Cientistas italianos descobrem gene que pode estar associado à longevidade


Estrutura codifica proteína que faz limpeza nas células e foi associada à longevidade; descoberta pode ajudar no desenvolvimento de tratamentos, mas outros estudos ainda são necessários

Por Layla Shasta e Giovanna Castro
Atualização:

Por que algumas pessoas chegam aos cem anos lúcidas e ativas, enquanto outras adoecem e perdem a sua autonomia no início da terceira idade? Esta não é uma pergunta para a qual existe uma resposta simples e totalmente conhecida, mas a ciência já descobriu que a genética é um dos fatores atrelados à longevidade e ao envelhecimento saudável.

Descoberta representa uma nova peça no quebra-cabeças para entender e manipular os genes, visando melhorar a saúde e prolongar a vida. Foto: Zoran Pucarevic Novi Sad

Agora, cientistas italianos descobriram um novo gene atrelado à manutenção de boas condições de saúde na velhice. O estudo, publicado em junho na revista científica The Journal of Clinical Investigation, diz respeito à sequência de DNA humano C16ORF70.

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Os pesquisadores descobriram que a C16ORF70 é capaz de codificar uma proteína chamada MYTHO (sigla para macroautofagia e otimizador de juventude, em inglês) que, segundo eles, tem um importante papel no controle do tempo de vida e da saúde.

Isso porque eles notaram que ela é essencial para a realização da autofagia, processo de “autodigestão” das células que limpa e recicla componentes internos, removendo proteínas e organelas danificadas.

Essa ação é importante para promover a longevidade, já que combate o acúmulo de danos que ocorre naturalmente à medida que envelhecemos. A autofagia é, ainda, um mecanismo fundamental de controle celular que ajuda a eliminar células anormais antes que elas se tornem cancerosas.

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Para chegar ao resultado, os pesquisadores da Universidade de Pádua, na Itália, fizeram uma série de testes com o C. elegans, uma espécie de verme muito utilizado em estudos sobre genética, pois, entre outras coisas, compartilha diversos genes em comum com os humanos.

Assim, eles descobriram que, ao inibir a MYTHO no organismo desses animais, as células acabavam perdendo o controle da autofagia e, então, envelhecendo prematuramente.

Sem a proteína, o tempo de vida dos vermes foi encurtado e os seus movimentos, reduzidos. As células também pararam de se dividir rapidamente e mostraram danos nas mitocôndrias (responsáveis pela energia celular).

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Os cientistas também observaram que a proteína MYTHO era mais expressa em humanos e camundongos mais idosos.

Para cientistas, esses achados sugerem que entender e manipular o gene que codifica a MYTHO pode ser uma estratégia promissora para melhorar a saúde e prolongar a vida.

“Essa descoberta é importante porque pode abrir caminho para entender melhor e, eventualmente, tratar condições relacionadas ao envelhecimento”, explica o biólogo Michel Naslavsky, professor e pesquisador do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células Tronco da Universidade de São Paulo (USP).

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Vale destacar que, felizmente, o gene não é exclusivo de um público restrito. Todos nós o possuímos em nosso DNA. Inclusive, ele é considerado extremamente conservado na natureza, o que significa que está presente em muitos organismos, desde o pequeno verme C. elegans até os seres humanos.

Segundo Naslavsky, é possível que existam pequenas diferenças no DNA das pessoas que podem eventualmente aumentar ou diminuir o efeito do gene, no entanto, é pouco provável que essas variações sejam de grande impacto.

Além disso, segundo a bióloga molecular e geneticista Mayana Zatz, professora titular de genética e diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células Tronco da USP, esse tipo de pesquisa visa identificar os genes associados à longevidade, pensando em possíveis aplicações futuras que poderão, por exemplo, aumentar a expressão deles entre as pessoas que precisarem.

