Catapora: Número de casos cresce 65% em São Paulo; veja quais são os sintomas


Ao todo, foram 213 casos de infecção pelo vírus varicela-zóster, que causa a doença, neste ano. Especialista aponta baixa cobertura vacinal como o principal motivo para o aumento

Por Giovanna Castro

O número de casos de catapora, nome popular para varicela, aumentou em 65% na cidade de São Paulo em 2022, comparado com dados de 2021. Ao todo, foram 213 quadros confirmados de infecção pelo vírus varicela-zóster, que causa a doença, e 56 surtos (quando há aumento repentino de casos) até outubro deste ano. Em 2021, São Paulo teve 129 casos de catapora. Os dados são de um levantamento da Prefeitura de São Paulo.

Marcio Nehab, infectologista pediátrico do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), aponta a baixa cobertura vacinal contra varicela como o principal motivo para o aumento da doença. Hoje, a vacina tetraviral, que protege contra a doença, está com cobertura inferior a 50% da população-alvo nacional, de acordo com análise do Observa Infância (Fiocruz/Unifase).

Por isso, neste momento, o médico avalia que “é essencial que as pessoas atualizem a carteirinha de vacinação dos seus filhos o quanto antes e afastem as crianças das escolas caso elas apresentem sintomas de catapora”.

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No Brasil, os mais atingidos pela doença são crianças e pessoas não vacinadas. Isso porque, ao pegar a doença uma vez - o que geralmente acontece na infância, já que o vírus é altamente contagioso e circula com facilidade em creches e escolas -, a pessoa se torna imune a ela.

“Existe a chance de pegar catapora duas vezes, mas, principalmente para pessoas vacinadas, a chance é muito pequena e a pessoa provavelmente terá poucas lesões”, explica o infectologista.

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Vacinação

A vacina tetra viral (SCR-V) está disponível no Programa Nacional de Imunização (PNI) e protege contra catapora, caxumba, sarampo e rubéola. Ela deve ser aplicada em duas doses: uma aos 15 meses de idade e outra aos 4 anos.

No Brasil, os mais atingidos pela doença são crianças e pessoas não vacinadas Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Segundo a Fiocruz, responsável pela produção nacional do imunizante, a primeira dose da vacina já garante proteção de 85% contra a catapora e, com a segunda dose, a proteção é de 97%. Assim, caso ocorra a infecção pelo vírus, os sintomas tendem a ser mais leves e não evoluir para quadros graves que demandem hospitalização.

Além da tetra viral, existe ainda uma vacina de bloqueio que pode ser tomada por pessoas que tiveram contato recente com pessoas infectadas. “Você pode tomar a vacina de bloqueio até quatro dias depois de ter contato com a pessoa infectado e isso reduz as chances de você desenvolver catapora”, explica Marcio Nehab. O imunizante também é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Sintomas

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Os sintomas mais comuns da catapora são o aparecimento de manchas vermelhas ou bolhas pelo corpo, coceira, febre baixa a moderada com duração média de quatro dias, mal estar, cansaço, dor de cabeça e perda de apetite. Geralmente, eles começam entre 10 e 21 dias após o contágio.

Segundo o médico, o diagnóstico correto da doença é essencial. “A pessoa deve procurar um posto de saúde ou hospital particular”, diz. Geralmente, o diagnóstico da doença é feito após um exame clínico, no entanto, como a catapora tem os mesmos sintomas que a Mpox (novo nome para a MonkeyPox), em alguns casos é preciso fazer um teste sorológico para confirmar a doença e receber indicações corretas de tratamento.

Cuidados e tratamento

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Em geral, não há um tratamento específico para catapora. Os infectologistas recomendam ter cuidado com a higiene da pele, lavando-a regularmente com água e sabão. Além disso, é importante cortar bem as unhas e evitar coçar as lesões, pois isso aumenta o risco de infecções secundárias por bactérias.

Caso o paciente tenha febre, o uso de ácido acetilsalicílico deve ser evitado pois pode gerar complicações. Em quadros graves da doença, o uso de um medicamento chamado aciclovir pode ser indicado, mas isso depende de avaliação médica individual.

Também é importante isolar o paciente por sete dias a partir do aparecimento das lesões de pele, para evitar a transmissão.

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Gravidade

Natalie Del-Vecchio, infectologista pediátrica e coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do IFF/Fiocruz, alerta para a importância de evitar infecções e não subestimar a doença.

