Cera de ouvido: o que é, qual a sua função e como remover o excesso do jeito certo?


Limpeza inadequada do cerume pode favorecer seu acúmulo no canal auditivo; com o tempo, há redução da audição

Por Thaís Manarini

Uma boa parcela da população faz um esforço para remover a cera presente no ouvido, como se a substância fosse algum tipo de sujeira. Mas a verdade é que o cerume – seu nome técnico – está muito mais para aliado do corpo. “Ele é feito de proteínas, gorduras, enzimas e descamação da pele da região”, define o otorrinolaringologista Ricardo Dourado, especialista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF). Ainda de acordo com ele, essa combinação tem a função de proteger a fina pele do canal do ouvido. É que ela lubrifica e acidifica levemente a área, tornando-a menos favorável à proliferação de bactérias e fungos.

“Deve haver uma camada fina de cera sobre a pele, na parte externa do canal auditivo. Não há cerume na parte interna, próxima ao tímpano”, completa Maura Neves, otorrinolaringologista pela Universidade de São Paulo (USP).

O que causa o acúmulo de cera e como desconfiar do problema?

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Alguns indivíduos têm uma característica individual de produzir uma maior quantidade de cerume. “Mas é a minoria da população”, pondera Dourado. Em idosos, Maura observa que a presença de pelos na saída do canal auditivo e mudanças na consistência da cera podem facilitar o acúmulo da substância.

Para a maior parte das pessoas, no entanto, essa situação está ligada a questões comportamentais. Um motivo clássico é o uso de hastes flexíveis. “Enquanto removem parte da cera, elas empurram o restante para o fundo do canal”, explica Maura. Há outros objetos que causam o mesmo problema, como fones de ouvido, protetores auditivos para ruídos ou natação etc.

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De acordo com Dourado, isso dificulta a remoção natural da cera, que acontece de dentro para fora, devido à migração da pele durante seu processo de renovação, e também com o apoio de movimentos mastigatórios.

Quando o ouvido fica cheio de cerume, as principais consequências são uma sensação de ouvido entupido e um prejuízo na capacidade auditiva. “A redução da audição é a maior pista de que há acúmulo de cera”, ressalta Maura.

Vale destacar que o processo de acúmulo é lento, progressivo e, muitas vezes, ocorre nos dois ouvidos. “Dessa maneira, a pessoa não percebe que está escutando menos e vai se acostumando. Até porque o segundo ouvido, que seria sua referência, também está sendo afetado”, nota Dourado. Não raro, o sujeito só se dá conta do entrave quando uma pessoa de sua convivência repara que ele está desatento, pedindo para repetir informações e aumentando demais o volume da televisão.

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Hastes flexíveis: o melhor é evitar

Além de o acessório forçar parte da cera para as profundezas do ouvido, levando à compactação e ao acúmulo da substância, Maura nota que, em média, o canal auditivo tem apenas 2,5 centímetros. Portanto, cutucá-lo com a haste, que mede cerca de 8 cm, pode causar lesões na membrana timpânica. “Existe o risco de gerar infecções na região e/ou perda auditiva”, completa o especialista da ABORL-CCF.

Hastes flexíveis acabam empurrando cera para o fundo do canal auditivo. Com o tempo, isso leva ao acúmulo do material e prejudica a audição. Foto: Freepik
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Como remover o excesso de cera?

Para aqueles indivíduos que tendem a produzir uma quantidade extra de cerume, o membro da ABORL-CCF aconselha a visita ao médico otorrinolaringologista de tempos em tempos para realizar a remoção da substância com segurança e por meio de técnicas específicas, como lavagem ou uso de materiais metálicos. “A periodicidade depende da pessoa, mas, em geral, a limpeza acontece a cada 6 meses ou 1 ano”, diz.

No caso de compactação de cera por causa de certos hábitos, como uso frequente das hastes flexíveis ou de fones de ouvido, também é fundamental ir atrás do especialista. “A estratégia escolhida vai depender da quantidade de cera e da sua localização dentro do canal”, conta Maura. Se o material estiver mais endurecido, é possível recorrer a remédios em gotas para amolecê-lo antes da lavagem, por exemplo.

