Conheça os benefícios da lavagem nasal para a respiração


Deixar escorrer o soro fisiológico para dentro das narinas previne e traz alívio para alergia e doenças respiratórias

Por Katia Arima

Quando bate aquele ventinho frio de outono e, depois, a temperatura despenca no inverno, as pessoas se recolhem a ambientes fechados, o que favorece a disseminação de vírus e bactérias e o aumento da incidência de gripes, resfriados e outras doenças. As crises de alergias respiratórias também ficam mais comuns, por conta da poluição atmosférica que aumenta com o clima mais seco, especialmente nas áreas urbanas. Nesse contexto, uma recomendação de especialistas de saúde é investir alguns minutos na lavagem nasal, procedimento simples e barato, sem uso de medicamentos, que ajuda na prevenção de doenças respiratórias e no alívio de sintomas.

Tanto adultos como crianças podem beneficiar-se da lavagem nasal, afirma Maria Roberta Prado de Andrade, fisioterapeuta especialista na área cardiorrespiratória. “É um procedimento benéfico, pois o acúmulo de secreção nasal facilita a formação de bactérias no local e pode evoluir para quadros de sinusite e até infecção no ouvido, já que os ouvidos estão ligados ao nariz por meio de pequenos tubos”, diz.

A fonoaudióloga Lílian Kuhn, que faz lavagem nasal em sua filha, Olívia, desde que ela tinha 7 meses Foto: Taba Benedicto/Estadão
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A fisioterapeuta explica que a lavagem deve ser feita com soro fisiológico (solução de cloreto de sódio 0,9%, que nada mais é do que água estéril e sal, numa concentração semelhante à dos fluidos corporais) em temperatura ambiente ou morno – nunca gelado. Já nos primeiros dias de vida é possível fazer essa limpeza. Mas, no caso de recém-nascidos, é recomendável realizar com apenas 1 ml de soro. “Essa quantidade pode ser aumentada gradualmente, até chegar a 10 ml com 1 ano e 20 ml a partir de 1 ano e meio”, orienta.

Pequenas quantidades de soro podem ser aplicadas com conta-gotas ou embalagens de spray, enquanto maiores volumes são aplicados com seringas e garrafas próprias para a lavagem nasal. Para fazer a limpeza com maior quantidade de soro, é preciso estar sentado ou em pé, com a cabeça inclinada para a frente, explica Maria Roberta. “A ponta da seringa ou da garrafinha deve estar posicionada paralelamente ao septo nasal. E o soro deve ser aplicado de forma contínua e lenta, mas sem pressão”, lembra. O esperado é que o soro aplicado saia pela narina oposta, mas se isso não acontecer pode ser que o líquido tenha descido pela cavidade oral. “Não há nenhum problema se ele for deglutido”, informa.

A fisioterapeuta Maria Roberta costuma atender, por mês, 80 famílias de crianças que passam por doenças respiratórias. Ela orientou, por exemplo, a fonoaudióloga Lílian Kuhn a fazer a lavagem nasal na filha Olívia, que na época tinha 7 meses. “Quando ela era bebê era difícil porque ela chorava. Então eu fazia um charutinho com a toalha para prender os bracinhos dela e usava uma seringa para aplicar o soro”, conta. Hoje, com 3 anos, Olivia consegue fazer sozinha a limpeza nasal com o uso de uma garrafinha específica – um hábito diário feito na hora do banho.

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Embora não tenha rinite, Olivia costuma pegar gripe ou resfriado dos amigos da escola com frequência – de acordo com os cálculos de Lílian, cerca de 10 vezes ao ano. Quando o nariz está congestionado, a família intensifica as lavagens para 4 a 6 vezes por dia. “Haja soro! Mas a diferença é nítida após a lavagem: ela respira bem melhor, dorme mais tranquila, para de coçar o nariz”, observa Lílian.

Quando Valentim Pickscius tinha três meses de vida, teve bronquiolite e, por recomendação do pediatra, sua mãe começou a fazer a lavagem nasal nele, com uso de uma seringa. Virou um hábito da família. “Fazemos nele essa limpeza ao acordar e antes de dormir. Minha filha mais velha, de 10 anos, faz sozinha quando começa a sentir algum desconforto no nariz. E eu faço em mim quando estou gripada ou com rinite”, garante a mãe, Fernanda Serafim Pickscius, de 40 anos. “Valentim nunca mais ficou com o nariz escorrendo. Costumo dizer que foi a melhor coisa que inventaram.”

INDICAÇÕES

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O pediatra Daniel Becker recomenda que o procedimento seja feito várias vezes ao dia quando o bebê ou criança estiver com o nariz congestionado por catarro. “Nosso corpo produz todo dia pequenas quantidades de muco que são drenadas de forma natural e imperceptível. Mas essa produção aumenta se houver inflamação, como em casos de gripe e resfriado. As vias aéreas ficam com edemas e o corpo não consegue mais eliminar o catarro facilmente. Mas as secreções do corpo não devem ficar obstruídas”, observa o pediatra. 