“Antigamente, muitas pessoas incentivavam que as crianças pegassem catapora, para não sofrerem com a doença quando adultas. Mas assim como outras enfermidades, a catapora pode evoluir para formas graves e até levar à morte, mesmo em crianças saudáveis”, diz a médica.

Em alguns casos, é possível que a catapora leve a infecções secundárias graves, o que pode causar quadros de encefalite, por exemplo, que é uma doença inflamatória do sistema nervoso central que pode levar à morte.

Pacientes imunossuprimidos (pessoas com doenças autoimunes, que passaram por transplantes de órgãos, vivem com o vírus da aids, estão realizando quimioterapia etc), recém-nascidos e gestantes são grupos de risco.

“Por isso, o contágio não deve ser estimulado. Essa é uma orientação totalmente incorreta. Apenas a vacina protege contra a infecção”, continua a médica.

“Mesmo que a criança não tenha sido vacinada na idade indicada e que a vacina esteja atrasada, os pais podem e devem levá-la ao posto de saúde, onde ela será imunizada e ficará protegida contra a catapora.”

Alta pode ter relação com fim do período de isolamento social, aponta Prefeitura

A Secretaria Municipal de Saúde disse que “algumas circunstâncias” podem explicar a alta, como “a circulação das crianças após longo período de isolamento social intermitente imposto pela pandemia de covid-19 nos anos de 2020 e 2021, elevando o risco de exposição de mais crianças ao mesmo tempo a vários vírus que circulam nos ambientes”.

“O órgão esclarece que a notificação de surto é feita quando há o registro de um caso de varicela em locais específicos, como creches, hospitais, escolas, entre outros”, detalhou a pasta.

A secretaria pontuou ainda que os surtos são investigados pelas equipes de vigilância epidemiológica, “que definem as medidas sanitárias a serem aplicadas em locais com a ocorrência, tais como: o afastamento dos casos suspeitos até a total remissão dos sintomas, higienização das mãos e desinfecção diária dos objetos potencialmente contaminados”.

De janeiro até esta terça-feira, 13, foram aplicadas 116.004 doses de vacina contra a doença em crianças de 1 ano e 3 meses e 144.758 em crianças de 4 anos, informou a pasta municipal.

“Todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Assistências Médicas Ambulatoriais (AMA)/UBS Integrada oferecem o imunizante contra a varicela e as demais vacinas obrigatórias no calendário de vacinação do adulto de maneira gratuita e sem necessidade de agendamento prévio, de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, e aos sábados, nas AMAs/UBSs Integradas no mesmo horário.”

O número de casos de catapora, nome popular para varicela, aumentou em 65% na cidade de São Paulo em 2022, comparado com dados de 2021. Ao todo, foram 213 quadros confirmados de infecção pelo vírus varicela-zóster, que causa a doença, e 56 surtos (quando há aumento repentino de casos) até outubro deste ano. Em 2021, São Paulo teve 129 casos de catapora. Os dados são de um levantamento da Prefeitura de São Paulo.

Marcio Nehab, infectologista pediátrico do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), aponta a baixa cobertura vacinal contra varicela como o principal motivo para o aumento da doença. Hoje, a vacina tetraviral, que protege contra a doença, está com cobertura inferior a 50% da população-alvo nacional, de acordo com análise do Observa Infância (Fiocruz/Unifase).

Por isso, neste momento, o médico avalia que “é essencial que as pessoas atualizem a carteirinha de vacinação dos seus filhos o quanto antes e afastem as crianças das escolas caso elas apresentem sintomas de catapora”.

No Brasil, os mais atingidos pela doença são crianças e pessoas não vacinadas. Isso porque, ao pegar a doença uma vez - o que geralmente acontece na infância, já que o vírus é altamente contagioso e circula com facilidade em creches e escolas -, a pessoa se torna imune a ela.

“Existe a chance de pegar catapora duas vezes, mas, principalmente para pessoas vacinadas, a chance é muito pequena e a pessoa provavelmente terá poucas lesões”, explica o infectologista.

Vacinação

A vacina tetra viral (SCR-V) está disponível no Programa Nacional de Imunização (PNI) e protege contra catapora, caxumba, sarampo e rubéola. Ela deve ser aplicada em duas doses: uma aos 15 meses de idade e outra aos 4 anos.

No Brasil, os mais atingidos pela doença são crianças e pessoas não vacinadas Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Segundo a Fiocruz, responsável pela produção nacional do imunizante, a primeira dose da vacina já garante proteção de 85% contra a catapora e, com a segunda dose, a proteção é de 97%. Assim, caso ocorra a infecção pelo vírus, os sintomas tendem a ser mais leves e não evoluir para quadros graves que demandem hospitalização.

