelli, empresário, morador do Alto do Ipiranga e frequentador da região.

A justificativa do Município para realizar a obra é melhorar o trânsito. O custo previsto é de R$ 531 milhões e o prazo de entrega, setembro de 2025. “A intervenção prevê melhor fluidez do trânsito, comportando ônibus e veículos utilitários e garantindo a interligação entre a Vila Mariana, Ipiranga, Itaim Bibi e Morumbi”, afirma a Prefeitura. “Beneficiará mais de 800 mil pessoas que circulam na região diariamente”, diz o Município.

A intenção é oferecer alternativa ao cruzamento da Sena Madureira com a Rua Domingos de Morais, facilitando o acesso à Avenida Ricardo Jafet e consequentemente à Rodovia dos Imigrantes. Mas, a população teme uma sobrecarga das ruas Vergueiro e Embuaçu, na região da Chácara Klabin, por onde os veículos vão fluir da saída dos túneis até a Ricardo Jafet. A Prefeitura não prevê obras de ampliação nas duas ruas, apenas adequação na sinalização.

Segundo o professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli USP) Claudio Barbieri da Cunha, a preocupação da população sobre a transferência do fluxo de veículos faz sentido. “Toda vez que você faz uma obra viária, como um túnel, você induz tráfego. Você cria facilidade de circulação de veículos, fazendo com que mais veículos passem por ali. No longo prazo, você tem o benefício muito diminuído, algumas vezes anulado.”

O professor chama a construção de túneis para melhora de congestionamento de “solução ultrapassada”. Isso porque, ao facilitar o tráfego de carros em uma região, há tendência de aparecimento de novos empreendimentos e comércios naquela área, aumentando também o número de veículos. De acordo com ele, a única maneira de diminuir o trânsito de forma significativa e a longo prazo é investindo em transporte coletivo.

Prefeitura iniciou a retirada de árvores do canteiro central da Rua Sena Madureira, na região da Vila Mariana. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O que a Promotoria investiga

Como mostrou o Estadão, a gestão Ricardo Nunes (MDB) retomou o projeto dos túneis anunciado inicialmente na gestão Gilberto Kassab (2006-2012). As obras começaram em setembro. A construtora responsável é a Áyla, antiga Queiroz Galvão, que já foi demandada em ação civil de improbidade administrativa do Ministério Público Federal e ação civil pública do MP-SP “em razão de fraude na licitação relacionada ao Programa de Desenvolvimento do Sistema Viário Estratégico Metropolitano de São Paulo, bem como pagamento de propina”.

A Áyla diz que “o Consórcio Expresso Sena Madureira está executando as obras do complexo viário nos termos do contrato administrativo e de acordo com os projetos de engenharia. A construção do empreendimento envolve diversas etapas construtivas, dentre elas a criação de caminhos de serviço para o acesso às obras. As obras e intervenções estão sendo executadas de acordo com as melhores práticas de engenharia e de segurança”.

Em nota, a Prefeitura disse que a Secretaria de Mobilidade e Trânsito informa que “os esclarecimentos serão prestados” no prazo estipulado.

O segundo inquérito do MPSP investiga a derrubada de árvores e poluição sonora causada pela obra. E o terceiro calcula se haverá ganhos significativos de mobilidade urbana e se a população que vive na comunidade Sousa Ramos será devidamente realocada.

Sobre a retirada de população local, da comunidade Sousa Ramos, a Secretaria Municipal de Habitação afirmou que “reforça o compromisso de atendimento definitivo às famílias residentes na área de intervenção das obras do Túnel Sena Madureira, podendo fazer a opção pela indenização de seus imóveis ou a realocação em uma nova unidade habitacional, sendo que nenhuma família residente no local ficará desalojada. A equipe social da SEHAB tem trabalhado nas reuniões para garantir que todas as famílias envolvidas entendam o processo.” O início do cadastro está previsto para esta quinta-feira, 7.

