Cirurgia de alongamento de ossos promete aumentar altura em 5 cm; entenda os riscos


Procedimento é complexo e a recuperação, longa; especialistas alertam que pacientes que buscam tratamento com fins estéticos devem ser bem orientados

Por Giovanna Castro
Atualização:

Há dois anos, Marcelo Rodrigues (nome fictício), de 35 anos, foi submetido a uma cirurgia de alongamento ósseo e passou de 1,67m de altura para 1,72m. “Para outras pessoas, cinco centímetros podem parecer pouco, mas, para mim, foi algo que mudou a minha vida. Hoje eu me sinto muito melhor comigo mesmo”, diz ele, que fez o procedimento apenas com fins estéticos. Regulamentada há mais de meio século no Brasil, a cirurgia, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), é mais indicada para restauração de falhas ósseas decorrentes de fraturas, processos infecciosos e tumorais, e em casos de doenças congênitas que causam assimetria entre os membros.

Por ser um tratamento complexo e de longa recuperação, o paciente fisicamente normal precisa estar ciente de que há riscos relevantes a serem considerados, explica Guilherme Pelosi Gaiarsa, presidente do comitê de reconstrução e alongamento ósseo da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).

O tratamento é comumente utilizado na medicina em pessoas com nanismo e pacientes que perderam uma parte da perna ou sofreram alguma deformação óssea. Nestes dois casos, a cirurgia é considerada uma necessidade e, por isso, há cobertura de planos de saúde e oferta no Sistema Único de Saúde (SUS).

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“Em pacientes com nanismo, o objetivo não é que a pessoa atinja uma altura considerada padrão, mas sim que ela ganhe amplitude de movimentos e consiga realizar atividades do dia a dia com mais facilidade”, explica Gaiarsa.

Marcelo Rodrigues (nome fictício), de 35 anos, foi submetido a uma cirurgia de alongamento ósseo e passou de 1,67m de altura para 1,72m. Foto: Werther Santana/Estadão

Hernandes Augusto, de 38 anos, operador de máquina, precisou passar pelo procedimento após sofrer um acidente de trabalho, ter a sua perna encurtada e a locomoção comprometida. “Eu precisava forçar muito o quadril, o tornozelo e o joelho para andar”, conta.

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Após o alongamento, Augusto passou a andar melhor, o que teve impacto em qualidade de vida, mas ele reconhece a complexidade do tratamento.

É um procedimento longo e bastante doloroso. A recuperação levou quase oito meses”

Hernandes Augusto, operador de máquinas

Como funciona o alongamento ósseo

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O processo de alongamento ósseo leva em média 50 dias e a recuperação total, em torno de seis meses. Primeiro, é realizada uma cirurgia na qual o médico ortopedista faz um corte em um dos ossos da perna (fêmur ou tíbia, mas geralmente no fêmur, pois tem maior capacidade de alongamento) e coloca um fixador externo que possui hastes de metal capazes de ajustar os ossos, num sistema similar aos aparelhos ortodônticos.

Assim, com o manejo das hastes, que podem ter vários modelos, dos mais modernos e caros aos mais simples e baratos, as duas partes do osso vão sendo separadas lentamente, estimulando que o paciente ganhe alguns centímetros ao passo em que o órgão se regenera.

“Nós fazemos esse processo nas duas pernas ao mesmo tempo para diminuir os riscos de que uma fique menor do que a outra e orientamos o paciente para que ele mesmo faça o ajuste das hastes diariamente. Em média, alongamos um milímetro por dia”, explica Reinaldo Keitiro Katayose, médico ortopedista especialista em alongamento e reconstrução óssea.

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Durante e depois do alongamento ósseo, o paciente precisa passar por meses de fisioterapia para que a musculatura da perna acompanhe o crescimento. O tamanho do alongamento varia de pessoa para pessoa, mas geralmente fica em torno de cinco centímetros.

“Tudo depende dos exames pré-operatórios e de como o paciente reage ao processo”, diz David Mello Marin, médico ortopedista, também especialista em alongamento e reconstrução óssea.

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A cirurgia custa a partir de R$ 35 mil, mas pode chegar a mais de R$ 1 milhão, dependendo do tipo de fixador utilizado. O procedimento também pode ser realizado em ossos do braço, embora seja menos comum entre pacientes que almejam o aumento de altura. “Em pessoas fisicamente normais, a diferença maior de tamanho se dá pelos ossos da perna. Geralmente, braços e tronco de pessoas de diferentes alturas têm tamanhos similares, por isso, o paciente não corre o risco de ficar desproporcional aumentando somente o osso da perna”, explica Marin.