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Lavagem não deve ser feita por conta própria

Na verdade, esse procedimento – conhecido ainda como irrigação – não deve ser realizado em casa nem com profissionais que não sejam especialistas no assunto. “Antes da lavagem, precisamos realizar um diagnóstico correto, confirmando que a queixa do paciente é realmente causada por excesso de cera e não por outras causas de surdez ou uma otite, por exemplo”, justifica Dourado.

Se a surdez não for motivada pelo excesso de cera, a identificação rápida do quadro é essencial para dar início ao tratamento correto e garantir o sucesso da intervenção.

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Além disso, Maura comenta que a irrigação caseira pode resultar em diversos problemas, como laceração com sangramento no canal auditivo, ruptura da membrana timpânica e até desarticulação da cadeia ossicular. “Há técnica adequada para irrigar a orelha sem causar essas lesões. A força empregada é tão importante quanto o direcionamento adequado do fluxo de água”, descreve.

Qual o jeito certo de limpar o ouvido em casa, no dia a dia?

Maura esclarece que o ouvido possui um mecanismo autolimpante. “As células do canal migram para a parte de fora do ouvido e se misturam à cera. Ela normalmente derrete para a concha auricular”, ensina. “A limpeza deve ocorrer apenas no pavilhão auricular”, acrescenta. Ou seja, trata-se da parte externa da entrada do ouvido.

Para a higienização no dia a dia, ambos os especialistas defendem passar o dedo envolto em uma toalha na área logo depois do banho, quando a cera está mais molinha. “Não há necessidade de introduzir nada na parte interna do canal”, reforça Dourado.

Uma boa parcela da população faz um esforço para remover a cera presente no ouvido, como se a substância fosse algum tipo de sujeira. Mas a verdade é que o cerume – seu nome técnico – está muito mais para aliado do corpo. “Ele é feito de proteínas, gorduras, enzimas e descamação da pele da região”, define o otorrinolaringologista Ricardo Dourado, especialista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF). Ainda de acordo com ele, essa combinação tem a função de proteger a fina pele do canal do ouvido. É que ela lubrifica e acidifica levemente a área, tornando-a menos favorável à proliferação de bactérias e fungos.

“Deve haver uma camada fina de cera sobre a pele, na parte externa do canal auditivo. Não há cerume na parte interna, próxima ao tímpano”, completa Maura Neves, otorrinolaringologista pela Universidade de São Paulo (USP).

O que causa o acúmulo de cera e como desconfiar do problema?

Alguns indivíduos têm uma característica individual de produzir uma maior quantidade de cerume. “Mas é a minoria da população”, pondera Dourado. Em idosos, Maura observa que a presença de pelos na saída do canal auditivo e mudanças na consistência da cera podem facilitar o acúmulo da substância.

Para a maior parte das pessoas, no entanto, essa situação está ligada a questões comportamentais. Um motivo clássico é o uso de hastes flexíveis. “Enquanto removem parte da cera, elas empurram o restante para o fundo do canal”, explica Maura. Há outros objetos que causam o mesmo problema, como fones de ouvido, protetores auditivos para ruídos ou natação etc.

De acordo com Dourado, isso dificulta a remoção natural da cera, que acontece de dentro para fora, devido à migração da pele durante seu processo de renovação, e também com o apoio de movimentos mastigatórios.

Quando o ouvido fica cheio de cerume, as principais consequências são uma sensação de ouvido entupido e um prejuízo na capacidade auditiva. “A redução da audição é a maior pista de que há acúmulo de cera”, ressalta Maura.

Vale destacar que o processo de acúmulo é lento, progressivo e, muitas vezes, ocorre nos dois ouvidos. “Dessa maneira, a pessoa não percebe que está escutando menos e vai se acostumando. Até porque o segundo ouvido, que seria sua referência, também está sendo afetado”, nota Dourado. Não raro, o sujeito só se dá conta do entrave quando uma pessoa de sua convivência repara que ele está desatento, pedindo para repetir informações e aumentando demais o volume da televisão.

