1 em cada 5 mulheres engravida naturalmente após ter bebê por reprodução assistida


Em média, a gravidez natural vem três anos após o procedimento, segundo estudo; entenda o que pode explicar o fenômeno

Por Fernanda Bassette

AGÊNCIA EINSTEIN – Uma ampla revisão de estudos constatou que 20% das mães que tiveram um bebê por meio de reprodução assistida conseguiram engravidar naturalmente cerca de três anos após o procedimento. As evidências mostram que, ao contrário do que o senso comum acredita, a concepção natural após um parto por gestação assistida está longe de ser rara. Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Human Reproduction.

“Nós observamos isso no dia a dia da prática clínica. Muitas pacientes que fazem FIV [fertilização in vitro] engravidam espontaneamente depois de alguns anos. Uma possível explicação seriam fatores emocionais e psicológicos [a mulher estaria mais tranquila após ter conseguido engravidar, diminuindo a preocupação excessiva e o estresse das tentativas], mas é difícil de comprovar isso cientificamente”, afirmou Adelino Amaral, diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e membro da Câmara Técnica de Reprodução Assistida do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Por outro lado, Amaral destaca que os especialistas observam essa mesma ocorrência entre as pacientes que ainda não engravidaram por meio das técnicas de reprodução assistida, mas ainda estão em fila de tratamento no serviço público. “A gente acredita que cerca de 20% delas conseguem engravidar naturalmente enquanto esperam. Isso acontece principalmente nos casos em que a paciente tem uma infertilidade sem causa aparente”, disse o médico.

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A infertilidade sem causa aparente é determinada quando um casal fica de seis meses a um ano tendo relações sexuais desprotegidas regularmente (ao menos duas vezes por semana) e não consegue engravidar. Segundo Amaral, são situações em que o casal faz uma bateria de exames, realiza uma investigação completa em busca de possíveis causas para explicar a dificuldade de conceber, mas não se descobre um fator causal. Isso corresponde de 15% a 25% das causas de infertilidade.

Ampla revisão mostra que gravidez natural após reprodução assistida não é situação rara. Foto: Kacper Pempel/Reuters

“Se a mulher tem mais de 35 anos, e tem uma vida sexual ativa e normal e não engravida, ela já merece uma investigação. Se ela tiver abaixo de 35 anos, damos um prazo de um ano para que ela engravide naturalmente”, explicou o especialista.

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Para chegar à conclusão, os pesquisadores analisaram 11 estudos publicados entre 1980 e 2021 envolvendo 5.180 mulheres que foram submetidas às técnicas de reprodução assistida, tiveram seus bebês e foram acompanhadas entre 2 e 15 anos.

Eles destacam que outras pesquisas são necessárias para fornecer dados mais precisos a respeito dos fatores associados, mas sugerem que os resultados são essenciais para facilitar o aconselhamento de casais que pretendem se submeter a algum tipo de tratamento de fertilização.

O uso da tecnologia para a reprodução assistida aumentou substancialmente desde a primeira FIV, realizada em 1978, refletindo o aumento da idade da mulher para a concepção – estima-se que mais de 10 milhões de bebês já nasceram em todo o mundo por meio desse recurso.

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Segundo os dados mais recentes do Relatório de Produção de Embriões (SisEmbrio), divulgado anualmente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o número de ciclos de FIV no Brasil cresceu 32,72% em um ano, saltando de 34.623 ciclos realizados em 2020 para 45.952 ciclos em 2021.

O estudo aponta que a infertilidade sem causa aparente foi responsável por 32% de todos os motivos registrados para ciclos de tratamento de FIV no Reino Unido entre 2014 e 2016. Aqui no Brasil, segundo Amaral, os principais motivos para reprodução assistida envolvem problemas tubários (obstruções ou infecções nas trompas que levam à infertilidade) e fatores masculinos, sendo a infertilidade sem causa aparente a terceira causa de indicação de FIV.

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Os autores apontam ainda que fatores como idade e a duração da infertilidade sem causa aparente interferiram nos resultados de uma possível gravidez espontânea após o parto de um bebê gerado por FIV. Eles demonstram que uma duração mais curta dessa infertilidade inexplicável (menos de 4 anos) foi significativamente associada à maior sucesso na concepção espontânea após o parto.

“Isso acontece porque quanto maior o tempo de infertilidade, mais difícil é de acontecer uma gravidez espontânea. Principalmente nos casos de infertilidade sem causa aparente, a incidência de gestação natural é maior nos três ou quatro primeiros anos. A partir daí se torna mais improvável. Dificilmente uma mulher que está há 6, 7 anos tentando engravidar vai conseguir naturalmente. Esses são casos mais típicos de terem a indicação do tratamento de reprodução e mais fáceis de a paciente aceitar”, disse Amaral.

O especialista ressalta que muitas pacientes com infertilidade sem causa aparente podem engravidar espontaneamente após três a cinco anos tentando, mas são submetidas a uma fertilização in vitro justamente para tentar diminuir esse tempo de espera. “Não quer dizer que essa mulher não poderia engravidar. Mas se formos esperar quatro, cinco anos para uma mulher de 35 conseguir engravidar, ela seria submetida à FIV beirando os 40 e isso reduziria muito as chances de sucesso.”