A limpeza diária ele recomenda especialmente para quem mora em regiões de clima seco, como Brasília (DF), ou para aqueles que têm alergias respiratórias e doenças crônicas como sinusite ou rinite

Becker comenta que a lavagem nasal não oferece riscos às crianças. “O pior que pode acontecer é o engasgo com o soro, que traz uma sensação desagradável. Mas isso pode ser evitado ao manter o nariz virado para o chão na hora da lavagem”, avisa. O soro, além de limpar o septo nasal, ajuda a tirar o catarro presente nos seios faciais, que são orifícios dos ossos da face, que se comunicam com o nariz. Caso o líquido chegue à tuba auditiva, também não há problema, segundo Becker. “A lavagem nasal não dá otite.”

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A lavagem deve ser feita com soro fisiológico em temperatura ambiente ou morno Foto: Taba Benedicto/Estadão

A fisioterapeuta Roberta Andrade afirma que o desvio de septo não é motivo para não realizar a lavagem nasal. “Para essas pessoas, a lavagem ajuda a remover secreções que ficam paradas nas vias respiratórias pela presença do desvio”, ensina. 

O procedimento somente é contraindicado para pessoas que tenham problemas de deglutição, para que não haja risco de engasgo, orienta Roberta. “Adultos que sofreram AVC ou crianças especiais portadoras de neuropatias podem não conseguir deglutir adequadamente e não devem ser submetidos à lavagem”, alerta. No caso de crianças com fissura palatina, ela orienta os pais a conversar com o pediatra antes de iniciar a lavagem.

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HÁBITO

Já faz 10 anos que a cantora, fonoaudióloga e professora de canto Claudinéia Crescêncio, de 46 anos, colocou em sua rotina a lavagem nasal. “Lavo o nariz uma vez ao dia para prevenção e, em períodos de gripes ou alergias, lavo três vezes ao dia”, recorda. Para fazer o procedimento, ela tem preferência por dois acessórios específicos: o lota e uma garrafinha. O lota, também chamado de jala neti, é um recipiente com formato semelhante ao de um bule, usado para fazer a limpeza nasal recomendada pela ayurveda, que é a medicina tradicional indiana. 

“Pela praticidade, recomendo a garrafinha”, esclarece Claudinéia, que costuma indicar e ensinar os seus alunos a fazer a limpeza nasal. “Alguns têm medo, mas com calma ensino a realizar a lavagem de forma segura.”

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A prática diária de lavagem nasal é recomendada pela otorrinolaringologista Raquel Stamm Balsalobre. “Ajuda na prevenção de inflamações e alergias, pois faz uma remoção mecânica de vírus, bactérias, poluentes e outras partículas que estiverem na mucosa.” Para ela, o procedimento não deve ficar restrito a crises alérgicas e infecções. “Digo que a garrafinha ou a seringa deve ficar do lado da escova de dente, para que a lavagem nasal vire um hábito.”

COMO FAZER

  • Use soro fisiológico estéril (solução de cloreto de sódio 0,9%) ou faça um soro caseiro na concentração correta. Não use água da torneira ou filtrada, nem coloque remédio no soro para fazer a lavagem nasal.
  • Para fazer a lavagem nasal com seringa, lota ou com garrafinha específica, fique na posição sentada ou em pé, com o nariz voltado para baixo, com leve inclinação para a narina oposta à que vai receber o jato de soro.
  • Não usar soro gelado, mas em temperatura ambiente ou morno. 
  • Se optar pelo soro morno, teste na sua pele antes, para garantir uma temperatura segura.
  • Não aplicar o jato de soro com força, pois pode aumentar a pressão nos ouvidos e causar dor, além de aumentar o risco de engasgo.
  • É possível guardar a garrafa de soro fisiológico na geladeira por até 15 dias.
  • Em crianças e bebês, não realizar após mamar ou fazer uma refeição, pois o procedimento pode provocar choro e consequente náusea e vômito. Atenção também para a quantidade recomendada pelo pediatra ou fisioterapeuta: para recém-nascidos, é recomendável realizar a limpeza com apenas 1 ml de soro, por exemplo.
  • Após a lavagem, lave a seringa ou garrafinha com água e sabão e armazene em ambiente seco. Evite gavetas, pois a umidade pode promover a proliferação de fungos.

Quando bate aquele ventinho frio de outono e, depois, a temperatura despenca no inverno, as pessoas se recolhem a ambientes fechados, o que favorece a disseminação de vírus e bactérias e o aumento da incidência de gripes, resfriados e outras doenças. As crises de alergias respiratórias também ficam mais comuns, por conta da poluição atmosférica que aumenta com o clima mais seco, especialmente nas áreas urbanas. Nesse contexto, uma recomendação de especialistas de saúde é investir alguns minutos na lavagem nasal, procedimento simples e barato, sem uso de medicamentos, que ajuda na prevenção de doenças respiratórias e no alívio de sintomas.

