Colesterol alto: cresce nº de crianças com o problema; entenda os riscos e como evitar


Estudo da UFMG mostra que 27,4% das crianças e adolescentes brasileiros têm altos níveis de colesterol total

Por Beatriz Bulhões
Atualização:

Com 3 anos, o pequeno Luan Matos, de Diamantina, interior de Minas Gerais, foi diagnosticado com uma doença “de velho”: o nível de colesterol dele estava mais alto do que o esperado. Seis anos depois do diagnóstico, a mãe do garoto, Delis Matos, de 29 anos, não apenas aprendeu a lidar com a doença do filho, como ainda sugere pratos mais saudáveis para outras famílias na mesma situação.

Ela faz parte do grupo “Mães de crianças com colesterol e triglicerídeos altos” no Facebook, que já conta com mais de 2,4 mil membros. Segundo estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mais de um quarto das crianças e adolescentes brasileiros (27,4%) têm altos níveis de colesterol total e praticamente um em cada cinco (19,2%) tem alterações no LDL, chamado popularmente de “colesterol ruim”.

O dado é de uma grande revisão de estudos que selecionou 47 pesquisas de todas as regiões do País, com crianças e jovens de 2 a 19 anos, e se baseia nos parâmetros da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). De acordo com Gerson Luiz Bredt Junior, médico e membro do Conselho Administrativo da SBC, no longo prazo os altos níveis de colesterol no sangue tendem a acarretar placas de gordura nas veias – que, por sua vez, podem provocar infartos ou um acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo.

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“A gente já está acostumado com enfarte aos 60, 70 anos, porque as pessoas começam a ter colesterol alto aos 40. Porém, o que vemos hoje são infartos cada vez mais precoces: colesterol alto a partir dos 10 anos pode causar enfarte aos 25, 30 anos. Mas agora já está aumentando o número de crianças de 5 anos, o que pode refletir em enfarte até mesmo antes dos 20″, afirma ele.

Entre os motivos para a alta, dizem os especialistas, estão a alimentação cada vez menos saudável, com grande consumo de alimentos ultraprocessados (como biscoito, chocolate, congelados etc) e o sedentarismo. Fatores genéticos também têm grande influência, Com a longevidade maior entre aqueles que têm predisposição a enfartes e AVC, esse perfil genético também aparece com mais frequência na sociedade.

Como identificar a hipercolesteronomia?

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Existem dois tipos de colesterol, mensurados em exames de sangue de rotina: o LDL (Low Density Lipoprotein, ou proteína de gordura de baixa densidade, em tradução livre), ou “colesterol ruim”; e o HDL (High Density Lipoprotein, ou proteína de gordura de alta densidade, em tradução livre), ou “colesterol bom”. A soma de ambos é o colesterol total.

Conforme o presidente do Departamento de Pediatria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Sonir Roberto Rauber Antonini, um colesterol total acima de 170 mg/dL em adultos já é um sinal de alerta e acima de 200mg/dL é considerado muito elevado. Em crianças, esses valores são menores: é desejado o colesterol total menor do que 130 mg/dL. Acima de 150 mg/dL, já é considerado muito elevado.

Em termos específicos, ele aponta que uma criança com um colesterol LDL acima de 70mg/dL já é preocupante, mas o maior risco é se o nível estiver acima de 100 mg/dL. “Se a criança tiver um colesterol HDL muito baixo, é ruim, porque ela não tem uma espécie de proteção. Agora se isso for somado ao LDL alto, a equação fica bem ruim: é uma doença chamada hipercolesterolemia”, explica.

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No caso das crianças, outro cenário também deve ser levado em conta: a síndrome metabólica. Nesses casos, o pequeno tem, geralmente, triglicérides alto e colesterol HDL baixo, podendo ou não ter colesterol LDL elevado. Aqui, é comum perceber também o sobrepeso.

Apenas a alimentação causa o colesterol alto?

