Caneta de semaglutida: Anvisa aprova 1ª injeção semanal para tratar obesidade


Tratamento, já aprovado em países como Estados Unidos e Canadá, faz uso de um hormônio que sinaliza ao cérebro a sensação de saciedade

Por Ítalo Lo Re
Atualização:

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a primeira medicação injetável de aplicação semanal para tratar a obesidade do País. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira, 2. Especialistas recomendam que o tratamento com a caneta de semaglutida (2,4 mg), que tem aval em países como Estados Unidos e Canadá, deve ser feito com supervisão médica.

O uso da substância – já aprovada para tratar o diabete tipo 2 no País, mas em dosagem menor – pode fazer com que pacientes adultos percam, em média, 17% do peso corporal em pouco mais de um ano. O hormônio consiste em um agonista do receptor de GLP-1 que sinaliza ao cérebro a sensação de saciedade. A aplicação subcutânea ocorre uma vez por semana e já é testada por pesquisas científicas.

Como mostrou o Estadão há um ano, o método, desenvolvido para tratamento do diabete, se revelou como um importante aliado no combate à obesidade. Um dos primeiros estudos que indicou como a caneta pode ser útil para pacientes com obesidade, segundo especialistas, foi publicado em 2020 na revista científica The New England Journal of Medicine.

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Os pesquisadores demonstraram que, quando combinada a uma alimentação regrada e ao aumento da atividade física, a dosagem semanal de 2,4 mg de semaglutida propiciou perda média de peso de 15,2%, ante 2,6% no grupo placebo – a dosagem usada para o tratamento da obesidade é quase o dobro dos 1,3 mg usados para tratar o diabete tipo 2.

Como resultado, a caneta, cujo nome comercial é Wegovy, foi aprovada no mesmo ano do estudo pela agência reguladora dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) para tratar o sobrepeso e a obesidade, um dos principais problemas enfrentados pelos americanos. Também recebeu aval da Europa e do Canadá.

Estudos mais recentes da Novo Nordisk, fabricante do produto, indicaram que pacientes que usaram a substância conseguiram uma perda média de peso de 17% em pouco mais de um ano, contra 2,4% no grupo placebo. “É a medicação que chega com estudos demonstrando a maior potência em termos de redução percentual do peso”, afirma o médico endocrinologista Paulo Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

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Não houve ocorrência de efeitos colaterais graves nos estudos, mas foram relatados eventos gastrointestinais, como náusea e vômito, o que reforça a necessidade de acompanhamento médico. “De maneira geral, a medicação é bem tolerada, porque os efeitos colaterais são reversíveis, com a redução da dose ou com a suspensão da medicação”, afirma Miranda. Segundo ele, os resultados não têm demonstrado efeitos adversos graves ou de maior preocupação.

Aprovação no Brasil

No Brasil, a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk solicitou no fim de 2021 o uso da caneta à Anvisa para tratar a obesidade. Após passar por análise, o pedido agora foi aprovado pela agência reguladora, mas ainda não há previsão de quando irá chegar ao Brasil ou quanto irá custar. O medicamento é indicado para dois grupos:

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  • pessoas com sobrepeso (com IMC maior que 27) e com algum tipo de comorbidade;
  • pessoas com obesidade (com IMC superior a 30).

Para a diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), a médica endocrinologista Cynthia Valerio, “a aprovação da semaglutida para o tratamento da obesidade pela Anvisa é uma enorme conquista para os pacientes com obesidade e sobrepeso no Brasil”. “É uma medicação que vem inaugurando uma nova era no tratamento da obesidade”, afirma.

Mas a endocrinologista pondera que o tratamento deve ser aliado a outras ações. “O remédio apoia a mudança do estilo de vida, mas nunca deve ser encarado como um tratamento isolado”, reforça Cynthia. “A obesidade hoje é um problema de saúde pública tão grande que a gente tem que pensar como uma arma a mais, que vem agregar junto a outras já existentes.”

