Cidades que flexibilizaram isolamento têm aumento de casos de coronavírus


Bahia, Santa Catarina e Minas Gerais estão entre os Estados que anteciparam abertura durante o período da pandemia

Por Ricardo Galhardo

Nos primeiros dias de maio o prefeito de Feira de Santana (BA), Colbert Martins (MDB), viu que o número de casos do novo coronavírus na cidade era muito baixo, os leitos em UTI estavam quase todos desocupados e decidiu afrouxar as regras de quarentena impostas duas semanas antes.

Movimento no Mercado Central de Belo Horizonte, em meio a pandemia de covid-19 Foto: Alex de Jesus/O Tempo

"Fui liberando aos pouquinhos e quando chegou no dia das mães (10 de maio) estava quase tudo aberto, menos bares, restaurantes e academias", disse ele.

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Vinte dias depois, Martins foi obrigado a voltar atrás diante do crescimento repentino dos casos em 105%, segundo uma pesquisa da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB). Os registros de casos saltaram de 15 para mais de 30 por dia. Hoje a cidade soma 486 pessoas contaminadas e seis mortes pela covid-19. O prefeito, que também é médico, diz que não se arrepende mas aprendeu a lição.

"Primeiro temos de buscar manter a vida. A economia tem que ser mantida com investimento forte do governo federal nas empresas e no combate ao desemprego", disse Colbert Martins.

Feira de Santana não é um caso isolado. Cidades e regiões que anteciparam a retomada das atividades econômicas registraram aumento do número de casos do coronavírus. Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade da Região de Joinville (Univile) mostra uma inclinação vertical na curva de contaminações duas semanas depois de o governo do Estado ter flexibilizado as regras de isolamento.

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De acordo com o estudo, as projeções feitas antes da flexibilização apontavam para um número em torno de 3 mil contaminados no Estado no início de junho. Na quarta-feira, Santa Catarina registrou 9.660 casos com 148 óbitos. O levantamento mostra que houve um salto de 130% de registros de contaminação nas duas semanas que seguiram a flexibilização da quarentena, anunciada pelo governador Carlos Moisés (PSL) no dia 13 de abril. Os números saltaram de 853 para 1.995 registros.

"A situação não está confortável como boa parte das pessoas pensa que está", disse o pesquisador da (Univile) André Nogueira.

Em Governador Valadares (MG), a prefeitura decidiu flexibilizar a quarentena, com restrições, no dia 20 de abril, quando a cidade contabilizava apenas dez casos de covid-19. No dia 2 de maio, o número já havia triplicado. Atualmente a cidade registra 193 casos confirmados e sete mortes.

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Quadro semelhante se repete em outras cidades mineiras como Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, que reabriu as portas de maneira controlada no dia 21 de abril. No dia 22, segundo a Secretaria da Saúde de Minas Gerais, a cidade contabilizava apenas dois casos. Duas semanas depois, no dia 7 de maio, eram 15. Até quarta-feira, o número havia subido para 86.

Minas e Santa Catarina estão entre os nove estados brasileiros que iniciaram a flexibilização do isolamento no final de abril dando liberdade aos prefeitos para adotarem as medidas que acharem necessárias.

Segundo a superintendente de Vigilância Sanitária de Santa Catarina, Raquel Ribeiro Bittencourt, não é possível associar os índices de contaminação no estado à flexibilização da quarentena. "Era um contexto esperado que iria ocorrer com ou sem a flexibilização", disse ela.

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De acordo com a superintendente, outros fatores contribuíram para o resultado da pesquisa da UFSC/Univile, principalmente o aumento do número de testes que hoje é de 700 por dia.

Raquel destacou a ênfase em medidas de educação da população como o uso de máscaras e a estratégia de dividir em macrorregiões, que permite ao governo manejar de forma mais adequada as ações de combate à doença. "Temos vários municípios que mantiveram as portas fechadas apesar de o estado ter liberado mais atividades. Além disso as pessoas estão se cuidando. Os shoppings estão praticamente vazios, apesar das imagens de Blumenau", disse ela.

Raquel se refere às cenas que viralizaram na internet quando da abertura do shopping em Blumenau com dezenas de pessoas, entre elas crianças e idosos, aplaudindo a medida.