Além da tetra viral, existe ainda uma vacina de bloqueio que pode ser tomada por pessoas que tiveram contato recente com pessoas infectadas. “Você pode tomar a vacina de bloqueio até quatro dias depois de ter contato com a pessoa infectado e isso reduz as chances de você desenvolver catapora”, explica Marcio Nehab. O imunizante também é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Sintomas

Os sintomas mais comuns da catapora são o aparecimento de manchas vermelhas ou bolhas pelo corpo, coceira, febre baixa a moderada com duração média de quatro dias, mal estar, cansaço, dor de cabeça e perda de apetite. Geralmente, eles começam entre 10 e 21 dias após o contágio.

Segundo o médico, o diagnóstico correto da doença é essencial. “A pessoa deve procurar um posto de saúde ou hospital particular”, diz. Geralmente, o diagnóstico da doença é feito após um exame clínico, no entanto, como a catapora tem os mesmos sintomas que a Mpox (novo nome para a MonkeyPox), em alguns casos é preciso fazer um teste sorológico para confirmar a doença e receber indicações corretas de tratamento.

Cuidados e tratamento

Em geral, não há um tratamento específico para catapora. Os infectologistas recomendam ter cuidado com a higiene da pele, lavando-a regularmente com água e sabão. Além disso, é importante cortar bem as unhas e evitar coçar as lesões, pois isso aumenta o risco de infecções secundárias por bactérias.

Caso o paciente tenha febre, o uso de ácido acetilsalicílico deve ser evitado pois pode gerar complicações. Em quadros graves da doença, o uso de um medicamento chamado aciclovir pode ser indicado, mas isso depende de avaliação médica individual.

Também é importante isolar o paciente por sete dias a partir do aparecimento das lesões de pele, para evitar a transmissão.

Gravidade

Natalie Del-Vecchio, infectologista pediátrica e coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do IFF/Fiocruz, alerta para a importância de evitar infecções e não subestimar a doença.

“Antigamente, muitas pessoas incentivavam que as crianças pegassem catapora, para não sofrerem com a doença quando adultas. Mas assim como outras enfermidades, a catapora pode evoluir para formas graves e até levar à morte, mesmo em crianças saudáveis”, diz a médica.

Em alguns casos, é possível que a catapora leve a infecções secundárias graves, o que pode causar quadros de encefalite, por exemplo, que é uma doença inflamatória do sistema nervoso central que pode levar à morte.

Pacientes imunossuprimidos (pessoas com doenças autoimunes, que passaram por transplantes de órgãos, vivem com o vírus da aids, estão realizando quimioterapia etc), recém-nascidos e gestantes são grupos de risco.

“Por isso, o contágio não deve ser estimulado. Essa é uma orientação totalmente incorreta. Apenas a vacina protege contra a infecção”, continua a médica.

“Mesmo que a criança não tenha sido vacinada na idade indicada e que a vacina esteja atrasada, os pais podem e devem levá-la ao posto de saúde, onde ela será imunizada e ficará protegida contra a catapora.”

Alta pode ter relação com fim do período de isolamento social, aponta Prefeitura

A Secretaria Municipal de Saúde disse que “algumas circunstâncias” podem explicar a alta, como “a circulação das crianças após longo período de isolamento social intermitente imposto pela pandemia de covid-19 nos anos de 2020 e 2021, elevando o risco de exposição de mais crianças ao mesmo tempo a vários vírus que circulam nos ambientes”.

“O órgão esclarece que a notificação de surto é feita quando há o registro de um caso de varicela em locais específicos, como creches, hospitais, escolas, entre outros”, detalhou a pasta.

A secretaria pontuou ainda que os surtos são investigados pelas equipes de vigilância epidemiológica, “que definem as medidas sanitárias a serem aplicadas em locais com a ocorrência, tais como: o afastamento dos casos suspeitos até a total remissão dos sintomas, higienização das mãos e desinfecção diária dos objetos potencialmente contaminados”.

De janeiro até esta terça-feira, 13, foram aplicadas 116.004 doses de vacina contra a doença em crianças de 1 ano e 3 meses e 144.758 em crianças de 4 anos, informou a pasta municipal.

“Todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Assistências Médicas Ambulatoriais (AMA)/UBS Integrada oferecem o imunizante contra a varicela e as demais vacinas obrigatórias no calendário de vacinação do adulto de maneira gratuita e sem necessidade de agendamento prévio, de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, e aos sábados, nas AMAs/UBSs Integradas no mesmo horário.”