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Nutricionista Esportiva na Clínica Soloh de Nutrição e no Minas Tênis Clube, Renata Brasil destaca que a caneta de semaglutida é eficaz para redução de gordura corporal. Mas alerta que a substância, já comercializada para pacientes com diabete em farmácias em dosagem diferente e a um preço de quase R$ 1 mil por mês, tem sido usada de forma indevida.

“Esse medicamento tem sido banalizado, principalmente pela facilidade que se tem na aquisição”, diz. Ela reforça, em meio a isso, a importância de procurar um profissional capacitado para avaliar o histórico familiar do paciente e fazer um encaminhamento seguro. “O emagrecimento pode vir a causar um ‘efeito rebote’, em que a pessoa acaba engordando tudo de novo, ou às vezes até mais, se não tiver um acompanhamento nutricional.”

Para a vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrição, Daniela Cierro, a aprovação da medicação não pode negligenciar a terapia nutricional, que, defende ela, também ajuda a combater possíveis efeitos colaterais. “Saber comer, olhar para os nutrientes que podem entrar em carência e o que vai contribuir para o funcionamento orgânico é fundamental para o sucesso (do tratamento)”, diz.

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Conforme a Novo Nordisk, o medicamento passa agora por uma formulação de preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. Depois, seguirá os demais trâmites de importação e logística para somente após isso chegar às farmácias, o que pode atingir o segundo semestre. A fabricante não estimou uma a data para lançamento ou preço do produto no País.

Diretora médica da Novo Nordisk, a endocrinologista Priscilla Mattar reforça que a semaglutida é um agonista do receptor de GLP-1 com mais de 95% de semelhança com um hormônio produzido pelo homem no intestino. “Ela (a semaglutida) tem um efeito na regulação do apetite muito específico – diminuiu a fome e aumenta a saciedade – e a mesma base do hormônio intestinal”, diz.

Caneta de liraglutida

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Outro agonista do receptor de GLP-1, a caneta de liraglutida, também desenvolvida pela Novo Nordisk, já está aprovada pela Anvisa desde 2016 para tratamento da obesidade. Diferentemente da semaglutida, no entanto, ela é de aplicação diária.

Não há estudo comparativo entre a efetividade das duas substâncias para tratar a obesidade, mas uma pesquisa conduzida pela farmacêutica dinamarquesa apontou que a Saxenda pode diminuir a massa corporal em até 8% após administração por um ano – índice menor que o apresentado pela semaglutida.

Segundo dados do Atlas da Obesidade, cerca de 30% da população brasileira deve ter obesidade até 2030. Atualmente, estima-se que aproximadamente 41 milhões de pessoas (cerca 20% do total de habitantes) convivam com a obesidade no País.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a primeira medicação injetável de aplicação semanal para tratar a obesidade do País. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira, 2. Especialistas recomendam que o tratamento com a caneta de semaglutida (2,4 mg), que tem aval em países como Estados Unidos e Canadá, deve ser feito com supervisão médica.

O uso da substância – já aprovada para tratar o diabete tipo 2 no País, mas em dosagem menor – pode fazer com que pacientes adultos percam, em média, 17% do peso corporal em pouco mais de um ano. O hormônio consiste em um agonista do receptor de GLP-1 que sinaliza ao cérebro a sensação de saciedade. A aplicação subcutânea ocorre uma vez por semana e já é testada por pesquisas científicas.

Como mostrou o Estadão há um ano, o método, desenvolvido para tratamento do diabete, se revelou como um importante aliado no combate à obesidade. Um dos primeiros estudos que indicou como a caneta pode ser útil para pacientes com obesidade, segundo especialistas, foi publicado em 2020 na revista científica The New England Journal of Medicine.

Os pesquisadores demonstraram que, quando combinada a uma alimentação regrada e ao aumento da atividade física, a dosagem semanal de 2,4 mg de semaglutida propiciou perda média de peso de 15,2%, ante 2,6% no grupo placebo – a dosagem usada para o tratamento da obesidade é quase o dobro dos 1,3 mg usados para tratar o diabete tipo 2.

