‘Aqui ninguém pega doença de ar-condicionado’


Indígenas moradores do extremo sul mostram despreocupação frente ao surto de H1N1, mas terão imunização antecipada

Por Rafael Italiani

SÃO PAULO - “Estamos longe da cidade e aqui ninguém pega doença de ar-condicionado do escritório e do trem.” Foi dessa forma que o cacique Fabio, chefe da Aldeia Krukutu, no bairro da Barragem, extremo sul de São Paulo (a cerca de 40 quilômetros da Praça da Sé), tratou o surto de H1N1, que ainda não chegou aos povos indígenas. Os índios estão no grupo de risco da doença, assim como gestantes e idosos, e vão começar a receber a vacina na rede pública já na próxima segunda-feira, dia 11.

“Teve surto de dengue, zika e chikungunya e aqui também ninguém adoeceu. Tomamos todos os cuidados necessários na tribo para evitar qualquer tipo de doença. E outra: vivemos no meio da natureza e preservamos o local. Isso ajuda na longevidade”, explicou o cacique. Segundo ele, nem o guarani mais velho da aldeia, com 99 anos, fica doente. “Ele vive sozinho em uma área mais afastada, no meio do mato. Planta e colhe todo o dia e nunca teve nada.”

Tribo indigena na aldeia Krukutu, no extremo sul de São Paulo Foto: Werther Santana|Estadão
continua após a publicidade

O território tem 26 hectares, é ocupado por 40 famílias indígenas e atendido por uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Na aldeia ao lado, a Tenondé-Porã, a situação é a mesma. Uma das lideranças da tribo, a índia Jerá, usou o termo “tranquilo” para definir o clima. “Aqui ninguém teve nada.”

Situação semelhante é registrada no litoral paulista. As comunidades indígenas da Baixada Santista e do Vale do Ribeira, na região sul do Estado, devem ser incluídas na campanha pública de vacinação contra o vírus H1N1, mas a responsabilidade pelas ações de prevenção nessas aldeias é da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), ligada ao Ministério da Saúde.

Segundo as prefeituras de Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Bertioga, São Sebastião e Registro, ainda não foi detectado nenhum caso da gripe nas aldeias das duas regiões. A Casa de Atendimento do Índio, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), também informa não ter registrado nenhum caso de indígena atingido pelo vírus H1N1.

continua após a publicidade

Tome cuidados, mas não exagere! Veja 5 dicas para pais e mães evitarem a gripe H1N1 entre as crianças

1 | 5

1. Quais medidas devem ser tomadas em relação às crianças?

Foto: AFP
2 | 5

2. Há restrição para ambientes coletivos?

Foto: REUTERS
3 | 5

3. Há exagero das pessoas em relação à gripe H1N1?

Foto: NILTON FUKUDA/ESTADÃO
4 | 5

4. Fazer gargarejo não previne a doença?

Foto: Reprodução
5 | 5

5. O que faço se está faltando vacina nos postos e a campanha nacional só começa no dia 30?

Foto: REUTERS

Preocupação. Já no interior paulista há um caso que inspira cuidados. Um índio adulto está com sintomas da doença e vem recebendo tratamento médico na aldeia onde vive em Avaí, na região de Bauru. “Ele tem febre alta, dores e tremores. Isso é preocupante porque o índio, principalmente o adulto, não toma vacinas regularmente, como as crianças”, diz o antropólogo Otávio Barduzzi, de 39 anos, que trabalha com os integrantes das quatro aldeias terenas e guaranis de Avaí.

Na região vivem cerca de 2 mil indígenas. No ano passado, a dengue fez vítimas nas quatro aldeias, onde houve 261 casos. “Morreram dez”, lembra o antropólogo.

continua após a publicidade

11 perguntas e respostas sobre a gripe H1N1

1 | 12

3 - Como é feito o tratamento?

Foto: REUTERS
2 | 12

5- Se o paciente não iniciar o tratamento rapidamente, ele corre mais riscos?

Foto: REUTERS
3 | 12

6 - Qual principal tese para o surto precoce de H1N1 em 2016?

Foto: REUTERS
4 | 12

9 - A vacina é mesmo eficiente?