Segundo o Tribunal de Contas do Município (TCM), o contrato da obra foi assinado em 2011 e a Prefeitura emitiu novas ordens de serviço em maio e setembro de 2024. Em agosto, obteve a Licença Ambiental de Instalação. O órgão disse que vai analisar e monitorar o projeto.

Moradores da região da Vila Mariana, na zona sul de São Paulo, fizeram nesta quarta-feira, 6, um protesto contra a construção de dois túneis na Rua Sena Madureira. Eles reclamam principalmente da derrubada de árvores para as obras viárias na região.

Para a construção, a Prefeitura pretende derrubar 172 árvores. A gestão Ricardo Nunes (MDB) alega que a obra respeita todas as exigências relativas a questões ambientais. “Foi autorizada pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente a supressão de 172 exemplares na Rua Sena Madureira, sendo preservadas as demais 362 árvores existentes no local. A compensação será realizada com plantio de 266 mudas arbóreas dentro do perímetro da obra e apenas com espécies nativas. O replantio deverá ser executado até o fim das obras.”

Já a construtora Áyla (antiga Queiroz Galvão), afirma seguir o contrato e as melhores práticas de engenharia (leia mais abaixo).

Moradores da região da Vila Mariana são contra a obra e realizaram um protesto nesta quarta-feira. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Nesta quarta-feira, os manifestantes abraçaram árvores na tentativa de impedir a remoção. A Polícia Militar acompanhou a manifestação, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP).

“Estamos extremamente preocupados e revoltados com essa obra. É um crime ambiental”, disse Mônica Simões, moradora da Vila Mariana. “Querem matar quase 200 árvores desse corredor verde que deve unir o Parque do Ibirapuera ao Parque da Aclimação. São árvores nativas e centenárias. Isso é um absurdo.”

Canteiro central da Rua Sena Madureira, na região da Vila Mariana, possui centenas de árvores; Prefeitura já iniciou a retirada dos primeiros exemplares. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A derrubada das 172 árvores na região da Sena Madureira está prevista para a construção de dois túneis entre o cruzamento com a Rua Botucatu, na Vila Clementino, e a Rua Sousa Ramos, próximo ao metrô Chácara Klabin. O Ministério Público do Estado (MP-SP) investiga a remoção das árvores, entre outros aspectos da obra (leia mais abaixo).

“Passo por essa rua (a Sena Madureira) praticamente todos os dias. É duro imaginar que vamos perder esse cinturão verde para o cimento e o asfalto”, diz Sylvio Novelli, empresário, morador do Alto do Ipiranga e frequentador da região.

A justificativa do Município para realizar a obra é melhorar o trânsito. O custo previsto é de R$ 531 milhões e o prazo de entrega, setembro de 2025. “A intervenção prevê melhor fluidez do trânsito, comportando ônibus e veículos utilitários e garantindo a interligação entre a Vila Mariana, Ipiranga, Itaim Bibi e Morumbi”, afirma a Prefeitura. “Beneficiará mais de 800 mil pessoas que circulam na região diariamente”, diz o Município.

A intenção é oferecer alternativa ao cruzamento da Sena Madureira com a Rua Domingos de Morais, facilitando o acesso à Avenida Ricardo Jafet e consequentemente à Rodovia dos Imigrantes. Mas, a população teme uma sobrecarga das ruas Vergueiro e Embuaçu, na região da Chácara Klabin, por onde os veículos vão fluir da saída dos túneis até a Ricardo Jafet. A Prefeitura não prevê obras de ampliação nas duas ruas, apenas adequação na sinalização.

Segundo o professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli USP) Claudio Barbieri da Cunha, a preocupação da população sobre a transferência do fluxo de veículos faz sentido. “Toda vez que você faz uma obra viária, como um túnel, você induz tráfego. Você cria facilidade de circulação de veículos, fazendo com que mais veículos passem por ali. No longo prazo, você tem o benefício muito diminuído, algumas vezes anulado.”

