Coçar os olhos pode causar doença séria e progressiva; entenda


Chamado ceratocone, o quadro é, hoje, um dos principais motivos para o transplante de córnea no Brasil

Por Ana Lourenço

Alguns comportamentos automáticos do dia a dia podem virar hábito e gerar consequências graves. É o caso da mania de coçar os olhos. O ato parece inofensivo, mas, quando acontece de maneira intensa e frequente, aumenta o risco de uma série de problemas, como contaminação por vírus e bactérias, deslocamento da retina e até ceratocone, uma doença que causa o encurvamento da córnea (a parte transparente que funciona como se fosse uma película no olho). Isso faz com que ela saia da sua forma original semicircular para cônica.

“Temos que lembrar que o olho é muito mole. Ele é constituído de 90% de água e fibras elásticas”, informa a médica oftalmologista Fabíola Gavioli Marazato, do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Oftalmologia. Essas fibras são feitas de colágeno.

“É como se a fricção remodelasse a córnea para um formato de cone”, compara Giovanna Marchezine, oftalmologista do Hospital de Olhos de Cuiabá (HOC). O impacto dessa alteração é a distorção da imagem que o paciente enxerga, afinal, o novo formato da córnea pode impedir que a luz chegue corretamente à retina, desfocando a visão.

continua após a publicidade

“Não é que o paciente fique cego, mas a visão pode ficar bem deteriorada, chegando até em uma deficiência visual mais severa pelo alto grau de miopia e astigmatismo que a doença causa”, explica a Fabíola.

Para desenvolver de fato o ceratocone, é preciso que o indivíduo tenha uma propensão genética a apresentar alterações no colágeno. A questão é que não existe uma maneira certeira de identificar essa tendência (a não ser que alguém da família já apresente a condição). Cabe destacar ainda que a doença é rara, afetando cerca de 150 mil brasileiros por ano.

continua após a publicidade

Geralmente, o diagnóstico acontece depois que o indivíduo procura um oftalmologista com reclamações sobre alterações visuais. “É uma queixa de uma dificuldade de enxergar muito grande, que é caracterizada pelo aumento muito progressivo e assimétrico, ou seja, ela pode atingir os dois olhos, mas não necessariamente atinge na mesma intensidade ou ao mesmo tempo”, explica Giovanna.

A maior incidência é em adolescentes e jovens adultos, entre 14 e 18 anos. Mas uma pequena parcela da população infantil (em torno de 5 anos) e também adultos mais velhos podem apresentar sintomas, especialmente quando são alérgicos – justamente pelo excesso de coceira nos olhos.

continua após a publicidade

Como tratar?

O ceratocone pode se manifestar de forma leve e, nesses casos, apenas o uso de óculos ou lentes de contato muitas vezes é suficiente para controlar a doença. O ideal é sempre estar atento e visitar frequentemente o oftalmologista – no mínimo, uma vez ao ano. Até porque a doença pode progredir e exigir intervenções mais importantes.

Há duas opções cirúrgicas, e elas podem acontecer simultaneamente:

continua após a publicidade
  • Anéis de Ferrara: “São segmentos de acrílico, um material bastante usado no olho porque é muito compatível. Eles são implantados dentro da córnea com a finalidade de melhorar a curvatura. É como se ele achatasse o pico do cone”, ensina Fabíola. A cirurgia é feita com o paciente acordado para ter o posicionamento correto, de acordo com a pupila.
  • Crosslinking: Um procedimento que serve para impedir a progressão e estabilizar a doença. Normalmente, é feito no início da descoberta da doença, onde a pessoa já tem um cone inicial, mas ele ainda não compromete a visão. O crosslinking impedirá que ela avance. Também pode ajudar a evitar ou adiar a necessidade de transplante de córnea. É realizado com o paciente acordado e uso apenas de colírio anestésico.

Caso nenhuma das duas opções der certo, o paciente pode se candidatar a um transplante. Aliás, o ceratocone é a causa mais frequente do transplante de córnea, mas só é indicado a um número pequeno de casos mais graves. “Ou a pessoa tem uma curvatura muito alta que impede o uso do anel, ou não se adapta à lente de contato e, de forma geral, não aceita nenhum outra forma de tratamento de visão”, explica Fabíola.