Antonini defende que apenas 20% a 30% do nível de colesterol no sangue é passível de mudança somente com a alimentação, mas a maior parte se refere a condições genéticas e herança familiar. “É essencial destacar a hipercolesterolemia familiar, causada por um defeito genético no local que é onde o colesterol tem que se ligar ao receptor do LDL. Nesse caso, a alimentação ajuda um pouco, mas não é suficiente sem medicação”, afirma.

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O médico diz ainda que o aumento da expectativa de vida pode explicar o aumento de casos. “Uma pessoa que enfrentasse um infarto há 40 ou 50 anos atrás, morreria. Hoje ela sobrevive, tem filhos, netos, e vai transmitir essa tendência genética”, afirma o cardiologista.

Ainda assim, a alimentação saudável, somada à atividade física, mesmo em pessoas com índices normais de colesterol, já diminui o risco de doenças cardiovasculares como infarto e AVC. Por isso, Delis compartilha as receitas que passou a fazer para o filho Luan com as colegas no grupo do Facebook.

Hoje com 9 anos, o filho único da mineira não tem acesso a alimentos gordurosos e ultraprocessados em casa e consome frequentemente frutas, verduras e pães integrais. “No começo foi bem difícil fazer com que ele comesse melhor, a minha sorte é que ele não é muito fã de doces e bolos. Sempre tem gente que oferece (comidas menos saudáveis) e ele nega, ou no máximo só experimenta”, afirma.

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Antes de dar uma fruta ao filho Henrique, a fisioterapeuta Fábia Pinto mostra o alimento inteiro, depois descascado, até ser apresentado na textura e forma que será ingerido. Foto: Adilton Venegeroles/Estadão

Como fazer meu filho comer melhor?

Em se tratando de alimentação infantil saudável, uma nova tendência tem se destacado: o BLW (baby led-weaning, que pode ser traduzida como “desmame guiado pelo bebê”). Criado em 2008, esse método sugere que a criança, assim que começa a se alimentar, possa entender melhor sobre a comida que lhe é apresentada, incluindo cores, formas e texturas.

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Esta tem sido a técnica adotada pela fisioterapeuta Fábia Pinto, mãe de Henrique, de um ano e meio. Antes de dar uma fruta ao filho, por exemplo, ela mostra o alimento inteiro, depois descascado, até ser apresentado na textura e forma que será ingerido. “A primeira vez que fiz isso foi com mamão, aos 5 meses e meio. Dei a fruta inteira, depois partida, ainda com caroços, e por fim os pedaços que iam para a boca dele. Voou mamão na cozinha toda, mas ele gostou”, afirma.

Mesmo nesse método, o pequeno soteropolitano não gostou na primeira vez que provou maça e goiaba. “Eu li na internet que deveria continuar tentando, em novas formas, então passei a dar a maça cozida e as fatias bem fininhas de goiaba, até serem aceitas. Hoje ele come as duas tranquilamente”, diz.

A técnica é apoiada pela pediatra especialista em introdução alimentar Ludmila Carneiro. “A grande questão é que precisa ser oferecido de forma adequada, leve e com persistência. Só que ser firme e gentil ao mesmo tempo é uma tarefa árdua”, afirma.

A médica destaca que, por mais que esse método seja voltado para bebês, é possível aplicá-lo a crianças e adolescentes. Para essas faixas etárias, o segredo é deixar o alimento a vista, pedir companhia nas idas ao mercado para a compra, apresentar a comida saudável de diversas formas e, principalmente, o incentivo pelo exemplo.

“A criança vai comer muito daquilo que o adulto oferece. Então se o adulto oferece bons hábitos, a gente vai ter bons hábitos. Se esse pai e essa mãe comem coxinha e hambúrguer todos os dias, essa criança nunca vai comer brócolis”, diz.