O professor chama a construção de túneis para melhora de congestionamento de “solução ultrapassada”. Isso porque, ao facilitar o tráfego de carros em uma região, há tendência de aparecimento de novos empreendimentos e comércios naquela área, aumentando também o número de veículos. De acordo com ele, a única maneira de diminuir o trânsito de forma significativa e a longo prazo é investindo em transporte coletivo.

Prefeitura iniciou a retirada de árvores do canteiro central da Rua Sena Madureira, na região da Vila Mariana. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O que a Promotoria investiga

Como mostrou o Estadão, a gestão Ricardo Nunes (MDB) retomou o projeto dos túneis anunciado inicialmente na gestão Gilberto Kassab (2006-2012). As obras começaram em setembro. A construtora responsável é a Áyla, antiga Queiroz Galvão, que já foi demandada em ação civil de improbidade administrativa do Ministério Público Federal e ação civil pública do MP-SP “em razão de fraude na licitação relacionada ao Programa de Desenvolvimento do Sistema Viário Estratégico Metropolitano de São Paulo, bem como pagamento de propina”.

A Áyla diz que “o Consórcio Expresso Sena Madureira está executando as obras do complexo viário nos termos do contrato administrativo e de acordo com os projetos de engenharia. A construção do empreendimento envolve diversas etapas construtivas, dentre elas a criação de caminhos de serviço para o acesso às obras. As obras e intervenções estão sendo executadas de acordo com as melhores práticas de engenharia e de segurança”.

Em nota, a Prefeitura disse que a Secretaria de Mobilidade e Trânsito informa que “os esclarecimentos serão prestados” no prazo estipulado.

O segundo inquérito do MPSP investiga a derrubada de árvores e poluição sonora causada pela obra. E o terceiro calcula se haverá ganhos significativos de mobilidade urbana e se a população que vive na comunidade Sousa Ramos será devidamente realocada.

Sobre a retirada de população local, da comunidade Sousa Ramos, a Secretaria Municipal de Habitação afirmou que “reforça o compromisso de atendimento definitivo às famílias residentes na área de intervenção das obras do Túnel Sena Madureira, podendo fazer a opção pela indenização de seus imóveis ou a realocação em uma nova unidade habitacional, sendo que nenhuma família residente no local ficará desalojada. A equipe social da SEHAB tem trabalhado nas reuniões para garantir que todas as famílias envolvidas entendam o processo.” O início do cadastro está previsto para esta quinta-feira, 7.

Segundo o Tribunal de Contas do Município (TCM), o contrato da obra foi assinado em 2011 e a Prefeitura emitiu novas ordens de serviço em maio e setembro de 2024. Em agosto, obteve a Licença Ambiental de Instalação. O órgão disse que vai analisar e monitorar o projeto.

Moradores da região da Vila Mariana, na zona sul de São Paulo, fizeram nesta quarta-feira, 6, um protesto contra a construção de dois túneis na Rua Sena Madureira. Eles reclamam principalmente da derrubada de árvores para as obras viárias na região.

Para a construção, a Prefeitura pretende derrubar 172 árvores. A gestão Ricardo Nunes (MDB) alega que a obra respeita todas as exigências relativas a questões ambientais. “Foi autorizada pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente a supressão de 172 exemplares na Rua Sena Madureira, sendo preservadas as demais 362 árvores existentes no local. A compensação será realizada com plantio de 266 mudas arbóreas dentro do perímetro da obra e apenas com espécies nativas. O replantio deverá ser executado até o fim das obras.”

Já a construtora Áyla (antiga Queiroz Galvão), afirma seguir o contrato e as melhores práticas de engenharia (leia mais abaixo).

Moradores da região da Vila Mariana são contra a obra e realizaram um protesto nesta quarta-feira. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Nesta quarta-feira, os manifestantes abraçaram árvores na tentativa de impedir a remoção. A Polícia Militar acompanhou a manifestação, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP).

