SÃO PAULO - Chegaram na tarde desta sexta-feira, 22, no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, os dois milhões de doses da vacina contra covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca. A carga foi importada da Índia após uma negociação diplomática que se estendeu por uma semana. O Brasil esperava contar com essas doses desde o domingo, 17.
As doses foram trazidas da Índia em voo comercial da companhia Emirates, que chegou às 17h27. O Brasil chegou a planejar um voo comercial da Azul para trazer o carregamento, mas o plano acabou revisto após a mudança no cronograma de entrega. Acompanharam o recebimento dos lotes o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, junto com os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Fábio Faria (Comunicações), além do embaixador da Índia no Brasil, Suresh Reddy.
As doses seguem para o Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, onde devem chegar às 21h. Apenas parte da imprensa pôde acompanhar o desembarque das vacinas em São Paulo. A administração do aeroporto bem como o Ministério da Saúde justificaram que, por questões sanitárias e de segurança, apenas fotógrafos e cinegrafistas teriam acesso a Pazuello e à área de desembarque das vacinas.
As doses que chegaram nesta tarde devem integrar a primeira rodada de aplicações do Plano Nacional de Imunização (PNI). Até agora, foram distribuídas para aplicação 6 milhões de doses da Coronavac, imunizante da Sinovac desenvolvido em parceria com o Instituto Butantan.
À noite, o ministro Pazuello disse que as vacinas seguirão para a Fiocruz, que realizará um processo de etiquetagem e divisão em lotes do material. A previsão dada pelo ministro é que a distribuição aos Estados comece a ocorrer neste sábado, 23, no fim do dia. Em 24 horas após o início da distribuição, as doses devem chegar a todas as unidades da federação, afirmou Pazuello.
O ministro disse que será dada prioridade ao Estado do Amazonas em razão da situação crítica da doença. Os governadores concordaram em ceder 5% da primeira carga para o Estado, cuja capital enfrenta desabastecimento de oxigênio e está tendo de transferir pacientes para outras regiões para desafogar o sistema local.
Bolsonaro agradece primeiro-ministro da Índia
O presidente Jair Bolsonaro usou as redes sociais, nesta sexta-feira, 22, para fazer um agradecimento ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, pelas tratativas necessárias ao envio dos 2 milhões de doses de vacinas desenvolvidas pela farmacêutica AstraZeneca e pela Universidade de Oxford.
"Primeiro Ministro Narendra Modi. O Brasil sente-se honrado em ter um grande parceiro para superar um obstáculo global. Obrigado por nos auxiliar com as exportações de vacinas da Índia para o Brasil", escreveu Bolsonaro. A mensagem foi publicada, primeiro, pela manhã, no Twitter, e à noite, após a aterrissagem da aeronave que trouxe as vacinas, no Facebook.
A remessa dos produtos ocorreu 13 dias após o presidente Jair Bolsonaro enviar uma carta ao líder indiano pedindo para que as doses fossem liberadas com urgência para o Brasil. O governo brasileiro chegou a preparar um avião para ir à Índia buscar o carregamento.
O governo indiano, no entanto, não autorizou a exportação das vacinas antes do início da imunização local, em 16 de janeiro. Quando as remessas foram autorizadas, o Brasil ficou de fora da primeira leva de destinos.
Brasil agora conta com 12,8 milhões de doses
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta sexta-feira o uso emergencial de mais 4,8 milhões de doses produzidas pelo Butantan. No total, o Brasil deve dispor de 12,8 milhões de doses. Levantamento do consórcio de veículos de imprensa com cinco Estados e o Distrito Federal, apontaram que, até esta quinta-feira, 21, 109.097 pessoas foram vacinadas no País.
Após ter conseguido destravar o envio das vacinas com a Índia, o governo brasileiro deve continuar em tratativas com a China para envio de insumos necessários para a continuidade da fabricação de doses no País. Tanto o Instituto Butantan como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) dependem do envio do insumo para distribuir vacina à população brasileira. O Butantan já informou que a sua capacidade produtiva está perto de parar sem o material. A Fiocruz alterou a previsão de entrega inicial de doses.