Arma contra diabete ganha espaço como estratégia de perda de peso


Caneta aprovada no Brasil para diabete tipo 2 pode fazer com que pacientes percam, em média, 15% do peso corporal em pouco mais de um ano; acompanhamento médico é fundamental

Por Ítalo Lo Re

Um método desenvolvido para tratamento do diabete tem se revelado um importante aliado no combate à obesidade. A caneta de semaglutida, aprovada no Brasil para tratar o diabete tipo 2, pode fazer com que pacientes percam, em média, 15% do peso corporal em pouco mais de um ano. A substância consiste em um hormônio que sinaliza ao cérebro a sensação de saciedade. A aplicação subcutânea ocorre uma vez por semana, com supervisão profissional, e já é testada por pesquisas científicas.

O principal estudo que indica como a caneta pode ser útil para pacientes com obesidade, segundo especialistas, foi publicado em março deste ano na revista científica The New England Journal of Medicine. Os pesquisadores demonstraram que, quando combinada a uma alimentação regrada e ao aumento da atividade física, a dosagem semanal de 2,4 mg de semaglutida propiciou perda média de peso de 15,2%, ante 2,6% no grupo placebo. Participaram dos testes 1.961 adultos com alto índice de massa corpórea, que foram acompanhados durante 104 semanas. Não houve ocorrência de efeitos colaterais graves, mas foram relatados eventos gastrointestinais, como náusea e vômito, o que reforça a necessidade de acompanhamento médico.

Laura perdeu 12 quilos após iniciar o tratamento com a liraglutida Foto: Laura Foss/Arquivo pessoal
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Com os resultados, a caneta, cujo nome comercial no exterior é Wegovy, foi aprovada no meio deste ano pela agência reguladora dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) para tratar o sobrepeso e a obesidade, um dos principais problemas enfrentados pelos americanos. Também recebeu aval da Europa e do Canadá. No Brasil, a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, que comercializa o produto, solicitou há alguns meses o uso da caneta à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratar a obesidade. O pedido está em análise.

A caneta é liberada por aqui apenas para tratar o diabete, mas em dosagem diferente: 1,3 mg por semana. O produto, cujo nome comercial no País é Ozempic, custa por volta de R$ 1 mil por mês e não está incorporado no rol de procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS). Bem como a liraglutida, que também é classificada como uma agonista do receptor GLP-1, o peptídeo que causa saciedade. Este segundo medicamento está aprovado no País não só para tratar o diabete, como a obesidade.

Outra opção

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Sob o nome comercial de Saxenda, a caneta de liraglutida, também desenvolvida pela Novo Nordisk, é comercializada no País a R$ 600 por mês. Diferentemente da semaglutida, porém, ela é de aplicação diária. Não há estudo comparativo entre a efetividade das duas substâncias para tratar a obesidade, mas uma pesquisa conduzida pela farmacêutica dinamarquesa apontou que a Saxenda pode diminuir a massa corporal em até 8% após administração por um ano – índice menor que o apresentado pela semaglutida.

Moradora de Sinop, no Mato Grosso, a estudante de medicina veterinária Laura Foss, de 22 anos, conta ter perdido cerca de 12 kg desde que começou a usar a liraglutida há cinco meses. “Tem dado muito certo, do jeito que nenhum tratamento deu até hoje”, conta a estudante. “Mas o medicamento por si só não faz milagre. Eu também fiz atividade física, regulei a minha alimentação e estou tentando fazer isso virar um hábito de vida”, pondera.

Quando começou, por indicação médica, a fazer o tratamento com Saxenda, Laura conta que estava pesando mais de 90 kg e tinha índice de massa corpórea (IMC) de quase 34. Acima de 30, o indicador aponta que há obesidade. Ela relata que o quadro se agravou durante o primeiro ano de pandemia e que, entre outras complicações, estava apresentando resistência insulínica, o que a fez procurar a nova solução.

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Cuidados importantes

Endocrinologista da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), a médica Cintia Cercato explica que o recomendado é começar a usar os chamados agonistas da GLP-1 com doses menores e, aos poucos, aumentar a aplicação.

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A aplicação cheia, complementa, costuma ocorrer após alguns meses, quando o médico avalia que o corpo do paciente já está acostumado com a substância. Especialistas em saúde ouvidos pelo Estadão apontam que o acompanhamento profissional é imprescindível.

Segundo Cercato, uma das principais dúvidas de pacientes interessados pela caneta é o fato de as substâncias injetadas por elas terem sido estudadas, em um primeiro momento, para tratar o diabete. Porém, a endocrinologista aponta que isso não é um problema. “Este tipo de medicação (agonista da GLP-1) sensibiliza o pâncreas a produzir de forma mais eficiente a insulina para controlar a glicemia”, explica a médica.