O número de casos de catapora, nome popular para varicela, aumentou em 65% na cidade de São Paulo em 2022, comparado com dados de 2021. Ao todo, foram 213 quadros confirmados de infecção pelo vírus varicela-zóster, que causa a doença, e 56 surtos (quando há aumento repentino de casos) até outubro deste ano. Em 2021, São Paulo teve 129 casos de catapora. Os dados são de um levantamento da Prefeitura de São Paulo.

Marcio Nehab, infectologista pediátrico do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), aponta a baixa cobertura vacinal contra varicela como o principal motivo para o aumento da doença. Hoje, a vacina tetraviral, que protege contra a doença, está com cobertura inferior a 50% da população-alvo nacional, de acordo com análise do Observa Infância (Fiocruz/Unifase).

Por isso, neste momento, o médico avalia que “é essencial que as pessoas atualizem a carteirinha de vacinação dos seus filhos o quanto antes e afastem as crianças das escolas caso elas apresentem sintomas de catapora”.

No Brasil, os mais atingidos pela doença são crianças e pessoas não vacinadas. Isso porque, ao pegar a doença uma vez - o que geralmente acontece na infância, já que o vírus é altamente contagioso e circula com facilidade em creches e escolas -, a pessoa se torna imune a ela.

“Existe a chance de pegar catapora duas vezes, mas, principalmente para pessoas vacinadas, a chance é muito pequena e a pessoa provavelmente terá poucas lesões”, explica o infectologista.

Vacinação

A vacina tetra viral (SCR-V) está disponível no Programa Nacional de Imunização (PNI) e protege contra catapora, caxumba, sarampo e rubéola. Ela deve ser aplicada em duas doses: uma aos 15 meses de idade e outra aos 4 anos.

No Brasil, os mais atingidos pela doença são crianças e pessoas não vacinadas Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Segundo a Fiocruz, responsável pela produção nacional do imunizante, a primeira dose da vacina já garante proteção de 85% contra a catapora e, com a segunda dose, a proteção é de 97%. Assim, caso ocorra a infecção pelo vírus, os sintomas tendem a ser mais leves e não evoluir para quadros graves que demandem hospitalização.

Além da tetra viral, existe ainda uma vacina de bloqueio que pode ser tomada por pessoas que tiveram contato recente com pessoas infectadas. “Você pode tomar a vacina de bloqueio até quatro dias depois de ter contato com a pessoa infectado e isso reduz as chances de você desenvolver catapora”, explica Marcio Nehab. O imunizante também é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Sintomas

Os sintomas mais comuns da catapora são o aparecimento de manchas vermelhas ou bolhas pelo corpo, coceira, febre baixa a moderada com duração média de quatro dias, mal estar, cansaço, dor de cabeça e perda de apetite. Geralmente, eles começam entre 10 e 21 dias após o contágio.

Segundo o médico, o diagnóstico correto da doença é essencial. “A pessoa deve procurar um posto de saúde ou hospital particular”, diz. Geralmente, o diagnóstico da doença é feito após um exame clínico, no entanto, como a catapora tem os mesmos sintomas que a Mpox (novo nome para a MonkeyPox), em alguns casos é preciso fazer um teste sorológico para confirmar a doença e receber indicações corretas de tratamento.

Cuidados e tratamento

Em geral, não há um tratamento específico para catapora. Os infectologistas recomendam ter cuidado com a higiene da pele, lavando-a regularmente com água e sabão. Além disso, é importante cortar bem as unhas e evitar coçar as lesões, pois isso aumenta o risco de infecções secundárias por bactérias.

Caso o paciente tenha febre, o uso de ácido acetilsalicílico deve ser evitado pois pode gerar complicações. Em quadros graves da doença, o uso de um medicamento chamado aciclovir pode ser indicado, mas isso depende de avaliação médica individual.

Também é importante isolar o paciente por sete dias a partir do aparecimento das lesões de pele, para evitar a transmissão.

Gravidade

Natalie Del-Vecchio, infectologista pediátrica e coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do IFF/Fiocruz, alerta para a importância de evitar infecções e não subestimar a doença.

“Antigamente, muitas pessoas incentivavam que as crianças pegassem catapora, para não sofrerem com a doença quando adultas. Mas assim como outras enfermidades, a catapora pode evoluir para formas graves e até levar à morte, mesmo em crianças saudáveis”, diz a médica.