Como resultado, a caneta, cujo nome comercial é Wegovy, foi aprovada no mesmo ano do estudo pela agência reguladora dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) para tratar o sobrepeso e a obesidade, um dos principais problemas enfrentados pelos americanos. Também recebeu aval da Europa e do Canadá.

Estudos mais recentes da Novo Nordisk, fabricante do produto, indicaram que pacientes que usaram a substância conseguiram uma perda média de peso de 17% em pouco mais de um ano, contra 2,4% no grupo placebo. “É a medicação que chega com estudos demonstrando a maior potência em termos de redução percentual do peso”, afirma o médico endocrinologista Paulo Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Não houve ocorrência de efeitos colaterais graves nos estudos, mas foram relatados eventos gastrointestinais, como náusea e vômito, o que reforça a necessidade de acompanhamento médico. “De maneira geral, a medicação é bem tolerada, porque os efeitos colaterais são reversíveis, com a redução da dose ou com a suspensão da medicação”, afirma Miranda. Segundo ele, os resultados não têm demonstrado efeitos adversos graves ou de maior preocupação.

Aprovação no Brasil

No Brasil, a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk solicitou no fim de 2021 o uso da caneta à Anvisa para tratar a obesidade. Após passar por análise, o pedido agora foi aprovado pela agência reguladora, mas ainda não há previsão de quando irá chegar ao Brasil ou quanto irá custar. O medicamento é indicado para dois grupos:

  • pessoas com sobrepeso (com IMC maior que 27) e com algum tipo de comorbidade;
  • pessoas com obesidade (com IMC superior a 30).

Para a diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), a médica endocrinologista Cynthia Valerio, “a aprovação da semaglutida para o tratamento da obesidade pela Anvisa é uma enorme conquista para os pacientes com obesidade e sobrepeso no Brasil”. “É uma medicação que vem inaugurando uma nova era no tratamento da obesidade”, afirma.

Mas a endocrinologista pondera que o tratamento deve ser aliado a outras ações. “O remédio apoia a mudança do estilo de vida, mas nunca deve ser encarado como um tratamento isolado”, reforça Cynthia. “A obesidade hoje é um problema de saúde pública tão grande que a gente tem que pensar como uma arma a mais, que vem agregar junto a outras já existentes.”

Nutricionista Esportiva na Clínica Soloh de Nutrição e no Minas Tênis Clube, Renata Brasil destaca que a caneta de semaglutida é eficaz para redução de gordura corporal. Mas alerta que a substância, já comercializada para pacientes com diabete em farmácias em dosagem diferente e a um preço de quase R$ 1 mil por mês, tem sido usada de forma indevida.

“Esse medicamento tem sido banalizado, principalmente pela facilidade que se tem na aquisição”, diz. Ela reforça, em meio a isso, a importância de procurar um profissional capacitado para avaliar o histórico familiar do paciente e fazer um encaminhamento seguro. “O emagrecimento pode vir a causar um ‘efeito rebote’, em que a pessoa acaba engordando tudo de novo, ou às vezes até mais, se não tiver um acompanhamento nutricional.”

Para a vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrição, Daniela Cierro, a aprovação da medicação não pode negligenciar a terapia nutricional, que, defende ela, também ajuda a combater possíveis efeitos colaterais. “Saber comer, olhar para os nutrientes que podem entrar em carência e o que vai contribuir para o funcionamento orgânico é fundamental para o sucesso (do tratamento)”, diz.

Conforme a Novo Nordisk, o medicamento passa agora por uma formulação de preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. Depois, seguirá os demais trâmites de importação e logística para somente após isso chegar às farmácias, o que pode atingir o segundo semestre. A fabricante não estimou uma a data para lançamento ou preço do produto no País.

Diretora médica da Novo Nordisk, a endocrinologista Priscilla Mattar reforça que a semaglutida é um agonista do receptor de GLP-1 com mais de 95% de semelhança com um hormônio produzido pelo homem no intestino. “Ela (a semaglutida) tem um efeito na regulação do apetite muito específico – diminuiu a fome e aumenta a saciedade – e a mesma base do hormônio intestinal”, diz.