“Estamos extremamente preocupados e revoltados com essa obra. É um crime ambiental”, disse Mônica Simões, moradora da Vila Mariana. “Querem matar quase 200 árvores desse corredor verde que deve unir o Parque do Ibirapuera ao Parque da Aclimação. São árvores nativas e centenárias. Isso é um absurdo.”

Canteiro central da Rua Sena Madureira, na região da Vila Mariana, possui centenas de árvores; Prefeitura já iniciou a retirada dos primeiros exemplares. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A derrubada das 172 árvores na região da Sena Madureira está prevista para a construção de dois túneis entre o cruzamento com a Rua Botucatu, na Vila Clementino, e a Rua Sousa Ramos, próximo ao metrô Chácara Klabin. O Ministério Público do Estado (MP-SP) investiga a remoção das árvores, entre outros aspectos da obra (leia mais abaixo).

“Passo por essa rua (a Sena Madureira) praticamente todos os dias. É duro imaginar que vamos perder esse cinturão verde para o cimento e o asfalto”, diz Sylvio Novelli, empresário, morador do Alto do Ipiranga e frequentador da região.

A justificativa do Município para realizar a obra é melhorar o trânsito. O custo previsto é de R$ 531 milhões e o prazo de entrega, setembro de 2025. “A intervenção prevê melhor fluidez do trânsito, comportando ônibus e veículos utilitários e garantindo a interligação entre a Vila Mariana, Ipiranga, Itaim Bibi e Morumbi”, afirma a Prefeitura. “Beneficiará mais de 800 mil pessoas que circulam na região diariamente”, diz o Município.

A intenção é oferecer alternativa ao cruzamento da Sena Madureira com a Rua Domingos de Morais, facilitando o acesso à Avenida Ricardo Jafet e consequentemente à Rodovia dos Imigrantes. Mas, a população teme uma sobrecarga das ruas Vergueiro e Embuaçu, na região da Chácara Klabin, por onde os veículos vão fluir da saída dos túneis até a Ricardo Jafet. A Prefeitura não prevê obras de ampliação nas duas ruas, apenas adequação na sinalização.

Segundo o professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli USP) Claudio Barbieri da Cunha, a preocupação da população sobre a transferência do fluxo de veículos faz sentido. “Toda vez que você faz uma obra viária, como um túnel, você induz tráfego. Você cria facilidade de circulação de veículos, fazendo com que mais veículos passem por ali. No longo prazo, você tem o benefício muito diminuído, algumas vezes anulado.”

O professor chama a construção de túneis para melhora de congestionamento de “solução ultrapassada”. Isso porque, ao facilitar o tráfego de carros em uma região, há tendência de aparecimento de novos empreendimentos e comércios naquela área, aumentando também o número de veículos. De acordo com ele, a única maneira de diminuir o trânsito de forma significativa e a longo prazo é investindo em transporte coletivo.

Prefeitura iniciou a retirada de árvores do canteiro central da Rua Sena Madureira, na região da Vila Mariana. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O que a Promotoria investiga

Como mostrou o Estadão, a gestão Ricardo Nunes (MDB) retomou o projeto dos túneis anunciado inicialmente na gestão Gilberto Kassab (2006-2012). As obras começaram em setembro. A construtora responsável é a Áyla, antiga Queiroz Galvão, que já foi demandada em ação civil de improbidade administrativa do Ministério Público Federal e ação civil pública do MP-SP “em razão de fraude na licitação relacionada ao Programa de Desenvolvimento do Sistema Viário Estratégico Metropolitano de São Paulo, bem como pagamento de propina”.

A Áyla diz que “o Consórcio Expresso Sena Madureira está executando as obras do complexo viário nos termos do contrato administrativo e de acordo com os projetos de engenharia. A construção do empreendimento envolve diversas etapas construtivas, dentre elas a criação de caminhos de serviço para o acesso às obras. As obras e intervenções estão sendo executadas de acordo com as melhores práticas de engenharia e de segurança”.