Pessoas com ceratocone tem a córnea em formato de cone Foto: Alessandro Grandini/Adobe Stock
continua após a publicidade

De acordo com um levantamento feito pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), com informações do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), cerca de 24.300 pacientes estão na fila de espera por um transplante de córnea no Brasil – número que dobrou entre 2019 e 2022. O volume de transplantes também subiu entre 2020 e 2022: de 4.374 para 7.826 cirurgias.

Os pacientes cadastrados no SNT passam por avaliação médica e são colocados em uma fila de ordem cronológica. A fila também é definida por outros critérios, como urgência, tipagem sanguínea e compatibilidade. Segundo o SNT, o tempo de espera por um transplante de córnea é de 13,2 meses, em média.

De acordo com Fabíola, o que as pessoas mais temem é a rejeição, porém, ela acontece em menos de 10% dos casos – e, em muitos deles, consegue ser revertida.

continua após a publicidade

Prevenção

É muito difícil evitar uma crise de coceira, mas há algumas maneiras de amenizar essa vontade. Por exemplo: carregue um colírio lubrificante com você. Afinal, ele dá uma sensação de alívio, assim como fazer compressa de água fria (ou gelada) nos olhos.

Mas Giovanna aponta que o mais importante é descobrir a causa da coceira. Se ela tiver a ver com uma doença alérgica, tem que tratar essa condição. O mesmo vale para a blefarite, outra situação que faz os olhos coçarem.

É fundamental também ter em mente que as mudanças da capacidade visual não acontecem de um dia para o outro: a progressão é relativamente lenta e pode não ser percebida tão rapidamente. “E quanto mais cedo a gente descobrir esse cone, melhor”, acrescenta Giovanna. Portanto, não fique muito tempo sem visitar o oftalmologista.

Alguns comportamentos automáticos do dia a dia podem virar hábito e gerar consequências graves. É o caso da mania de coçar os olhos. O ato parece inofensivo, mas, quando acontece de maneira intensa e frequente, aumenta o risco de uma série de problemas, como contaminação por vírus e bactérias, deslocamento da retina e até ceratocone, uma doença que causa o encurvamento da córnea (a parte transparente que funciona como se fosse uma película no olho). Isso faz com que ela saia da sua forma original semicircular para cônica.

“Temos que lembrar que o olho é muito mole. Ele é constituído de 90% de água e fibras elásticas”, informa a médica oftalmologista Fabíola Gavioli Marazato, do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Oftalmologia. Essas fibras são feitas de colágeno.

“É como se a fricção remodelasse a córnea para um formato de cone”, compara Giovanna Marchezine, oftalmologista do Hospital de Olhos de Cuiabá (HOC). O impacto dessa alteração é a distorção da imagem que o paciente enxerga, afinal, o novo formato da córnea pode impedir que a luz chegue corretamente à retina, desfocando a visão.

“Não é que o paciente fique cego, mas a visão pode ficar bem deteriorada, chegando até em uma deficiência visual mais severa pelo alto grau de miopia e astigmatismo que a doença causa”, explica a Fabíola.

Para desenvolver de fato o ceratocone, é preciso que o indivíduo tenha uma propensão genética a apresentar alterações no colágeno. A questão é que não existe uma maneira certeira de identificar essa tendência (a não ser que alguém da família já apresente a condição). Cabe destacar ainda que a doença é rara, afetando cerca de 150 mil brasileiros por ano.

Geralmente, o diagnóstico acontece depois que o indivíduo procura um oftalmologista com reclamações sobre alterações visuais. “É uma queixa de uma dificuldade de enxergar muito grande, que é caracterizada pelo aumento muito progressivo e assimétrico, ou seja, ela pode atingir os dois olhos, mas não necessariamente atinge na mesma intensidade ou ao mesmo tempo”, explica Giovanna.

A maior incidência é em adolescentes e jovens adultos, entre 14 e 18 anos. Mas uma pequena parcela da população infantil (em torno de 5 anos) e também adultos mais velhos podem apresentar sintomas, especialmente quando são alérgicos – justamente pelo excesso de coceira nos olhos.

