Alimentos à base de plantas perdem benefícios quando são ultraprocessados


Estudo brasileiro evidencia que passar por diversos processos industriais faz com que alimentos de origem vegetal virem uma ameaça à saúde

Por Bárbara Giovani
Atualização:

Ainda que sejam à base de plantas, alimentos ultraprocessados causam riscos à saúde. É o que indica um novo estudo realizado por pesquisadores do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) em conjunto com o Imperial College London e a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc, na sigla em inglês), que foi publicado na revista científica The Lancet.

A pesquisa comparou os efeitos na saúde cardiovascular do consumo de alimentos à base de plantas não ultraprocessados (como frutas, legumes, tubérculos, cereais e oleaginosas) e aqueles de origem vegetal classificados como ultraprocessados, entre os quais estavam sucos industrializados (2% da dieta dos participantes), pães industrializados empacotados (9,9%), produtos que buscam substituir as carnes de origem animal (0,2%), cereais matinais (2,7%) e margarina (3,3%).

Segundo estudo, produtos ultraprocessados à base de plantas, como aqueles que imitam itens feitos com carne animal, podem fazer mal à saúde Foto: dropStock/Adobe Stock
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Quando os participantes do estudo aumentaram em 10% o consumo do primeiro grupo de alimentos, eles tiveram um risco 7% menor de desenvolver doenças cardiovasculares. O perigo de morrer por essas condições caiu em 13%.

Mas, quando houve o mesmo aumento no consumo de produtos ultraprocessados de origem vegetal, o efeito foi inverso: os participantes apresentaram um aumento de 5% no risco de doenças cardiovasculares e uma mortalidade 12% maior.

“Nossa hipótese era que o processamento industrial influenciaria a relação entre a ingestão de alimentos à base de plantas e as doenças cardiovasculares, mas não sabíamos até que ponto. Ficamos surpresos com o quão consistentemente os resultados mostraram [a relação]”, afirma Fernanda Rauber, pesquisadora do Nupens/USP e da Faculdade de Medicina da USP, envolvida na pesquisa.

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Para o estudo, os pesquisadores coletaram informações de britânicos entre 40 e 69 anos cadastrados no Biobank, uma base de dados que contém amostras biológicas, além de informações genéticas, de estilo de vida e saúde dos participantes. Para categorizar os alimentos, foi utilizada a classificação NOVA, cuja origem se deu em pesquisas do próprio Nupens. O Guia Alimentar Para a População Brasileira, documento que é referência mundial na orientação de uma alimentação saudável, também utiliza essa classificação.

Falso apelo de saudabilidade

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O termo “à base de plantas” (ou plant-based) costuma ser associado aos produtos que substituem itens feitos com proteína animal. Segundo relatório da Bloomberg Intelligence, o Brasil é o maior consumidor desses alimentos na América Latina. Mas, além dos substitutos de carne, há outros produtos industrializados que têm origem vegetal, como bebidas, sorvetes e iogurtes – e grande parte dos que são ultraprocessados contém muito pouco do alimento in natura em sua composição.

Ainda assim, muitas empresas utilizam a origem vegetal de seus produtos como apelo para promovê-los, associando o consumo desses itens a um comportamento saudável. O novo estudo mostra justamente que há algo no processamento intenso dos alimentos que faz com que os efeitos à saúde mudem depois da manipulação.

Segundo Fernanda, os alimentos ultraprocessados à base de plantas perdem nutrientes e compostos benéficos à saúde do coração, como vitaminas, minerais, fibras, polifenois e fitoesterois, que possuem efeitos antioxidantes, anti-inflamatórios e antitrombóticos.

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Em contrapartida, durante o processamento, ganham elevados níveis de gorduras não saudáveis, sódio e açúcares. Esses componentes podem contribuir para distúrbios metabólicos, como dislipidemia, aterosclerose, hipertensão, resistência à insulina, obesidade e outros, que são fatores de risco para doenças cardiovasculares.

“Aditivos como adoçantes e contaminantes formados durante o processamento industrial, como a acroleína, também têm sido associados ao aumento do risco de doenças cardiovasculares devido à desregulação metabólica e alterações na microbiota intestinal”, acrescenta a pesquisadora.

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Ela espera que os resultados da pesquisa forneçam informação para que as pessoas possam fazer escolhas conscientes, optando por alimentos realmente saudáveis. Segundo estudo publicado na Revista de Saúde Pública, da USP, o consumo de alimentos ultraprocessados pelos brasileiros teve aumento médio de 5,5% nos últimos dez anos.

Agora, a pesquisadora quer investigar se os resultados se confirmam em outras populações que não a britânica e com outras questões de saúde. E a pesquisa também acontece entre brasileiros. No estudo Nutrinet-Brasil, que está em andamento e já conta com mais de 110.000 participantes cadastrados, o Nupens visa identificar características na alimentação da população que aumentem ou diminuam o risco de doenças crônicas.