Em alguns casos, é possível que a catapora leve a infecções secundárias graves, o que pode causar quadros de encefalite, por exemplo, que é uma doença inflamatória do sistema nervoso central que pode levar à morte.

Pacientes imunossuprimidos (pessoas com doenças autoimunes, que passaram por transplantes de órgãos, vivem com o vírus da aids, estão realizando quimioterapia etc), recém-nascidos e gestantes são grupos de risco.

“Por isso, o contágio não deve ser estimulado. Essa é uma orientação totalmente incorreta. Apenas a vacina protege contra a infecção”, continua a médica.

“Mesmo que a criança não tenha sido vacinada na idade indicada e que a vacina esteja atrasada, os pais podem e devem levá-la ao posto de saúde, onde ela será imunizada e ficará protegida contra a catapora.”

Alta pode ter relação com fim do período de isolamento social, aponta Prefeitura

A Secretaria Municipal de Saúde disse que “algumas circunstâncias” podem explicar a alta, como “a circulação das crianças após longo período de isolamento social intermitente imposto pela pandemia de covid-19 nos anos de 2020 e 2021, elevando o risco de exposição de mais crianças ao mesmo tempo a vários vírus que circulam nos ambientes”.

“O órgão esclarece que a notificação de surto é feita quando há o registro de um caso de varicela em locais específicos, como creches, hospitais, escolas, entre outros”, detalhou a pasta.

A secretaria pontuou ainda que os surtos são investigados pelas equipes de vigilância epidemiológica, “que definem as medidas sanitárias a serem aplicadas em locais com a ocorrência, tais como: o afastamento dos casos suspeitos até a total remissão dos sintomas, higienização das mãos e desinfecção diária dos objetos potencialmente contaminados”.

De janeiro até esta terça-feira, 13, foram aplicadas 116.004 doses de vacina contra a doença em crianças de 1 ano e 3 meses e 144.758 em crianças de 4 anos, informou a pasta municipal.

“Todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Assistências Médicas Ambulatoriais (AMA)/UBS Integrada oferecem o imunizante contra a varicela e as demais vacinas obrigatórias no calendário de vacinação do adulto de maneira gratuita e sem necessidade de agendamento prévio, de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, e aos sábados, nas AMAs/UBSs Integradas no mesmo horário.”

O número de casos de catapora, nome popular para varicela, aumentou em 65% na cidade de São Paulo em 2022, comparado com dados de 2021. Ao todo, foram 213 quadros confirmados de infecção pelo vírus varicela-zóster, que causa a doença, e 56 surtos (quando há aumento repentino de casos) até outubro deste ano. Em 2021, São Paulo teve 129 casos de catapora. Os dados são de um levantamento da Prefeitura de São Paulo.

Marcio Nehab, infectologista pediátrico do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), aponta a baixa cobertura vacinal contra varicela como o principal motivo para o aumento da doença. Hoje, a vacina tetraviral, que protege contra a doença, está com cobertura inferior a 50% da população-alvo nacional, de acordo com análise do Observa Infância (Fiocruz/Unifase).

Por isso, neste momento, o médico avalia que “é essencial que as pessoas atualizem a carteirinha de vacinação dos seus filhos o quanto antes e afastem as crianças das escolas caso elas apresentem sintomas de catapora”.

No Brasil, os mais atingidos pela doença são crianças e pessoas não vacinadas. Isso porque, ao pegar a doença uma vez - o que geralmente acontece na infância, já que o vírus é altamente contagioso e circula com facilidade em creches e escolas -, a pessoa se torna imune a ela.

“Existe a chance de pegar catapora duas vezes, mas, principalmente para pessoas vacinadas, a chance é muito pequena e a pessoa provavelmente terá poucas lesões”, explica o infectologista.

Vacinação

A vacina tetra viral (SCR-V) está disponível no Programa Nacional de Imunização (PNI) e protege contra catapora, caxumba, sarampo e rubéola. Ela deve ser aplicada em duas doses: uma aos 15 meses de idade e outra aos 4 anos.

No Brasil, os mais atingidos pela doença são crianças e pessoas não vacinadas Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Segundo a Fiocruz, responsável pela produção nacional do imunizante, a primeira dose da vacina já garante proteção de 85% contra a catapora e, com a segunda dose, a proteção é de 97%. Assim, caso ocorra a infecção pelo vírus, os sintomas tendem a ser mais leves e não evoluir para quadros graves que demandem hospitalização.