Tanto adultos como crianças podem beneficiar-se da lavagem nasal, afirma Maria Roberta Prado de Andrade, fisioterapeuta especialista na área cardiorrespiratória. “É um procedimento benéfico, pois o acúmulo de secreção nasal facilita a formação de bactérias no local e pode evoluir para quadros de sinusite e até infecção no ouvido, já que os ouvidos estão ligados ao nariz por meio de pequenos tubos”, diz.

A fonoaudióloga Lílian Kuhn, que faz lavagem nasal em sua filha, Olívia, desde que ela tinha 7 meses Foto: Taba Benedicto/Estadão

A fisioterapeuta explica que a lavagem deve ser feita com soro fisiológico (solução de cloreto de sódio 0,9%, que nada mais é do que água estéril e sal, numa concentração semelhante à dos fluidos corporais) em temperatura ambiente ou morno – nunca gelado. Já nos primeiros dias de vida é possível fazer essa limpeza. Mas, no caso de recém-nascidos, é recomendável realizar com apenas 1 ml de soro. “Essa quantidade pode ser aumentada gradualmente, até chegar a 10 ml com 1 ano e 20 ml a partir de 1 ano e meio”, orienta.

Pequenas quantidades de soro podem ser aplicadas com conta-gotas ou embalagens de spray, enquanto maiores volumes são aplicados com seringas e garrafas próprias para a lavagem nasal. Para fazer a limpeza com maior quantidade de soro, é preciso estar sentado ou em pé, com a cabeça inclinada para a frente, explica Maria Roberta. “A ponta da seringa ou da garrafinha deve estar posicionada paralelamente ao septo nasal. E o soro deve ser aplicado de forma contínua e lenta, mas sem pressão”, lembra. O esperado é que o soro aplicado saia pela narina oposta, mas se isso não acontecer pode ser que o líquido tenha descido pela cavidade oral. “Não há nenhum problema se ele for deglutido”, informa.

A fisioterapeuta Maria Roberta costuma atender, por mês, 80 famílias de crianças que passam por doenças respiratórias. Ela orientou, por exemplo, a fonoaudióloga Lílian Kuhn a fazer a lavagem nasal na filha Olívia, que na época tinha 7 meses. “Quando ela era bebê era difícil porque ela chorava. Então eu fazia um charutinho com a toalha para prender os bracinhos dela e usava uma seringa para aplicar o soro”, conta. Hoje, com 3 anos, Olivia consegue fazer sozinha a limpeza nasal com o uso de uma garrafinha específica – um hábito diário feito na hora do banho.

Embora não tenha rinite, Olivia costuma pegar gripe ou resfriado dos amigos da escola com frequência – de acordo com os cálculos de Lílian, cerca de 10 vezes ao ano. Quando o nariz está congestionado, a família intensifica as lavagens para 4 a 6 vezes por dia. “Haja soro! Mas a diferença é nítida após a lavagem: ela respira bem melhor, dorme mais tranquila, para de coçar o nariz”, observa Lílian.

Quando Valentim Pickscius tinha três meses de vida, teve bronquiolite e, por recomendação do pediatra, sua mãe começou a fazer a lavagem nasal nele, com uso de uma seringa. Virou um hábito da família. “Fazemos nele essa limpeza ao acordar e antes de dormir. Minha filha mais velha, de 10 anos, faz sozinha quando começa a sentir algum desconforto no nariz. E eu faço em mim quando estou gripada ou com rinite”, garante a mãe, Fernanda Serafim Pickscius, de 40 anos. “Valentim nunca mais ficou com o nariz escorrendo. Costumo dizer que foi a melhor coisa que inventaram.”

INDICAÇÕES

O pediatra Daniel Becker recomenda que o procedimento seja feito várias vezes ao dia quando o bebê ou criança estiver com o nariz congestionado por catarro. “Nosso corpo produz todo dia pequenas quantidades de muco que são drenadas de forma natural e imperceptível. Mas essa produção aumenta se houver inflamação, como em casos de gripe e resfriado. As vias aéreas ficam com edemas e o corpo não consegue mais eliminar o catarro facilmente. Mas as secreções do corpo não devem ficar obstruídas”, observa o pediatra. 

A limpeza diária ele recomenda especialmente para quem mora em regiões de clima seco, como Brasília (DF), ou para aqueles que têm alergias respiratórias e doenças crônicas como sinusite ou rinite

Becker comenta que a lavagem nasal não oferece riscos às crianças. “O pior que pode acontecer é o engasgo com o soro, que traz uma sensação desagradável. Mas isso pode ser evitado ao manter o nariz virado para o chão na hora da lavagem”, avisa. O soro, além de limpar o septo nasal, ajuda a tirar o catarro presente nos seios faciais, que são orifícios dos ossos da face, que se comunicam com o nariz. Caso o líquido chegue à tuba auditiva, também não há problema, segundo Becker. “A lavagem nasal não dá otite.”