Como tratar?

O ceratocone pode se manifestar de forma leve e, nesses casos, apenas o uso de óculos ou lentes de contato muitas vezes é suficiente para controlar a doença. O ideal é sempre estar atento e visitar frequentemente o oftalmologista – no mínimo, uma vez ao ano. Até porque a doença pode progredir e exigir intervenções mais importantes.

Há duas opções cirúrgicas, e elas podem acontecer simultaneamente:

  • Anéis de Ferrara: “São segmentos de acrílico, um material bastante usado no olho porque é muito compatível. Eles são implantados dentro da córnea com a finalidade de melhorar a curvatura. É como se ele achatasse o pico do cone”, ensina Fabíola. A cirurgia é feita com o paciente acordado para ter o posicionamento correto, de acordo com a pupila.
  • Crosslinking: Um procedimento que serve para impedir a progressão e estabilizar a doença. Normalmente, é feito no início da descoberta da doença, onde a pessoa já tem um cone inicial, mas ele ainda não compromete a visão. O crosslinking impedirá que ela avance. Também pode ajudar a evitar ou adiar a necessidade de transplante de córnea. É realizado com o paciente acordado e uso apenas de colírio anestésico.

Caso nenhuma das duas opções der certo, o paciente pode se candidatar a um transplante. Aliás, o ceratocone é a causa mais frequente do transplante de córnea, mas só é indicado a um número pequeno de casos mais graves. “Ou a pessoa tem uma curvatura muito alta que impede o uso do anel, ou não se adapta à lente de contato e, de forma geral, não aceita nenhum outra forma de tratamento de visão”, explica Fabíola.

Pessoas com ceratocone tem a córnea em formato de cone Foto: Alessandro Grandini/Adobe Stock

De acordo com um levantamento feito pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), com informações do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), cerca de 24.300 pacientes estão na fila de espera por um transplante de córnea no Brasil – número que dobrou entre 2019 e 2022. O volume de transplantes também subiu entre 2020 e 2022: de 4.374 para 7.826 cirurgias.

Os pacientes cadastrados no SNT passam por avaliação médica e são colocados em uma fila de ordem cronológica. A fila também é definida por outros critérios, como urgência, tipagem sanguínea e compatibilidade. Segundo o SNT, o tempo de espera por um transplante de córnea é de 13,2 meses, em média.

De acordo com Fabíola, o que as pessoas mais temem é a rejeição, porém, ela acontece em menos de 10% dos casos – e, em muitos deles, consegue ser revertida.

Prevenção

É muito difícil evitar uma crise de coceira, mas há algumas maneiras de amenizar essa vontade. Por exemplo: carregue um colírio lubrificante com você. Afinal, ele dá uma sensação de alívio, assim como fazer compressa de água fria (ou gelada) nos olhos.

Mas Giovanna aponta que o mais importante é descobrir a causa da coceira. Se ela tiver a ver com uma doença alérgica, tem que tratar essa condição. O mesmo vale para a blefarite, outra situação que faz os olhos coçarem.

É fundamental também ter em mente que as mudanças da capacidade visual não acontecem de um dia para o outro: a progressão é relativamente lenta e pode não ser percebida tão rapidamente. “E quanto mais cedo a gente descobrir esse cone, melhor”, acrescenta Giovanna. Portanto, não fique muito tempo sem visitar o oftalmologista.

Alguns comportamentos automáticos do dia a dia podem virar hábito e gerar consequências graves. É o caso da mania de coçar os olhos. O ato parece inofensivo, mas, quando acontece de maneira intensa e frequente, aumenta o risco de uma série de problemas, como contaminação por vírus e bactérias, deslocamento da retina e até ceratocone, uma doença que causa o encurvamento da córnea (a parte transparente que funciona como se fosse uma película no olho). Isso faz com que ela saia da sua forma original semicircular para cônica.

“Temos que lembrar que o olho é muito mole. Ele é constituído de 90% de água e fibras elásticas”, informa a médica oftalmologista Fabíola Gavioli Marazato, do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Oftalmologia. Essas fibras são feitas de colágeno.