Riscos

Além da dor e do longo período de recuperação, a cirurgia de alongamento ósseo implica em riscos comuns a qualquer cirurgia, como de infecção, mas também em outros específicos, como lesões de nervos por compressão ou estiramento, rigidez e deformidades das articulações devido à pressão dos músculos alongados e deformidades ósseas secundárias sobre o osso alongado.

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Segundo Anastácio Kotzias, coordenador da Câmara Técnica de Ortopedia do CFM, o procedimento pode causar também problemas vasculares, neurológicos e funcionais (limitação da mobilidade), “geralmente relacionados à quantidade da correção a ser alcançada, ou seja, ao tamanho do alongamento ósseo”.

“Para um paciente que tem uma deformidade e sofre com isso no dia a dia, os riscos acabam compensando – desde que sejam tomados todos os cuidados necessários e realizados os exames pré-operatórios”, afirma Gaiarsa. “Agora, o paciente fisicamente normal precisa ser bem orientado, de forma que ele possa avaliar com clareza se está disposto a correr o risco de adquirir um problema ortopédico em prol da estética. Geralmente, as pessoas estão tão encantadas pela possibilidade de realizar um desejo estético, que ignoram os riscos.”

Para Marin, o procedimento só deve ser realizado em um paciente fisicamente normal após uma série de exames que demonstrem que ele é saudável e tem estrutura óssea capaz de suportar o alongamento. “Tenho um processo pré-operatório muito rigoroso e me certifico de que o paciente está ciente de todos os riscos envolvidos antes de realizar o procedimento”, diz.

A cirurgia não é indicada para pacientes tabagistas, obesos ou com outros problemas de saúde, a depender da avaliação médica.

Autoestima

Marcelo Rodrigues afirma ter estudado muito antes de optar pelo tratamento para fins estéticos. “Procurei um médico qualificado para isso”, diz ele, que relata nunca ter se sentido confortável com sua estatura.

“Desde a adolescência, meus amigos faziam brincadeiras sobre a minha altura. Além disso, sinto que as mulheres não se sentem tão atraídas por homens baixinhos, o que refletia diretamente na minha autoconfiança”, relata.

Além de pessoas que desejam ser mais altas por questões de autoestima, é comum que pessoas que querem seguir carreira no esporte ou como modelo também procurem o procedimento para alcançar a altura exigida nesses ramos profissionais.

Segundo um estudo publicado na National Library of Medicine em 2017, há melhora evidente na autoestima dos pacientes após o procedimento, mas isso pode durar pouco – cerca de um ano. Após sete anos do aumento da estatura, a maioria dos 28 pacientes acompanhados pelo estudo retornou a níveis de autoestima próximos ao pré-operatório, de acordo com a pesquisa.

Há dois anos, Marcelo Rodrigues (nome fictício), de 35 anos, foi submetido a uma cirurgia de alongamento ósseo e passou de 1,67m de altura para 1,72m. “Para outras pessoas, cinco centímetros podem parecer pouco, mas, para mim, foi algo que mudou a minha vida. Hoje eu me sinto muito melhor comigo mesmo”, diz ele, que fez o procedimento apenas com fins estéticos. Regulamentada há mais de meio século no Brasil, a cirurgia, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), é mais indicada para restauração de falhas ósseas decorrentes de fraturas, processos infecciosos e tumorais, e em casos de doenças congênitas que causam assimetria entre os membros.

Por ser um tratamento complexo e de longa recuperação, o paciente fisicamente normal precisa estar ciente de que há riscos relevantes a serem considerados, explica Guilherme Pelosi Gaiarsa, presidente do comitê de reconstrução e alongamento ósseo da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).

O tratamento é comumente utilizado na medicina em pessoas com nanismo e pacientes que perderam uma parte da perna ou sofreram alguma deformação óssea. Nestes dois casos, a cirurgia é considerada uma necessidade e, por isso, há cobertura de planos de saúde e oferta no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Em pacientes com nanismo, o objetivo não é que a pessoa atinja uma altura considerada padrão, mas sim que ela ganhe amplitude de movimentos e consiga realizar atividades do dia a dia com mais facilidade”, explica Gaiarsa.