Em nota, a Prefeitura disse que a Secretaria de Mobilidade e Trânsito informa que “os esclarecimentos serão prestados” no prazo estipulado.

O segundo inquérito do MPSP investiga a derrubada de árvores e poluição sonora causada pela obra. E o terceiro calcula se haverá ganhos significativos de mobilidade urbana e se a população que vive na comunidade Sousa Ramos será devidamente realocada.

Sobre a retirada de população local, da comunidade Sousa Ramos, a Secretaria Municipal de Habitação afirmou que “reforça o compromisso de atendimento definitivo às famílias residentes na área de intervenção das obras do Túnel Sena Madureira, podendo fazer a opção pela indenização de seus imóveis ou a realocação em uma nova unidade habitacional, sendo que nenhuma família residente no local ficará desalojada. A equipe social da SEHAB tem trabalhado nas reuniões para garantir que todas as famílias envolvidas entendam o processo.” O início do cadastro está previsto para esta quinta-feira, 7.

Segundo o Tribunal de Contas do Município (TCM), o contrato da obra foi assinado em 2011 e a Prefeitura emitiu novas ordens de serviço em maio e setembro de 2024. Em agosto, obteve a Licença Ambiental de Instalação. O órgão disse que vai analisar e monitorar o projeto.

Moradores da região da Vila Mariana, na zona sul de São Paulo, fizeram nesta quarta-feira, 6, um protesto contra a construção de dois túneis na Rua Sena Madureira. Eles reclamam principalmente da derrubada de árvores para as obras viárias na região.

Para a construção, a Prefeitura pretende derrubar 172 árvores. A gestão Ricardo Nunes (MDB) alega que a obra respeita todas as exigências relativas a questões ambientais. “Foi autorizada pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente a supressão de 172 exemplares na Rua Sena Madureira, sendo preservadas as demais 362 árvores existentes no local. A compensação será realizada com plantio de 266 mudas arbóreas dentro do perímetro da obra e apenas com espécies nativas. O replantio deverá ser executado até o fim das obras.”

Já a construtora Áyla (antiga Queiroz Galvão), afirma seguir o contrato e as melhores práticas de engenharia (leia mais abaixo).

Moradores da região da Vila Mariana são contra a obra e realizaram um protesto nesta quarta-feira. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Nesta quarta-feira, os manifestantes abraçaram árvores na tentativa de impedir a remoção. A Polícia Militar acompanhou a manifestação, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP).

“Estamos extremamente preocupados e revoltados com essa obra. É um crime ambiental”, disse Mônica Simões, moradora da Vila Mariana. “Querem matar quase 200 árvores desse corredor verde que deve unir o Parque do Ibirapuera ao Parque da Aclimação. São árvores nativas e centenárias. Isso é um absurdo.”

Canteiro central da Rua Sena Madureira, na região da Vila Mariana, possui centenas de árvores; Prefeitura já iniciou a retirada dos primeiros exemplares. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A derrubada das 172 árvores na região da Sena Madureira está prevista para a construção de dois túneis entre o cruzamento com a Rua Botucatu, na Vila Clementino, e a Rua Sousa Ramos, próximo ao metrô Chácara Klabin. O Ministério Público do Estado (MP-SP) investiga a remoção das árvores, entre outros aspectos da obra (leia mais abaixo).

“Passo por essa rua (a Sena Madureira) praticamente todos os dias. É duro imaginar que vamos perder esse cinturão verde para o cimento e o asfalto”, diz Sylvio Novelli, empresário, morador do Alto do Ipiranga e frequentador da região.