Por isso, é consenso dos médicos de que a mudança para hábitos mais saudáveis sejam feitas não importa a idade ou a condição médica do paciente. “Vejo no consultório que muitos jovens que infartam na faixa dos 30 anos nem sabiam que tinham problema no colesterol e, por isso, nunca nem pensaram em qualquer tratamento, quem dirá em mudar hábitos”, explica Junior, da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Com 3 anos, o pequeno Luan Matos, de Diamantina, interior de Minas Gerais, foi diagnosticado com uma doença “de velho”: o nível de colesterol dele estava mais alto do que o esperado. Seis anos depois do diagnóstico, a mãe do garoto, Delis Matos, de 29 anos, não apenas aprendeu a lidar com a doença do filho, como ainda sugere pratos mais saudáveis para outras famílias na mesma situação.

Ela faz parte do grupo “Mães de crianças com colesterol e triglicerídeos altos” no Facebook, que já conta com mais de 2,4 mil membros. Segundo estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mais de um quarto das crianças e adolescentes brasileiros (27,4%) têm altos níveis de colesterol total e praticamente um em cada cinco (19,2%) tem alterações no LDL, chamado popularmente de “colesterol ruim”.

O dado é de uma grande revisão de estudos que selecionou 47 pesquisas de todas as regiões do País, com crianças e jovens de 2 a 19 anos, e se baseia nos parâmetros da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). De acordo com Gerson Luiz Bredt Junior, médico e membro do Conselho Administrativo da SBC, no longo prazo os altos níveis de colesterol no sangue tendem a acarretar placas de gordura nas veias – que, por sua vez, podem provocar infartos ou um acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo.

“A gente já está acostumado com enfarte aos 60, 70 anos, porque as pessoas começam a ter colesterol alto aos 40. Porém, o que vemos hoje são infartos cada vez mais precoces: colesterol alto a partir dos 10 anos pode causar enfarte aos 25, 30 anos. Mas agora já está aumentando o número de crianças de 5 anos, o que pode refletir em enfarte até mesmo antes dos 20″, afirma ele.

Entre os motivos para a alta, dizem os especialistas, estão a alimentação cada vez menos saudável, com grande consumo de alimentos ultraprocessados (como biscoito, chocolate, congelados etc) e o sedentarismo. Fatores genéticos também têm grande influência, Com a longevidade maior entre aqueles que têm predisposição a enfartes e AVC, esse perfil genético também aparece com mais frequência na sociedade.

Como identificar a hipercolesteronomia?

Existem dois tipos de colesterol, mensurados em exames de sangue de rotina: o LDL (Low Density Lipoprotein, ou proteína de gordura de baixa densidade, em tradução livre), ou “colesterol ruim”; e o HDL (High Density Lipoprotein, ou proteína de gordura de alta densidade, em tradução livre), ou “colesterol bom”. A soma de ambos é o colesterol total.

Conforme o presidente do Departamento de Pediatria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Sonir Roberto Rauber Antonini, um colesterol total acima de 170 mg/dL em adultos já é um sinal de alerta e acima de 200mg/dL é considerado muito elevado. Em crianças, esses valores são menores: é desejado o colesterol total menor do que 130 mg/dL. Acima de 150 mg/dL, já é considerado muito elevado.

Em termos específicos, ele aponta que uma criança com um colesterol LDL acima de 70mg/dL já é preocupante, mas o maior risco é se o nível estiver acima de 100 mg/dL. “Se a criança tiver um colesterol HDL muito baixo, é ruim, porque ela não tem uma espécie de proteção. Agora se isso for somado ao LDL alto, a equação fica bem ruim: é uma doença chamada hipercolesterolemia”, explica.

No caso das crianças, outro cenário também deve ser levado em conta: a síndrome metabólica. Nesses casos, o pequeno tem, geralmente, triglicérides alto e colesterol HDL baixo, podendo ou não ter colesterol LDL elevado. Aqui, é comum perceber também o sobrepeso.

Apenas a alimentação causa o colesterol alto?

