Aos 23 anos, a estudante de fisioterapia Evelin Scarelli não imaginava que um caroço que sentiu em uma das mamas seria o início de um câncer que mudaria completamente sua vida. Ela estava de férias na casa dos avôs em Atibaia, no interior de São Paulo, quando sentiu o caroço e procurou um médico.
“Pediram alguns exames, mas o médico disse para não me preocupar já que provavelmente era um lipoma [nódulo formado por células de gordura]. Mas eu estava incomodada com aquilo e insisti para fazer uma cirurgia para retirar”, contou Evelin.
Depois de um mês, ela recebeu o diagnóstico de que estava com câncer de mama, já em estágio avançado. “Eu já tinha até esquecido do carocinho e nem sabia que eles tinham encaminhado para biópsia. O câncer já estava tão avançado que no mesmo dia que recebi a notícia, o médico me encaminhou para uma bateria de exames”, disse Evelin.
“Quando você recebe o diagnóstico de câncer, você não fica sabendo apenas que está doente, mas é um pacote inteiro de más notícias. Você pensa que vai perder o cabelo, vai perder os seios. Tive que parar a faculdade por seis meses.”
Evelin fez uma mastectomia total (retirada total da mama) e iniciou o tratamento de quimioterapia. No entanto, os médicos encontraram um novo tumor que não respondia ao tratamento, por isso, ela precisou fazer também radioterapira. “Foram três ciclos de quimioterapira e 28 de radioterapia, e as várias cirurgias que precisei fazer”, contou.
O mais difícil, segundo Evelin, foi contar aos parentes e amigos sobre o câncer. “É um diagnóstico muito pesado, muitas pessoas encaram como uma sentença de morte. Meus avôs, por exemplo, achavam que não tinha cura e achavam que eu estava morrendo. Mas meus pais me ajudaram muito nesse processo.”
Mãe. Dois anos depois do diagnóstico de Evelin, a mãe dela também descobriu um câncer de mama e precisou retirar os seios. “Saber que minha mãe estava doente foi pior do que quando eu fui diagnosticada. Eu me sentia muito impotente em vê-la sofrer. A única coisa que eu podia fazer era dar o meu apoio.”
Hoje, as duas estão com a doença controlada. Evelin trabalha no Instituto Oncoguia, associação criada para promover ações de prevenção e promoção à saúde. “O câncer também me trouxe coisas boas. Hoje, eu dou muito mais valor para vida, não fico mais aborrecida e ansiosa com as coisas que ficava antes. Me lembro sempre dos dias que estava no hospital e ficava vendo a vida passar pela janela e agora estou aqui, vivendo de novo. Hoje, eu gosto até dos dias nublado.”