A lavagem deve ser feita com soro fisiológico em temperatura ambiente ou morno Foto: Taba Benedicto/Estadão

A fisioterapeuta Roberta Andrade afirma que o desvio de septo não é motivo para não realizar a lavagem nasal. “Para essas pessoas, a lavagem ajuda a remover secreções que ficam paradas nas vias respiratórias pela presença do desvio”, ensina. 

O procedimento somente é contraindicado para pessoas que tenham problemas de deglutição, para que não haja risco de engasgo, orienta Roberta. “Adultos que sofreram AVC ou crianças especiais portadoras de neuropatias podem não conseguir deglutir adequadamente e não devem ser submetidos à lavagem”, alerta. No caso de crianças com fissura palatina, ela orienta os pais a conversar com o pediatra antes de iniciar a lavagem.

HÁBITO

Já faz 10 anos que a cantora, fonoaudióloga e professora de canto Claudinéia Crescêncio, de 46 anos, colocou em sua rotina a lavagem nasal. “Lavo o nariz uma vez ao dia para prevenção e, em períodos de gripes ou alergias, lavo três vezes ao dia”, recorda. Para fazer o procedimento, ela tem preferência por dois acessórios específicos: o lota e uma garrafinha. O lota, também chamado de jala neti, é um recipiente com formato semelhante ao de um bule, usado para fazer a limpeza nasal recomendada pela ayurveda, que é a medicina tradicional indiana. 

“Pela praticidade, recomendo a garrafinha”, esclarece Claudinéia, que costuma indicar e ensinar os seus alunos a fazer a limpeza nasal. “Alguns têm medo, mas com calma ensino a realizar a lavagem de forma segura.”

A prática diária de lavagem nasal é recomendada pela otorrinolaringologista Raquel Stamm Balsalobre. “Ajuda na prevenção de inflamações e alergias, pois faz uma remoção mecânica de vírus, bactérias, poluentes e outras partículas que estiverem na mucosa.” Para ela, o procedimento não deve ficar restrito a crises alérgicas e infecções. “Digo que a garrafinha ou a seringa deve ficar do lado da escova de dente, para que a lavagem nasal vire um hábito.”

COMO FAZER

  • Use soro fisiológico estéril (solução de cloreto de sódio 0,9%) ou faça um soro caseiro na concentração correta. Não use água da torneira ou filtrada, nem coloque remédio no soro para fazer a lavagem nasal.
  • Para fazer a lavagem nasal com seringa, lota ou com garrafinha específica, fique na posição sentada ou em pé, com o nariz voltado para baixo, com leve inclinação para a narina oposta à que vai receber o jato de soro.
  • Não usar soro gelado, mas em temperatura ambiente ou morno. 
  • Se optar pelo soro morno, teste na sua pele antes, para garantir uma temperatura segura.
  • Não aplicar o jato de soro com força, pois pode aumentar a pressão nos ouvidos e causar dor, além de aumentar o risco de engasgo.
  • É possível guardar a garrafa de soro fisiológico na geladeira por até 15 dias.
  • Em crianças e bebês, não realizar após mamar ou fazer uma refeição, pois o procedimento pode provocar choro e consequente náusea e vômito. Atenção também para a quantidade recomendada pelo pediatra ou fisioterapeuta: para recém-nascidos, é recomendável realizar a limpeza com apenas 1 ml de soro, por exemplo.
  • Após a lavagem, lave a seringa ou garrafinha com água e sabão e armazene em ambiente seco. Evite gavetas, pois a umidade pode promover a proliferação de fungos.

Quando bate aquele ventinho frio de outono e, depois, a temperatura despenca no inverno, as pessoas se recolhem a ambientes fechados, o que favorece a disseminação de vírus e bactérias e o aumento da incidência de gripes, resfriados e outras doenças. As crises de alergias respiratórias também ficam mais comuns, por conta da poluição atmosférica que aumenta com o clima mais seco, especialmente nas áreas urbanas. Nesse contexto, uma recomendação de especialistas de saúde é investir alguns minutos na lavagem nasal, procedimento simples e barato, sem uso de medicamentos, que ajuda na prevenção de doenças respiratórias e no alívio de sintomas.

Tanto adultos como crianças podem beneficiar-se da lavagem nasal, afirma Maria Roberta Prado de Andrade, fisioterapeuta especialista na área cardiorrespiratória. “É um procedimento benéfico, pois o acúmulo de secreção nasal facilita a formação de bactérias no local e pode evoluir para quadros de sinusite e até infecção no ouvido, já que os ouvidos estão ligados ao nariz por meio de pequenos tubos”, diz.