Marcelo Rodrigues (nome fictício), de 35 anos, foi submetido a uma cirurgia de alongamento ósseo e passou de 1,67m de altura para 1,72m. Foto: Werther Santana/Estadão

Hernandes Augusto, de 38 anos, operador de máquina, precisou passar pelo procedimento após sofrer um acidente de trabalho, ter a sua perna encurtada e a locomoção comprometida. “Eu precisava forçar muito o quadril, o tornozelo e o joelho para andar”, conta.

Após o alongamento, Augusto passou a andar melhor, o que teve impacto em qualidade de vida, mas ele reconhece a complexidade do tratamento.

É um procedimento longo e bastante doloroso. A recuperação levou quase oito meses”

Hernandes Augusto, operador de máquinas

Como funciona o alongamento ósseo

O processo de alongamento ósseo leva em média 50 dias e a recuperação total, em torno de seis meses. Primeiro, é realizada uma cirurgia na qual o médico ortopedista faz um corte em um dos ossos da perna (fêmur ou tíbia, mas geralmente no fêmur, pois tem maior capacidade de alongamento) e coloca um fixador externo que possui hastes de metal capazes de ajustar os ossos, num sistema similar aos aparelhos ortodônticos.

Assim, com o manejo das hastes, que podem ter vários modelos, dos mais modernos e caros aos mais simples e baratos, as duas partes do osso vão sendo separadas lentamente, estimulando que o paciente ganhe alguns centímetros ao passo em que o órgão se regenera.

“Nós fazemos esse processo nas duas pernas ao mesmo tempo para diminuir os riscos de que uma fique menor do que a outra e orientamos o paciente para que ele mesmo faça o ajuste das hastes diariamente. Em média, alongamos um milímetro por dia”, explica Reinaldo Keitiro Katayose, médico ortopedista especialista em alongamento e reconstrução óssea.

Durante e depois do alongamento ósseo, o paciente precisa passar por meses de fisioterapia para que a musculatura da perna acompanhe o crescimento. O tamanho do alongamento varia de pessoa para pessoa, mas geralmente fica em torno de cinco centímetros.

“Tudo depende dos exames pré-operatórios e de como o paciente reage ao processo”, diz David Mello Marin, médico ortopedista, também especialista em alongamento e reconstrução óssea.

A cirurgia custa a partir de R$ 35 mil, mas pode chegar a mais de R$ 1 milhão, dependendo do tipo de fixador utilizado. O procedimento também pode ser realizado em ossos do braço, embora seja menos comum entre pacientes que almejam o aumento de altura. “Em pessoas fisicamente normais, a diferença maior de tamanho se dá pelos ossos da perna. Geralmente, braços e tronco de pessoas de diferentes alturas têm tamanhos similares, por isso, o paciente não corre o risco de ficar desproporcional aumentando somente o osso da perna”, explica Marin.

Riscos

Além da dor e do longo período de recuperação, a cirurgia de alongamento ósseo implica em riscos comuns a qualquer cirurgia, como de infecção, mas também em outros específicos, como lesões de nervos por compressão ou estiramento, rigidez e deformidades das articulações devido à pressão dos músculos alongados e deformidades ósseas secundárias sobre o osso alongado.

Segundo Anastácio Kotzias, coordenador da Câmara Técnica de Ortopedia do CFM, o procedimento pode causar também problemas vasculares, neurológicos e funcionais (limitação da mobilidade), “geralmente relacionados à quantidade da correção a ser alcançada, ou seja, ao tamanho do alongamento ósseo”.

“Para um paciente que tem uma deformidade e sofre com isso no dia a dia, os riscos acabam compensando – desde que sejam tomados todos os cuidados necessários e realizados os exames pré-operatórios”, afirma Gaiarsa. “Agora, o paciente fisicamente normal precisa ser bem orientado, de forma que ele possa avaliar com clareza se está disposto a correr o risco de adquirir um problema ortopédico em prol da estética. Geralmente, as pessoas estão tão encantadas pela possibilidade de realizar um desejo estético, que ignoram os riscos.”

Para Marin, o procedimento só deve ser realizado em um paciente fisicamente normal após uma série de exames que demonstrem que ele é saudável e tem estrutura óssea capaz de suportar o alongamento. “Tenho um processo pré-operatório muito rigoroso e me certifico de que o paciente está ciente de todos os riscos envolvidos antes de realizar o procedimento”, diz.

A cirurgia não é indicada para pacientes tabagistas, obesos ou com outros problemas de saúde, a depender da avaliação médica.

