A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) lançou na sexta-feira, 12, novas diretrizes para o diagnóstico da hipertensão arterial, popularmente conhecida como pressão alta. As Diretrizes Brasileiras de Medição da Pressão Arterial, desenvolvidas por 67 profissionais que estão entre os principais especialistas do País, sugerem a realização de exames adicionais e fora do consultório para uma avaliação mais precisa da condição.
A recomendação passa a ser que seja realizada uma das três modalidades de exame: Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA), Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA) e Automedida da Pressão Arterial (AMPA). O diferencial desses exames é que os pacientes levam os dispositivos para casa e os utilizam durante a rotina diária, o que permite compreender como a pressão arterial se comporta no dia-a-dia.
O entendimento é de que a medição de pressão arterial é mais complexa do que parece e pode ser influenciada por diversos fatores, como estresse, ansiedade ou medo, que podem colaborar com um falso diagnóstico e em tratamento desnecessário. Por isso, devem ser consideradas medidas programadas por períodos mais prolongados, como 24 horas, vigília e durante o sono (veja tabela abaixo).
Considerando somente as medições em consultório, a SBC esclarece que a hipertensão é caracterizada pela pressão sistólica a partir de 140 mmHg e a diastólica a partir de 90 mmHg, o que seria chamada popularmente de 14 por 9. Já nas medições em casa, os valores variam, mas o limiar para o diagnóstico é mais baixo, na faixa de 13 por 8.
Veja a diferença de medição da pressão em casa e em consultório*:
- Consultório: ≥ 140 (PAS) e/ou ≥ 90 (PAD)
- Mapa 24 horas: ≥ 130 (PAS) e/ou ≥ 80 (PAD)
- Mapa Vigília: ≥ 135 (PAS) e/ou ≥ 85 (PAD)
- Mapa Sono: ≥ 120 (PAS) e/ou ≥ 70 (PAD)
- MRPA – MAPA: ≥ 130 (PAS) e/ou ≥ 80 (PAD)
*PAS: pressão Arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica
Existem diferenças quando o acompanhamento é feito somente com medições pontuais nos consultórios ou rotineiramente em casa, quando é possível elaborar um diagnóstico mais complexo e assertivo, detectando variações comuns como:
- hipertensão do avental branco (HAB), condição na qual a pressão se mostra alta somente em uma consulta e não no dia a dia;
- hipertensão mascarada (HM), que é a situação contrária à primeira, na qual a pressão é elevada na rotina, mas aparece normal nas medições pontuais do consultório;
- alterações da pressão arterial no sono e hipertensão arterial resistente (HAR).
A pressão alta é reconhecida como um dos principais fatores de risco associados à mortalidade e ao desenvolvimento de outras doenças, como o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e a insuficiência renal. Quase 24% (23,93%) da população brasileira é hipertensa, de acordo com o relatório Estatística Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia de 2023. A prevalência entre as mulheres supera a registrada entre os homens, com 26,45% e 21,06%, respectivamente.
Quanto aos grupos etários, a mais alta prevalência de hipertensão no País, 61%, foi observada em indivíduos com idade a partir de 65 anos. “Orientar médicos e pacientes para aumentar a eficácia de métodos para avaliação da pressão arterial também fora dos consultórios é uma agenda fundamental para uma abordagem populacional efetiva sobre este fator importante de risco cardiovascular no Brasil e no mundo”, afirma o coordenador das Diretrizes Brasileiras de Medição da Pressão Arterial, o cardiologista Audes Feitosa.