Hastes flexíveis: o melhor é evitar

Além de o acessório forçar parte da cera para as profundezas do ouvido, levando à compactação e ao acúmulo da substância, Maura nota que, em média, o canal auditivo tem apenas 2,5 centímetros. Portanto, cutucá-lo com a haste, que mede cerca de 8 cm, pode causar lesões na membrana timpânica. “Existe o risco de gerar infecções na região e/ou perda auditiva”, completa o especialista da ABORL-CCF.

Hastes flexíveis acabam empurrando cera para o fundo do canal auditivo. Com o tempo, isso leva ao acúmulo do material e prejudica a audição. Foto: Freepik

Como remover o excesso de cera?

Para aqueles indivíduos que tendem a produzir uma quantidade extra de cerume, o membro da ABORL-CCF aconselha a visita ao médico otorrinolaringologista de tempos em tempos para realizar a remoção da substância com segurança e por meio de técnicas específicas, como lavagem ou uso de materiais metálicos. “A periodicidade depende da pessoa, mas, em geral, a limpeza acontece a cada 6 meses ou 1 ano”, diz.

No caso de compactação de cera por causa de certos hábitos, como uso frequente das hastes flexíveis ou de fones de ouvido, também é fundamental ir atrás do especialista. “A estratégia escolhida vai depender da quantidade de cera e da sua localização dentro do canal”, conta Maura. Se o material estiver mais endurecido, é possível recorrer a remédios em gotas para amolecê-lo antes da lavagem, por exemplo.

Lavagem não deve ser feita por conta própria

Na verdade, esse procedimento – conhecido ainda como irrigação – não deve ser realizado em casa nem com profissionais que não sejam especialistas no assunto. “Antes da lavagem, precisamos realizar um diagnóstico correto, confirmando que a queixa do paciente é realmente causada por excesso de cera e não por outras causas de surdez ou uma otite, por exemplo”, justifica Dourado.

Se a surdez não for motivada pelo excesso de cera, a identificação rápida do quadro é essencial para dar início ao tratamento correto e garantir o sucesso da intervenção.

Além disso, Maura comenta que a irrigação caseira pode resultar em diversos problemas, como laceração com sangramento no canal auditivo, ruptura da membrana timpânica e até desarticulação da cadeia ossicular. “Há técnica adequada para irrigar a orelha sem causar essas lesões. A força empregada é tão importante quanto o direcionamento adequado do fluxo de água”, descreve.

Qual o jeito certo de limpar o ouvido em casa, no dia a dia?

Maura esclarece que o ouvido possui um mecanismo autolimpante. “As células do canal migram para a parte de fora do ouvido e se misturam à cera. Ela normalmente derrete para a concha auricular”, ensina. “A limpeza deve ocorrer apenas no pavilhão auricular”, acrescenta. Ou seja, trata-se da parte externa da entrada do ouvido.

Para a higienização no dia a dia, ambos os especialistas defendem passar o dedo envolto em uma toalha na área logo depois do banho, quando a cera está mais molinha. “Não há necessidade de introduzir nada na parte interna do canal”, reforça Dourado.

Uma boa parcela da população faz um esforço para remover a cera presente no ouvido, como se a substância fosse algum tipo de sujeira. Mas a verdade é que o cerume – seu nome técnico – está muito mais para aliado do corpo. “Ele é feito de proteínas, gorduras, enzimas e descamação da pele da região”, define o otorrinolaringologista Ricardo Dourado, especialista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF). Ainda de acordo com ele, essa combinação tem a função de proteger a fina pele do canal do ouvido. É que ela lubrifica e acidifica levemente a área, tornando-a menos favorável à proliferação de bactérias e fungos.