“Então, no caso de pessoas que são diabéticas, melhora a produção da insulina, mas em uma pessoa que não é diabética a glicemia vai continuar normal. Não é um remédio que vai causar a hipoglicemia”, acrescenta Cercato. A aprovação da caneta de semaglutida pela agência reguladora americana, acredita a especialista, é importante para abrir caminho para o tratamento contra a obesidade no Brasil.

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Para o médico Roberto Zagury, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), um ponto adicional é que os remédios desse tipo podem ainda combater complicações cardiovasculares. “É uma família de medicamentos que ganhou muito espaço recentemente, porque além de reduzir a glicose, promove perda de peso e reduz o risco de desfechos cardiovasculares”, diz Zagury. O custo elevado, no entanto, seria um importante entrave.

Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e responsável pelo Ambulatório de Obesidade, o endocrinologista Luiz Guilherme Kraemer explica que os estudos disponíveis demonstram que, na comparação com os ganhos gerados pela semaglutida, a incidência de efeitos colaterais não é tão significativa. Os mais recorrentes, explica, são eventos como náusea, diarreia e vômito. O endocrinologista destaca que o acompanhamento médico é fundamental.

Em nota, a Associação Brasileira de Nutrição (Asbran) destaca que o uso da caneta de semaglutida "vem sendo apontado para o tratamento da obesidade, que é uma doença, e não deve ser encarado como medicamento para emagrecimento". A entidade defendeu ética profissional na prescrição e cautela no uso, especialmente para se evitar efeitos adversos e ganho rápido de peso após interrupção do tratamento. "A Asbran espera que estudos mais aprofundados sejam feitos para avaliação de uso prolongado do fármaco e que o mesmo, caso seja aprovado pela Anvisa, não esteja disponível sem a devida prescrição médica", acrescenta.

Um método desenvolvido para tratamento do diabete tem se revelado um importante aliado no combate à obesidade. A caneta de semaglutida, aprovada no Brasil para tratar o diabete tipo 2, pode fazer com que pacientes percam, em média, 15% do peso corporal em pouco mais de um ano. A substância consiste em um hormônio que sinaliza ao cérebro a sensação de saciedade. A aplicação subcutânea ocorre uma vez por semana, com supervisão profissional, e já é testada por pesquisas científicas.

O principal estudo que indica como a caneta pode ser útil para pacientes com obesidade, segundo especialistas, foi publicado em março deste ano na revista científica The New England Journal of Medicine. Os pesquisadores demonstraram que, quando combinada a uma alimentação regrada e ao aumento da atividade física, a dosagem semanal de 2,4 mg de semaglutida propiciou perda média de peso de 15,2%, ante 2,6% no grupo placebo. Participaram dos testes 1.961 adultos com alto índice de massa corpórea, que foram acompanhados durante 104 semanas. Não houve ocorrência de efeitos colaterais graves, mas foram relatados eventos gastrointestinais, como náusea e vômito, o que reforça a necessidade de acompanhamento médico.

Laura perdeu 12 quilos após iniciar o tratamento com a liraglutida Foto: Laura Foss/Arquivo pessoal

Com os resultados, a caneta, cujo nome comercial no exterior é Wegovy, foi aprovada no meio deste ano pela agência reguladora dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) para tratar o sobrepeso e a obesidade, um dos principais problemas enfrentados pelos americanos. Também recebeu aval da Europa e do Canadá. No Brasil, a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, que comercializa o produto, solicitou há alguns meses o uso da caneta à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratar a obesidade. O pedido está em análise.

A caneta é liberada por aqui apenas para tratar o diabete, mas em dosagem diferente: 1,3 mg por semana. O produto, cujo nome comercial no País é Ozempic, custa por volta de R$ 1 mil por mês e não está incorporado no rol de procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS). Bem como a liraglutida, que também é classificada como uma agonista do receptor GLP-1, o peptídeo que causa saciedade. Este segundo medicamento está aprovado no País não só para tratar o diabete, como a obesidade.

Outra opção

Sob o nome comercial de Saxenda, a caneta de liraglutida, também desenvolvida pela Novo Nordisk, é comercializada no País a R$ 600 por mês. Diferentemente da semaglutida, porém, ela é de aplicação diária. Não há estudo comparativo entre a efetividade das duas substâncias para tratar a obesidade, mas uma pesquisa conduzida pela farmacêutica dinamarquesa apontou que a Saxenda pode diminuir a massa corporal em até 8% após administração por um ano – índice menor que o apresentado pela semaglutida.

Moradora de Sinop, no Mato Grosso, a estudante de medicina veterinária Laura Foss, de 22 anos, conta ter perdido cerca de 12 kg desde que começou a usar a liraglutida há cinco meses. “Tem dado muito certo, do jeito que nenhum tratamento deu até hoje”, conta a estudante. “Mas o medicamento por si só não faz milagre. Eu também fiz atividade física, regulei a minha alimentação e estou tentando fazer isso virar um hábito de vida”, pondera.