AGÊNCIA EINSTEIN – Uma ampla revisão de estudos constatou que 20% das mães que tiveram um bebê por meio de reprodução assistida conseguiram engravidar naturalmente cerca de três anos após o procedimento. As evidências mostram que, ao contrário do que o senso comum acredita, a concepção natural após um parto por gestação assistida está longe de ser rara. Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Human Reproduction.

“Nós observamos isso no dia a dia da prática clínica. Muitas pacientes que fazem FIV [fertilização in vitro] engravidam espontaneamente depois de alguns anos. Uma possível explicação seriam fatores emocionais e psicológicos [a mulher estaria mais tranquila após ter conseguido engravidar, diminuindo a preocupação excessiva e o estresse das tentativas], mas é difícil de comprovar isso cientificamente”, afirmou Adelino Amaral, diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e membro da Câmara Técnica de Reprodução Assistida do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Por outro lado, Amaral destaca que os especialistas observam essa mesma ocorrência entre as pacientes que ainda não engravidaram por meio das técnicas de reprodução assistida, mas ainda estão em fila de tratamento no serviço público. “A gente acredita que cerca de 20% delas conseguem engravidar naturalmente enquanto esperam. Isso acontece principalmente nos casos em que a paciente tem uma infertilidade sem causa aparente”, disse o médico.

A infertilidade sem causa aparente é determinada quando um casal fica de seis meses a um ano tendo relações sexuais desprotegidas regularmente (ao menos duas vezes por semana) e não consegue engravidar. Segundo Amaral, são situações em que o casal faz uma bateria de exames, realiza uma investigação completa em busca de possíveis causas para explicar a dificuldade de conceber, mas não se descobre um fator causal. Isso corresponde de 15% a 25% das causas de infertilidade.

Ampla revisão mostra que gravidez natural após reprodução assistida não é situação rara. Foto: Kacper Pempel/Reuters

“Se a mulher tem mais de 35 anos, e tem uma vida sexual ativa e normal e não engravida, ela já merece uma investigação. Se ela tiver abaixo de 35 anos, damos um prazo de um ano para que ela engravide naturalmente”, explicou o especialista.

Para chegar à conclusão, os pesquisadores analisaram 11 estudos publicados entre 1980 e 2021 envolvendo 5.180 mulheres que foram submetidas às técnicas de reprodução assistida, tiveram seus bebês e foram acompanhadas entre 2 e 15 anos.

Eles destacam que outras pesquisas são necessárias para fornecer dados mais precisos a respeito dos fatores associados, mas sugerem que os resultados são essenciais para facilitar o aconselhamento de casais que pretendem se submeter a algum tipo de tratamento de fertilização.

O uso da tecnologia para a reprodução assistida aumentou substancialmente desde a primeira FIV, realizada em 1978, refletindo o aumento da idade da mulher para a concepção – estima-se que mais de 10 milhões de bebês já nasceram em todo o mundo por meio desse recurso.

Segundo os dados mais recentes do Relatório de Produção de Embriões (SisEmbrio), divulgado anualmente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o número de ciclos de FIV no Brasil cresceu 32,72% em um ano, saltando de 34.623 ciclos realizados em 2020 para 45.952 ciclos em 2021.

O estudo aponta que a infertilidade sem causa aparente foi responsável por 32% de todos os motivos registrados para ciclos de tratamento de FIV no Reino Unido entre 2014 e 2016. Aqui no Brasil, segundo Amaral, os principais motivos para reprodução assistida envolvem problemas tubários (obstruções ou infecções nas trompas que levam à infertilidade) e fatores masculinos, sendo a infertilidade sem causa aparente a terceira causa de indicação de FIV.

Os autores apontam ainda que fatores como idade e a duração da infertilidade sem causa aparente interferiram nos resultados de uma possível gravidez espontânea após o parto de um bebê gerado por FIV. Eles demonstram que uma duração mais curta dessa infertilidade inexplicável (menos de 4 anos) foi significativamente associada à maior sucesso na concepção espontânea após o parto.

“Isso acontece porque quanto maior o tempo de infertilidade, mais difícil é de acontecer uma gravidez espontânea. Principalmente nos casos de infertilidade sem causa aparente, a incidência de gestação natural é maior nos três ou quatro primeiros anos. A partir daí se torna mais improvável. Dificilmente uma mulher que está há 6, 7 anos tentando engravidar vai conseguir naturalmente. Esses são casos mais típicos de terem a indicação do tratamento de reprodução e mais fáceis de a paciente aceitar”, disse Amaral.

O especialista ressalta que muitas pacientes com infertilidade sem causa aparente podem engravidar espontaneamente após três a cinco anos tentando, mas são submetidas a uma fertilização in vitro justamente para tentar diminuir esse tempo de espera. “Não quer dizer que essa mulher não poderia engravidar. Mas se formos esperar quatro, cinco anos para uma mulher de 35 conseguir engravidar, ela seria submetida à FIV beirando os 40 e isso reduziria muito as chances de sucesso.”