“É como se a fricção remodelasse a córnea para um formato de cone”, compara Giovanna Marchezine, oftalmologista do Hospital de Olhos de Cuiabá (HOC). O impacto dessa alteração é a distorção da imagem que o paciente enxerga, afinal, o novo formato da córnea pode impedir que a luz chegue corretamente à retina, desfocando a visão.

“Não é que o paciente fique cego, mas a visão pode ficar bem deteriorada, chegando até em uma deficiência visual mais severa pelo alto grau de miopia e astigmatismo que a doença causa”, explica a Fabíola.

Para desenvolver de fato o ceratocone, é preciso que o indivíduo tenha uma propensão genética a apresentar alterações no colágeno. A questão é que não existe uma maneira certeira de identificar essa tendência (a não ser que alguém da família já apresente a condição). Cabe destacar ainda que a doença é rara, afetando cerca de 150 mil brasileiros por ano.

Geralmente, o diagnóstico acontece depois que o indivíduo procura um oftalmologista com reclamações sobre alterações visuais. “É uma queixa de uma dificuldade de enxergar muito grande, que é caracterizada pelo aumento muito progressivo e assimétrico, ou seja, ela pode atingir os dois olhos, mas não necessariamente atinge na mesma intensidade ou ao mesmo tempo”, explica Giovanna.

A maior incidência é em adolescentes e jovens adultos, entre 14 e 18 anos. Mas uma pequena parcela da população infantil (em torno de 5 anos) e também adultos mais velhos podem apresentar sintomas, especialmente quando são alérgicos – justamente pelo excesso de coceira nos olhos.

Como tratar?

O ceratocone pode se manifestar de forma leve e, nesses casos, apenas o uso de óculos ou lentes de contato muitas vezes é suficiente para controlar a doença. O ideal é sempre estar atento e visitar frequentemente o oftalmologista – no mínimo, uma vez ao ano. Até porque a doença pode progredir e exigir intervenções mais importantes.

Há duas opções cirúrgicas, e elas podem acontecer simultaneamente:

  • Anéis de Ferrara: “São segmentos de acrílico, um material bastante usado no olho porque é muito compatível. Eles são implantados dentro da córnea com a finalidade de melhorar a curvatura. É como se ele achatasse o pico do cone”, ensina Fabíola. A cirurgia é feita com o paciente acordado para ter o posicionamento correto, de acordo com a pupila.
  • Crosslinking: Um procedimento que serve para impedir a progressão e estabilizar a doença. Normalmente, é feito no início da descoberta da doença, onde a pessoa já tem um cone inicial, mas ele ainda não compromete a visão. O crosslinking impedirá que ela avance. Também pode ajudar a evitar ou adiar a necessidade de transplante de córnea. É realizado com o paciente acordado e uso apenas de colírio anestésico.

Caso nenhuma das duas opções der certo, o paciente pode se candidatar a um transplante. Aliás, o ceratocone é a causa mais frequente do transplante de córnea, mas só é indicado a um número pequeno de casos mais graves. “Ou a pessoa tem uma curvatura muito alta que impede o uso do anel, ou não se adapta à lente de contato e, de forma geral, não aceita nenhum outra forma de tratamento de visão”, explica Fabíola.

Pessoas com ceratocone tem a córnea em formato de cone Foto: Alessandro Grandini/Adobe Stock

De acordo com um levantamento feito pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), com informações do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), cerca de 24.300 pacientes estão na fila de espera por um transplante de córnea no Brasil – número que dobrou entre 2019 e 2022. O volume de transplantes também subiu entre 2020 e 2022: de 4.374 para 7.826 cirurgias.

Os pacientes cadastrados no SNT passam por avaliação médica e são colocados em uma fila de ordem cronológica. A fila também é definida por outros critérios, como urgência, tipagem sanguínea e compatibilidade. Segundo o SNT, o tempo de espera por um transplante de córnea é de 13,2 meses, em média.