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De acordo com a geneticista, os caminhos e ferramentas para isso podem ser diversos. “Em resumo, o primeiro passo é descobrir o produto codificado por aquele gene e então transformá-lo em uma droga. A outra possibilidade futura será alterar as variantes genéticas normais e transformá-las em protetoras ou introduzi-las via terapia gênica. São diferentes estratégias de engenharia genética que dependem de cada gene”.

Mais estudos são necessários, diz especialista

Apesar disso, esses passos ainda devem ser dados aos poucos. No estudo publicado pelo The Journal of Clinical Investigation, por exemplo, os pesquisadoras testaram aumentar a expressão do gene em vermes mais velhos. Como resultado, a adaptação não promoveu alterações na longevidade dos animais, embora tenha levado a melhorias significativas na mobilidade.

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Para Naslavsky, esse paralelo mostra que o equilíbrio na quantidade dessa proteína é essencial para o funcionamento correto das células e demonstra a importância da realização de mais estudos. “É possível que esse gene seja um alvo potencial para terapias celulares futuras, mas é preciso muita pesquisa para entender como manipular sua expressão sem causar efeitos adversos, como aumento do risco de câncer”, afirma.

Segundo o biólogo, a descoberta é inovadora ao revelar o papel central do gene no processo de reciclagem celular e, por isso, é um passo significativo para a ciência. No entanto, é preciso ter cautela, pois ainda há muito a ser investigado antes de pensar em aplicá-la clinicamente. “Mas é uma chave importante, uma pecinha a mais para o quebra-cabeça sobre o funcionamento das células”, completa.

  • A Universidade de São Paulo realiza pesquisas com centenários para tentar descobrir quais são os fatores genéticos que os levam à longevidade. Se você é ou conhece alguém com mais de cem anos que tem autonomia corporal e capacidade cognitiva preservadas, participe da pesquisa entrando em contato pelo e-mail dnalongevo@usp.br

Por que algumas pessoas chegam aos cem anos lúcidas e ativas, enquanto outras adoecem e perdem a sua autonomia no início da terceira idade? Esta não é uma pergunta para a qual existe uma resposta simples e totalmente conhecida, mas a ciência já descobriu que a genética é um dos fatores atrelados à longevidade e ao envelhecimento saudável.

Descoberta representa uma nova peça no quebra-cabeças para entender e manipular os genes, visando melhorar a saúde e prolongar a vida. Foto: Zoran Pucarevic Novi Sad

Agora, cientistas italianos descobriram um novo gene atrelado à manutenção de boas condições de saúde na velhice. O estudo, publicado em junho na revista científica The Journal of Clinical Investigation, diz respeito à sequência de DNA humano C16ORF70.

Os pesquisadores descobriram que a C16ORF70 é capaz de codificar uma proteína chamada MYTHO (sigla para macroautofagia e otimizador de juventude, em inglês) que, segundo eles, tem um importante papel no controle do tempo de vida e da saúde.

Isso porque eles notaram que ela é essencial para a realização da autofagia, processo de “autodigestão” das células que limpa e recicla componentes internos, removendo proteínas e organelas danificadas.

Essa ação é importante para promover a longevidade, já que combate o acúmulo de danos que ocorre naturalmente à medida que envelhecemos. A autofagia é, ainda, um mecanismo fundamental de controle celular que ajuda a eliminar células anormais antes que elas se tornem cancerosas.

Para chegar ao resultado, os pesquisadores da Universidade de Pádua, na Itália, fizeram uma série de testes com o C. elegans, uma espécie de verme muito utilizado em estudos sobre genética, pois, entre outras coisas, compartilha diversos genes em comum com os humanos.

Assim, eles descobriram que, ao inibir a MYTHO no organismo desses animais, as células acabavam perdendo o controle da autofagia e, então, envelhecendo prematuramente.

Sem a proteína, o tempo de vida dos vermes foi encurtado e os seus movimentos, reduzidos. As células também pararam de se dividir rapidamente e mostraram danos nas mitocôndrias (responsáveis pela energia celular).