Autoestima

Marcelo Rodrigues afirma ter estudado muito antes de optar pelo tratamento para fins estéticos. “Procurei um médico qualificado para isso”, diz ele, que relata nunca ter se sentido confortável com sua estatura.

“Desde a adolescência, meus amigos faziam brincadeiras sobre a minha altura. Além disso, sinto que as mulheres não se sentem tão atraídas por homens baixinhos, o que refletia diretamente na minha autoconfiança”, relata.

Além de pessoas que desejam ser mais altas por questões de autoestima, é comum que pessoas que querem seguir carreira no esporte ou como modelo também procurem o procedimento para alcançar a altura exigida nesses ramos profissionais.

Segundo um estudo publicado na National Library of Medicine em 2017, há melhora evidente na autoestima dos pacientes após o procedimento, mas isso pode durar pouco – cerca de um ano. Após sete anos do aumento da estatura, a maioria dos 28 pacientes acompanhados pelo estudo retornou a níveis de autoestima próximos ao pré-operatório, de acordo com a pesquisa.

Há dois anos, Marcelo Rodrigues (nome fictício), de 35 anos, foi submetido a uma cirurgia de alongamento ósseo e passou de 1,67m de altura para 1,72m. “Para outras pessoas, cinco centímetros podem parecer pouco, mas, para mim, foi algo que mudou a minha vida. Hoje eu me sinto muito melhor comigo mesmo”, diz ele, que fez o procedimento apenas com fins estéticos. Regulamentada há mais de meio século no Brasil, a cirurgia, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), é mais indicada para restauração de falhas ósseas decorrentes de fraturas, processos infecciosos e tumorais, e em casos de doenças congênitas que causam assimetria entre os membros.

Por ser um tratamento complexo e de longa recuperação, o paciente fisicamente normal precisa estar ciente de que há riscos relevantes a serem considerados, explica Guilherme Pelosi Gaiarsa, presidente do comitê de reconstrução e alongamento ósseo da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).

O tratamento é comumente utilizado na medicina em pessoas com nanismo e pacientes que perderam uma parte da perna ou sofreram alguma deformação óssea. Nestes dois casos, a cirurgia é considerada uma necessidade e, por isso, há cobertura de planos de saúde e oferta no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Em pacientes com nanismo, o objetivo não é que a pessoa atinja uma altura considerada padrão, mas sim que ela ganhe amplitude de movimentos e consiga realizar atividades do dia a dia com mais facilidade”, explica Gaiarsa.

Marcelo Rodrigues (nome fictício), de 35 anos, foi submetido a uma cirurgia de alongamento ósseo e passou de 1,67m de altura para 1,72m. Foto: Werther Santana/Estadão

Hernandes Augusto, de 38 anos, operador de máquina, precisou passar pelo procedimento após sofrer um acidente de trabalho, ter a sua perna encurtada e a locomoção comprometida. “Eu precisava forçar muito o quadril, o tornozelo e o joelho para andar”, conta.

Após o alongamento, Augusto passou a andar melhor, o que teve impacto em qualidade de vida, mas ele reconhece a complexidade do tratamento.

É um procedimento longo e bastante doloroso. A recuperação levou quase oito meses”

Hernandes Augusto, operador de máquinas

Como funciona o alongamento ósseo

O processo de alongamento ósseo leva em média 50 dias e a recuperação total, em torno de seis meses. Primeiro, é realizada uma cirurgia na qual o médico ortopedista faz um corte em um dos ossos da perna (fêmur ou tíbia, mas geralmente no fêmur, pois tem maior capacidade de alongamento) e coloca um fixador externo que possui hastes de metal capazes de ajustar os ossos, num sistema similar aos aparelhos ortodônticos.

Assim, com o manejo das hastes, que podem ter vários modelos, dos mais modernos e caros aos mais simples e baratos, as duas partes do osso vão sendo separadas lentamente, estimulando que o paciente ganhe alguns centímetros ao passo em que o órgão se regenera.

“Nós fazemos esse processo nas duas pernas ao mesmo tempo para diminuir os riscos de que uma fique menor do que a outra e orientamos o paciente para que ele mesmo faça o ajuste das hastes diariamente. Em média, alongamos um milímetro por dia”, explica Reinaldo Keitiro Katayose, médico ortopedista especialista em alongamento e reconstrução óssea.