A justificativa do Município para realizar a obra é melhorar o trânsito. O custo previsto é de R$ 531 milhões e o prazo de entrega, setembro de 2025. “A intervenção prevê melhor fluidez do trânsito, comportando ônibus e veículos utilitários e garantindo a interligação entre a Vila Mariana, Ipiranga, Itaim Bibi e Morumbi”, afirma a Prefeitura. “Beneficiará mais de 800 mil pessoas que circulam na região diariamente”, diz o Município.

A intenção é oferecer alternativa ao cruzamento da Sena Madureira com a Rua Domingos de Morais, facilitando o acesso à Avenida Ricardo Jafet e consequentemente à Rodovia dos Imigrantes. Mas, a população teme uma sobrecarga das ruas Vergueiro e Embuaçu, na região da Chácara Klabin, por onde os veículos vão fluir da saída dos túneis até a Ricardo Jafet. A Prefeitura não prevê obras de ampliação nas duas ruas, apenas adequação na sinalização.

Segundo o professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli USP) Claudio Barbieri da Cunha, a preocupação da população sobre a transferência do fluxo de veículos faz sentido. “Toda vez que você faz uma obra viária, como um túnel, você induz tráfego. Você cria facilidade de circulação de veículos, fazendo com que mais veículos passem por ali. No longo prazo, você tem o benefício muito diminuído, algumas vezes anulado.”

O professor chama a construção de túneis para melhora de congestionamento de “solução ultrapassada”. Isso porque, ao facilitar o tráfego de carros em uma região, há tendência de aparecimento de novos empreendimentos e comércios naquela área, aumentando também o número de veículos. De acordo com ele, a única maneira de diminuir o trânsito de forma significativa e a longo prazo é investindo em transporte coletivo.

Prefeitura iniciou a retirada de árvores do canteiro central da Rua Sena Madureira, na região da Vila Mariana. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O que a Promotoria investiga

Como mostrou o Estadão, a gestão Ricardo Nunes (MDB) retomou o projeto dos túneis anunciado inicialmente na gestão Gilberto Kassab (2006-2012). As obras começaram em setembro. A construtora responsável é a Áyla, antiga Queiroz Galvão, que já foi demandada em ação civil de improbidade administrativa do Ministério Público Federal e ação civil pública do MP-SP “em razão de fraude na licitação relacionada ao Programa de Desenvolvimento do Sistema Viário Estratégico Metropolitano de São Paulo, bem como pagamento de propina”.

A Áyla diz que “o Consórcio Expresso Sena Madureira está executando as obras do complexo viário nos termos do contrato administrativo e de acordo com os projetos de engenharia. A construção do empreendimento envolve diversas etapas construtivas, dentre elas a criação de caminhos de serviço para o acesso às obras. As obras e intervenções estão sendo executadas de acordo com as melhores práticas de engenharia e de segurança”.

Em nota, a Prefeitura disse que a Secretaria de Mobilidade e Trânsito informa que “os esclarecimentos serão prestados” no prazo estipulado.

O segundo inquérito do MPSP investiga a derrubada de árvores e poluição sonora causada pela obra. E o terceiro calcula se haverá ganhos significativos de mobilidade urbana e se a população que vive na comunidade Sousa Ramos será devidamente realocada.

Sobre a retirada de população local, da comunidade Sousa Ramos, a Secretaria Municipal de Habitação afirmou que “reforça o compromisso de atendimento definitivo às famílias residentes na área de intervenção das obras do Túnel Sena Madureira, podendo fazer a opção pela indenização de seus imóveis ou a realocação em uma nova unidade habitacional, sendo que nenhuma família residente no local ficará desalojada. A equipe social da SEHAB tem trabalhado nas reuniões para garantir que todas as famílias envolvidas entendam o processo.” O início do cadastro está previsto para esta quinta-feira, 7.

Segundo o Tribunal de Contas do Município (TCM), o contrato da obra foi assinado em 2011 e a Prefeitura emitiu novas ordens de serviço em maio e setembro de 2024. Em agosto, obteve a Licença Ambiental de Instalação. O órgão disse que vai analisar e monitorar o projeto.

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