Os cientistas também observaram que a proteína MYTHO era mais expressa em humanos e camundongos mais idosos.

Para cientistas, esses achados sugerem que entender e manipular o gene que codifica a MYTHO pode ser uma estratégia promissora para melhorar a saúde e prolongar a vida.

“Essa descoberta é importante porque pode abrir caminho para entender melhor e, eventualmente, tratar condições relacionadas ao envelhecimento”, explica o biólogo Michel Naslavsky, professor e pesquisador do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células Tronco da Universidade de São Paulo (USP).

Vale destacar que, felizmente, o gene não é exclusivo de um público restrito. Todos nós o possuímos em nosso DNA. Inclusive, ele é considerado extremamente conservado na natureza, o que significa que está presente em muitos organismos, desde o pequeno verme C. elegans até os seres humanos.

Segundo Naslavsky, é possível que existam pequenas diferenças no DNA das pessoas que podem eventualmente aumentar ou diminuir o efeito do gene, no entanto, é pouco provável que essas variações sejam de grande impacto.

Além disso, segundo a bióloga molecular e geneticista Mayana Zatz, professora titular de genética e diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células Tronco da USP, esse tipo de pesquisa visa identificar os genes associados à longevidade, pensando em possíveis aplicações futuras que poderão, por exemplo, aumentar a expressão deles entre as pessoas que precisarem.

De acordo com a geneticista, os caminhos e ferramentas para isso podem ser diversos. “Em resumo, o primeiro passo é descobrir o produto codificado por aquele gene e então transformá-lo em uma droga. A outra possibilidade futura será alterar as variantes genéticas normais e transformá-las em protetoras ou introduzi-las via terapia gênica. São diferentes estratégias de engenharia genética que dependem de cada gene”.

Mais estudos são necessários, diz especialista

Apesar disso, esses passos ainda devem ser dados aos poucos. No estudo publicado pelo The Journal of Clinical Investigation, por exemplo, os pesquisadoras testaram aumentar a expressão do gene em vermes mais velhos. Como resultado, a adaptação não promoveu alterações na longevidade dos animais, embora tenha levado a melhorias significativas na mobilidade.

Para Naslavsky, esse paralelo mostra que o equilíbrio na quantidade dessa proteína é essencial para o funcionamento correto das células e demonstra a importância da realização de mais estudos. “É possível que esse gene seja um alvo potencial para terapias celulares futuras, mas é preciso muita pesquisa para entender como manipular sua expressão sem causar efeitos adversos, como aumento do risco de câncer”, afirma.

Segundo o biólogo, a descoberta é inovadora ao revelar o papel central do gene no processo de reciclagem celular e, por isso, é um passo significativo para a ciência. No entanto, é preciso ter cautela, pois ainda há muito a ser investigado antes de pensar em aplicá-la clinicamente. “Mas é uma chave importante, uma pecinha a mais para o quebra-cabeça sobre o funcionamento das células”, completa.

  • A Universidade de São Paulo realiza pesquisas com centenários para tentar descobrir quais são os fatores genéticos que os levam à longevidade. Se você é ou conhece alguém com mais de cem anos que tem autonomia corporal e capacidade cognitiva preservadas, participe da pesquisa entrando em contato pelo e-mail dnalongevo@usp.br

Por que algumas pessoas chegam aos cem anos lúcidas e ativas, enquanto outras adoecem e perdem a sua autonomia no início da terceira idade? Esta não é uma pergunta para a qual existe uma resposta simples e totalmente conhecida, mas a ciência já descobriu que a genética é um dos fatores atrelados à longevidade e ao envelhecimento saudável.

Descoberta representa uma nova peça no quebra-cabeças para entender e manipular os genes, visando melhorar a saúde e prolongar a vida. Foto: Zoran Pucarevic Novi Sad

Agora, cientistas italianos descobriram um novo gene atrelado à manutenção de boas condições de saúde na velhice. O estudo, publicado em junho na revista científica The Journal of Clinical Investigation, diz respeito à sequência de DNA humano C16ORF70.