Foto: REUTERS/GlaxoSmithKline
5 | 12

11 - Como se prevenir?

Foto: REUTERS
6 | 12

11 perguntas e respostas sobre a gripe H1N1

Foto: REUTERS
7 | 12

1 - Qual é a diferença entre os sintomas da gripe H1N1 em relação à gripe comum?

Foto: PAUL BRADBURY VIA GETTY IMAGES
8 | 12

2 - Quando devo procurar o médico?

Foto: REUTERS
9 | 12

4 - Onde encontrar os remédios?

Foto: REUTERS
10 | 12

7 - Quem deve tomar a vacina?

Foto: REUTERS/Brian Snyder
11 | 12

8 - Quais são os grupos de risco?

Foto: REUTERS/Eric Gaillard
12 | 12

10 - Como acontece a transmissão?

Foto: HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO

A saúde indígena vem recebendo mais recursos do Ministério da Saúde. Em quatro anos, o orçamento da Secretaria Especial de Saúde Indígena, por exemplo, aumentou 221%, passando de R$ 431,5 milhões, em 2011, para R$ 1,39 bilhão em 2015.

A reportagem entrou em contato com a Sesai para saber especificamente quais ações estão em curso para evitar que o surto de gripe H1N1 chegue às aldeias paulistas, mas o órgão federal se limitou a destacar que mantém um calendário nacional de vacinação e todos os Distritos Sanitários Especiais Indígenas recebem atenção de equipes multidisciplinares próprias. / COLABORARAM LUIZ ALEXANDRE SOUZA VENTURA e SANDRO VILLAR, ESPECIAL PARA O ESTADO

SÃO PAULO - “Estamos longe da cidade e aqui ninguém pega doença de ar-condicionado do escritório e do trem.” Foi dessa forma que o cacique Fabio, chefe da Aldeia Krukutu, no bairro da Barragem, extremo sul de São Paulo (a cerca de 40 quilômetros da Praça da Sé), tratou o surto de H1N1, que ainda não chegou aos povos indígenas. Os índios estão no grupo de risco da doença, assim como gestantes e idosos, e vão começar a receber a vacina na rede pública já na próxima segunda-feira, dia 11.

“Teve surto de dengue, zika e chikungunya e aqui também ninguém adoeceu. Tomamos todos os cuidados necessários na tribo para evitar qualquer tipo de doença. E outra: vivemos no meio da natureza e preservamos o local. Isso ajuda na longevidade”, explicou o cacique. Segundo ele, nem o guarani mais velho da aldeia, com 99 anos, fica doente. “Ele vive sozinho em uma área mais afastada, no meio do mato. Planta e colhe todo o dia e nunca teve nada.”

Tribo indigena na aldeia Krukutu, no extremo sul de São Paulo Foto: Werther Santana|Estadão

O território tem 26 hectares, é ocupado por 40 famílias indígenas e atendido por uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Na aldeia ao lado, a Tenondé-Porã, a situação é a mesma. Uma das lideranças da tribo, a índia Jerá, usou o termo “tranquilo” para definir o clima. “Aqui ninguém teve nada.”

Situação semelhante é registrada no litoral paulista. As comunidades indígenas da Baixada Santista e do Vale do Ribeira, na região sul do Estado, devem ser incluídas na campanha pública de vacinação contra o vírus H1N1, mas a responsabilidade pelas ações de prevenção nessas aldeias é da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), ligada ao Ministério da Saúde.

Segundo as prefeituras de Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Bertioga, São Sebastião e Registro, ainda não foi detectado nenhum caso da gripe nas aldeias das duas regiões. A Casa de Atendimento do Índio, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), também informa não ter registrado nenhum caso de indígena atingido pelo vírus H1N1.