De acordo com Fabíola, o que as pessoas mais temem é a rejeição, porém, ela acontece em menos de 10% dos casos – e, em muitos deles, consegue ser revertida.

Prevenção

É muito difícil evitar uma crise de coceira, mas há algumas maneiras de amenizar essa vontade. Por exemplo: carregue um colírio lubrificante com você. Afinal, ele dá uma sensação de alívio, assim como fazer compressa de água fria (ou gelada) nos olhos.

Mas Giovanna aponta que o mais importante é descobrir a causa da coceira. Se ela tiver a ver com uma doença alérgica, tem que tratar essa condição. O mesmo vale para a blefarite, outra situação que faz os olhos coçarem.

É fundamental também ter em mente que as mudanças da capacidade visual não acontecem de um dia para o outro: a progressão é relativamente lenta e pode não ser percebida tão rapidamente. “E quanto mais cedo a gente descobrir esse cone, melhor”, acrescenta Giovanna. Portanto, não fique muito tempo sem visitar o oftalmologista.

Alguns comportamentos automáticos do dia a dia podem virar hábito e gerar consequências graves. É o caso da mania de coçar os olhos. O ato parece inofensivo, mas, quando acontece de maneira intensa e frequente, aumenta o risco de uma série de problemas, como contaminação por vírus e bactérias, deslocamento da retina e até ceratocone, uma doença que causa o encurvamento da córnea (a parte transparente que funciona como se fosse uma película no olho). Isso faz com que ela saia da sua forma original semicircular para cônica.

“Temos que lembrar que o olho é muito mole. Ele é constituído de 90% de água e fibras elásticas”, informa a médica oftalmologista Fabíola Gavioli Marazato, do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Oftalmologia. Essas fibras são feitas de colágeno.

“É como se a fricção remodelasse a córnea para um formato de cone”, compara Giovanna Marchezine, oftalmologista do Hospital de Olhos de Cuiabá (HOC). O impacto dessa alteração é a distorção da imagem que o paciente enxerga, afinal, o novo formato da córnea pode impedir que a luz chegue corretamente à retina, desfocando a visão.

“Não é que o paciente fique cego, mas a visão pode ficar bem deteriorada, chegando até em uma deficiência visual mais severa pelo alto grau de miopia e astigmatismo que a doença causa”, explica a Fabíola.

Para desenvolver de fato o ceratocone, é preciso que o indivíduo tenha uma propensão genética a apresentar alterações no colágeno. A questão é que não existe uma maneira certeira de identificar essa tendência (a não ser que alguém da família já apresente a condição). Cabe destacar ainda que a doença é rara, afetando cerca de 150 mil brasileiros por ano.

Geralmente, o diagnóstico acontece depois que o indivíduo procura um oftalmologista com reclamações sobre alterações visuais. “É uma queixa de uma dificuldade de enxergar muito grande, que é caracterizada pelo aumento muito progressivo e assimétrico, ou seja, ela pode atingir os dois olhos, mas não necessariamente atinge na mesma intensidade ou ao mesmo tempo”, explica Giovanna.

A maior incidência é em adolescentes e jovens adultos, entre 14 e 18 anos. Mas uma pequena parcela da população infantil (em torno de 5 anos) e também adultos mais velhos podem apresentar sintomas, especialmente quando são alérgicos – justamente pelo excesso de coceira nos olhos.

Como tratar?

O ceratocone pode se manifestar de forma leve e, nesses casos, apenas o uso de óculos ou lentes de contato muitas vezes é suficiente para controlar a doença. O ideal é sempre estar atento e visitar frequentemente o oftalmologista – no mínimo, uma vez ao ano. Até porque a doença pode progredir e exigir intervenções mais importantes.

Há duas opções cirúrgicas, e elas podem acontecer simultaneamente:

  • Anéis de Ferrara: “São segmentos de acrílico, um material bastante usado no olho porque é muito compatível. Eles são implantados dentro da córnea com a finalidade de melhorar a curvatura. É como se ele achatasse o pico do cone”, ensina Fabíola. A cirurgia é feita com o paciente acordado para ter o posicionamento correto, de acordo com a pupila.
  • Crosslinking: Um procedimento que serve para impedir a progressão e estabilizar a doença. Normalmente, é feito no início da descoberta da doença, onde a pessoa já tem um cone inicial, mas ele ainda não compromete a visão. O crosslinking impedirá que ela avance. Também pode ajudar a evitar ou adiar a necessidade de transplante de córnea. É realizado com o paciente acordado e uso apenas de colírio anestésico.