Durante e depois do alongamento ósseo, o paciente precisa passar por meses de fisioterapia para que a musculatura da perna acompanhe o crescimento. O tamanho do alongamento varia de pessoa para pessoa, mas geralmente fica em torno de cinco centímetros.

“Tudo depende dos exames pré-operatórios e de como o paciente reage ao processo”, diz David Mello Marin, médico ortopedista, também especialista em alongamento e reconstrução óssea.

A cirurgia custa a partir de R$ 35 mil, mas pode chegar a mais de R$ 1 milhão, dependendo do tipo de fixador utilizado. O procedimento também pode ser realizado em ossos do braço, embora seja menos comum entre pacientes que almejam o aumento de altura. “Em pessoas fisicamente normais, a diferença maior de tamanho se dá pelos ossos da perna. Geralmente, braços e tronco de pessoas de diferentes alturas têm tamanhos similares, por isso, o paciente não corre o risco de ficar desproporcional aumentando somente o osso da perna”, explica Marin.

Riscos

Além da dor e do longo período de recuperação, a cirurgia de alongamento ósseo implica em riscos comuns a qualquer cirurgia, como de infecção, mas também em outros específicos, como lesões de nervos por compressão ou estiramento, rigidez e deformidades das articulações devido à pressão dos músculos alongados e deformidades ósseas secundárias sobre o osso alongado.

Segundo Anastácio Kotzias, coordenador da Câmara Técnica de Ortopedia do CFM, o procedimento pode causar também problemas vasculares, neurológicos e funcionais (limitação da mobilidade), “geralmente relacionados à quantidade da correção a ser alcançada, ou seja, ao tamanho do alongamento ósseo”.

“Para um paciente que tem uma deformidade e sofre com isso no dia a dia, os riscos acabam compensando – desde que sejam tomados todos os cuidados necessários e realizados os exames pré-operatórios”, afirma Gaiarsa. “Agora, o paciente fisicamente normal precisa ser bem orientado, de forma que ele possa avaliar com clareza se está disposto a correr o risco de adquirir um problema ortopédico em prol da estética. Geralmente, as pessoas estão tão encantadas pela possibilidade de realizar um desejo estético, que ignoram os riscos.”

Para Marin, o procedimento só deve ser realizado em um paciente fisicamente normal após uma série de exames que demonstrem que ele é saudável e tem estrutura óssea capaz de suportar o alongamento. “Tenho um processo pré-operatório muito rigoroso e me certifico de que o paciente está ciente de todos os riscos envolvidos antes de realizar o procedimento”, diz.

A cirurgia não é indicada para pacientes tabagistas, obesos ou com outros problemas de saúde, a depender da avaliação médica.

Autoestima

Marcelo Rodrigues afirma ter estudado muito antes de optar pelo tratamento para fins estéticos. “Procurei um médico qualificado para isso”, diz ele, que relata nunca ter se sentido confortável com sua estatura.

“Desde a adolescência, meus amigos faziam brincadeiras sobre a minha altura. Além disso, sinto que as mulheres não se sentem tão atraídas por homens baixinhos, o que refletia diretamente na minha autoconfiança”, relata.

Além de pessoas que desejam ser mais altas por questões de autoestima, é comum que pessoas que querem seguir carreira no esporte ou como modelo também procurem o procedimento para alcançar a altura exigida nesses ramos profissionais.

Segundo um estudo publicado na National Library of Medicine em 2017, há melhora evidente na autoestima dos pacientes após o procedimento, mas isso pode durar pouco – cerca de um ano. Após sete anos do aumento da estatura, a maioria dos 28 pacientes acompanhados pelo estudo retornou a níveis de autoestima próximos ao pré-operatório, de acordo com a pesquisa.

Há dois anos, Marcelo Rodrigues (nome fictício), de 35 anos, foi submetido a uma cirurgia de alongamento ósseo e passou de 1,67m de altura para 1,72m. “Para outras pessoas, cinco centímetros podem parecer pouco, mas, para mim, foi algo que mudou a minha vida. Hoje eu me sinto muito melhor comigo mesmo”, diz ele, que fez o procedimento apenas com fins estéticos. Regulamentada há mais de meio século no Brasil, a cirurgia, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), é mais indicada para restauração de falhas ósseas decorrentes de fraturas, processos infecciosos e tumorais, e em casos de doenças congênitas que causam assimetria entre os membros.