Tome cuidados, mas não exagere! Veja 5 dicas para pais e mães evitarem a gripe H1N1 entre as crianças

1 | 5

1. Quais medidas devem ser tomadas em relação às crianças?

Foto: AFP
2 | 5

2. Há restrição para ambientes coletivos?

Foto: REUTERS
3 | 5

3. Há exagero das pessoas em relação à gripe H1N1?

Foto: NILTON FUKUDA/ESTADÃO
4 | 5

4. Fazer gargarejo não previne a doença?

Foto: Reprodução
5 | 5

5. O que faço se está faltando vacina nos postos e a campanha nacional só começa no dia 30?

Foto: REUTERS

Preocupação. Já no interior paulista há um caso que inspira cuidados. Um índio adulto está com sintomas da doença e vem recebendo tratamento médico na aldeia onde vive em Avaí, na região de Bauru. “Ele tem febre alta, dores e tremores. Isso é preocupante porque o índio, principalmente o adulto, não toma vacinas regularmente, como as crianças”, diz o antropólogo Otávio Barduzzi, de 39 anos, que trabalha com os integrantes das quatro aldeias terenas e guaranis de Avaí.

Na região vivem cerca de 2 mil indígenas. No ano passado, a dengue fez vítimas nas quatro aldeias, onde houve 261 casos. “Morreram dez”, lembra o antropólogo.

11 perguntas e respostas sobre a gripe H1N1

1 | 12

3 - Como é feito o tratamento?

Foto: REUTERS
2 | 12

5- Se o paciente não iniciar o tratamento rapidamente, ele corre mais riscos?

Foto: REUTERS
3 | 12

6 - Qual principal tese para o surto precoce de H1N1 em 2016?

Foto: REUTERS
4 | 12

9 - A vacina é mesmo eficiente?

Foto: REUTERS/GlaxoSmithKline
5 | 12

11 - Como se prevenir?

Foto: REUTERS
6 | 12

11 perguntas e respostas sobre a gripe H1N1

Foto: REUTERS
7 | 12

1 - Qual é a diferença entre os sintomas da gripe H1N1 em relação à gripe comum?

Foto: PAUL BRADBURY VIA GETTY IMAGES
8 | 12

2 - Quando devo procurar o médico?

Foto: REUTERS
9 | 12

4 - Onde encontrar os remédios?

Foto: REUTERS
10 | 12

7 - Quem deve tomar a vacina?

Foto: REUTERS/Brian Snyder
11 | 12

8 - Quais são os grupos de risco?

Foto: REUTERS/Eric Gaillard
12 | 12

10 - Como acontece a transmissão?

Foto: HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO

A saúde indígena vem recebendo mais recursos do Ministério da Saúde. Em quatro anos, o orçamento da Secretaria Especial de Saúde Indígena, por exemplo, aumentou 221%, passando de R$ 431,5 milhões, em 2011, para R$ 1,39 bilhão em 2015.

A reportagem entrou em contato com a Sesai para saber especificamente quais ações estão em curso para evitar que o surto de gripe H1N1 chegue às aldeias paulistas, mas o órgão federal se limitou a destacar que mantém um calendário nacional de vacinação e todos os Distritos Sanitários Especiais Indígenas recebem atenção de equipes multidisciplinares próprias. / COLABORARAM LUIZ ALEXANDRE SOUZA VENTURA e SANDRO VILLAR, ESPECIAL PARA O ESTADO

SÃO PAULO - “Estamos longe da cidade e aqui ninguém pega doença de ar-condicionado do escritório e do trem.” Foi dessa forma que o cacique Fabio, chefe da Aldeia Krukutu, no bairro da Barragem, extremo sul de São Paulo (a cerca de 40 quilômetros da Praça da Sé), tratou o surto de H1N1, que ainda não chegou aos povos indígenas. Os índios estão no grupo de risco da doença, assim como gestantes e idosos, e vão começar a receber a vacina na rede pública já na próxima segunda-feira, dia 11.

“Teve surto de dengue, zika e chikungunya e aqui também ninguém adoeceu. Tomamos todos os cuidados necessários na tribo para evitar qualquer tipo de doença. E outra: vivemos no meio da natureza e preservamos o local. Isso ajuda na longevidade”, explicou o cacique. Segundo ele, nem o guarani mais velho da aldeia, com 99 anos, fica doente. “Ele vive sozinho em uma área mais afastada, no meio do mato. Planta e colhe todo o dia e nunca teve nada.”

Tribo indigena na aldeia Krukutu, no extremo sul de São Paulo Foto: Werther Santana|Estadão

O território tem 26 hectares, é ocupado por 40 famílias indígenas e atendido por uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Na aldeia ao lado, a Tenondé-Porã, a situação é a mesma. Uma das lideranças da tribo, a índia Jerá, usou o termo “tranquilo” para definir o clima. “Aqui ninguém teve nada.”