Caneta de liraglutida

Outro agonista do receptor de GLP-1, a caneta de liraglutida, também desenvolvida pela Novo Nordisk, já está aprovada pela Anvisa desde 2016 para tratamento da obesidade. Diferentemente da semaglutida, no entanto, ela é de aplicação diária.

Não há estudo comparativo entre a efetividade das duas substâncias para tratar a obesidade, mas uma pesquisa conduzida pela farmacêutica dinamarquesa apontou que a Saxenda pode diminuir a massa corporal em até 8% após administração por um ano – índice menor que o apresentado pela semaglutida.

Segundo dados do Atlas da Obesidade, cerca de 30% da população brasileira deve ter obesidade até 2030. Atualmente, estima-se que aproximadamente 41 milhões de pessoas (cerca 20% do total de habitantes) convivam com a obesidade no País.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a primeira medicação injetável de aplicação semanal para tratar a obesidade do País. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira, 2. Especialistas recomendam que o tratamento com a caneta de semaglutida (2,4 mg), que tem aval em países como Estados Unidos e Canadá, deve ser feito com supervisão médica.

O uso da substância – já aprovada para tratar o diabete tipo 2 no País, mas em dosagem menor – pode fazer com que pacientes adultos percam, em média, 17% do peso corporal em pouco mais de um ano. O hormônio consiste em um agonista do receptor de GLP-1 que sinaliza ao cérebro a sensação de saciedade. A aplicação subcutânea ocorre uma vez por semana e já é testada por pesquisas científicas.

Como mostrou o Estadão há um ano, o método, desenvolvido para tratamento do diabete, se revelou como um importante aliado no combate à obesidade. Um dos primeiros estudos que indicou como a caneta pode ser útil para pacientes com obesidade, segundo especialistas, foi publicado em 2020 na revista científica The New England Journal of Medicine.

Os pesquisadores demonstraram que, quando combinada a uma alimentação regrada e ao aumento da atividade física, a dosagem semanal de 2,4 mg de semaglutida propiciou perda média de peso de 15,2%, ante 2,6% no grupo placebo – a dosagem usada para o tratamento da obesidade é quase o dobro dos 1,3 mg usados para tratar o diabete tipo 2.

Como resultado, a caneta, cujo nome comercial é Wegovy, foi aprovada no mesmo ano do estudo pela agência reguladora dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) para tratar o sobrepeso e a obesidade, um dos principais problemas enfrentados pelos americanos. Também recebeu aval da Europa e do Canadá.

Estudos mais recentes da Novo Nordisk, fabricante do produto, indicaram que pacientes que usaram a substância conseguiram uma perda média de peso de 17% em pouco mais de um ano, contra 2,4% no grupo placebo. “É a medicação que chega com estudos demonstrando a maior potência em termos de redução percentual do peso”, afirma o médico endocrinologista Paulo Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Não houve ocorrência de efeitos colaterais graves nos estudos, mas foram relatados eventos gastrointestinais, como náusea e vômito, o que reforça a necessidade de acompanhamento médico. “De maneira geral, a medicação é bem tolerada, porque os efeitos colaterais são reversíveis, com a redução da dose ou com a suspensão da medicação”, afirma Miranda. Segundo ele, os resultados não têm demonstrado efeitos adversos graves ou de maior preocupação.

Aprovação no Brasil

No Brasil, a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk solicitou no fim de 2021 o uso da caneta à Anvisa para tratar a obesidade. Após passar por análise, o pedido agora foi aprovado pela agência reguladora, mas ainda não há previsão de quando irá chegar ao Brasil ou quanto irá custar. O medicamento é indicado para dois grupos:

  • pessoas com sobrepeso (com IMC maior que 27) e com algum tipo de comorbidade;
  • pessoas com obesidade (com IMC superior a 30).