Os pesquisadores descobriram que a C16ORF70 é capaz de codificar uma proteína chamada MYTHO (sigla para macroautofagia e otimizador de juventude, em inglês) que, segundo eles, tem um importante papel no controle do tempo de vida e da saúde.

Isso porque eles notaram que ela é essencial para a realização da autofagia, processo de “autodigestão” das células que limpa e recicla componentes internos, removendo proteínas e organelas danificadas.

Essa ação é importante para promover a longevidade, já que combate o acúmulo de danos que ocorre naturalmente à medida que envelhecemos. A autofagia é, ainda, um mecanismo fundamental de controle celular que ajuda a eliminar células anormais antes que elas se tornem cancerosas.

Para chegar ao resultado, os pesquisadores da Universidade de Pádua, na Itália, fizeram uma série de testes com o C. elegans, uma espécie de verme muito utilizado em estudos sobre genética, pois, entre outras coisas, compartilha diversos genes em comum com os humanos.

Assim, eles descobriram que, ao inibir a MYTHO no organismo desses animais, as células acabavam perdendo o controle da autofagia e, então, envelhecendo prematuramente.

Sem a proteína, o tempo de vida dos vermes foi encurtado e os seus movimentos, reduzidos. As células também pararam de se dividir rapidamente e mostraram danos nas mitocôndrias (responsáveis pela energia celular).

Os cientistas também observaram que a proteína MYTHO era mais expressa em humanos e camundongos mais idosos.

Para cientistas, esses achados sugerem que entender e manipular o gene que codifica a MYTHO pode ser uma estratégia promissora para melhorar a saúde e prolongar a vida.

“Essa descoberta é importante porque pode abrir caminho para entender melhor e, eventualmente, tratar condições relacionadas ao envelhecimento”, explica o biólogo Michel Naslavsky, professor e pesquisador do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células Tronco da Universidade de São Paulo (USP).

Vale destacar que, felizmente, o gene não é exclusivo de um público restrito. Todos nós o possuímos em nosso DNA. Inclusive, ele é considerado extremamente conservado na natureza, o que significa que está presente em muitos organismos, desde o pequeno verme C. elegans até os seres humanos.

Segundo Naslavsky, é possível que existam pequenas diferenças no DNA das pessoas que podem eventualmente aumentar ou diminuir o efeito do gene, no entanto, é pouco provável que essas variações sejam de grande impacto.

Além disso, segundo a bióloga molecular e geneticista Mayana Zatz, professora titular de genética e diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células Tronco da USP, esse tipo de pesquisa visa identificar os genes associados à longevidade, pensando em possíveis aplicações futuras que poderão, por exemplo, aumentar a expressão deles entre as pessoas que precisarem.

De acordo com a geneticista, os caminhos e ferramentas para isso podem ser diversos. “Em resumo, o primeiro passo é descobrir o produto codificado por aquele gene e então transformá-lo em uma droga. A outra possibilidade futura será alterar as variantes genéticas normais e transformá-las em protetoras ou introduzi-las via terapia gênica. São diferentes estratégias de engenharia genética que dependem de cada gene”.

Mais estudos são necessários, diz especialista

Apesar disso, esses passos ainda devem ser dados aos poucos. No estudo publicado pelo The Journal of Clinical Investigation, por exemplo, os pesquisadoras testaram aumentar a expressão do gene em vermes mais velhos. Como resultado, a adaptação não promoveu alterações na longevidade dos animais, embora tenha levado a melhorias significativas na mobilidade.

Para Naslavsky, esse paralelo mostra que o equilíbrio na quantidade dessa proteína é essencial para o funcionamento correto das células e demonstra a importância da realização de mais estudos. “É possível que esse gene seja um alvo potencial para terapias celulares futuras, mas é preciso muita pesquisa para entender como manipular sua expressão sem causar efeitos adversos, como aumento do risco de câncer”, afirma.