Antonini defende que apenas 20% a 30% do nível de colesterol no sangue é passível de mudança somente com a alimentação, mas a maior parte se refere a condições genéticas e herança familiar. “É essencial destacar a hipercolesterolemia familiar, causada por um defeito genético no local que é onde o colesterol tem que se ligar ao receptor do LDL. Nesse caso, a alimentação ajuda um pouco, mas não é suficiente sem medicação”, afirma.

O médico diz ainda que o aumento da expectativa de vida pode explicar o aumento de casos. “Uma pessoa que enfrentasse um infarto há 40 ou 50 anos atrás, morreria. Hoje ela sobrevive, tem filhos, netos, e vai transmitir essa tendência genética”, afirma o cardiologista.

Ainda assim, a alimentação saudável, somada à atividade física, mesmo em pessoas com índices normais de colesterol, já diminui o risco de doenças cardiovasculares como infarto e AVC. Por isso, Delis compartilha as receitas que passou a fazer para o filho Luan com as colegas no grupo do Facebook.

Hoje com 9 anos, o filho único da mineira não tem acesso a alimentos gordurosos e ultraprocessados em casa e consome frequentemente frutas, verduras e pães integrais. “No começo foi bem difícil fazer com que ele comesse melhor, a minha sorte é que ele não é muito fã de doces e bolos. Sempre tem gente que oferece (comidas menos saudáveis) e ele nega, ou no máximo só experimenta”, afirma.

Antes de dar uma fruta ao filho Henrique, a fisioterapeuta Fábia Pinto mostra o alimento inteiro, depois descascado, até ser apresentado na textura e forma que será ingerido. Foto: Adilton Venegeroles/Estadão

Como fazer meu filho comer melhor?

Em se tratando de alimentação infantil saudável, uma nova tendência tem se destacado: o BLW (baby led-weaning, que pode ser traduzida como “desmame guiado pelo bebê”). Criado em 2008, esse método sugere que a criança, assim que começa a se alimentar, possa entender melhor sobre a comida que lhe é apresentada, incluindo cores, formas e texturas.

Esta tem sido a técnica adotada pela fisioterapeuta Fábia Pinto, mãe de Henrique, de um ano e meio. Antes de dar uma fruta ao filho, por exemplo, ela mostra o alimento inteiro, depois descascado, até ser apresentado na textura e forma que será ingerido. “A primeira vez que fiz isso foi com mamão, aos 5 meses e meio. Dei a fruta inteira, depois partida, ainda com caroços, e por fim os pedaços que iam para a boca dele. Voou mamão na cozinha toda, mas ele gostou”, afirma.

Mesmo nesse método, o pequeno soteropolitano não gostou na primeira vez que provou maça e goiaba. “Eu li na internet que deveria continuar tentando, em novas formas, então passei a dar a maça cozida e as fatias bem fininhas de goiaba, até serem aceitas. Hoje ele come as duas tranquilamente”, diz.

A técnica é apoiada pela pediatra especialista em introdução alimentar Ludmila Carneiro. “A grande questão é que precisa ser oferecido de forma adequada, leve e com persistência. Só que ser firme e gentil ao mesmo tempo é uma tarefa árdua”, afirma.

A médica destaca que, por mais que esse método seja voltado para bebês, é possível aplicá-lo a crianças e adolescentes. Para essas faixas etárias, o segredo é deixar o alimento a vista, pedir companhia nas idas ao mercado para a compra, apresentar a comida saudável de diversas formas e, principalmente, o incentivo pelo exemplo.

“A criança vai comer muito daquilo que o adulto oferece. Então se o adulto oferece bons hábitos, a gente vai ter bons hábitos. Se esse pai e essa mãe comem coxinha e hambúrguer todos os dias, essa criança nunca vai comer brócolis”, diz.