Ainda que sejam à base de plantas, alimentos ultraprocessados causam riscos à saúde. É o que indica um novo estudo realizado por pesquisadores do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) em conjunto com o Imperial College London e a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc, na sigla em inglês), que foi publicado na revista científica The Lancet.

A pesquisa comparou os efeitos na saúde cardiovascular do consumo de alimentos à base de plantas não ultraprocessados (como frutas, legumes, tubérculos, cereais e oleaginosas) e aqueles de origem vegetal classificados como ultraprocessados, entre os quais estavam sucos industrializados (2% da dieta dos participantes), pães industrializados empacotados (9,9%), produtos que buscam substituir as carnes de origem animal (0,2%), cereais matinais (2,7%) e margarina (3,3%).

Segundo estudo, produtos ultraprocessados à base de plantas, como aqueles que imitam itens feitos com carne animal, podem fazer mal à saúde Foto: dropStock/Adobe Stock

Quando os participantes do estudo aumentaram em 10% o consumo do primeiro grupo de alimentos, eles tiveram um risco 7% menor de desenvolver doenças cardiovasculares. O perigo de morrer por essas condições caiu em 13%.

Mas, quando houve o mesmo aumento no consumo de produtos ultraprocessados de origem vegetal, o efeito foi inverso: os participantes apresentaram um aumento de 5% no risco de doenças cardiovasculares e uma mortalidade 12% maior.

“Nossa hipótese era que o processamento industrial influenciaria a relação entre a ingestão de alimentos à base de plantas e as doenças cardiovasculares, mas não sabíamos até que ponto. Ficamos surpresos com o quão consistentemente os resultados mostraram [a relação]”, afirma Fernanda Rauber, pesquisadora do Nupens/USP e da Faculdade de Medicina da USP, envolvida na pesquisa.

Para o estudo, os pesquisadores coletaram informações de britânicos entre 40 e 69 anos cadastrados no Biobank, uma base de dados que contém amostras biológicas, além de informações genéticas, de estilo de vida e saúde dos participantes. Para categorizar os alimentos, foi utilizada a classificação NOVA, cuja origem se deu em pesquisas do próprio Nupens. O Guia Alimentar Para a População Brasileira, documento que é referência mundial na orientação de uma alimentação saudável, também utiliza essa classificação.

Falso apelo de saudabilidade

O termo “à base de plantas” (ou plant-based) costuma ser associado aos produtos que substituem itens feitos com proteína animal. Segundo relatório da Bloomberg Intelligence, o Brasil é o maior consumidor desses alimentos na América Latina. Mas, além dos substitutos de carne, há outros produtos industrializados que têm origem vegetal, como bebidas, sorvetes e iogurtes – e grande parte dos que são ultraprocessados contém muito pouco do alimento in natura em sua composição.

Ainda assim, muitas empresas utilizam a origem vegetal de seus produtos como apelo para promovê-los, associando o consumo desses itens a um comportamento saudável. O novo estudo mostra justamente que há algo no processamento intenso dos alimentos que faz com que os efeitos à saúde mudem depois da manipulação.

Segundo Fernanda, os alimentos ultraprocessados à base de plantas perdem nutrientes e compostos benéficos à saúde do coração, como vitaminas, minerais, fibras, polifenois e fitoesterois, que possuem efeitos antioxidantes, anti-inflamatórios e antitrombóticos.

Em contrapartida, durante o processamento, ganham elevados níveis de gorduras não saudáveis, sódio e açúcares. Esses componentes podem contribuir para distúrbios metabólicos, como dislipidemia, aterosclerose, hipertensão, resistência à insulina, obesidade e outros, que são fatores de risco para doenças cardiovasculares.

“Aditivos como adoçantes e contaminantes formados durante o processamento industrial, como a acroleína, também têm sido associados ao aumento do risco de doenças cardiovasculares devido à desregulação metabólica e alterações na microbiota intestinal”, acrescenta a pesquisadora.

Ela espera que os resultados da pesquisa forneçam informação para que as pessoas possam fazer escolhas conscientes, optando por alimentos realmente saudáveis. Segundo estudo publicado na Revista de Saúde Pública, da USP, o consumo de alimentos ultraprocessados pelos brasileiros teve aumento médio de 5,5% nos últimos dez anos.

Agora, a pesquisadora quer investigar se os resultados se confirmam em outras populações que não a britânica e com outras questões de saúde. E a pesquisa também acontece entre brasileiros. No estudo Nutrinet-Brasil, que está em andamento e já conta com mais de 110.000 participantes cadastrados, o Nupens visa identificar características na alimentação da população que aumentem ou diminuam o risco de doenças crônicas.