A fonoaudióloga Lílian Kuhn, que faz lavagem nasal em sua filha, Olívia, desde que ela tinha 7 meses Foto: Taba Benedicto/Estadão

A fisioterapeuta explica que a lavagem deve ser feita com soro fisiológico (solução de cloreto de sódio 0,9%, que nada mais é do que água estéril e sal, numa concentração semelhante à dos fluidos corporais) em temperatura ambiente ou morno – nunca gelado. Já nos primeiros dias de vida é possível fazer essa limpeza. Mas, no caso de recém-nascidos, é recomendável realizar com apenas 1 ml de soro. “Essa quantidade pode ser aumentada gradualmente, até chegar a 10 ml com 1 ano e 20 ml a partir de 1 ano e meio”, orienta.

Pequenas quantidades de soro podem ser aplicadas com conta-gotas ou embalagens de spray, enquanto maiores volumes são aplicados com seringas e garrafas próprias para a lavagem nasal. Para fazer a limpeza com maior quantidade de soro, é preciso estar sentado ou em pé, com a cabeça inclinada para a frente, explica Maria Roberta. “A ponta da seringa ou da garrafinha deve estar posicionada paralelamente ao septo nasal. E o soro deve ser aplicado de forma contínua e lenta, mas sem pressão”, lembra. O esperado é que o soro aplicado saia pela narina oposta, mas se isso não acontecer pode ser que o líquido tenha descido pela cavidade oral. “Não há nenhum problema se ele for deglutido”, informa.

A fisioterapeuta Maria Roberta costuma atender, por mês, 80 famílias de crianças que passam por doenças respiratórias. Ela orientou, por exemplo, a fonoaudióloga Lílian Kuhn a fazer a lavagem nasal na filha Olívia, que na época tinha 7 meses. “Quando ela era bebê era difícil porque ela chorava. Então eu fazia um charutinho com a toalha para prender os bracinhos dela e usava uma seringa para aplicar o soro”, conta. Hoje, com 3 anos, Olivia consegue fazer sozinha a limpeza nasal com o uso de uma garrafinha específica – um hábito diário feito na hora do banho.

Embora não tenha rinite, Olivia costuma pegar gripe ou resfriado dos amigos da escola com frequência – de acordo com os cálculos de Lílian, cerca de 10 vezes ao ano. Quando o nariz está congestionado, a família intensifica as lavagens para 4 a 6 vezes por dia. “Haja soro! Mas a diferença é nítida após a lavagem: ela respira bem melhor, dorme mais tranquila, para de coçar o nariz”, observa Lílian.

Quando Valentim Pickscius tinha três meses de vida, teve bronquiolite e, por recomendação do pediatra, sua mãe começou a fazer a lavagem nasal nele, com uso de uma seringa. Virou um hábito da família. “Fazemos nele essa limpeza ao acordar e antes de dormir. Minha filha mais velha, de 10 anos, faz sozinha quando começa a sentir algum desconforto no nariz. E eu faço em mim quando estou gripada ou com rinite”, garante a mãe, Fernanda Serafim Pickscius, de 40 anos. “Valentim nunca mais ficou com o nariz escorrendo. Costumo dizer que foi a melhor coisa que inventaram.”

INDICAÇÕES

O pediatra Daniel Becker recomenda que o procedimento seja feito várias vezes ao dia quando o bebê ou criança estiver com o nariz congestionado por catarro. “Nosso corpo produz todo dia pequenas quantidades de muco que são drenadas de forma natural e imperceptível. Mas essa produção aumenta se houver inflamação, como em casos de gripe e resfriado. As vias aéreas ficam com edemas e o corpo não consegue mais eliminar o catarro facilmente. Mas as secreções do corpo não devem ficar obstruídas”, observa o pediatra. 

A limpeza diária ele recomenda especialmente para quem mora em regiões de clima seco, como Brasília (DF), ou para aqueles que têm alergias respiratórias e doenças crônicas como sinusite ou rinite

Becker comenta que a lavagem nasal não oferece riscos às crianças. “O pior que pode acontecer é o engasgo com o soro, que traz uma sensação desagradável. Mas isso pode ser evitado ao manter o nariz virado para o chão na hora da lavagem”, avisa. O soro, além de limpar o septo nasal, ajuda a tirar o catarro presente nos seios faciais, que são orifícios dos ossos da face, que se comunicam com o nariz. Caso o líquido chegue à tuba auditiva, também não há problema, segundo Becker. “A lavagem nasal não dá otite.”

A lavagem deve ser feita com soro fisiológico em temperatura ambiente ou morno Foto: Taba Benedicto/Estadão

A fisioterapeuta Roberta Andrade afirma que o desvio de septo não é motivo para não realizar a lavagem nasal. “Para essas pessoas, a lavagem ajuda a remover secreções que ficam paradas nas vias respiratórias pela presença do desvio”, ensina. 

