A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou nesta terça-feira, 2, o seu primeiro manual com orientações sobre intervenções para interromper o uso do tabaco. O guia aborda um conjunto amplo de diretrizes, que incluem recomendações sobre medicamentos, apoio comportamental fornecido por profissionais de saúde, terapias alternativas e até o uso de aplicativos digitais.
O foco principal do manual é orientar os profissionais que trabalham em ambientes clínicos e comunitários para o atendimento das pessoas que desejam parar de fumar, baseando-se em evidências científicas.
As intervenções são divididas de acordo com a força das evidências existentes, ou seja, quando há estudos robustos mostrando o benefício daquela intervenção, a recomendação da OMS é forte para a adoção daquela estratégia. É importante notar que a certeza científica moderada ou baixa significa que há evidências a favor do uso das estratégias, mas são necessários mais estudos para fortalecer a recomendação.
Segundo a organização, as recomendações são importantes para todos os adultos que buscam parar de usar produtos relacionados ao tabaco, incluindo cigarros convencionais, narguilé, produtos de tabaco sem fumaça, charutos, tabaco de enrolar e produtos de tabaco aquecido. Confira:
Apoio em ambientes clínicos e entre a comunidade
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, é fortemente recomendado a busca e fornecimento de suporte comportamental intensivo, o que envolve sessões de aconselhamento individuais ou em grupo presenciais, junto a profissionais especializados, ou aconselhamento por telefone.
Para a OMS, há uma alta certeza sobre a eficácia do método presencial e individual para o combate ao tabagismo. Em relação aos demais, há também uma certeza moderada.
Também recomenda-se que profissionais de saúde forneçam aconselhamentos breves (entre 30 segundos e 3 minutos por consulta) a todos os usuários de tabaco que acessam qualquer serviço de saúde.
Além disso, a agência mundial de saúde orienta sobre a alta certeza de eficácia para a combinação entre intervenções comportamentais e medicamentosas para os consumidores de tabaco interessados em deixar de fumar.
Medicamentos
A OMS indica como opções de tratamento medicamentoso para quem deseja parar de fumar o uso das substâncias vareniclina, brupropiona e citisina, além da Terapia de Reposição de Nicotina (TRN), que envolve o uso de goma de mascar, adesivos de nicotina, sprays orais e nasais, entre outros.
Segundo a agência, a vareniclina e bupropiona são as opções mais indicadas. Além disso, para quem escolhe usar a TRN, a combinação do uso do adesivo com uma medida de ação rápida (como o chiclete ou pastilha) é apontada como uma boa possibilidade.
Assim, de acordo com a organização, a força da recomendação varia de acordo com o medicamento:
- Vareniclina, Terapia de Reposição de Nicotina e bupropiona individualmente: recomendação forte, baseada em alta certeza científica;
- Terapia de Reposição de Nicotina combinada e citisina: recomendação moderada, baseada em certeza moderada;
- Combinações: Bupropiona pode ser combinada com TRN ou vareniclina para fumantes que não obtiverem sucesso com os tratamentos de primeira linha. No entanto, a força da recomendação para essas combinações é condicional e baseada em menor certeza científica.
É importante ressaltar que o texto fornece diretrizes gerais voltadas, especialmente, para as escolhas dos profissionais de saúde em relação aos seus pacientes. A escolha do melhor tratamento deve ser feita por eles, considerando as particularidades de cada fumante e riscos associados aos seus usos para cada organismo. Por isso, se você for fumante e estiver em busca de métodos para parar de fumar, sempre procure um profissional.
De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil são oferecidos tratamentos integrais e gratuitos por meio de medicamentos como adesivos, pastilhas, gomas de mascar (para Terapia de Reposição de Nicotina) e bupropiona, além do acompanhamento médico necessário para cada caso.
Para ter acesso, basta procurar atendimento em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) a fim de adquirir informações sobre locais e horários de tratamento em cada região.
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Modalidades digitais para interrupção do tabagismo
A OMS também reconhece a utilidade do uso de tecnologias digitais para a interrupção do tabagismo, como mensagens de texto, aplicativos para smartphones, programas baseados em inteligência artificial (IA) e intervenções feitas na internet. Segundo eles, essas ferramentas podem ser oferecidas como complemento a outros métodos de cessação do uso dos cigarros ou como uma ferramenta de autocontrole e gestão do uso das substâncias.
Sobre esses métodos, eles informam que a certeza da eficácia de cada um é:
- Mensagens de texto: moderada.
- Aplicativos para smartphones e intervenções baseadas em IA: Baixa certeza.
- Intervenções baseadas na internet: muito baixa certeza.
Intervenções para parar o uso de tabaco sem fumaça
O texto continua falando sobre as recomendações da OMS para pessoas que querem parar de usar tabaco sem fumaça (como fumo de mascar, rapé). A OMS recomenda fortemente oferecer aconselhamento intensivo para auxiliar fumantes de tabaco sem fumaça que desejam parar. Esse aconselhamento pode ser individual e em grupo presencial ou por telefone. A certeza científica para essa recomendação é moderada.
Também é recomendado o tratamento farmacológico. A certeza científica para a eficácia dos medicamentos, nesse caso, é moderada para vareniclina e baixa para TRN.
Terapias alternativas
Não há evidências científicas suficientes para recomendar ou desaconselhar o uso de terapias complementares e alternativas para parar de fumar, segundo a OMS.
A agência destaca que, se essas terapias forem utilizadas, é fundamental combiná-las com outras estratégias comprovadas, como aconselhamento e/ou medicação.
Um passo importante na luta contra o tabagismo
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, mais de 60% dos1,25 bilhão de consumidores de tabaco em todo o mundo – mais de 750 milhões de pessoas – desejam parar de fumar, mas 70% não têm acesso a serviços eficazes que auxiliam a sua interrupção. Para eles, a lacuna existe devido aos desafios enfrentados pelos sistemas de saúde, incluindo limitações de recursos.
“Esta diretriz representa um marco crucial na nossa batalha global contra estes produtos perigosos”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-Geral da OMS, em comunicado da agência. Segundo a organização, essas diretrizes foram elaboradas para ajudar as comunidades e os governos a fornecer o melhor apoio e assistência possível para aqueles que estão nessa jornada desafiadora.