Por ser um tratamento complexo e de longa recuperação, o paciente fisicamente normal precisa estar ciente de que há riscos relevantes a serem considerados, explica Guilherme Pelosi Gaiarsa, presidente do comitê de reconstrução e alongamento ósseo da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).

O tratamento é comumente utilizado na medicina em pessoas com nanismo e pacientes que perderam uma parte da perna ou sofreram alguma deformação óssea. Nestes dois casos, a cirurgia é considerada uma necessidade e, por isso, há cobertura de planos de saúde e oferta no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Em pacientes com nanismo, o objetivo não é que a pessoa atinja uma altura considerada padrão, mas sim que ela ganhe amplitude de movimentos e consiga realizar atividades do dia a dia com mais facilidade”, explica Gaiarsa.

Marcelo Rodrigues (nome fictício), de 35 anos, foi submetido a uma cirurgia de alongamento ósseo e passou de 1,67m de altura para 1,72m. Foto: Werther Santana/Estadão

Hernandes Augusto, de 38 anos, operador de máquina, precisou passar pelo procedimento após sofrer um acidente de trabalho, ter a sua perna encurtada e a locomoção comprometida. “Eu precisava forçar muito o quadril, o tornozelo e o joelho para andar”, conta.

Após o alongamento, Augusto passou a andar melhor, o que teve impacto em qualidade de vida, mas ele reconhece a complexidade do tratamento.

É um procedimento longo e bastante doloroso. A recuperação levou quase oito meses”

Hernandes Augusto, operador de máquinas

Como funciona o alongamento ósseo

O processo de alongamento ósseo leva em média 50 dias e a recuperação total, em torno de seis meses. Primeiro, é realizada uma cirurgia na qual o médico ortopedista faz um corte em um dos ossos da perna (fêmur ou tíbia, mas geralmente no fêmur, pois tem maior capacidade de alongamento) e coloca um fixador externo que possui hastes de metal capazes de ajustar os ossos, num sistema similar aos aparelhos ortodônticos.

Assim, com o manejo das hastes, que podem ter vários modelos, dos mais modernos e caros aos mais simples e baratos, as duas partes do osso vão sendo separadas lentamente, estimulando que o paciente ganhe alguns centímetros ao passo em que o órgão se regenera.

“Nós fazemos esse processo nas duas pernas ao mesmo tempo para diminuir os riscos de que uma fique menor do que a outra e orientamos o paciente para que ele mesmo faça o ajuste das hastes diariamente. Em média, alongamos um milímetro por dia”, explica Reinaldo Keitiro Katayose, médico ortopedista especialista em alongamento e reconstrução óssea.

Durante e depois do alongamento ósseo, o paciente precisa passar por meses de fisioterapia para que a musculatura da perna acompanhe o crescimento. O tamanho do alongamento varia de pessoa para pessoa, mas geralmente fica em torno de cinco centímetros.

“Tudo depende dos exames pré-operatórios e de como o paciente reage ao processo”, diz David Mello Marin, médico ortopedista, também especialista em alongamento e reconstrução óssea.

A cirurgia custa a partir de R$ 35 mil, mas pode chegar a mais de R$ 1 milhão, dependendo do tipo de fixador utilizado. O procedimento também pode ser realizado em ossos do braço, embora seja menos comum entre pacientes que almejam o aumento de altura. “Em pessoas fisicamente normais, a diferença maior de tamanho se dá pelos ossos da perna. Geralmente, braços e tronco de pessoas de diferentes alturas têm tamanhos similares, por isso, o paciente não corre o risco de ficar desproporcional aumentando somente o osso da perna”, explica Marin.

Riscos

Além da dor e do longo período de recuperação, a cirurgia de alongamento ósseo implica em riscos comuns a qualquer cirurgia, como de infecção, mas também em outros específicos, como lesões de nervos por compressão ou estiramento, rigidez e deformidades das articulações devido à pressão dos músculos alongados e deformidades ósseas secundárias sobre o osso alongado.

Segundo Anastácio Kotzias, coordenador da Câmara Técnica de Ortopedia do CFM, o procedimento pode causar também problemas vasculares, neurológicos e funcionais (limitação da mobilidade), “geralmente relacionados à quantidade da correção a ser alcançada, ou seja, ao tamanho do alongamento ósseo”.