Além da tetra viral, existe ainda uma vacina de bloqueio que pode ser tomada por pessoas que tiveram contato recente com pessoas infectadas. “Você pode tomar a vacina de bloqueio até quatro dias depois de ter contato com a pessoa infectado e isso reduz as chances de você desenvolver catapora”, explica Marcio Nehab. O imunizante também é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Sintomas

Os sintomas mais comuns da catapora são o aparecimento de manchas vermelhas ou bolhas pelo corpo, coceira, febre baixa a moderada com duração média de quatro dias, mal estar, cansaço, dor de cabeça e perda de apetite. Geralmente, eles começam entre 10 e 21 dias após o contágio.

Segundo o médico, o diagnóstico correto da doença é essencial. “A pessoa deve procurar um posto de saúde ou hospital particular”, diz. Geralmente, o diagnóstico da doença é feito após um exame clínico, no entanto, como a catapora tem os mesmos sintomas que a Mpox (novo nome para a MonkeyPox), em alguns casos é preciso fazer um teste sorológico para confirmar a doença e receber indicações corretas de tratamento.

Cuidados e tratamento

Em geral, não há um tratamento específico para catapora. Os infectologistas recomendam ter cuidado com a higiene da pele, lavando-a regularmente com água e sabão. Além disso, é importante cortar bem as unhas e evitar coçar as lesões, pois isso aumenta o risco de infecções secundárias por bactérias.

Caso o paciente tenha febre, o uso de ácido acetilsalicílico deve ser evitado pois pode gerar complicações. Em quadros graves da doença, o uso de um medicamento chamado aciclovir pode ser indicado, mas isso depende de avaliação médica individual.

Também é importante isolar o paciente por sete dias a partir do aparecimento das lesões de pele, para evitar a transmissão.

Gravidade

Natalie Del-Vecchio, infectologista pediátrica e coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do IFF/Fiocruz, alerta para a importância de evitar infecções e não subestimar a doença.

“Antigamente, muitas pessoas incentivavam que as crianças pegassem catapora, para não sofrerem com a doença quando adultas. Mas assim como outras enfermidades, a catapora pode evoluir para formas graves e até levar à morte, mesmo em crianças saudáveis”, diz a médica.

Em alguns casos, é possível que a catapora leve a infecções secundárias graves, o que pode causar quadros de encefalite, por exemplo, que é uma doença inflamatória do sistema nervoso central que pode levar à morte.

Pacientes imunossuprimidos (pessoas com doenças autoimunes, que passaram por transplantes de órgãos, vivem com o vírus da aids, estão realizando quimioterapia etc), recém-nascidos e gestantes são grupos de risco.

“Por isso, o contágio não deve ser estimulado. Essa é uma orientação totalmente incorreta. Apenas a vacina protege contra a infecção”, continua a médica.

“Mesmo que a criança não tenha sido vacinada na idade indicada e que a vacina esteja atrasada, os pais podem e devem levá-la ao posto de saúde, onde ela será imunizada e ficará protegida contra a catapora.”

Alta pode ter relação com fim do período de isolamento social, aponta Prefeitura

A Secretaria Municipal de Saúde disse que “algumas circunstâncias” podem explicar a alta, como “a circulação das crianças após longo período de isolamento social intermitente imposto pela pandemia de covid-19 nos anos de 2020 e 2021, elevando o risco de exposição de mais crianças ao mesmo tempo a vários vírus que circulam nos ambientes”.

“O órgão esclarece que a notificação de surto é feita quando há o registro de um caso de varicela em locais específicos, como creches, hospitais, escolas, entre outros”, detalhou a pasta.

A secretaria pontuou ainda que os surtos são investigados pelas equipes de vigilância epidemiológica, “que definem as medidas sanitárias a serem aplicadas em locais com a ocorrência, tais como: o afastamento dos casos suspeitos até a total remissão dos sintomas, higienização das mãos e desinfecção diária dos objetos potencialmente contaminados”.

De janeiro até esta terça-feira, 13, foram aplicadas 116.004 doses de vacina contra a doença em crianças de 1 ano e 3 meses e 144.758 em crianças de 4 anos, informou a pasta municipal.

“Todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Assistências Médicas Ambulatoriais (AMA)/UBS Integrada oferecem o imunizante contra a varicela e as demais vacinas obrigatórias no calendário de vacinação do adulto de maneira gratuita e sem necessidade de agendamento prévio, de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, e aos sábados, nas AMAs/UBSs Integradas no mesmo horário.”

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