Por isso, é consenso dos médicos de que a mudança para hábitos mais saudáveis sejam feitas não importa a idade ou a condição médica do paciente. “Vejo no consultório que muitos jovens que infartam na faixa dos 30 anos nem sabiam que tinham problema no colesterol e, por isso, nunca nem pensaram em qualquer tratamento, quem dirá em mudar hábitos”, explica Junior, da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Com 3 anos, o pequeno Luan Matos, de Diamantina, interior de Minas Gerais, foi diagnosticado com uma doença “de velho”: o nível de colesterol dele estava mais alto do que o esperado. Seis anos depois do diagnóstico, a mãe do garoto, Delis Matos, de 29 anos, não apenas aprendeu a lidar com a doença do filho, como ainda sugere pratos mais saudáveis para outras famílias na mesma situação.

Ela faz parte do grupo “Mães de crianças com colesterol e triglicerídeos altos” no Facebook, que já conta com mais de 2,4 mil membros. Segundo estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mais de um quarto das crianças e adolescentes brasileiros (27,4%) têm altos níveis de colesterol total e praticamente um em cada cinco (19,2%) tem alterações no LDL, chamado popularmente de “colesterol ruim”.

O dado é de uma grande revisão de estudos que selecionou 47 pesquisas de todas as regiões do País, com crianças e jovens de 2 a 19 anos, e se baseia nos parâmetros da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). De acordo com Gerson Luiz Bredt Junior, médico e membro do Conselho Administrativo da SBC, no longo prazo os altos níveis de colesterol no sangue tendem a acarretar placas de gordura nas veias – que, por sua vez, podem provocar infartos ou um acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo.

“A gente já está acostumado com enfarte aos 60, 70 anos, porque as pessoas começam a ter colesterol alto aos 40. Porém, o que vemos hoje são infartos cada vez mais precoces: colesterol alto a partir dos 10 anos pode causar enfarte aos 25, 30 anos. Mas agora já está aumentando o número de crianças de 5 anos, o que pode refletir em enfarte até mesmo antes dos 20″, afirma ele.

Entre os motivos para a alta, dizem os especialistas, estão a alimentação cada vez menos saudável, com grande consumo de alimentos ultraprocessados (como biscoito, chocolate, congelados etc) e o sedentarismo. Fatores genéticos também têm grande influência, Com a longevidade maior entre aqueles que têm predisposição a enfartes e AVC, esse perfil genético também aparece com mais frequência na sociedade.

Como identificar a hipercolesteronomia?

Existem dois tipos de colesterol, mensurados em exames de sangue de rotina: o LDL (Low Density Lipoprotein, ou proteína de gordura de baixa densidade, em tradução livre), ou “colesterol ruim”; e o HDL (High Density Lipoprotein, ou proteína de gordura de alta densidade, em tradução livre), ou “colesterol bom”. A soma de ambos é o colesterol total.

Conforme o presidente do Departamento de Pediatria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Sonir Roberto Rauber Antonini, um colesterol total acima de 170 mg/dL em adultos já é um sinal de alerta e acima de 200mg/dL é considerado muito elevado. Em crianças, esses valores são menores: é desejado o colesterol total menor do que 130 mg/dL. Acima de 150 mg/dL, já é considerado muito elevado.

Em termos específicos, ele aponta que uma criança com um colesterol LDL acima de 70mg/dL já é preocupante, mas o maior risco é se o nível estiver acima de 100 mg/dL. “Se a criança tiver um colesterol HDL muito baixo, é ruim, porque ela não tem uma espécie de proteção. Agora se isso for somado ao LDL alto, a equação fica bem ruim: é uma doença chamada hipercolesterolemia”, explica.

No caso das crianças, outro cenário também deve ser levado em conta: a síndrome metabólica. Nesses casos, o pequeno tem, geralmente, triglicérides alto e colesterol HDL baixo, podendo ou não ter colesterol LDL elevado. Aqui, é comum perceber também o sobrepeso.

Apenas a alimentação causa o colesterol alto?