Caso nenhuma das duas opções der certo, o paciente pode se candidatar a um transplante. Aliás, o ceratocone é a causa mais frequente do transplante de córnea, mas só é indicado a um número pequeno de casos mais graves. “Ou a pessoa tem uma curvatura muito alta que impede o uso do anel, ou não se adapta à lente de contato e, de forma geral, não aceita nenhum outra forma de tratamento de visão”, explica Fabíola.

Pessoas com ceratocone tem a córnea em formato de cone Foto: Alessandro Grandini/Adobe Stock

De acordo com um levantamento feito pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), com informações do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), cerca de 24.300 pacientes estão na fila de espera por um transplante de córnea no Brasil – número que dobrou entre 2019 e 2022. O volume de transplantes também subiu entre 2020 e 2022: de 4.374 para 7.826 cirurgias.

Os pacientes cadastrados no SNT passam por avaliação médica e são colocados em uma fila de ordem cronológica. A fila também é definida por outros critérios, como urgência, tipagem sanguínea e compatibilidade. Segundo o SNT, o tempo de espera por um transplante de córnea é de 13,2 meses, em média.

De acordo com Fabíola, o que as pessoas mais temem é a rejeição, porém, ela acontece em menos de 10% dos casos – e, em muitos deles, consegue ser revertida.

Prevenção

É muito difícil evitar uma crise de coceira, mas há algumas maneiras de amenizar essa vontade. Por exemplo: carregue um colírio lubrificante com você. Afinal, ele dá uma sensação de alívio, assim como fazer compressa de água fria (ou gelada) nos olhos.

Mas Giovanna aponta que o mais importante é descobrir a causa da coceira. Se ela tiver a ver com uma doença alérgica, tem que tratar essa condição. O mesmo vale para a blefarite, outra situação que faz os olhos coçarem.

É fundamental também ter em mente que as mudanças da capacidade visual não acontecem de um dia para o outro: a progressão é relativamente lenta e pode não ser percebida tão rapidamente. “E quanto mais cedo a gente descobrir esse cone, melhor”, acrescenta Giovanna. Portanto, não fique muito tempo sem visitar o oftalmologista.

Alguns comportamentos automáticos do dia a dia podem virar hábito e gerar consequências graves. É o caso da mania de coçar os olhos. O ato parece inofensivo, mas, quando acontece de maneira intensa e frequente, aumenta o risco de uma série de problemas, como contaminação por vírus e bactérias, deslocamento da retina e até ceratocone, uma doença que causa o encurvamento da córnea (a parte transparente que funciona como se fosse uma película no olho). Isso faz com que ela saia da sua forma original semicircular para cônica.

“Temos que lembrar que o olho é muito mole. Ele é constituído de 90% de água e fibras elásticas”, informa a médica oftalmologista Fabíola Gavioli Marazato, do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Oftalmologia. Essas fibras são feitas de colágeno.

“É como se a fricção remodelasse a córnea para um formato de cone”, compara Giovanna Marchezine, oftalmologista do Hospital de Olhos de Cuiabá (HOC). O impacto dessa alteração é a distorção da imagem que o paciente enxerga, afinal, o novo formato da córnea pode impedir que a luz chegue corretamente à retina, desfocando a visão.

“Não é que o paciente fique cego, mas a visão pode ficar bem deteriorada, chegando até em uma deficiência visual mais severa pelo alto grau de miopia e astigmatismo que a doença causa”, explica a Fabíola.

Para desenvolver de fato o ceratocone, é preciso que o indivíduo tenha uma propensão genética a apresentar alterações no colágeno. A questão é que não existe uma maneira certeira de identificar essa tendência (a não ser que alguém da família já apresente a condição). Cabe destacar ainda que a doença é rara, afetando cerca de 150 mil brasileiros por ano.