AGÊNCIA EINSTEIN – Uma ampla revisão de estudos constatou que 20% das mães que tiveram um bebê por meio de reprodução assistida conseguiram engravidar naturalmente cerca de três anos após o procedimento. As evidências mostram que, ao contrário do que o senso comum acredita, a concepção natural após um parto por gestação assistida está longe de ser rara. Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Human Reproduction.

“Nós observamos isso no dia a dia da prática clínica. Muitas pacientes que fazem FIV [fertilização in vitro] engravidam espontaneamente depois de alguns anos. Uma possível explicação seriam fatores emocionais e psicológicos [a mulher estaria mais tranquila após ter conseguido engravidar, diminuindo a preocupação excessiva e o estresse das tentativas], mas é difícil de comprovar isso cientificamente”, afirmou Adelino Amaral, diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e membro da Câmara Técnica de Reprodução Assistida do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Por outro lado, Amaral destaca que os especialistas observam essa mesma ocorrência entre as pacientes que ainda não engravidaram por meio das técnicas de reprodução assistida, mas ainda estão em fila de tratamento no serviço público. “A gente acredita que cerca de 20% delas conseguem engravidar naturalmente enquanto esperam. Isso acontece principalmente nos casos em que a paciente tem uma infertilidade sem causa aparente”, disse o médico.

A infertilidade sem causa aparente é determinada quando um casal fica de seis meses a um ano tendo relações sexuais desprotegidas regularmente (ao menos duas vezes por semana) e não consegue engravidar. Segundo Amaral, são situações em que o casal faz uma bateria de exames, realiza uma investigação completa em busca de possíveis causas para explicar a dificuldade de conceber, mas não se descobre um fator causal. Isso corresponde de 15% a 25% das causas de infertilidade.

Ampla revisão mostra que gravidez natural após reprodução assistida não é situação rara. Foto: Kacper Pempel/Reuters

“Se a mulher tem mais de 35 anos, e tem uma vida sexual ativa e normal e não engravida, ela já merece uma investigação. Se ela tiver abaixo de 35 anos, damos um prazo de um ano para que ela engravide naturalmente”, explicou o especialista.

Para chegar à conclusão, os pesquisadores analisaram 11 estudos publicados entre 1980 e 2021 envolvendo 5.180 mulheres que foram submetidas às técnicas de reprodução assistida, tiveram seus bebês e foram acompanhadas entre 2 e 15 anos.

Eles destacam que outras pesquisas são necessárias para fornecer dados mais precisos a respeito dos fatores associados, mas sugerem que os resultados são essenciais para facilitar o aconselhamento de casais que pretendem se submeter a algum tipo de tratamento de fertilização.

O uso da tecnologia para a reprodução assistida aumentou substancialmente desde a primeira FIV, realizada em 1978, refletindo o aumento da idade da mulher para a concepção – estima-se que mais de 10 milhões de bebês já nasceram em todo o mundo por meio desse recurso.

Segundo os dados mais recentes do Relatório de Produção de Embriões (SisEmbrio), divulgado anualmente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o número de ciclos de FIV no Brasil cresceu 32,72% em um ano, saltando de 34.623 ciclos realizados em 2020 para 45.952 ciclos em 2021.

O estudo aponta que a infertilidade sem causa aparente foi responsável por 32% de todos os motivos registrados para ciclos de tratamento de FIV no Reino Unido entre 2014 e 2016. Aqui no Brasil, segundo Amaral, os principais motivos para reprodução assistida envolvem problemas tubários (obstruções ou infecções nas trompas que levam à infertilidade) e fatores masculinos, sendo a infertilidade sem causa aparente a terceira causa de indicação de FIV.

Os autores apontam ainda que fatores como idade e a duração da infertilidade sem causa aparente interferiram nos resultados de uma possível gravidez espontânea após o parto de um bebê gerado por FIV. Eles demonstram que uma duração mais curta dessa infertilidade inexplicável (menos de 4 anos) foi significativamente associada à maior sucesso na concepção espontânea após o parto.

“Isso acontece porque quanto maior o tempo de infertilidade, mais difícil é de acontecer uma gravidez espontânea. Principalmente nos casos de infertilidade sem causa aparente, a incidência de gestação natural é maior nos três ou quatro primeiros anos. A partir daí se torna mais improvável. Dificilmente uma mulher que está há 6, 7 anos tentando engravidar vai conseguir naturalmente. Esses são casos mais típicos de terem a indicação do tratamento de reprodução e mais fáceis de a paciente aceitar”, disse Amaral.

O especialista ressalta que muitas pacientes com infertilidade sem causa aparente podem engravidar espontaneamente após três a cinco anos tentando, mas são submetidas a uma fertilização in vitro justamente para tentar diminuir esse tempo de espera. “Não quer dizer que essa mulher não poderia engravidar. Mas se formos esperar quatro, cinco anos para uma mulher de 35 conseguir engravidar, ela seria submetida à FIV beirando os 40 e isso reduziria muito as chances de sucesso.”

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