Para a diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), a médica endocrinologista Cynthia Valerio, “a aprovação da semaglutida para o tratamento da obesidade pela Anvisa é uma enorme conquista para os pacientes com obesidade e sobrepeso no Brasil”. “É uma medicação que vem inaugurando uma nova era no tratamento da obesidade”, afirma.

Mas a endocrinologista pondera que o tratamento deve ser aliado a outras ações. “O remédio apoia a mudança do estilo de vida, mas nunca deve ser encarado como um tratamento isolado”, reforça Cynthia. “A obesidade hoje é um problema de saúde pública tão grande que a gente tem que pensar como uma arma a mais, que vem agregar junto a outras já existentes.”

Nutricionista Esportiva na Clínica Soloh de Nutrição e no Minas Tênis Clube, Renata Brasil destaca que a caneta de semaglutida é eficaz para redução de gordura corporal. Mas alerta que a substância, já comercializada para pacientes com diabete em farmácias em dosagem diferente e a um preço de quase R$ 1 mil por mês, tem sido usada de forma indevida.

“Esse medicamento tem sido banalizado, principalmente pela facilidade que se tem na aquisição”, diz. Ela reforça, em meio a isso, a importância de procurar um profissional capacitado para avaliar o histórico familiar do paciente e fazer um encaminhamento seguro. “O emagrecimento pode vir a causar um ‘efeito rebote’, em que a pessoa acaba engordando tudo de novo, ou às vezes até mais, se não tiver um acompanhamento nutricional.”

Para a vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrição, Daniela Cierro, a aprovação da medicação não pode negligenciar a terapia nutricional, que, defende ela, também ajuda a combater possíveis efeitos colaterais. “Saber comer, olhar para os nutrientes que podem entrar em carência e o que vai contribuir para o funcionamento orgânico é fundamental para o sucesso (do tratamento)”, diz.

Conforme a Novo Nordisk, o medicamento passa agora por uma formulação de preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. Depois, seguirá os demais trâmites de importação e logística para somente após isso chegar às farmácias, o que pode atingir o segundo semestre. A fabricante não estimou uma a data para lançamento ou preço do produto no País.

Diretora médica da Novo Nordisk, a endocrinologista Priscilla Mattar reforça que a semaglutida é um agonista do receptor de GLP-1 com mais de 95% de semelhança com um hormônio produzido pelo homem no intestino. “Ela (a semaglutida) tem um efeito na regulação do apetite muito específico – diminuiu a fome e aumenta a saciedade – e a mesma base do hormônio intestinal”, diz.

Caneta de liraglutida

Outro agonista do receptor de GLP-1, a caneta de liraglutida, também desenvolvida pela Novo Nordisk, já está aprovada pela Anvisa desde 2016 para tratamento da obesidade. Diferentemente da semaglutida, no entanto, ela é de aplicação diária.

Não há estudo comparativo entre a efetividade das duas substâncias para tratar a obesidade, mas uma pesquisa conduzida pela farmacêutica dinamarquesa apontou que a Saxenda pode diminuir a massa corporal em até 8% após administração por um ano – índice menor que o apresentado pela semaglutida.

Segundo dados do Atlas da Obesidade, cerca de 30% da população brasileira deve ter obesidade até 2030. Atualmente, estima-se que aproximadamente 41 milhões de pessoas (cerca 20% do total de habitantes) convivam com a obesidade no País.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a primeira medicação injetável de aplicação semanal para tratar a obesidade do País. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira, 2. Especialistas recomendam que o tratamento com a caneta de semaglutida (2,4 mg), que tem aval em países como Estados Unidos e Canadá, deve ser feito com supervisão médica.

O uso da substância – já aprovada para tratar o diabete tipo 2 no País, mas em dosagem menor – pode fazer com que pacientes adultos percam, em média, 17% do peso corporal em pouco mais de um ano. O hormônio consiste em um agonista do receptor de GLP-1 que sinaliza ao cérebro a sensação de saciedade. A aplicação subcutânea ocorre uma vez por semana e já é testada por pesquisas científicas.