Quando começou, por indicação médica, a fazer o tratamento com Saxenda, Laura conta que estava pesando mais de 90 kg e tinha índice de massa corpórea (IMC) de quase 34. Acima de 30, o indicador aponta que há obesidade. Ela relata que o quadro se agravou durante o primeiro ano de pandemia e que, entre outras complicações, estava apresentando resistência insulínica, o que a fez procurar a nova solução.

Cuidados importantes

Endocrinologista da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), a médica Cintia Cercato explica que o recomendado é começar a usar os chamados agonistas da GLP-1 com doses menores e, aos poucos, aumentar a aplicação.

A aplicação cheia, complementa, costuma ocorrer após alguns meses, quando o médico avalia que o corpo do paciente já está acostumado com a substância. Especialistas em saúde ouvidos pelo Estadão apontam que o acompanhamento profissional é imprescindível.

Segundo Cercato, uma das principais dúvidas de pacientes interessados pela caneta é o fato de as substâncias injetadas por elas terem sido estudadas, em um primeiro momento, para tratar o diabete. Porém, a endocrinologista aponta que isso não é um problema. “Este tipo de medicação (agonista da GLP-1) sensibiliza o pâncreas a produzir de forma mais eficiente a insulina para controlar a glicemia”, explica a médica.

“Então, no caso de pessoas que são diabéticas, melhora a produção da insulina, mas em uma pessoa que não é diabética a glicemia vai continuar normal. Não é um remédio que vai causar a hipoglicemia”, acrescenta Cercato. A aprovação da caneta de semaglutida pela agência reguladora americana, acredita a especialista, é importante para abrir caminho para o tratamento contra a obesidade no Brasil.

Para o médico Roberto Zagury, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), um ponto adicional é que os remédios desse tipo podem ainda combater complicações cardiovasculares. “É uma família de medicamentos que ganhou muito espaço recentemente, porque além de reduzir a glicose, promove perda de peso e reduz o risco de desfechos cardiovasculares”, diz Zagury. O custo elevado, no entanto, seria um importante entrave.

Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e responsável pelo Ambulatório de Obesidade, o endocrinologista Luiz Guilherme Kraemer explica que os estudos disponíveis demonstram que, na comparação com os ganhos gerados pela semaglutida, a incidência de efeitos colaterais não é tão significativa. Os mais recorrentes, explica, são eventos como náusea, diarreia e vômito. O endocrinologista destaca que o acompanhamento médico é fundamental.

Em nota, a Associação Brasileira de Nutrição (Asbran) destaca que o uso da caneta de semaglutida "vem sendo apontado para o tratamento da obesidade, que é uma doença, e não deve ser encarado como medicamento para emagrecimento". A entidade defendeu ética profissional na prescrição e cautela no uso, especialmente para se evitar efeitos adversos e ganho rápido de peso após interrupção do tratamento. "A Asbran espera que estudos mais aprofundados sejam feitos para avaliação de uso prolongado do fármaco e que o mesmo, caso seja aprovado pela Anvisa, não esteja disponível sem a devida prescrição médica", acrescenta.

Um método desenvolvido para tratamento do diabete tem se revelado um importante aliado no combate à obesidade. A caneta de semaglutida, aprovada no Brasil para tratar o diabete tipo 2, pode fazer com que pacientes percam, em média, 15% do peso corporal em pouco mais de um ano. A substância consiste em um hormônio que sinaliza ao cérebro a sensação de saciedade. A aplicação subcutânea ocorre uma vez por semana, com supervisão profissional, e já é testada por pesquisas científicas.

O principal estudo que indica como a caneta pode ser útil para pacientes com obesidade, segundo especialistas, foi publicado em março deste ano na revista científica The New England Journal of Medicine. Os pesquisadores demonstraram que, quando combinada a uma alimentação regrada e ao aumento da atividade física, a dosagem semanal de 2,4 mg de semaglutida propiciou perda média de peso de 15,2%, ante 2,6% no grupo placebo. Participaram dos testes 1.961 adultos com alto índice de massa corpórea, que foram acompanhados durante 104 semanas. Não houve ocorrência de efeitos colaterais graves, mas foram relatados eventos gastrointestinais, como náusea e vômito, o que reforça a necessidade de acompanhamento médico.

Laura perdeu 12 quilos após iniciar o tratamento com a liraglutida Foto: Laura Foss/Arquivo pessoal

Com os resultados, a caneta, cujo nome comercial no exterior é Wegovy, foi aprovada no meio deste ano pela agência reguladora dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) para tratar o sobrepeso e a obesidade, um dos principais problemas enfrentados pelos americanos. Também recebeu aval da Europa e do Canadá. No Brasil, a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, que comercializa o produto, solicitou há alguns meses o uso da caneta à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratar a obesidade. O pedido está em análise.