Antonini defende que apenas 20% a 30% do nível de colesterol no sangue é passível de mudança somente com a alimentação, mas a maior parte se refere a condições genéticas e herança familiar. “É essencial destacar a hipercolesterolemia familiar, causada por um defeito genético no local que é onde o colesterol tem que se ligar ao receptor do LDL. Nesse caso, a alimentação ajuda um pouco, mas não é suficiente sem medicação”, afirma.

O médico diz ainda que o aumento da expectativa de vida pode explicar o aumento de casos. “Uma pessoa que enfrentasse um infarto há 40 ou 50 anos atrás, morreria. Hoje ela sobrevive, tem filhos, netos, e vai transmitir essa tendência genética”, afirma o cardiologista.

Ainda assim, a alimentação saudável, somada à atividade física, mesmo em pessoas com índices normais de colesterol, já diminui o risco de doenças cardiovasculares como infarto e AVC. Por isso, Delis compartilha as receitas que passou a fazer para o filho Luan com as colegas no grupo do Facebook.

Hoje com 9 anos, o filho único da mineira não tem acesso a alimentos gordurosos e ultraprocessados em casa e consome frequentemente frutas, verduras e pães integrais. “No começo foi bem difícil fazer com que ele comesse melhor, a minha sorte é que ele não é muito fã de doces e bolos. Sempre tem gente que oferece (comidas menos saudáveis) e ele nega, ou no máximo só experimenta”, afirma.

Antes de dar uma fruta ao filho Henrique, a fisioterapeuta Fábia Pinto mostra o alimento inteiro, depois descascado, até ser apresentado na textura e forma que será ingerido. Foto: Adilton Venegeroles/Estadão

Como fazer meu filho comer melhor?

Em se tratando de alimentação infantil saudável, uma nova tendência tem se destacado: o BLW (baby led-weaning, que pode ser traduzida como “desmame guiado pelo bebê”). Criado em 2008, esse método sugere que a criança, assim que começa a se alimentar, possa entender melhor sobre a comida que lhe é apresentada, incluindo cores, formas e texturas.

Esta tem sido a técnica adotada pela fisioterapeuta Fábia Pinto, mãe de Henrique, de um ano e meio. Antes de dar uma fruta ao filho, por exemplo, ela mostra o alimento inteiro, depois descascado, até ser apresentado na textura e forma que será ingerido. “A primeira vez que fiz isso foi com mamão, aos 5 meses e meio. Dei a fruta inteira, depois partida, ainda com caroços, e por fim os pedaços que iam para a boca dele. Voou mamão na cozinha toda, mas ele gostou”, afirma.

Mesmo nesse método, o pequeno soteropolitano não gostou na primeira vez que provou maça e goiaba. “Eu li na internet que deveria continuar tentando, em novas formas, então passei a dar a maça cozida e as fatias bem fininhas de goiaba, até serem aceitas. Hoje ele come as duas tranquilamente”, diz.

A técnica é apoiada pela pediatra especialista em introdução alimentar Ludmila Carneiro. “A grande questão é que precisa ser oferecido de forma adequada, leve e com persistência. Só que ser firme e gentil ao mesmo tempo é uma tarefa árdua”, afirma.

A médica destaca que, por mais que esse método seja voltado para bebês, é possível aplicá-lo a crianças e adolescentes. Para essas faixas etárias, o segredo é deixar o alimento a vista, pedir companhia nas idas ao mercado para a compra, apresentar a comida saudável de diversas formas e, principalmente, o incentivo pelo exemplo.

“A criança vai comer muito daquilo que o adulto oferece. Então se o adulto oferece bons hábitos, a gente vai ter bons hábitos. Se esse pai e essa mãe comem coxinha e hambúrguer todos os dias, essa criança nunca vai comer brócolis”, diz.