O procedimento somente é contraindicado para pessoas que tenham problemas de deglutição, para que não haja risco de engasgo, orienta Roberta. “Adultos que sofreram AVC ou crianças especiais portadoras de neuropatias podem não conseguir deglutir adequadamente e não devem ser submetidos à lavagem”, alerta. No caso de crianças com fissura palatina, ela orienta os pais a conversar com o pediatra antes de iniciar a lavagem.

HÁBITO

Já faz 10 anos que a cantora, fonoaudióloga e professora de canto Claudinéia Crescêncio, de 46 anos, colocou em sua rotina a lavagem nasal. “Lavo o nariz uma vez ao dia para prevenção e, em períodos de gripes ou alergias, lavo três vezes ao dia”, recorda. Para fazer o procedimento, ela tem preferência por dois acessórios específicos: o lota e uma garrafinha. O lota, também chamado de jala neti, é um recipiente com formato semelhante ao de um bule, usado para fazer a limpeza nasal recomendada pela ayurveda, que é a medicina tradicional indiana. 

“Pela praticidade, recomendo a garrafinha”, esclarece Claudinéia, que costuma indicar e ensinar os seus alunos a fazer a limpeza nasal. “Alguns têm medo, mas com calma ensino a realizar a lavagem de forma segura.”

A prática diária de lavagem nasal é recomendada pela otorrinolaringologista Raquel Stamm Balsalobre. “Ajuda na prevenção de inflamações e alergias, pois faz uma remoção mecânica de vírus, bactérias, poluentes e outras partículas que estiverem na mucosa.” Para ela, o procedimento não deve ficar restrito a crises alérgicas e infecções. “Digo que a garrafinha ou a seringa deve ficar do lado da escova de dente, para que a lavagem nasal vire um hábito.”

COMO FAZER

  • Use soro fisiológico estéril (solução de cloreto de sódio 0,9%) ou faça um soro caseiro na concentração correta. Não use água da torneira ou filtrada, nem coloque remédio no soro para fazer a lavagem nasal.
  • Para fazer a lavagem nasal com seringa, lota ou com garrafinha específica, fique na posição sentada ou em pé, com o nariz voltado para baixo, com leve inclinação para a narina oposta à que vai receber o jato de soro.
  • Não usar soro gelado, mas em temperatura ambiente ou morno. 
  • Se optar pelo soro morno, teste na sua pele antes, para garantir uma temperatura segura.
  • Não aplicar o jato de soro com força, pois pode aumentar a pressão nos ouvidos e causar dor, além de aumentar o risco de engasgo.
  • É possível guardar a garrafa de soro fisiológico na geladeira por até 15 dias.
  • Em crianças e bebês, não realizar após mamar ou fazer uma refeição, pois o procedimento pode provocar choro e consequente náusea e vômito. Atenção também para a quantidade recomendada pelo pediatra ou fisioterapeuta: para recém-nascidos, é recomendável realizar a limpeza com apenas 1 ml de soro, por exemplo.
  • Após a lavagem, lave a seringa ou garrafinha com água e sabão e armazene em ambiente seco. Evite gavetas, pois a umidade pode promover a proliferação de fungos.

Quando bate aquele ventinho frio de outono e, depois, a temperatura despenca no inverno, as pessoas se recolhem a ambientes fechados, o que favorece a disseminação de vírus e bactérias e o aumento da incidência de gripes, resfriados e outras doenças. As crises de alergias respiratórias também ficam mais comuns, por conta da poluição atmosférica que aumenta com o clima mais seco, especialmente nas áreas urbanas. Nesse contexto, uma recomendação de especialistas de saúde é investir alguns minutos na lavagem nasal, procedimento simples e barato, sem uso de medicamentos, que ajuda na prevenção de doenças respiratórias e no alívio de sintomas.

Tanto adultos como crianças podem beneficiar-se da lavagem nasal, afirma Maria Roberta Prado de Andrade, fisioterapeuta especialista na área cardiorrespiratória. “É um procedimento benéfico, pois o acúmulo de secreção nasal facilita a formação de bactérias no local e pode evoluir para quadros de sinusite e até infecção no ouvido, já que os ouvidos estão ligados ao nariz por meio de pequenos tubos”, diz.

A fonoaudióloga Lílian Kuhn, que faz lavagem nasal em sua filha, Olívia, desde que ela tinha 7 meses Foto: Taba Benedicto/Estadão

A fisioterapeuta explica que a lavagem deve ser feita com soro fisiológico (solução de cloreto de sódio 0,9%, que nada mais é do que água estéril e sal, numa concentração semelhante à dos fluidos corporais) em temperatura ambiente ou morno – nunca gelado. Já nos primeiros dias de vida é possível fazer essa limpeza. Mas, no caso de recém-nascidos, é recomendável realizar com apenas 1 ml de soro. “Essa quantidade pode ser aumentada gradualmente, até chegar a 10 ml com 1 ano e 20 ml a partir de 1 ano e meio”, orienta.