Segundo o biólogo, a descoberta é inovadora ao revelar o papel central do gene no processo de reciclagem celular e, por isso, é um passo significativo para a ciência. No entanto, é preciso ter cautela, pois ainda há muito a ser investigado antes de pensar em aplicá-la clinicamente. “Mas é uma chave importante, uma pecinha a mais para o quebra-cabeça sobre o funcionamento das células”, completa.

  • A Universidade de São Paulo realiza pesquisas com centenários para tentar descobrir quais são os fatores genéticos que os levam à longevidade. Se você é ou conhece alguém com mais de cem anos que tem autonomia corporal e capacidade cognitiva preservadas, participe da pesquisa entrando em contato pelo e-mail dnalongevo@usp.br

Por que algumas pessoas chegam aos cem anos lúcidas e ativas, enquanto outras adoecem e perdem a sua autonomia no início da terceira idade? Esta não é uma pergunta para a qual existe uma resposta simples e totalmente conhecida, mas a ciência já descobriu que a genética é um dos fatores atrelados à longevidade e ao envelhecimento saudável.

Descoberta representa uma nova peça no quebra-cabeças para entender e manipular os genes, visando melhorar a saúde e prolongar a vida. Foto: Zoran Pucarevic Novi Sad

Agora, cientistas italianos descobriram um novo gene atrelado à manutenção de boas condições de saúde na velhice. O estudo, publicado em junho na revista científica The Journal of Clinical Investigation, diz respeito à sequência de DNA humano C16ORF70.

Os pesquisadores descobriram que a C16ORF70 é capaz de codificar uma proteína chamada MYTHO (sigla para macroautofagia e otimizador de juventude, em inglês) que, segundo eles, tem um importante papel no controle do tempo de vida e da saúde.

Isso porque eles notaram que ela é essencial para a realização da autofagia, processo de “autodigestão” das células que limpa e recicla componentes internos, removendo proteínas e organelas danificadas.

Essa ação é importante para promover a longevidade, já que combate o acúmulo de danos que ocorre naturalmente à medida que envelhecemos. A autofagia é, ainda, um mecanismo fundamental de controle celular que ajuda a eliminar células anormais antes que elas se tornem cancerosas.

Para chegar ao resultado, os pesquisadores da Universidade de Pádua, na Itália, fizeram uma série de testes com o C. elegans, uma espécie de verme muito utilizado em estudos sobre genética, pois, entre outras coisas, compartilha diversos genes em comum com os humanos.

Assim, eles descobriram que, ao inibir a MYTHO no organismo desses animais, as células acabavam perdendo o controle da autofagia e, então, envelhecendo prematuramente.

Sem a proteína, o tempo de vida dos vermes foi encurtado e os seus movimentos, reduzidos. As células também pararam de se dividir rapidamente e mostraram danos nas mitocôndrias (responsáveis pela energia celular).

Os cientistas também observaram que a proteína MYTHO era mais expressa em humanos e camundongos mais idosos.

Para cientistas, esses achados sugerem que entender e manipular o gene que codifica a MYTHO pode ser uma estratégia promissora para melhorar a saúde e prolongar a vida.

“Essa descoberta é importante porque pode abrir caminho para entender melhor e, eventualmente, tratar condições relacionadas ao envelhecimento”, explica o biólogo Michel Naslavsky, professor e pesquisador do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células Tronco da Universidade de São Paulo (USP).

Vale destacar que, felizmente, o gene não é exclusivo de um público restrito. Todos nós o possuímos em nosso DNA. Inclusive, ele é considerado extremamente conservado na natureza, o que significa que está presente em muitos organismos, desde o pequeno verme C. elegans até os seres humanos.

