A liberação de academias e parques da cidade de São Paulo para a prática de esportes, ainda com horários reduzidos e limitação de capacidade, pode não ganhar muitos adeptos neste momento. Com as academias fechadas há quase quatro meses, as pessoas investiram para manter a rotina de exercícios dentro de casa. A venda de equipamentos para a prática de esportes explodiu e a locação, antes restrita à academias, tornou-se comum entre os atletas amadores que, agora, estão renovando os contratos de aluguel.
“O pessoal descobriu que dá para treinar em casa, ainda bem”, afirma Fernando Benatti, sócio da Aluga Fitness, uma das grandes locadoras de equipamentos de ginástica, e da Ergolife Fitness, fabricante. Com três mil equipamentos alugados para pessoas físicas, entre esteiras, bicicletas de spinning, por exemplo, 80% dos contratos que estão vencendo foram renovados, conta o empresário. E o perfil de quem optou pelo exercício em casa não é apenas de idosos e que fazem parte de grupo de risco, mas jovens também.
Benatti conta que antes da pandemia a locação era mais procurada por academias. Com a quarentena houve um boom e a procura por pessoas físicas triplicou. “No momento faltam esteiras residenciais, se tivesse 500 equipamentos disponíveis, teria para quem alugar.”
A transformação pela qual deve passar o segmento de academias no pós-pandemia pode ser medida pela explosão nas vendas de equipamentos emsites de comércio online e também pela própria indústria. No Netshoes, por exemplo, marketplace de artigos esportivos do Magazine Luiza, as quantidades vendidas de halteres, elásticos e faixas, cordas, colchonetes e tapetes cresceram 600%, 1.200%, 1.400%, e 1.500%, respectivamente, entre março e junho na comparação com janeiro e fevereiro. “A busca pela categoria de equipamentos fitness triplicou em relação a 2019”, diz Mauro Lopez, diretor da Netshoes.
No concorrente Mercado Livre, o crescimento também foi expressivo. Entre março e junho, as vendasem valor de produtos de esporte e fitness cresceram, em média, 156% nas plataforma em relação ao mesmo período de 2019. Os destaques ficaram para fitness e musculação (249%), skateboards(121%) e ciclismo (88%).
A maior procura também bateu na indústria. A Movement, uma das maiores indústrias nacionais de equipamentos de ginástica, com sede em Pompeia, no interior de São Paulo, por exemplo, viu a procura pelo seus produtos por pessoas físicas quintuplicar desde o início do período de distanciamento social, dizMarco Corradi, gerente de marketing. “Com a pandemia, as pessoas que tinham o hábito de treino buscaram equipamentos residenciais para manter a rotina e também a população sedentária começou a ter hábitos mais saudáveis.”
O resultado desses dois movimentos combinados levou ao aumento da procura, especialmente de esteiras e bicicletas, inclusive com falta desses produtos. Lopes, do Netshoes, diz que há poucos fabricantes nacionais que conseguem hoje atender à demanda. Outro fator de dificuldade é que muitos produtos são importados, acrescenta. A Movement, por exemplo, acelerou o lançamento do e-commerce para agilizar o atendimento dosnovos clientes, que são as pessoas físicas.
Cautela
Mario Sergio Andrade Silva, fundador e diretor da Run Fun, uma das primeiras consultorias especializadas em treinar corredores e ciclistas, hoje com cerca de 1.300 atletas, diz que metade dos clientes estão querendo voltar a treinar nos parques e a outra metade está cautelosa. “Acho que teremos um retorno menor num primeiro momento.” O treinador conta que está fazendo visitas técnicas aos parques e que avalia as reais condições de retomada, seguindo os protocolo desenhado pela Associação de Treinadores de Corrida e pela Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte.
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