Situação semelhante é registrada no litoral paulista. As comunidades indígenas da Baixada Santista e do Vale do Ribeira, na região sul do Estado, devem ser incluídas na campanha pública de vacinação contra o vírus H1N1, mas a responsabilidade pelas ações de prevenção nessas aldeias é da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), ligada ao Ministério da Saúde.

Segundo as prefeituras de Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Bertioga, São Sebastião e Registro, ainda não foi detectado nenhum caso da gripe nas aldeias das duas regiões. A Casa de Atendimento do Índio, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), também informa não ter registrado nenhum caso de indígena atingido pelo vírus H1N1.

Tome cuidados, mas não exagere! Veja 5 dicas para pais e mães evitarem a gripe H1N1 entre as crianças

1 | 5

1. Quais medidas devem ser tomadas em relação às crianças?

Foto: AFP
2 | 5

2. Há restrição para ambientes coletivos?

Foto: REUTERS
3 | 5

3. Há exagero das pessoas em relação à gripe H1N1?

Foto: NILTON FUKUDA/ESTADÃO
4 | 5

4. Fazer gargarejo não previne a doença?

Foto: Reprodução
5 | 5

5. O que faço se está faltando vacina nos postos e a campanha nacional só começa no dia 30?

Foto: REUTERS

Preocupação. Já no interior paulista há um caso que inspira cuidados. Um índio adulto está com sintomas da doença e vem recebendo tratamento médico na aldeia onde vive em Avaí, na região de Bauru. “Ele tem febre alta, dores e tremores. Isso é preocupante porque o índio, principalmente o adulto, não toma vacinas regularmente, como as crianças”, diz o antropólogo Otávio Barduzzi, de 39 anos, que trabalha com os integrantes das quatro aldeias terenas e guaranis de Avaí.

Na região vivem cerca de 2 mil indígenas. No ano passado, a dengue fez vítimas nas quatro aldeias, onde houve 261 casos. “Morreram dez”, lembra o antropólogo.

11 perguntas e respostas sobre a gripe H1N1

1 | 12

3 - Como é feito o tratamento?

Foto: REUTERS
2 | 12

5- Se o paciente não iniciar o tratamento rapidamente, ele corre mais riscos?

Foto: REUTERS
3 | 12

6 - Qual principal tese para o surto precoce de H1N1 em 2016?

Foto: REUTERS
4 | 12

9 - A vacina é mesmo eficiente?

Foto: REUTERS/GlaxoSmithKline
5 | 12

11 - Como se prevenir?

Foto: REUTERS
6 | 12

11 perguntas e respostas sobre a gripe H1N1

Foto: REUTERS
7 | 12

1 - Qual é a diferença entre os sintomas da gripe H1N1 em relação à gripe comum?

Foto: PAUL BRADBURY VIA GETTY IMAGES
8 | 12

2 - Quando devo procurar o médico?

Foto: REUTERS
9 | 12

4 - Onde encontrar os remédios?

Foto: REUTERS
10 | 12

7 - Quem deve tomar a vacina?

Foto: REUTERS/Brian Snyder
11 | 12

8 - Quais são os grupos de risco?

Foto: REUTERS/Eric Gaillard
12 | 12

10 - Como acontece a transmissão?

Foto: HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO

A saúde indígena vem recebendo mais recursos do Ministério da Saúde. Em quatro anos, o orçamento da Secretaria Especial de Saúde Indígena, por exemplo, aumentou 221%, passando de R$ 431,5 milhões, em 2011, para R$ 1,39 bilhão em 2015.

A reportagem entrou em contato com a Sesai para saber especificamente quais ações estão em curso para evitar que o surto de gripe H1N1 chegue às aldeias paulistas, mas o órgão federal se limitou a destacar que mantém um calendário nacional de vacinação e todos os Distritos Sanitários Especiais Indígenas recebem atenção de equipes multidisciplinares próprias. / COLABORARAM LUIZ ALEXANDRE SOUZA VENTURA e SANDRO VILLAR, ESPECIAL PARA O ESTADO

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.