Segundo Naslavsky, é possível que existam pequenas diferenças no DNA das pessoas que podem eventualmente aumentar ou diminuir o efeito do gene, no entanto, é pouco provável que essas variações sejam de grande impacto.

Além disso, segundo a bióloga molecular e geneticista Mayana Zatz, professora titular de genética e diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células Tronco da USP, esse tipo de pesquisa visa identificar os genes associados à longevidade, pensando em possíveis aplicações futuras que poderão, por exemplo, aumentar a expressão deles entre as pessoas que precisarem.

De acordo com a geneticista, os caminhos e ferramentas para isso podem ser diversos. “Em resumo, o primeiro passo é descobrir o produto codificado por aquele gene e então transformá-lo em uma droga. A outra possibilidade futura será alterar as variantes genéticas normais e transformá-las em protetoras ou introduzi-las via terapia gênica. São diferentes estratégias de engenharia genética que dependem de cada gene”.

Mais estudos são necessários, diz especialista

Apesar disso, esses passos ainda devem ser dados aos poucos. No estudo publicado pelo The Journal of Clinical Investigation, por exemplo, os pesquisadoras testaram aumentar a expressão do gene em vermes mais velhos. Como resultado, a adaptação não promoveu alterações na longevidade dos animais, embora tenha levado a melhorias significativas na mobilidade.

Para Naslavsky, esse paralelo mostra que o equilíbrio na quantidade dessa proteína é essencial para o funcionamento correto das células e demonstra a importância da realização de mais estudos. “É possível que esse gene seja um alvo potencial para terapias celulares futuras, mas é preciso muita pesquisa para entender como manipular sua expressão sem causar efeitos adversos, como aumento do risco de câncer”, afirma.

Segundo o biólogo, a descoberta é inovadora ao revelar o papel central do gene no processo de reciclagem celular e, por isso, é um passo significativo para a ciência. No entanto, é preciso ter cautela, pois ainda há muito a ser investigado antes de pensar em aplicá-la clinicamente. “Mas é uma chave importante, uma pecinha a mais para o quebra-cabeça sobre o funcionamento das células”, completa.

  • A Universidade de São Paulo realiza pesquisas com centenários para tentar descobrir quais são os fatores genéticos que os levam à longevidade. Se você é ou conhece alguém com mais de cem anos que tem autonomia corporal e capacidade cognitiva preservadas, participe da pesquisa entrando em contato pelo e-mail dnalongevo@usp.br

Por que algumas pessoas chegam aos cem anos lúcidas e ativas, enquanto outras adoecem e perdem a sua autonomia no início da terceira idade? Esta não é uma pergunta para a qual existe uma resposta simples e totalmente conhecida, mas a ciência já descobriu que a genética é um dos fatores atrelados à longevidade e ao envelhecimento saudável.

Descoberta representa uma nova peça no quebra-cabeças para entender e manipular os genes, visando melhorar a saúde e prolongar a vida. Foto: Zoran Pucarevic Novi Sad

Agora, cientistas italianos descobriram um novo gene atrelado à manutenção de boas condições de saúde na velhice. O estudo, publicado em junho na revista científica The Journal of Clinical Investigation, diz respeito à sequência de DNA humano C16ORF70.

Os pesquisadores descobriram que a C16ORF70 é capaz de codificar uma proteína chamada MYTHO (sigla para macroautofagia e otimizador de juventude, em inglês) que, segundo eles, tem um importante papel no controle do tempo de vida e da saúde.

Isso porque eles notaram que ela é essencial para a realização da autofagia, processo de “autodigestão” das células que limpa e recicla componentes internos, removendo proteínas e organelas danificadas.

Essa ação é importante para promover a longevidade, já que combate o acúmulo de danos que ocorre naturalmente à medida que envelhecemos. A autofagia é, ainda, um mecanismo fundamental de controle celular que ajuda a eliminar células anormais antes que elas se tornem cancerosas.

