Cientistas da Escola de Medicina Albert Einstein de Nova York deram um importante passo para conhecer melhor as causas da Doença de Huntington, uma patologia hereditária, mortal e sem cura, que degenera o cérebro e se manifesta em pessoas relativamente jovens.
"Há apenas 15 anos não se sabia que a causa estava em uma mutação na proteína huntingtina, que se torna tóxica, tende a se acumular na célula cerebral e acaba matando-a. Agora descobrimos que sua elevada toxicidade ocorre porque interfere nos mecanismos que mantêm as células limpas", informou à Agência Efe a espanhola Ana María Cuervo, que comanda a pesquisa.
A revista Nature publicou nesta segunda-feira, 12, em seu site os resultados desse estudo que exigirá três anos de pesquisas em colaboração com a Universidade de Columbia de Nova York e que serão importantes para definir estratégias de pesquisa para uma possível cura da doença, da qual sofrem entre quatro e oito pessoas em cada 100 mil.
"É uma doença parecida com o Parkinson ou com o Alzheimer, mas totalmente genética e afeta gente muito mais jovem, de 30 ou 40 anos. Seus primeiros sintomas consistem em impulsos involuntários, mas os doentes acabam perdendo mobilidade e memória até ficarem totalmente incapacitados", explicou Cuervo.
Segundo a pesquisa, a incapacidade do organismo de se livrar da acumulação das proteínas mutantes provocadas pela doença se deve a falhas em um mecanismo das células para reconhecer e reunir o material que devem eliminar periodicamente.
"As células necessitam se manter limpas. O que descobrimos é que a proteína mutante interfere no processo de limpeza, tanto da própria proteína tóxica como de outros materiais que devem ser expulsos da célula", detalhou Cuervo.
Na América Latina, cerca de 8 mil pessoas sofrem da Doença de Huntington, com mais prevalência entre as que têm origem europeia. Nos Estados Unidos, o número de portadores da doença chega a aproximadamente 25 mil.