“Deve haver uma camada fina de cera sobre a pele, na parte externa do canal auditivo. Não há cerume na parte interna, próxima ao tímpano”, completa Maura Neves, otorrinolaringologista pela Universidade de São Paulo (USP).

O que causa o acúmulo de cera e como desconfiar do problema?

Alguns indivíduos têm uma característica individual de produzir uma maior quantidade de cerume. “Mas é a minoria da população”, pondera Dourado. Em idosos, Maura observa que a presença de pelos na saída do canal auditivo e mudanças na consistência da cera podem facilitar o acúmulo da substância.

Para a maior parte das pessoas, no entanto, essa situação está ligada a questões comportamentais. Um motivo clássico é o uso de hastes flexíveis. “Enquanto removem parte da cera, elas empurram o restante para o fundo do canal”, explica Maura. Há outros objetos que causam o mesmo problema, como fones de ouvido, protetores auditivos para ruídos ou natação etc.

De acordo com Dourado, isso dificulta a remoção natural da cera, que acontece de dentro para fora, devido à migração da pele durante seu processo de renovação, e também com o apoio de movimentos mastigatórios.

Quando o ouvido fica cheio de cerume, as principais consequências são uma sensação de ouvido entupido e um prejuízo na capacidade auditiva. “A redução da audição é a maior pista de que há acúmulo de cera”, ressalta Maura.

Vale destacar que o processo de acúmulo é lento, progressivo e, muitas vezes, ocorre nos dois ouvidos. “Dessa maneira, a pessoa não percebe que está escutando menos e vai se acostumando. Até porque o segundo ouvido, que seria sua referência, também está sendo afetado”, nota Dourado. Não raro, o sujeito só se dá conta do entrave quando uma pessoa de sua convivência repara que ele está desatento, pedindo para repetir informações e aumentando demais o volume da televisão.

Hastes flexíveis: o melhor é evitar

Além de o acessório forçar parte da cera para as profundezas do ouvido, levando à compactação e ao acúmulo da substância, Maura nota que, em média, o canal auditivo tem apenas 2,5 centímetros. Portanto, cutucá-lo com a haste, que mede cerca de 8 cm, pode causar lesões na membrana timpânica. “Existe o risco de gerar infecções na região e/ou perda auditiva”, completa o especialista da ABORL-CCF.

Hastes flexíveis acabam empurrando cera para o fundo do canal auditivo. Com o tempo, isso leva ao acúmulo do material e prejudica a audição. Foto: Freepik

Como remover o excesso de cera?

Para aqueles indivíduos que tendem a produzir uma quantidade extra de cerume, o membro da ABORL-CCF aconselha a visita ao médico otorrinolaringologista de tempos em tempos para realizar a remoção da substância com segurança e por meio de técnicas específicas, como lavagem ou uso de materiais metálicos. “A periodicidade depende da pessoa, mas, em geral, a limpeza acontece a cada 6 meses ou 1 ano”, diz.

No caso de compactação de cera por causa de certos hábitos, como uso frequente das hastes flexíveis ou de fones de ouvido, também é fundamental ir atrás do especialista. “A estratégia escolhida vai depender da quantidade de cera e da sua localização dentro do canal”, conta Maura. Se o material estiver mais endurecido, é possível recorrer a remédios em gotas para amolecê-lo antes da lavagem, por exemplo.

Lavagem não deve ser feita por conta própria

Na verdade, esse procedimento – conhecido ainda como irrigação – não deve ser realizado em casa nem com profissionais que não sejam especialistas no assunto. “Antes da lavagem, precisamos realizar um diagnóstico correto, confirmando que a queixa do paciente é realmente causada por excesso de cera e não por outras causas de surdez ou uma otite, por exemplo”, justifica Dourado.

Se a surdez não for motivada pelo excesso de cera, a identificação rápida do quadro é essencial para dar início ao tratamento correto e garantir o sucesso da intervenção.