Para chegar ao resultado, os pesquisadores da Universidade de Pádua, na Itália, fizeram uma série de testes com o C. elegans, uma espécie de verme muito utilizado em estudos sobre genética, pois, entre outras coisas, compartilha diversos genes em comum com os humanos.

Assim, eles descobriram que, ao inibir a MYTHO no organismo desses animais, as células acabavam perdendo o controle da autofagia e, então, envelhecendo prematuramente.

Sem a proteína, o tempo de vida dos vermes foi encurtado e os seus movimentos, reduzidos. As células também pararam de se dividir rapidamente e mostraram danos nas mitocôndrias (responsáveis pela energia celular).

Os cientistas também observaram que a proteína MYTHO era mais expressa em humanos e camundongos mais idosos.

Para cientistas, esses achados sugerem que entender e manipular o gene que codifica a MYTHO pode ser uma estratégia promissora para melhorar a saúde e prolongar a vida.

“Essa descoberta é importante porque pode abrir caminho para entender melhor e, eventualmente, tratar condições relacionadas ao envelhecimento”, explica o biólogo Michel Naslavsky, professor e pesquisador do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células Tronco da Universidade de São Paulo (USP).

Vale destacar que, felizmente, o gene não é exclusivo de um público restrito. Todos nós o possuímos em nosso DNA. Inclusive, ele é considerado extremamente conservado na natureza, o que significa que está presente em muitos organismos, desde o pequeno verme C. elegans até os seres humanos.

Segundo Naslavsky, é possível que existam pequenas diferenças no DNA das pessoas que podem eventualmente aumentar ou diminuir o efeito do gene, no entanto, é pouco provável que essas variações sejam de grande impacto.

Além disso, segundo a bióloga molecular e geneticista Mayana Zatz, professora titular de genética e diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células Tronco da USP, esse tipo de pesquisa visa identificar os genes associados à longevidade, pensando em possíveis aplicações futuras que poderão, por exemplo, aumentar a expressão deles entre as pessoas que precisarem.

De acordo com a geneticista, os caminhos e ferramentas para isso podem ser diversos. “Em resumo, o primeiro passo é descobrir o produto codificado por aquele gene e então transformá-lo em uma droga. A outra possibilidade futura será alterar as variantes genéticas normais e transformá-las em protetoras ou introduzi-las via terapia gênica. São diferentes estratégias de engenharia genética que dependem de cada gene”.

Mais estudos são necessários, diz especialista

Apesar disso, esses passos ainda devem ser dados aos poucos. No estudo publicado pelo The Journal of Clinical Investigation, por exemplo, os pesquisadoras testaram aumentar a expressão do gene em vermes mais velhos. Como resultado, a adaptação não promoveu alterações na longevidade dos animais, embora tenha levado a melhorias significativas na mobilidade.

Para Naslavsky, esse paralelo mostra que o equilíbrio na quantidade dessa proteína é essencial para o funcionamento correto das células e demonstra a importância da realização de mais estudos. “É possível que esse gene seja um alvo potencial para terapias celulares futuras, mas é preciso muita pesquisa para entender como manipular sua expressão sem causar efeitos adversos, como aumento do risco de câncer”, afirma.

Segundo o biólogo, a descoberta é inovadora ao revelar o papel central do gene no processo de reciclagem celular e, por isso, é um passo significativo para a ciência. No entanto, é preciso ter cautela, pois ainda há muito a ser investigado antes de pensar em aplicá-la clinicamente. “Mas é uma chave importante, uma pecinha a mais para o quebra-cabeça sobre o funcionamento das células”, completa.

  • A Universidade de São Paulo realiza pesquisas com centenários para tentar descobrir quais são os fatores genéticos que os levam à longevidade. Se você é ou conhece alguém com mais de cem anos que tem autonomia corporal e capacidade cognitiva preservadas, participe da pesquisa entrando em contato pelo e-mail dnalongevo@usp.br

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