Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, morreu aos 82 anos nesta quinta-feira, 29, após um mês internado. Ele tratava um câncer no cólon desde setembro do ano passado. Meses depois, exames constataram metástase pelo intestino, fígado e pulmão.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o tumor maligno mais incidente no Brasil é o de pele não melanoma (31,3% do total de casos). É seguido pelo de mama feminina (10,5%); depois, próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%).
O câncer colorretal abrange tumores que atingem um segmento do intestino grosso (o cólon) e o reto. Tem tratamento, na maioria dos casos, e é curável quando detectado precocemente e ainda não atingiu outros órgãos.
As idades mais comuns de pacientes com esse tipo de câncer variam de 60 a 65 anos, e a incidência é semelhante entre homens e mulheres. A mortalidade da doença, segundo o Inca, varia de 8,4% dos casos (em pacientes homens) a 9,6% (em mulheres).
Pelé
Pai jogador de equipe amadora foi inspiração para Pelé; filhos tentaram seguir os passos de Dondinho
A história de Pelé em oito capítulos para as crianças
Pelé demorou para entender o valor de sua imagem e também para faturar com ela fora de campo
‘Poucos brasileiros levaram o nome do nosso país tão longe’, diz Lula sobre Pelé
Neymar se despede de Pelé e agradece: ‘Deu voz aos pobres, aos negros e ao Brasil’
Morte de Pelé ganha destaque nos jornais estrangeiros; veja capas
Com 1.281 gols, Pelé é o maior artilheiro da história do futebol: o milésimo foi marcado aos 29 anos
Pelé: o destino do craque numa página do Estadão em 1957
Meu personagem da semana; leia crônica de Nelson Rodrigues sobre Pelé em 1958
Morre Pelé, o Rei do Futebol, aos 82 anos
O câncer colorretal frequentemente começa com uma pequena lesão ou ferida no intestino, um pólipo (verruga), que não resulta em sintomas. É comum que os sintomas surjam apenas quando a lesão está avançada. Isso pode causar obstrução no intestino e dificultar a passagem das fezes ou se aprofundar nas camadas do intestino, causando dores.
“A grande maioria dos pólipos nunca vão ser um problema na saúde das pessoas. Porém, há um risco do pólipo degenerar para câncer, o que demora, em média, 10 anos”, afirma Tulio Pfiffer, médico-oncologista do Hospital Sírio-Libanês.
Cerca de 85% dos cânceres de cólon, explica ele, nascem de pólipos, por isso é importante se precaver mesmo na ausência de sintomas. “Quando se identifica as pessoas que têm e produzem pólipos, elas entram em um programa de rastreamento e remoção desses pólipos, evitando que evolua para câncer”, explica Pfiffer.
Sintomas mais comuns
Os sintomas mais comuns do câncer de cólon são sangramento detectado nas fezes, alteração no tamanho das fezes (muito finas, por exemplo), mudanças na frequência de ir ao banheiro e constipação. Os sinais podem incluir também dores abdominais, redução de peso e até vômitos, em casos mais agravados.
Grande parte dos tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso. Para prevenir o aparecimento de tumores, uma estratégia é remover os pólipos antes que eles se tornem malignos.
A colonoscopia é o principal exame para detectar a existência de pólipos. “No exame de sangue existem marcadores tumorais, mas eles não devem ser critério de rastreamento e diagnóstico”, explica Pfiffer. Segundo ele, os marcadores tumorais cumprem função posterior – para acompanhar a gravidade da doença quando o diagnóstico já foi estabelecido.
Causas e identificação
O câncer colorretal tem origem multifatorial. O fato de ter um parente em 1º grau que já teve câncer colorretal faz com que a pessoa tenha mais riscos de desenvolver o problema. “Uma parte dos tumores, de 10% a 15%, pode ter um componente hereditário-germinativo”, explica Pfiffer. Nesse caso, as pessoas nascem com predisposições genéticas de formar câncer. “O trabalho de prevenção para essa população é bem mais intenso e bem mais precoce.”
Em geral, hábitos alimentares também podem influenciar negativamente, como dietas com alta ingestão de carne vermelha, alimentos ultraprocessados, industrializados (como presunto, salame, embutidos e enlatados) e pobres em frutas, vegetais e fibras. Tabagismo e alcoolismo são considerados outros fatores de risco.
“Diminuir a ingestão de carne vermelha e o consumo de bebidas alcoólicas, emagrecer, fazer atividade física”, indica Arnaldo Urbano Ruiz, cirurgião-oncológico do hospital Beneficência Portuguesa de São Paulos. Os principais tratamentos são cirurgias (para estágios iniciais), quimioterapia, imunoterapia e radioterapia. Pelé chegou a ser submetido a uma cirurgia para a remoção do tumor, mas foi verificado o alastramento da doença mais tarde.
Quando fazer a colonoscopia
O exame para identificar a doença é a colonoscopia, quando um cateter com microcâmera é inserido no ânus para analisar as paredes internas do intestino. Tecidos suspeitos, como pólipos, podem ser retirados para uma biópsia posterior, que determinará se é câncer ou tumor benigno. Se o exame confirma a existência de câncer colorretal, outros procedimentos são necessários para ver se a doença ainda está em fase inicial ou se já tem metástase.
De acordo com uma parte dos médicos, este exame que analisa o intestino grosso deve ser feito a partir dos 45 anos de idade, mesmo quando não houver sintomas. A Sociedade Americana de Câncer passou a recomendar o rastreamento de câncer colorretal a partir dos 45 anos, após identificar aumento de casos entre pessoas mais jovens.
Segundo Arnaldo Urbano Ruiz, os pacientes que desenvolvem a doença têm mudado de perfil nos últimos anos. “Houve diminuição da faixa etária. Antes, a gente começava o rastreamento em pacientes assintomáticos com 50 anos. Agora, começa com 45″, afirma.
Diante disso, o médico ressalta ser importante que os pacientes façam colonoscopia a cada três a cinco anos. Pessoas mais jovens com histórico de câncer colorretal na família devem procurar um médico para que ele avalie a necessidade e frequência do rastreio.