Pequenas quantidades de soro podem ser aplicadas com conta-gotas ou embalagens de spray, enquanto maiores volumes são aplicados com seringas e garrafas próprias para a lavagem nasal. Para fazer a limpeza com maior quantidade de soro, é preciso estar sentado ou em pé, com a cabeça inclinada para a frente, explica Maria Roberta. “A ponta da seringa ou da garrafinha deve estar posicionada paralelamente ao septo nasal. E o soro deve ser aplicado de forma contínua e lenta, mas sem pressão”, lembra. O esperado é que o soro aplicado saia pela narina oposta, mas se isso não acontecer pode ser que o líquido tenha descido pela cavidade oral. “Não há nenhum problema se ele for deglutido”, informa.

A fisioterapeuta Maria Roberta costuma atender, por mês, 80 famílias de crianças que passam por doenças respiratórias. Ela orientou, por exemplo, a fonoaudióloga Lílian Kuhn a fazer a lavagem nasal na filha Olívia, que na época tinha 7 meses. “Quando ela era bebê era difícil porque ela chorava. Então eu fazia um charutinho com a toalha para prender os bracinhos dela e usava uma seringa para aplicar o soro”, conta. Hoje, com 3 anos, Olivia consegue fazer sozinha a limpeza nasal com o uso de uma garrafinha específica – um hábito diário feito na hora do banho.

Embora não tenha rinite, Olivia costuma pegar gripe ou resfriado dos amigos da escola com frequência – de acordo com os cálculos de Lílian, cerca de 10 vezes ao ano. Quando o nariz está congestionado, a família intensifica as lavagens para 4 a 6 vezes por dia. “Haja soro! Mas a diferença é nítida após a lavagem: ela respira bem melhor, dorme mais tranquila, para de coçar o nariz”, observa Lílian.

Quando Valentim Pickscius tinha três meses de vida, teve bronquiolite e, por recomendação do pediatra, sua mãe começou a fazer a lavagem nasal nele, com uso de uma seringa. Virou um hábito da família. “Fazemos nele essa limpeza ao acordar e antes de dormir. Minha filha mais velha, de 10 anos, faz sozinha quando começa a sentir algum desconforto no nariz. E eu faço em mim quando estou gripada ou com rinite”, garante a mãe, Fernanda Serafim Pickscius, de 40 anos. “Valentim nunca mais ficou com o nariz escorrendo. Costumo dizer que foi a melhor coisa que inventaram.”

INDICAÇÕES

O pediatra Daniel Becker recomenda que o procedimento seja feito várias vezes ao dia quando o bebê ou criança estiver com o nariz congestionado por catarro. “Nosso corpo produz todo dia pequenas quantidades de muco que são drenadas de forma natural e imperceptível. Mas essa produção aumenta se houver inflamação, como em casos de gripe e resfriado. As vias aéreas ficam com edemas e o corpo não consegue mais eliminar o catarro facilmente. Mas as secreções do corpo não devem ficar obstruídas”, observa o pediatra. 

A limpeza diária ele recomenda especialmente para quem mora em regiões de clima seco, como Brasília (DF), ou para aqueles que têm alergias respiratórias e doenças crônicas como sinusite ou rinite

Becker comenta que a lavagem nasal não oferece riscos às crianças. “O pior que pode acontecer é o engasgo com o soro, que traz uma sensação desagradável. Mas isso pode ser evitado ao manter o nariz virado para o chão na hora da lavagem”, avisa. O soro, além de limpar o septo nasal, ajuda a tirar o catarro presente nos seios faciais, que são orifícios dos ossos da face, que se comunicam com o nariz. Caso o líquido chegue à tuba auditiva, também não há problema, segundo Becker. “A lavagem nasal não dá otite.”

A lavagem deve ser feita com soro fisiológico em temperatura ambiente ou morno Foto: Taba Benedicto/Estadão

A fisioterapeuta Roberta Andrade afirma que o desvio de septo não é motivo para não realizar a lavagem nasal. “Para essas pessoas, a lavagem ajuda a remover secreções que ficam paradas nas vias respiratórias pela presença do desvio”, ensina. 

O procedimento somente é contraindicado para pessoas que tenham problemas de deglutição, para que não haja risco de engasgo, orienta Roberta. “Adultos que sofreram AVC ou crianças especiais portadoras de neuropatias podem não conseguir deglutir adequadamente e não devem ser submetidos à lavagem”, alerta. No caso de crianças com fissura palatina, ela orienta os pais a conversar com o pediatra antes de iniciar a lavagem.

HÁBITO

Já faz 10 anos que a cantora, fonoaudióloga e professora de canto Claudinéia Crescêncio, de 46 anos, colocou em sua rotina a lavagem nasal. “Lavo o nariz uma vez ao dia para prevenção e, em períodos de gripes ou alergias, lavo três vezes ao dia”, recorda. Para fazer o procedimento, ela tem preferência por dois acessórios específicos: o lota e uma garrafinha. O lota, também chamado de jala neti, é um recipiente com formato semelhante ao de um bule, usado para fazer a limpeza nasal recomendada pela ayurveda, que é a medicina tradicional indiana. 