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Em Minas Gerais o governo Romeu Zema lançou na semana passada o programa Minas Consciente - Retomando a Economia do Jeito Certo, que classifica as macrorregiões do estado em ondas - semelhantes às fases do programa de retomada do estado de São Paulo.

O Estado decretou quarentena em 22 de março e começou a flexibilização em 17 de abril. Agora, segundo o secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio, o objetivo é preparar Minas para o pós-pandemia sob a ótica econômica. "Estamos fazendo uma reflexão profunda sobre o pós-pandemia. Em breve vamos fazer um 'revogaço' de normas (que regulamentam as atividades econômicas)", disse ele.

De acordo com Passalio, muitos prefeitos tiveram dificuldade para entender as normas de isolamento no início da pandemia e aproveitaram a flexibilização para liberar o máximo de atividades. "Vários municípios estão com vida normal. O Minas Consciente é uma forma humanizada de conviver com o isolamento."

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O secretário adjunto também rejeita a hipótese de que o aumento de casos esteja diretamente ligado à flexibilização. Segundo ele, em algumas cidades a adesão ao programa vai significar uma retração.

Para o professor de Geografia da Saúde da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Raul Guimarães, a falta de dados confiáveis sobre o coronavírus e o desconhecimento científico em relação à evolução da doença indicam que a flexibilização do isolamento neste momento pode causar prejuízos à saúde da população. "A história da doença é muito diferente de uma cidade para outra. Ainda não sabemos quando vamos atingir o teto."

Nos primeiros dias de maio o prefeito de Feira de Santana (BA), Colbert Martins (MDB), viu que o número de casos do novo coronavírus na cidade era muito baixo, os leitos em UTI estavam quase todos desocupados e decidiu afrouxar as regras de quarentena impostas duas semanas antes.

Movimento no Mercado Central de Belo Horizonte, em meio a pandemia de covid-19 Foto: Alex de Jesus/O Tempo

"Fui liberando aos pouquinhos e quando chegou no dia das mães (10 de maio) estava quase tudo aberto, menos bares, restaurantes e academias", disse ele.

Vinte dias depois, Martins foi obrigado a voltar atrás diante do crescimento repentino dos casos em 105%, segundo uma pesquisa da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB). Os registros de casos saltaram de 15 para mais de 30 por dia. Hoje a cidade soma 486 pessoas contaminadas e seis mortes pela covid-19. O prefeito, que também é médico, diz que não se arrepende mas aprendeu a lição.

"Primeiro temos de buscar manter a vida. A economia tem que ser mantida com investimento forte do governo federal nas empresas e no combate ao desemprego", disse Colbert Martins.

Feira de Santana não é um caso isolado. Cidades e regiões que anteciparam a retomada das atividades econômicas registraram aumento do número de casos do coronavírus. Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade da Região de Joinville (Univile) mostra uma inclinação vertical na curva de contaminações duas semanas depois de o governo do Estado ter flexibilizado as regras de isolamento.

De acordo com o estudo, as projeções feitas antes da flexibilização apontavam para um número em torno de 3 mil contaminados no Estado no início de junho. Na quarta-feira, Santa Catarina registrou 9.660 casos com 148 óbitos. O levantamento mostra que houve um salto de 130% de registros de contaminação nas duas semanas que seguiram a flexibilização da quarentena, anunciada pelo governador Carlos Moisés (PSL) no dia 13 de abril. Os números saltaram de 853 para 1.995 registros.

"A situação não está confortável como boa parte das pessoas pensa que está", disse o pesquisador da (Univile) André Nogueira.

Em Governador Valadares (MG), a prefeitura decidiu flexibilizar a quarentena, com restrições, no dia 20 de abril, quando a cidade contabilizava apenas dez casos de covid-19. No dia 2 de maio, o número já havia triplicado. Atualmente a cidade registra 193 casos confirmados e sete mortes.

Quadro semelhante se repete em outras cidades mineiras como Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, que reabriu as portas de maneira controlada no dia 21 de abril. No dia 22, segundo a Secretaria da Saúde de Minas Gerais, a cidade contabilizava apenas dois casos. Duas semanas depois, no dia 7 de maio, eram 15. Até quarta-feira, o número havia subido para 86.