Como mostrou o Estadão há um ano, o método, desenvolvido para tratamento do diabete, se revelou como um importante aliado no combate à obesidade. Um dos primeiros estudos que indicou como a caneta pode ser útil para pacientes com obesidade, segundo especialistas, foi publicado em 2020 na revista científica The New England Journal of Medicine.

Os pesquisadores demonstraram que, quando combinada a uma alimentação regrada e ao aumento da atividade física, a dosagem semanal de 2,4 mg de semaglutida propiciou perda média de peso de 15,2%, ante 2,6% no grupo placebo – a dosagem usada para o tratamento da obesidade é quase o dobro dos 1,3 mg usados para tratar o diabete tipo 2.

Como resultado, a caneta, cujo nome comercial é Wegovy, foi aprovada no mesmo ano do estudo pela agência reguladora dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) para tratar o sobrepeso e a obesidade, um dos principais problemas enfrentados pelos americanos. Também recebeu aval da Europa e do Canadá.

Estudos mais recentes da Novo Nordisk, fabricante do produto, indicaram que pacientes que usaram a substância conseguiram uma perda média de peso de 17% em pouco mais de um ano, contra 2,4% no grupo placebo. “É a medicação que chega com estudos demonstrando a maior potência em termos de redução percentual do peso”, afirma o médico endocrinologista Paulo Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Não houve ocorrência de efeitos colaterais graves nos estudos, mas foram relatados eventos gastrointestinais, como náusea e vômito, o que reforça a necessidade de acompanhamento médico. “De maneira geral, a medicação é bem tolerada, porque os efeitos colaterais são reversíveis, com a redução da dose ou com a suspensão da medicação”, afirma Miranda. Segundo ele, os resultados não têm demonstrado efeitos adversos graves ou de maior preocupação.

Aprovação no Brasil

No Brasil, a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk solicitou no fim de 2021 o uso da caneta à Anvisa para tratar a obesidade. Após passar por análise, o pedido agora foi aprovado pela agência reguladora, mas ainda não há previsão de quando irá chegar ao Brasil ou quanto irá custar. O medicamento é indicado para dois grupos:

  • pessoas com sobrepeso (com IMC maior que 27) e com algum tipo de comorbidade;
  • pessoas com obesidade (com IMC superior a 30).

Para a diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), a médica endocrinologista Cynthia Valerio, “a aprovação da semaglutida para o tratamento da obesidade pela Anvisa é uma enorme conquista para os pacientes com obesidade e sobrepeso no Brasil”. “É uma medicação que vem inaugurando uma nova era no tratamento da obesidade”, afirma.

Mas a endocrinologista pondera que o tratamento deve ser aliado a outras ações. “O remédio apoia a mudança do estilo de vida, mas nunca deve ser encarado como um tratamento isolado”, reforça Cynthia. “A obesidade hoje é um problema de saúde pública tão grande que a gente tem que pensar como uma arma a mais, que vem agregar junto a outras já existentes.”

Nutricionista Esportiva na Clínica Soloh de Nutrição e no Minas Tênis Clube, Renata Brasil destaca que a caneta de semaglutida é eficaz para redução de gordura corporal. Mas alerta que a substância, já comercializada para pacientes com diabete em farmácias em dosagem diferente e a um preço de quase R$ 1 mil por mês, tem sido usada de forma indevida.

“Esse medicamento tem sido banalizado, principalmente pela facilidade que se tem na aquisição”, diz. Ela reforça, em meio a isso, a importância de procurar um profissional capacitado para avaliar o histórico familiar do paciente e fazer um encaminhamento seguro. “O emagrecimento pode vir a causar um ‘efeito rebote’, em que a pessoa acaba engordando tudo de novo, ou às vezes até mais, se não tiver um acompanhamento nutricional.”

Para a vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrição, Daniela Cierro, a aprovação da medicação não pode negligenciar a terapia nutricional, que, defende ela, também ajuda a combater possíveis efeitos colaterais. “Saber comer, olhar para os nutrientes que podem entrar em carência e o que vai contribuir para o funcionamento orgânico é fundamental para o sucesso (do tratamento)”, diz.