Por isso, é consenso dos médicos de que a mudança para hábitos mais saudáveis sejam feitas não importa a idade ou a condição médica do paciente. “Vejo no consultório que muitos jovens que infartam na faixa dos 30 anos nem sabiam que tinham problema no colesterol e, por isso, nunca nem pensaram em qualquer tratamento, quem dirá em mudar hábitos”, explica Junior, da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Com 3 anos, o pequeno Luan Matos, de Diamantina, interior de Minas Gerais, foi diagnosticado com uma doença “de velho”: o nível de colesterol dele estava mais alto do que o esperado. Seis anos depois do diagnóstico, a mãe do garoto, Delis Matos, de 29 anos, não apenas aprendeu a lidar com a doença do filho, como ainda sugere pratos mais saudáveis para outras famílias na mesma situação.

Ela faz parte do grupo “Mães de crianças com colesterol e triglicerídeos altos” no Facebook, que já conta com mais de 2,4 mil membros. Segundo estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mais de um quarto das crianças e adolescentes brasileiros (27,4%) têm altos níveis de colesterol total e praticamente um em cada cinco (19,2%) tem alterações no LDL, chamado popularmente de “colesterol ruim”.

O dado é de uma grande revisão de estudos que selecionou 47 pesquisas de todas as regiões do País, com crianças e jovens de 2 a 19 anos, e se baseia nos parâmetros da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). De acordo com Gerson Luiz Bredt Junior, médico e membro do Conselho Administrativo da SBC, no longo prazo os altos níveis de colesterol no sangue tendem a acarretar placas de gordura nas veias – que, por sua vez, podem provocar infartos ou um acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo.

“A gente já está acostumado com enfarte aos 60, 70 anos, porque as pessoas começam a ter colesterol alto aos 40. Porém, o que vemos hoje são infartos cada vez mais precoces: colesterol alto a partir dos 10 anos pode causar enfarte aos 25, 30 anos. Mas agora já está aumentando o número de crianças de 5 anos, o que pode refletir em enfarte até mesmo antes dos 20″, afirma ele.

Entre os motivos para a alta, dizem os especialistas, estão a alimentação cada vez menos saudável, com grande consumo de alimentos ultraprocessados (como biscoito, chocolate, congelados etc) e o sedentarismo. Fatores genéticos também têm grande influência, Com a longevidade maior entre aqueles que têm predisposição a enfartes e AVC, esse perfil genético também aparece com mais frequência na sociedade.

Como identificar a hipercolesteronomia?

Existem dois tipos de colesterol, mensurados em exames de sangue de rotina: o LDL (Low Density Lipoprotein, ou proteína de gordura de baixa densidade, em tradução livre), ou “colesterol ruim”; e o HDL (High Density Lipoprotein, ou proteína de gordura de alta densidade, em tradução livre), ou “colesterol bom”. A soma de ambos é o colesterol total.

Conforme o presidente do Departamento de Pediatria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Sonir Roberto Rauber Antonini, um colesterol total acima de 170 mg/dL em adultos já é um sinal de alerta e acima de 200mg/dL é considerado muito elevado. Em crianças, esses valores são menores: é desejado o colesterol total menor do que 130 mg/dL. Acima de 150 mg/dL, já é considerado muito elevado.

Em termos específicos, ele aponta que uma criança com um colesterol LDL acima de 70mg/dL já é preocupante, mas o maior risco é se o nível estiver acima de 100 mg/dL. “Se a criança tiver um colesterol HDL muito baixo, é ruim, porque ela não tem uma espécie de proteção. Agora se isso for somado ao LDL alto, a equação fica bem ruim: é uma doença chamada hipercolesterolemia”, explica.

No caso das crianças, outro cenário também deve ser levado em conta: a síndrome metabólica. Nesses casos, o pequeno tem, geralmente, triglicérides alto e colesterol HDL baixo, podendo ou não ter colesterol LDL elevado. Aqui, é comum perceber também o sobrepeso.

Apenas a alimentação causa o colesterol alto?

Antonini defende que apenas 20% a 30% do nível de colesterol no sangue é passível de mudança somente com a alimentação, mas a maior parte se refere a condições genéticas e herança familiar. “É essencial destacar a hipercolesterolemia familiar, causada por um defeito genético no local que é onde o colesterol tem que se ligar ao receptor do LDL. Nesse caso, a alimentação ajuda um pouco, mas não é suficiente sem medicação”, afirma.