Minas e Santa Catarina estão entre os nove estados brasileiros que iniciaram a flexibilização do isolamento no final de abril dando liberdade aos prefeitos para adotarem as medidas que acharem necessárias.

Segundo a superintendente de Vigilância Sanitária de Santa Catarina, Raquel Ribeiro Bittencourt, não é possível associar os índices de contaminação no estado à flexibilização da quarentena. "Era um contexto esperado que iria ocorrer com ou sem a flexibilização", disse ela.

De acordo com a superintendente, outros fatores contribuíram para o resultado da pesquisa da UFSC/Univile, principalmente o aumento do número de testes que hoje é de 700 por dia.

Raquel destacou a ênfase em medidas de educação da população como o uso de máscaras e a estratégia de dividir em macrorregiões, que permite ao governo manejar de forma mais adequada as ações de combate à doença. "Temos vários municípios que mantiveram as portas fechadas apesar de o estado ter liberado mais atividades. Além disso as pessoas estão se cuidando. Os shoppings estão praticamente vazios, apesar das imagens de Blumenau", disse ela.

Raquel se refere às cenas que viralizaram na internet quando da abertura do shopping em Blumenau com dezenas de pessoas, entre elas crianças e idosos, aplaudindo a medida.

Em Minas Gerais o governo Romeu Zema lançou na semana passada o programa Minas Consciente - Retomando a Economia do Jeito Certo, que classifica as macrorregiões do estado em ondas - semelhantes às fases do programa de retomada do estado de São Paulo.

O Estado decretou quarentena em 22 de março e começou a flexibilização em 17 de abril. Agora, segundo o secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio, o objetivo é preparar Minas para o pós-pandemia sob a ótica econômica. "Estamos fazendo uma reflexão profunda sobre o pós-pandemia. Em breve vamos fazer um 'revogaço' de normas (que regulamentam as atividades econômicas)", disse ele.

De acordo com Passalio, muitos prefeitos tiveram dificuldade para entender as normas de isolamento no início da pandemia e aproveitaram a flexibilização para liberar o máximo de atividades. "Vários municípios estão com vida normal. O Minas Consciente é uma forma humanizada de conviver com o isolamento."

O secretário adjunto também rejeita a hipótese de que o aumento de casos esteja diretamente ligado à flexibilização. Segundo ele, em algumas cidades a adesão ao programa vai significar uma retração.

Para o professor de Geografia da Saúde da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Raul Guimarães, a falta de dados confiáveis sobre o coronavírus e o desconhecimento científico em relação à evolução da doença indicam que a flexibilização do isolamento neste momento pode causar prejuízos à saúde da população. "A história da doença é muito diferente de uma cidade para outra. Ainda não sabemos quando vamos atingir o teto."

Nos primeiros dias de maio o prefeito de Feira de Santana (BA), Colbert Martins (MDB), viu que o número de casos do novo coronavírus na cidade era muito baixo, os leitos em UTI estavam quase todos desocupados e decidiu afrouxar as regras de quarentena impostas duas semanas antes.

Movimento no Mercado Central de Belo Horizonte, em meio a pandemia de covid-19 Foto: Alex de Jesus/O Tempo

"Fui liberando aos pouquinhos e quando chegou no dia das mães (10 de maio) estava quase tudo aberto, menos bares, restaurantes e academias", disse ele.

Vinte dias depois, Martins foi obrigado a voltar atrás diante do crescimento repentino dos casos em 105%, segundo uma pesquisa da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB). Os registros de casos saltaram de 15 para mais de 30 por dia. Hoje a cidade soma 486 pessoas contaminadas e seis mortes pela covid-19. O prefeito, que também é médico, diz que não se arrepende mas aprendeu a lição.

"Primeiro temos de buscar manter a vida. A economia tem que ser mantida com investimento forte do governo federal nas empresas e no combate ao desemprego", disse Colbert Martins.