Além disso, Maura comenta que a irrigação caseira pode resultar em diversos problemas, como laceração com sangramento no canal auditivo, ruptura da membrana timpânica e até desarticulação da cadeia ossicular. “Há técnica adequada para irrigar a orelha sem causar essas lesões. A força empregada é tão importante quanto o direcionamento adequado do fluxo de água”, descreve.

Qual o jeito certo de limpar o ouvido em casa, no dia a dia?

Maura esclarece que o ouvido possui um mecanismo autolimpante. “As células do canal migram para a parte de fora do ouvido e se misturam à cera. Ela normalmente derrete para a concha auricular”, ensina. “A limpeza deve ocorrer apenas no pavilhão auricular”, acrescenta. Ou seja, trata-se da parte externa da entrada do ouvido.

Para a higienização no dia a dia, ambos os especialistas defendem passar o dedo envolto em uma toalha na área logo depois do banho, quando a cera está mais molinha. “Não há necessidade de introduzir nada na parte interna do canal”, reforça Dourado.

Uma boa parcela da população faz um esforço para remover a cera presente no ouvido, como se a substância fosse algum tipo de sujeira. Mas a verdade é que o cerume – seu nome técnico – está muito mais para aliado do corpo. “Ele é feito de proteínas, gorduras, enzimas e descamação da pele da região”, define o otorrinolaringologista Ricardo Dourado, especialista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF). Ainda de acordo com ele, essa combinação tem a função de proteger a fina pele do canal do ouvido. É que ela lubrifica e acidifica levemente a área, tornando-a menos favorável à proliferação de bactérias e fungos.

“Deve haver uma camada fina de cera sobre a pele, na parte externa do canal auditivo. Não há cerume na parte interna, próxima ao tímpano”, completa Maura Neves, otorrinolaringologista pela Universidade de São Paulo (USP).

O que causa o acúmulo de cera e como desconfiar do problema?

Alguns indivíduos têm uma característica individual de produzir uma maior quantidade de cerume. “Mas é a minoria da população”, pondera Dourado. Em idosos, Maura observa que a presença de pelos na saída do canal auditivo e mudanças na consistência da cera podem facilitar o acúmulo da substância.

Para a maior parte das pessoas, no entanto, essa situação está ligada a questões comportamentais. Um motivo clássico é o uso de hastes flexíveis. “Enquanto removem parte da cera, elas empurram o restante para o fundo do canal”, explica Maura. Há outros objetos que causam o mesmo problema, como fones de ouvido, protetores auditivos para ruídos ou natação etc.

De acordo com Dourado, isso dificulta a remoção natural da cera, que acontece de dentro para fora, devido à migração da pele durante seu processo de renovação, e também com o apoio de movimentos mastigatórios.

Quando o ouvido fica cheio de cerume, as principais consequências são uma sensação de ouvido entupido e um prejuízo na capacidade auditiva. “A redução da audição é a maior pista de que há acúmulo de cera”, ressalta Maura.

Vale destacar que o processo de acúmulo é lento, progressivo e, muitas vezes, ocorre nos dois ouvidos. “Dessa maneira, a pessoa não percebe que está escutando menos e vai se acostumando. Até porque o segundo ouvido, que seria sua referência, também está sendo afetado”, nota Dourado. Não raro, o sujeito só se dá conta do entrave quando uma pessoa de sua convivência repara que ele está desatento, pedindo para repetir informações e aumentando demais o volume da televisão.

Hastes flexíveis: o melhor é evitar

Além de o acessório forçar parte da cera para as profundezas do ouvido, levando à compactação e ao acúmulo da substância, Maura nota que, em média, o canal auditivo tem apenas 2,5 centímetros. Portanto, cutucá-lo com a haste, que mede cerca de 8 cm, pode causar lesões na membrana timpânica. “Existe o risco de gerar infecções na região e/ou perda auditiva”, completa o especialista da ABORL-CCF.

Hastes flexíveis acabam empurrando cera para o fundo do canal auditivo. Com o tempo, isso leva ao acúmulo do material e prejudica a audição. Foto: Freepik

Como remover o excesso de cera?