A caneta é liberada por aqui apenas para tratar o diabete, mas em dosagem diferente: 1,3 mg por semana. O produto, cujo nome comercial no País é Ozempic, custa por volta de R$ 1 mil por mês e não está incorporado no rol de procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS). Bem como a liraglutida, que também é classificada como uma agonista do receptor GLP-1, o peptídeo que causa saciedade. Este segundo medicamento está aprovado no País não só para tratar o diabete, como a obesidade.

Outra opção

Sob o nome comercial de Saxenda, a caneta de liraglutida, também desenvolvida pela Novo Nordisk, é comercializada no País a R$ 600 por mês. Diferentemente da semaglutida, porém, ela é de aplicação diária. Não há estudo comparativo entre a efetividade das duas substâncias para tratar a obesidade, mas uma pesquisa conduzida pela farmacêutica dinamarquesa apontou que a Saxenda pode diminuir a massa corporal em até 8% após administração por um ano – índice menor que o apresentado pela semaglutida.

Moradora de Sinop, no Mato Grosso, a estudante de medicina veterinária Laura Foss, de 22 anos, conta ter perdido cerca de 12 kg desde que começou a usar a liraglutida há cinco meses. “Tem dado muito certo, do jeito que nenhum tratamento deu até hoje”, conta a estudante. “Mas o medicamento por si só não faz milagre. Eu também fiz atividade física, regulei a minha alimentação e estou tentando fazer isso virar um hábito de vida”, pondera.

Quando começou, por indicação médica, a fazer o tratamento com Saxenda, Laura conta que estava pesando mais de 90 kg e tinha índice de massa corpórea (IMC) de quase 34. Acima de 30, o indicador aponta que há obesidade. Ela relata que o quadro se agravou durante o primeiro ano de pandemia e que, entre outras complicações, estava apresentando resistência insulínica, o que a fez procurar a nova solução.

Cuidados importantes

Endocrinologista da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), a médica Cintia Cercato explica que o recomendado é começar a usar os chamados agonistas da GLP-1 com doses menores e, aos poucos, aumentar a aplicação.

A aplicação cheia, complementa, costuma ocorrer após alguns meses, quando o médico avalia que o corpo do paciente já está acostumado com a substância. Especialistas em saúde ouvidos pelo Estadão apontam que o acompanhamento profissional é imprescindível.

Segundo Cercato, uma das principais dúvidas de pacientes interessados pela caneta é o fato de as substâncias injetadas por elas terem sido estudadas, em um primeiro momento, para tratar o diabete. Porém, a endocrinologista aponta que isso não é um problema. “Este tipo de medicação (agonista da GLP-1) sensibiliza o pâncreas a produzir de forma mais eficiente a insulina para controlar a glicemia”, explica a médica.

“Então, no caso de pessoas que são diabéticas, melhora a produção da insulina, mas em uma pessoa que não é diabética a glicemia vai continuar normal. Não é um remédio que vai causar a hipoglicemia”, acrescenta Cercato. A aprovação da caneta de semaglutida pela agência reguladora americana, acredita a especialista, é importante para abrir caminho para o tratamento contra a obesidade no Brasil.

Para o médico Roberto Zagury, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), um ponto adicional é que os remédios desse tipo podem ainda combater complicações cardiovasculares. “É uma família de medicamentos que ganhou muito espaço recentemente, porque além de reduzir a glicose, promove perda de peso e reduz o risco de desfechos cardiovasculares”, diz Zagury. O custo elevado, no entanto, seria um importante entrave.

Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e responsável pelo Ambulatório de Obesidade, o endocrinologista Luiz Guilherme Kraemer explica que os estudos disponíveis demonstram que, na comparação com os ganhos gerados pela semaglutida, a incidência de efeitos colaterais não é tão significativa. Os mais recorrentes, explica, são eventos como náusea, diarreia e vômito. O endocrinologista destaca que o acompanhamento médico é fundamental.

Em nota, a Associação Brasileira de Nutrição (Asbran) destaca que o uso da caneta de semaglutida "vem sendo apontado para o tratamento da obesidade, que é uma doença, e não deve ser encarado como medicamento para emagrecimento". A entidade defendeu ética profissional na prescrição e cautela no uso, especialmente para se evitar efeitos adversos e ganho rápido de peso após interrupção do tratamento. "A Asbran espera que estudos mais aprofundados sejam feitos para avaliação de uso prolongado do fármaco e que o mesmo, caso seja aprovado pela Anvisa, não esteja disponível sem a devida prescrição médica", acrescenta.

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