Feira de Santana não é um caso isolado. Cidades e regiões que anteciparam a retomada das atividades econômicas registraram aumento do número de casos do coronavírus. Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade da Região de Joinville (Univile) mostra uma inclinação vertical na curva de contaminações duas semanas depois de o governo do Estado ter flexibilizado as regras de isolamento.

De acordo com o estudo, as projeções feitas antes da flexibilização apontavam para um número em torno de 3 mil contaminados no Estado no início de junho. Na quarta-feira, Santa Catarina registrou 9.660 casos com 148 óbitos. O levantamento mostra que houve um salto de 130% de registros de contaminação nas duas semanas que seguiram a flexibilização da quarentena, anunciada pelo governador Carlos Moisés (PSL) no dia 13 de abril. Os números saltaram de 853 para 1.995 registros.

"A situação não está confortável como boa parte das pessoas pensa que está", disse o pesquisador da (Univile) André Nogueira.

Em Governador Valadares (MG), a prefeitura decidiu flexibilizar a quarentena, com restrições, no dia 20 de abril, quando a cidade contabilizava apenas dez casos de covid-19. No dia 2 de maio, o número já havia triplicado. Atualmente a cidade registra 193 casos confirmados e sete mortes.

Quadro semelhante se repete em outras cidades mineiras como Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, que reabriu as portas de maneira controlada no dia 21 de abril. No dia 22, segundo a Secretaria da Saúde de Minas Gerais, a cidade contabilizava apenas dois casos. Duas semanas depois, no dia 7 de maio, eram 15. Até quarta-feira, o número havia subido para 86.

Minas e Santa Catarina estão entre os nove estados brasileiros que iniciaram a flexibilização do isolamento no final de abril dando liberdade aos prefeitos para adotarem as medidas que acharem necessárias.

Segundo a superintendente de Vigilância Sanitária de Santa Catarina, Raquel Ribeiro Bittencourt, não é possível associar os índices de contaminação no estado à flexibilização da quarentena. "Era um contexto esperado que iria ocorrer com ou sem a flexibilização", disse ela.

De acordo com a superintendente, outros fatores contribuíram para o resultado da pesquisa da UFSC/Univile, principalmente o aumento do número de testes que hoje é de 700 por dia.

Raquel destacou a ênfase em medidas de educação da população como o uso de máscaras e a estratégia de dividir em macrorregiões, que permite ao governo manejar de forma mais adequada as ações de combate à doença. "Temos vários municípios que mantiveram as portas fechadas apesar de o estado ter liberado mais atividades. Além disso as pessoas estão se cuidando. Os shoppings estão praticamente vazios, apesar das imagens de Blumenau", disse ela.

Raquel se refere às cenas que viralizaram na internet quando da abertura do shopping em Blumenau com dezenas de pessoas, entre elas crianças e idosos, aplaudindo a medida.

Em Minas Gerais o governo Romeu Zema lançou na semana passada o programa Minas Consciente - Retomando a Economia do Jeito Certo, que classifica as macrorregiões do estado em ondas - semelhantes às fases do programa de retomada do estado de São Paulo.

O Estado decretou quarentena em 22 de março e começou a flexibilização em 17 de abril. Agora, segundo o secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio, o objetivo é preparar Minas para o pós-pandemia sob a ótica econômica. "Estamos fazendo uma reflexão profunda sobre o pós-pandemia. Em breve vamos fazer um 'revogaço' de normas (que regulamentam as atividades econômicas)", disse ele.

De acordo com Passalio, muitos prefeitos tiveram dificuldade para entender as normas de isolamento no início da pandemia e aproveitaram a flexibilização para liberar o máximo de atividades. "Vários municípios estão com vida normal. O Minas Consciente é uma forma humanizada de conviver com o isolamento."

O secretário adjunto também rejeita a hipótese de que o aumento de casos esteja diretamente ligado à flexibilização. Segundo ele, em algumas cidades a adesão ao programa vai significar uma retração.

Para o professor de Geografia da Saúde da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Raul Guimarães, a falta de dados confiáveis sobre o coronavírus e o desconhecimento científico em relação à evolução da doença indicam que a flexibilização do isolamento neste momento pode causar prejuízos à saúde da população. "A história da doença é muito diferente de uma cidade para outra. Ainda não sabemos quando vamos atingir o teto."

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