Para aqueles indivíduos que tendem a produzir uma quantidade extra de cerume, o membro da ABORL-CCF aconselha a visita ao médico otorrinolaringologista de tempos em tempos para realizar a remoção da substância com segurança e por meio de técnicas específicas, como lavagem ou uso de materiais metálicos. “A periodicidade depende da pessoa, mas, em geral, a limpeza acontece a cada 6 meses ou 1 ano”, diz.

No caso de compactação de cera por causa de certos hábitos, como uso frequente das hastes flexíveis ou de fones de ouvido, também é fundamental ir atrás do especialista. “A estratégia escolhida vai depender da quantidade de cera e da sua localização dentro do canal”, conta Maura. Se o material estiver mais endurecido, é possível recorrer a remédios em gotas para amolecê-lo antes da lavagem, por exemplo.

Lavagem não deve ser feita por conta própria

Na verdade, esse procedimento – conhecido ainda como irrigação – não deve ser realizado em casa nem com profissionais que não sejam especialistas no assunto. “Antes da lavagem, precisamos realizar um diagnóstico correto, confirmando que a queixa do paciente é realmente causada por excesso de cera e não por outras causas de surdez ou uma otite, por exemplo”, justifica Dourado.

Se a surdez não for motivada pelo excesso de cera, a identificação rápida do quadro é essencial para dar início ao tratamento correto e garantir o sucesso da intervenção.

Além disso, Maura comenta que a irrigação caseira pode resultar em diversos problemas, como laceração com sangramento no canal auditivo, ruptura da membrana timpânica e até desarticulação da cadeia ossicular. “Há técnica adequada para irrigar a orelha sem causar essas lesões. A força empregada é tão importante quanto o direcionamento adequado do fluxo de água”, descreve.

Qual o jeito certo de limpar o ouvido em casa, no dia a dia?

Maura esclarece que o ouvido possui um mecanismo autolimpante. “As células do canal migram para a parte de fora do ouvido e se misturam à cera. Ela normalmente derrete para a concha auricular”, ensina. “A limpeza deve ocorrer apenas no pavilhão auricular”, acrescenta. Ou seja, trata-se da parte externa da entrada do ouvido.

Para a higienização no dia a dia, ambos os especialistas defendem passar o dedo envolto em uma toalha na área logo depois do banho, quando a cera está mais molinha. “Não há necessidade de introduzir nada na parte interna do canal”, reforça Dourado.

Uma boa parcela da população faz um esforço para remover a cera presente no ouvido, como se a substância fosse algum tipo de sujeira. Mas a verdade é que o cerume – seu nome técnico – está muito mais para aliado do corpo. “Ele é feito de proteínas, gorduras, enzimas e descamação da pele da região”, define o otorrinolaringologista Ricardo Dourado, especialista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF). Ainda de acordo com ele, essa combinação tem a função de proteger a fina pele do canal do ouvido. É que ela lubrifica e acidifica levemente a área, tornando-a menos favorável à proliferação de bactérias e fungos.

“Deve haver uma camada fina de cera sobre a pele, na parte externa do canal auditivo. Não há cerume na parte interna, próxima ao tímpano”, completa Maura Neves, otorrinolaringologista pela Universidade de São Paulo (USP).

O que causa o acúmulo de cera e como desconfiar do problema?

Alguns indivíduos têm uma característica individual de produzir uma maior quantidade de cerume. “Mas é a minoria da população”, pondera Dourado. Em idosos, Maura observa que a presença de pelos na saída do canal auditivo e mudanças na consistência da cera podem facilitar o acúmulo da substância.

Para a maior parte das pessoas, no entanto, essa situação está ligada a questões comportamentais. Um motivo clássico é o uso de hastes flexíveis. “Enquanto removem parte da cera, elas empurram o restante para o fundo do canal”, explica Maura. Há outros objetos que causam o mesmo problema, como fones de ouvido, protetores auditivos para ruídos ou natação etc.