Ainda que sejam à base de plantas, alimentos ultraprocessados causam riscos à saúde. É o que indica um novo estudo realizado por pesquisadores do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) em conjunto com o Imperial College London e a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc, na sigla em inglês), que foi publicado na revista científica The Lancet.

A pesquisa comparou os efeitos na saúde cardiovascular do consumo de alimentos à base de plantas não ultraprocessados (como frutas, legumes, tubérculos, cereais e oleaginosas) e aqueles de origem vegetal classificados como ultraprocessados, entre os quais estavam sucos industrializados (2% da dieta dos participantes), pães industrializados empacotados (9,9%), produtos que buscam substituir as carnes de origem animal (0,2%), cereais matinais (2,7%) e margarina (3,3%).

Segundo estudo, produtos ultraprocessados à base de plantas, como aqueles que imitam itens feitos com carne animal, podem fazer mal à saúde Foto: dropStock/Adobe Stock

Quando os participantes do estudo aumentaram em 10% o consumo do primeiro grupo de alimentos, eles tiveram um risco 7% menor de desenvolver doenças cardiovasculares. O perigo de morrer por essas condições caiu em 13%.

Mas, quando houve o mesmo aumento no consumo de produtos ultraprocessados de origem vegetal, o efeito foi inverso: os participantes apresentaram um aumento de 5% no risco de doenças cardiovasculares e uma mortalidade 12% maior.

“Nossa hipótese era que o processamento industrial influenciaria a relação entre a ingestão de alimentos à base de plantas e as doenças cardiovasculares, mas não sabíamos até que ponto. Ficamos surpresos com o quão consistentemente os resultados mostraram [a relação]”, afirma Fernanda Rauber, pesquisadora do Nupens/USP e da Faculdade de Medicina da USP, envolvida na pesquisa.

Para o estudo, os pesquisadores coletaram informações de britânicos entre 40 e 69 anos cadastrados no Biobank, uma base de dados que contém amostras biológicas, além de informações genéticas, de estilo de vida e saúde dos participantes. Para categorizar os alimentos, foi utilizada a classificação NOVA, cuja origem se deu em pesquisas do próprio Nupens. O Guia Alimentar Para a População Brasileira, documento que é referência mundial na orientação de uma alimentação saudável, também utiliza essa classificação.

Falso apelo de saudabilidade

O termo “à base de plantas” (ou plant-based) costuma ser associado aos produtos que substituem itens feitos com proteína animal. Segundo relatório da Bloomberg Intelligence, o Brasil é o maior consumidor desses alimentos na América Latina. Mas, além dos substitutos de carne, há outros produtos industrializados que têm origem vegetal, como bebidas, sorvetes e iogurtes – e grande parte dos que são ultraprocessados contém muito pouco do alimento in natura em sua composição.

Ainda assim, muitas empresas utilizam a origem vegetal de seus produtos como apelo para promovê-los, associando o consumo desses itens a um comportamento saudável. O novo estudo mostra justamente que há algo no processamento intenso dos alimentos que faz com que os efeitos à saúde mudem depois da manipulação.

Segundo Fernanda, os alimentos ultraprocessados à base de plantas perdem nutrientes e compostos benéficos à saúde do coração, como vitaminas, minerais, fibras, polifenois e fitoesterois, que possuem efeitos antioxidantes, anti-inflamatórios e antitrombóticos.

Em contrapartida, durante o processamento, ganham elevados níveis de gorduras não saudáveis, sódio e açúcares. Esses componentes podem contribuir para distúrbios metabólicos, como dislipidemia, aterosclerose, hipertensão, resistência à insulina, obesidade e outros, que são fatores de risco para doenças cardiovasculares.

“Aditivos como adoçantes e contaminantes formados durante o processamento industrial, como a acroleína, também têm sido associados ao aumento do risco de doenças cardiovasculares devido à desregulação metabólica e alterações na microbiota intestinal”, acrescenta a pesquisadora.

Ela espera que os resultados da pesquisa forneçam informação para que as pessoas possam fazer escolhas conscientes, optando por alimentos realmente saudáveis. Segundo estudo publicado na Revista de Saúde Pública, da USP, o consumo de alimentos ultraprocessados pelos brasileiros teve aumento médio de 5,5% nos últimos dez anos.

Agora, a pesquisadora quer investigar se os resultados se confirmam em outras populações que não a britânica e com outras questões de saúde. E a pesquisa também acontece entre brasileiros. No estudo Nutrinet-Brasil, que está em andamento e já conta com mais de 110.000 participantes cadastrados, o Nupens visa identificar características na alimentação da população que aumentem ou diminuam o risco de doenças crônicas.

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