O médico diz ainda que o aumento da expectativa de vida pode explicar o aumento de casos. “Uma pessoa que enfrentasse um infarto há 40 ou 50 anos atrás, morreria. Hoje ela sobrevive, tem filhos, netos, e vai transmitir essa tendência genética”, afirma o cardiologista.

Ainda assim, a alimentação saudável, somada à atividade física, mesmo em pessoas com índices normais de colesterol, já diminui o risco de doenças cardiovasculares como infarto e AVC. Por isso, Delis compartilha as receitas que passou a fazer para o filho Luan com as colegas no grupo do Facebook.

Hoje com 9 anos, o filho único da mineira não tem acesso a alimentos gordurosos e ultraprocessados em casa e consome frequentemente frutas, verduras e pães integrais. “No começo foi bem difícil fazer com que ele comesse melhor, a minha sorte é que ele não é muito fã de doces e bolos. Sempre tem gente que oferece (comidas menos saudáveis) e ele nega, ou no máximo só experimenta”, afirma.

Antes de dar uma fruta ao filho Henrique, a fisioterapeuta Fábia Pinto mostra o alimento inteiro, depois descascado, até ser apresentado na textura e forma que será ingerido. Foto: Adilton Venegeroles/Estadão

Como fazer meu filho comer melhor?

Em se tratando de alimentação infantil saudável, uma nova tendência tem se destacado: o BLW (baby led-weaning, que pode ser traduzida como “desmame guiado pelo bebê”). Criado em 2008, esse método sugere que a criança, assim que começa a se alimentar, possa entender melhor sobre a comida que lhe é apresentada, incluindo cores, formas e texturas.

Esta tem sido a técnica adotada pela fisioterapeuta Fábia Pinto, mãe de Henrique, de um ano e meio. Antes de dar uma fruta ao filho, por exemplo, ela mostra o alimento inteiro, depois descascado, até ser apresentado na textura e forma que será ingerido. “A primeira vez que fiz isso foi com mamão, aos 5 meses e meio. Dei a fruta inteira, depois partida, ainda com caroços, e por fim os pedaços que iam para a boca dele. Voou mamão na cozinha toda, mas ele gostou”, afirma.

Mesmo nesse método, o pequeno soteropolitano não gostou na primeira vez que provou maça e goiaba. “Eu li na internet que deveria continuar tentando, em novas formas, então passei a dar a maça cozida e as fatias bem fininhas de goiaba, até serem aceitas. Hoje ele come as duas tranquilamente”, diz.

A técnica é apoiada pela pediatra especialista em introdução alimentar Ludmila Carneiro. “A grande questão é que precisa ser oferecido de forma adequada, leve e com persistência. Só que ser firme e gentil ao mesmo tempo é uma tarefa árdua”, afirma.

A médica destaca que, por mais que esse método seja voltado para bebês, é possível aplicá-lo a crianças e adolescentes. Para essas faixas etárias, o segredo é deixar o alimento a vista, pedir companhia nas idas ao mercado para a compra, apresentar a comida saudável de diversas formas e, principalmente, o incentivo pelo exemplo.

“A criança vai comer muito daquilo que o adulto oferece. Então se o adulto oferece bons hábitos, a gente vai ter bons hábitos. Se esse pai e essa mãe comem coxinha e hambúrguer todos os dias, essa criança nunca vai comer brócolis”, diz.

Por isso, é consenso dos médicos de que a mudança para hábitos mais saudáveis sejam feitas não importa a idade ou a condição médica do paciente. “Vejo no consultório que muitos jovens que infartam na faixa dos 30 anos nem sabiam que tinham problema no colesterol e, por isso, nunca nem pensaram em qualquer tratamento, quem dirá em mudar hábitos”, explica Junior, da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

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