Conforme a Novo Nordisk, o medicamento passa agora por uma formulação de preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. Depois, seguirá os demais trâmites de importação e logística para somente após isso chegar às farmácias, o que pode atingir o segundo semestre. A fabricante não estimou uma a data para lançamento ou preço do produto no País.

Diretora médica da Novo Nordisk, a endocrinologista Priscilla Mattar reforça que a semaglutida é um agonista do receptor de GLP-1 com mais de 95% de semelhança com um hormônio produzido pelo homem no intestino. “Ela (a semaglutida) tem um efeito na regulação do apetite muito específico – diminuiu a fome e aumenta a saciedade – e a mesma base do hormônio intestinal”, diz.

Caneta de liraglutida

Outro agonista do receptor de GLP-1, a caneta de liraglutida, também desenvolvida pela Novo Nordisk, já está aprovada pela Anvisa desde 2016 para tratamento da obesidade. Diferentemente da semaglutida, no entanto, ela é de aplicação diária.

Não há estudo comparativo entre a efetividade das duas substâncias para tratar a obesidade, mas uma pesquisa conduzida pela farmacêutica dinamarquesa apontou que a Saxenda pode diminuir a massa corporal em até 8% após administração por um ano – índice menor que o apresentado pela semaglutida.

Segundo dados do Atlas da Obesidade, cerca de 30% da população brasileira deve ter obesidade até 2030. Atualmente, estima-se que aproximadamente 41 milhões de pessoas (cerca 20% do total de habitantes) convivam com a obesidade no País.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a primeira medicação injetável de aplicação semanal para tratar a obesidade do País. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira, 2. Especialistas recomendam que o tratamento com a caneta de semaglutida (2,4 mg), que tem aval em países como Estados Unidos e Canadá, deve ser feito com supervisão médica.

O uso da substância – já aprovada para tratar o diabete tipo 2 no País, mas em dosagem menor – pode fazer com que pacientes adultos percam, em média, 17% do peso corporal em pouco mais de um ano. O hormônio consiste em um agonista do receptor de GLP-1 que sinaliza ao cérebro a sensação de saciedade. A aplicação subcutânea ocorre uma vez por semana e já é testada por pesquisas científicas.

Como mostrou o Estadão há um ano, o método, desenvolvido para tratamento do diabete, se revelou como um importante aliado no combate à obesidade. Um dos primeiros estudos que indicou como a caneta pode ser útil para pacientes com obesidade, segundo especialistas, foi publicado em 2020 na revista científica The New England Journal of Medicine.

Os pesquisadores demonstraram que, quando combinada a uma alimentação regrada e ao aumento da atividade física, a dosagem semanal de 2,4 mg de semaglutida propiciou perda média de peso de 15,2%, ante 2,6% no grupo placebo – a dosagem usada para o tratamento da obesidade é quase o dobro dos 1,3 mg usados para tratar o diabete tipo 2.

Como resultado, a caneta, cujo nome comercial é Wegovy, foi aprovada no mesmo ano do estudo pela agência reguladora dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) para tratar o sobrepeso e a obesidade, um dos principais problemas enfrentados pelos americanos. Também recebeu aval da Europa e do Canadá.

Estudos mais recentes da Novo Nordisk, fabricante do produto, indicaram que pacientes que usaram a substância conseguiram uma perda média de peso de 17% em pouco mais de um ano, contra 2,4% no grupo placebo. “É a medicação que chega com estudos demonstrando a maior potência em termos de redução percentual do peso”, afirma o médico endocrinologista Paulo Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Não houve ocorrência de efeitos colaterais graves nos estudos, mas foram relatados eventos gastrointestinais, como náusea e vômito, o que reforça a necessidade de acompanhamento médico. “De maneira geral, a medicação é bem tolerada, porque os efeitos colaterais são reversíveis, com a redução da dose ou com a suspensão da medicação”, afirma Miranda. Segundo ele, os resultados não têm demonstrado efeitos adversos graves ou de maior preocupação.