De acordo com Dourado, isso dificulta a remoção natural da cera, que acontece de dentro para fora, devido à migração da pele durante seu processo de renovação, e também com o apoio de movimentos mastigatórios.

Quando o ouvido fica cheio de cerume, as principais consequências são uma sensação de ouvido entupido e um prejuízo na capacidade auditiva. “A redução da audição é a maior pista de que há acúmulo de cera”, ressalta Maura.

Vale destacar que o processo de acúmulo é lento, progressivo e, muitas vezes, ocorre nos dois ouvidos. “Dessa maneira, a pessoa não percebe que está escutando menos e vai se acostumando. Até porque o segundo ouvido, que seria sua referência, também está sendo afetado”, nota Dourado. Não raro, o sujeito só se dá conta do entrave quando uma pessoa de sua convivência repara que ele está desatento, pedindo para repetir informações e aumentando demais o volume da televisão.

Hastes flexíveis: o melhor é evitar

Além de o acessório forçar parte da cera para as profundezas do ouvido, levando à compactação e ao acúmulo da substância, Maura nota que, em média, o canal auditivo tem apenas 2,5 centímetros. Portanto, cutucá-lo com a haste, que mede cerca de 8 cm, pode causar lesões na membrana timpânica. “Existe o risco de gerar infecções na região e/ou perda auditiva”, completa o especialista da ABORL-CCF.

Hastes flexíveis acabam empurrando cera para o fundo do canal auditivo. Com o tempo, isso leva ao acúmulo do material e prejudica a audição. Foto: Freepik

Como remover o excesso de cera?

Para aqueles indivíduos que tendem a produzir uma quantidade extra de cerume, o membro da ABORL-CCF aconselha a visita ao médico otorrinolaringologista de tempos em tempos para realizar a remoção da substância com segurança e por meio de técnicas específicas, como lavagem ou uso de materiais metálicos. “A periodicidade depende da pessoa, mas, em geral, a limpeza acontece a cada 6 meses ou 1 ano”, diz.

No caso de compactação de cera por causa de certos hábitos, como uso frequente das hastes flexíveis ou de fones de ouvido, também é fundamental ir atrás do especialista. “A estratégia escolhida vai depender da quantidade de cera e da sua localização dentro do canal”, conta Maura. Se o material estiver mais endurecido, é possível recorrer a remédios em gotas para amolecê-lo antes da lavagem, por exemplo.

Lavagem não deve ser feita por conta própria

Na verdade, esse procedimento – conhecido ainda como irrigação – não deve ser realizado em casa nem com profissionais que não sejam especialistas no assunto. “Antes da lavagem, precisamos realizar um diagnóstico correto, confirmando que a queixa do paciente é realmente causada por excesso de cera e não por outras causas de surdez ou uma otite, por exemplo”, justifica Dourado.

Se a surdez não for motivada pelo excesso de cera, a identificação rápida do quadro é essencial para dar início ao tratamento correto e garantir o sucesso da intervenção.

Além disso, Maura comenta que a irrigação caseira pode resultar em diversos problemas, como laceração com sangramento no canal auditivo, ruptura da membrana timpânica e até desarticulação da cadeia ossicular. “Há técnica adequada para irrigar a orelha sem causar essas lesões. A força empregada é tão importante quanto o direcionamento adequado do fluxo de água”, descreve.

Qual o jeito certo de limpar o ouvido em casa, no dia a dia?

Maura esclarece que o ouvido possui um mecanismo autolimpante. “As células do canal migram para a parte de fora do ouvido e se misturam à cera. Ela normalmente derrete para a concha auricular”, ensina. “A limpeza deve ocorrer apenas no pavilhão auricular”, acrescenta. Ou seja, trata-se da parte externa da entrada do ouvido.

Para a higienização no dia a dia, ambos os especialistas defendem passar o dedo envolto em uma toalha na área logo depois do banho, quando a cera está mais molinha. “Não há necessidade de introduzir nada na parte interna do canal”, reforça Dourado.

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