Geralmente, o diagnóstico acontece depois que o indivíduo procura um oftalmologista com reclamações sobre alterações visuais. “É uma queixa de uma dificuldade de enxergar muito grande, que é caracterizada pelo aumento muito progressivo e assimétrico, ou seja, ela pode atingir os dois olhos, mas não necessariamente atinge na mesma intensidade ou ao mesmo tempo”, explica Giovanna.

A maior incidência é em adolescentes e jovens adultos, entre 14 e 18 anos. Mas uma pequena parcela da população infantil (em torno de 5 anos) e também adultos mais velhos podem apresentar sintomas, especialmente quando são alérgicos – justamente pelo excesso de coceira nos olhos.

Como tratar?

O ceratocone pode se manifestar de forma leve e, nesses casos, apenas o uso de óculos ou lentes de contato muitas vezes é suficiente para controlar a doença. O ideal é sempre estar atento e visitar frequentemente o oftalmologista – no mínimo, uma vez ao ano. Até porque a doença pode progredir e exigir intervenções mais importantes.

Há duas opções cirúrgicas, e elas podem acontecer simultaneamente:

  • Anéis de Ferrara: “São segmentos de acrílico, um material bastante usado no olho porque é muito compatível. Eles são implantados dentro da córnea com a finalidade de melhorar a curvatura. É como se ele achatasse o pico do cone”, ensina Fabíola. A cirurgia é feita com o paciente acordado para ter o posicionamento correto, de acordo com a pupila.
  • Crosslinking: Um procedimento que serve para impedir a progressão e estabilizar a doença. Normalmente, é feito no início da descoberta da doença, onde a pessoa já tem um cone inicial, mas ele ainda não compromete a visão. O crosslinking impedirá que ela avance. Também pode ajudar a evitar ou adiar a necessidade de transplante de córnea. É realizado com o paciente acordado e uso apenas de colírio anestésico.

Caso nenhuma das duas opções der certo, o paciente pode se candidatar a um transplante. Aliás, o ceratocone é a causa mais frequente do transplante de córnea, mas só é indicado a um número pequeno de casos mais graves. “Ou a pessoa tem uma curvatura muito alta que impede o uso do anel, ou não se adapta à lente de contato e, de forma geral, não aceita nenhum outra forma de tratamento de visão”, explica Fabíola.

Pessoas com ceratocone tem a córnea em formato de cone Foto: Alessandro Grandini/Adobe Stock

De acordo com um levantamento feito pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), com informações do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), cerca de 24.300 pacientes estão na fila de espera por um transplante de córnea no Brasil – número que dobrou entre 2019 e 2022. O volume de transplantes também subiu entre 2020 e 2022: de 4.374 para 7.826 cirurgias.

Os pacientes cadastrados no SNT passam por avaliação médica e são colocados em uma fila de ordem cronológica. A fila também é definida por outros critérios, como urgência, tipagem sanguínea e compatibilidade. Segundo o SNT, o tempo de espera por um transplante de córnea é de 13,2 meses, em média.

De acordo com Fabíola, o que as pessoas mais temem é a rejeição, porém, ela acontece em menos de 10% dos casos – e, em muitos deles, consegue ser revertida.

Prevenção

É muito difícil evitar uma crise de coceira, mas há algumas maneiras de amenizar essa vontade. Por exemplo: carregue um colírio lubrificante com você. Afinal, ele dá uma sensação de alívio, assim como fazer compressa de água fria (ou gelada) nos olhos.

Mas Giovanna aponta que o mais importante é descobrir a causa da coceira. Se ela tiver a ver com uma doença alérgica, tem que tratar essa condição. O mesmo vale para a blefarite, outra situação que faz os olhos coçarem.

É fundamental também ter em mente que as mudanças da capacidade visual não acontecem de um dia para o outro: a progressão é relativamente lenta e pode não ser percebida tão rapidamente. “E quanto mais cedo a gente descobrir esse cone, melhor”, acrescenta Giovanna. Portanto, não fique muito tempo sem visitar o oftalmologista.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.