Aprovação no Brasil

No Brasil, a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk solicitou no fim de 2021 o uso da caneta à Anvisa para tratar a obesidade. Após passar por análise, o pedido agora foi aprovado pela agência reguladora, mas ainda não há previsão de quando irá chegar ao Brasil ou quanto irá custar. O medicamento é indicado para dois grupos:

  • pessoas com sobrepeso (com IMC maior que 27) e com algum tipo de comorbidade;
  • pessoas com obesidade (com IMC superior a 30).

Para a diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), a médica endocrinologista Cynthia Valerio, “a aprovação da semaglutida para o tratamento da obesidade pela Anvisa é uma enorme conquista para os pacientes com obesidade e sobrepeso no Brasil”. “É uma medicação que vem inaugurando uma nova era no tratamento da obesidade”, afirma.

Mas a endocrinologista pondera que o tratamento deve ser aliado a outras ações. “O remédio apoia a mudança do estilo de vida, mas nunca deve ser encarado como um tratamento isolado”, reforça Cynthia. “A obesidade hoje é um problema de saúde pública tão grande que a gente tem que pensar como uma arma a mais, que vem agregar junto a outras já existentes.”

Nutricionista Esportiva na Clínica Soloh de Nutrição e no Minas Tênis Clube, Renata Brasil destaca que a caneta de semaglutida é eficaz para redução de gordura corporal. Mas alerta que a substância, já comercializada para pacientes com diabete em farmácias em dosagem diferente e a um preço de quase R$ 1 mil por mês, tem sido usada de forma indevida.

“Esse medicamento tem sido banalizado, principalmente pela facilidade que se tem na aquisição”, diz. Ela reforça, em meio a isso, a importância de procurar um profissional capacitado para avaliar o histórico familiar do paciente e fazer um encaminhamento seguro. “O emagrecimento pode vir a causar um ‘efeito rebote’, em que a pessoa acaba engordando tudo de novo, ou às vezes até mais, se não tiver um acompanhamento nutricional.”

Para a vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrição, Daniela Cierro, a aprovação da medicação não pode negligenciar a terapia nutricional, que, defende ela, também ajuda a combater possíveis efeitos colaterais. “Saber comer, olhar para os nutrientes que podem entrar em carência e o que vai contribuir para o funcionamento orgânico é fundamental para o sucesso (do tratamento)”, diz.

Conforme a Novo Nordisk, o medicamento passa agora por uma formulação de preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. Depois, seguirá os demais trâmites de importação e logística para somente após isso chegar às farmácias, o que pode atingir o segundo semestre. A fabricante não estimou uma a data para lançamento ou preço do produto no País.

Diretora médica da Novo Nordisk, a endocrinologista Priscilla Mattar reforça que a semaglutida é um agonista do receptor de GLP-1 com mais de 95% de semelhança com um hormônio produzido pelo homem no intestino. “Ela (a semaglutida) tem um efeito na regulação do apetite muito específico – diminuiu a fome e aumenta a saciedade – e a mesma base do hormônio intestinal”, diz.

Caneta de liraglutida

Outro agonista do receptor de GLP-1, a caneta de liraglutida, também desenvolvida pela Novo Nordisk, já está aprovada pela Anvisa desde 2016 para tratamento da obesidade. Diferentemente da semaglutida, no entanto, ela é de aplicação diária.

Não há estudo comparativo entre a efetividade das duas substâncias para tratar a obesidade, mas uma pesquisa conduzida pela farmacêutica dinamarquesa apontou que a Saxenda pode diminuir a massa corporal em até 8% após administração por um ano – índice menor que o apresentado pela semaglutida.

Segundo dados do Atlas da Obesidade, cerca de 30% da população brasileira deve ter obesidade até 2030. Atualmente, estima-se que aproximadamente 41 milhões de pessoas (cerca 20% do total de habitantes) convivam com a obesidade no País.

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