O número de condomínios verticais construídos em São Paulo demonstra a pujança da cidade e do setor imobiliário. Porém, que cidade resultou disto?
Há prédios pulverizados por toda a área urbana sem sequer existir um plano de bairro que ordene o necessário provimento de serviços adequados, parques e praças que garantam qualidade mínima de vida para atender esta nova população.
Este processo caótico pelo qual a cidade tem sido produzida, ignorando a plataforma ambiental na qual está inserida e alheio aos interesses dos cidadãos, criou um problema de mobilidade sem precedentes, de geração de viagens incompatível com o viário existente e futuro e com os investimentos em transporte público, do qual todos somos reféns.
A qualidade de vida dos 37% da população que hoje mora em apartamentos - e a de seus atônitos vizinhos - ficou comprometida com a falta de planejamento adequado e controle dos impactos cumulativos negativos destes prédios nos bairros e regiões.
Porém, esta situação vai continuar. O novo Plano Diretor, com o argumento teoricamente correto de aproximar trabalho das moradias, estabeleceu, entre outras propostas,Eixos de Estruturação da Transformação Urbana ao longo de linhas de transporte de massa. Nesses Eixos e arredores de estações , muitos já saturados , está previsto liberar enormes construções sem obrigatoriedade de mitigar os efeitos que causarão nos bairros vizinhos. Em 12% da área urbana se pretende realizar mudanças estruturais na cidade que, como sempre, ficará única e exclusivamente a cargo do setor imobiliário e da regulação do mercado.
É ARQUITETA E URBANISTA. DIRETORA EXECUTIVA DO MOVIMENTO DEFENDA SÃO PAULO