“Para um paciente que tem uma deformidade e sofre com isso no dia a dia, os riscos acabam compensando – desde que sejam tomados todos os cuidados necessários e realizados os exames pré-operatórios”, afirma Gaiarsa. “Agora, o paciente fisicamente normal precisa ser bem orientado, de forma que ele possa avaliar com clareza se está disposto a correr o risco de adquirir um problema ortopédico em prol da estética. Geralmente, as pessoas estão tão encantadas pela possibilidade de realizar um desejo estético, que ignoram os riscos.”

Para Marin, o procedimento só deve ser realizado em um paciente fisicamente normal após uma série de exames que demonstrem que ele é saudável e tem estrutura óssea capaz de suportar o alongamento. “Tenho um processo pré-operatório muito rigoroso e me certifico de que o paciente está ciente de todos os riscos envolvidos antes de realizar o procedimento”, diz.

A cirurgia não é indicada para pacientes tabagistas, obesos ou com outros problemas de saúde, a depender da avaliação médica.

Autoestima

Marcelo Rodrigues afirma ter estudado muito antes de optar pelo tratamento para fins estéticos. “Procurei um médico qualificado para isso”, diz ele, que relata nunca ter se sentido confortável com sua estatura.

“Desde a adolescência, meus amigos faziam brincadeiras sobre a minha altura. Além disso, sinto que as mulheres não se sentem tão atraídas por homens baixinhos, o que refletia diretamente na minha autoconfiança”, relata.

Além de pessoas que desejam ser mais altas por questões de autoestima, é comum que pessoas que querem seguir carreira no esporte ou como modelo também procurem o procedimento para alcançar a altura exigida nesses ramos profissionais.

Segundo um estudo publicado na National Library of Medicine em 2017, há melhora evidente na autoestima dos pacientes após o procedimento, mas isso pode durar pouco – cerca de um ano. Após sete anos do aumento da estatura, a maioria dos 28 pacientes acompanhados pelo estudo retornou a níveis de autoestima próximos ao pré-operatório, de acordo com a pesquisa.

Há dois anos, Marcelo Rodrigues (nome fictício), de 35 anos, foi submetido a uma cirurgia de alongamento ósseo e passou de 1,67m de altura para 1,72m. “Para outras pessoas, cinco centímetros podem parecer pouco, mas, para mim, foi algo que mudou a minha vida. Hoje eu me sinto muito melhor comigo mesmo”, diz ele, que fez o procedimento apenas com fins estéticos. Regulamentada há mais de meio século no Brasil, a cirurgia, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), é mais indicada para restauração de falhas ósseas decorrentes de fraturas, processos infecciosos e tumorais, e em casos de doenças congênitas que causam assimetria entre os membros.

Por ser um tratamento complexo e de longa recuperação, o paciente fisicamente normal precisa estar ciente de que há riscos relevantes a serem considerados, explica Guilherme Pelosi Gaiarsa, presidente do comitê de reconstrução e alongamento ósseo da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).

O tratamento é comumente utilizado na medicina em pessoas com nanismo e pacientes que perderam uma parte da perna ou sofreram alguma deformação óssea. Nestes dois casos, a cirurgia é considerada uma necessidade e, por isso, há cobertura de planos de saúde e oferta no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Em pacientes com nanismo, o objetivo não é que a pessoa atinja uma altura considerada padrão, mas sim que ela ganhe amplitude de movimentos e consiga realizar atividades do dia a dia com mais facilidade”, explica Gaiarsa.

Marcelo Rodrigues (nome fictício), de 35 anos, foi submetido a uma cirurgia de alongamento ósseo e passou de 1,67m de altura para 1,72m. Foto: Werther Santana/Estadão

Hernandes Augusto, de 38 anos, operador de máquina, precisou passar pelo procedimento após sofrer um acidente de trabalho, ter a sua perna encurtada e a locomoção comprometida. “Eu precisava forçar muito o quadril, o tornozelo e o joelho para andar”, conta.

Após o alongamento, Augusto passou a andar melhor, o que teve impacto em qualidade de vida, mas ele reconhece a complexidade do tratamento.

É um procedimento longo e bastante doloroso. A recuperação levou quase oito meses”

Hernandes Augusto, operador de máquinas

Como funciona o alongamento ósseo

O processo de alongamento ósseo leva em média 50 dias e a recuperação total, em torno de seis meses. Primeiro, é realizada uma cirurgia na qual o médico ortopedista faz um corte em um dos ossos da perna (fêmur ou tíbia, mas geralmente no fêmur, pois tem maior capacidade de alongamento) e coloca um fixador externo que possui hastes de metal capazes de ajustar os ossos, num sistema similar aos aparelhos ortodônticos.

Assim, com o manejo das hastes, que podem ter vários modelos, dos mais modernos e caros aos mais simples e baratos, as duas partes do osso vão sendo separadas lentamente, estimulando que o paciente ganhe alguns centímetros ao passo em que o órgão se regenera.

“Nós fazemos esse processo nas duas pernas ao mesmo tempo para diminuir os riscos de que uma fique menor do que a outra e orientamos o paciente para que ele mesmo faça o ajuste das hastes diariamente. Em média, alongamos um milímetro por dia”, explica Reinaldo Keitiro Katayose, médico ortopedista especialista em alongamento e reconstrução óssea.

Durante e depois do alongamento ósseo, o paciente precisa passar por meses de fisioterapia para que a musculatura da perna acompanhe o crescimento. O tamanho do alongamento varia de pessoa para pessoa, mas geralmente fica em torno de cinco centímetros.

“Tudo depende dos exames pré-operatórios e de como o paciente reage ao processo”, diz David Mello Marin, médico ortopedista, também especialista em alongamento e reconstrução óssea.

A cirurgia custa a partir de R$ 35 mil, mas pode chegar a mais de R$ 1 milhão, dependendo do tipo de fixador utilizado. O procedimento também pode ser realizado em ossos do braço, embora seja menos comum entre pacientes que almejam o aumento de altura. “Em pessoas fisicamente normais, a diferença maior de tamanho se dá pelos ossos da perna. Geralmente, braços e tronco de pessoas de diferentes alturas têm tamanhos similares, por isso, o paciente não corre o risco de ficar desproporcional aumentando somente o osso da perna”, explica Marin.

Riscos

Além da dor e do longo período de recuperação, a cirurgia de alongamento ósseo implica em riscos comuns a qualquer cirurgia, como de infecção, mas também em outros específicos, como lesões de nervos por compressão ou estiramento, rigidez e deformidades das articulações devido à pressão dos músculos alongados e deformidades ósseas secundárias sobre o osso alongado.

Segundo Anastácio Kotzias, coordenador da Câmara Técnica de Ortopedia do CFM, o procedimento pode causar também problemas vasculares, neurológicos e funcionais (limitação da mobilidade), “geralmente relacionados à quantidade da correção a ser alcançada, ou seja, ao tamanho do alongamento ósseo”.

“Para um paciente que tem uma deformidade e sofre com isso no dia a dia, os riscos acabam compensando – desde que sejam tomados todos os cuidados necessários e realizados os exames pré-operatórios”, afirma Gaiarsa. “Agora, o paciente fisicamente normal precisa ser bem orientado, de forma que ele possa avaliar com clareza se está disposto a correr o risco de adquirir um problema ortopédico em prol da estética. Geralmente, as pessoas estão tão encantadas pela possibilidade de realizar um desejo estético, que ignoram os riscos.”

Para Marin, o procedimento só deve ser realizado em um paciente fisicamente normal após uma série de exames que demonstrem que ele é saudável e tem estrutura óssea capaz de suportar o alongamento. “Tenho um processo pré-operatório muito rigoroso e me certifico de que o paciente está ciente de todos os riscos envolvidos antes de realizar o procedimento”, diz.

A cirurgia não é indicada para pacientes tabagistas, obesos ou com outros problemas de saúde, a depender da avaliação médica.

Autoestima

Marcelo Rodrigues afirma ter estudado muito antes de optar pelo tratamento para fins estéticos. “Procurei um médico qualificado para isso”, diz ele, que relata nunca ter se sentido confortável com sua estatura.

“Desde a adolescência, meus amigos faziam brincadeiras sobre a minha altura. Além disso, sinto que as mulheres não se sentem tão atraídas por homens baixinhos, o que refletia diretamente na minha autoconfiança”, relata.

Além de pessoas que desejam ser mais altas por questões de autoestima, é comum que pessoas que querem seguir carreira no esporte ou como modelo também procurem o procedimento para alcançar a altura exigida nesses ramos profissionais.

Segundo um estudo publicado na National Library of Medicine em 2017, há melhora evidente na autoestima dos pacientes após o procedimento, mas isso pode durar pouco – cerca de um ano. Após sete anos do aumento da estatura, a maioria dos 28 pacientes acompanhados pelo estudo retornou a níveis de autoestima próximos ao pré-operatório, de acordo com a pesquisa.

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