“Pela praticidade, recomendo a garrafinha”, esclarece Claudinéia, que costuma indicar e ensinar os seus alunos a fazer a limpeza nasal. “Alguns têm medo, mas com calma ensino a realizar a lavagem de forma segura.”

A prática diária de lavagem nasal é recomendada pela otorrinolaringologista Raquel Stamm Balsalobre. “Ajuda na prevenção de inflamações e alergias, pois faz uma remoção mecânica de vírus, bactérias, poluentes e outras partículas que estiverem na mucosa.” Para ela, o procedimento não deve ficar restrito a crises alérgicas e infecções. “Digo que a garrafinha ou a seringa deve ficar do lado da escova de dente, para que a lavagem nasal vire um hábito.”

COMO FAZER

  • Use soro fisiológico estéril (solução de cloreto de sódio 0,9%) ou faça um soro caseiro na concentração correta. Não use água da torneira ou filtrada, nem coloque remédio no soro para fazer a lavagem nasal.
  • Para fazer a lavagem nasal com seringa, lota ou com garrafinha específica, fique na posição sentada ou em pé, com o nariz voltado para baixo, com leve inclinação para a narina oposta à que vai receber o jato de soro.
  • Não usar soro gelado, mas em temperatura ambiente ou morno. 
  • Se optar pelo soro morno, teste na sua pele antes, para garantir uma temperatura segura.
  • Não aplicar o jato de soro com força, pois pode aumentar a pressão nos ouvidos e causar dor, além de aumentar o risco de engasgo.
  • É possível guardar a garrafa de soro fisiológico na geladeira por até 15 dias.
  • Em crianças e bebês, não realizar após mamar ou fazer uma refeição, pois o procedimento pode provocar choro e consequente náusea e vômito. Atenção também para a quantidade recomendada pelo pediatra ou fisioterapeuta: para recém-nascidos, é recomendável realizar a limpeza com apenas 1 ml de soro, por exemplo.
  • Após a lavagem, lave a seringa ou garrafinha com água e sabão e armazene em ambiente seco. Evite gavetas, pois a umidade pode promover a proliferação de fungos.

Quando bate aquele ventinho frio de outono e, depois, a temperatura despenca no inverno, as pessoas se recolhem a ambientes fechados, o que favorece a disseminação de vírus e bactérias e o aumento da incidência de gripes, resfriados e outras doenças. As crises de alergias respiratórias também ficam mais comuns, por conta da poluição atmosférica que aumenta com o clima mais seco, especialmente nas áreas urbanas. Nesse contexto, uma recomendação de especialistas de saúde é investir alguns minutos na lavagem nasal, procedimento simples e barato, sem uso de medicamentos, que ajuda na prevenção de doenças respiratórias e no alívio de sintomas.

Tanto adultos como crianças podem beneficiar-se da lavagem nasal, afirma Maria Roberta Prado de Andrade, fisioterapeuta especialista na área cardiorrespiratória. “É um procedimento benéfico, pois o acúmulo de secreção nasal facilita a formação de bactérias no local e pode evoluir para quadros de sinusite e até infecção no ouvido, já que os ouvidos estão ligados ao nariz por meio de pequenos tubos”, diz.

A fonoaudióloga Lílian Kuhn, que faz lavagem nasal em sua filha, Olívia, desde que ela tinha 7 meses Foto: Taba Benedicto/Estadão

A fisioterapeuta explica que a lavagem deve ser feita com soro fisiológico (solução de cloreto de sódio 0,9%, que nada mais é do que água estéril e sal, numa concentração semelhante à dos fluidos corporais) em temperatura ambiente ou morno – nunca gelado. Já nos primeiros dias de vida é possível fazer essa limpeza. Mas, no caso de recém-nascidos, é recomendável realizar com apenas 1 ml de soro. “Essa quantidade pode ser aumentada gradualmente, até chegar a 10 ml com 1 ano e 20 ml a partir de 1 ano e meio”, orienta.

Pequenas quantidades de soro podem ser aplicadas com conta-gotas ou embalagens de spray, enquanto maiores volumes são aplicados com seringas e garrafas próprias para a lavagem nasal. Para fazer a limpeza com maior quantidade de soro, é preciso estar sentado ou em pé, com a cabeça inclinada para a frente, explica Maria Roberta. “A ponta da seringa ou da garrafinha deve estar posicionada paralelamente ao septo nasal. E o soro deve ser aplicado de forma contínua e lenta, mas sem pressão”, lembra. O esperado é que o soro aplicado saia pela narina oposta, mas se isso não acontecer pode ser que o líquido tenha descido pela cavidade oral. “Não há nenhum problema se ele for deglutido”, informa.

A fisioterapeuta Maria Roberta costuma atender, por mês, 80 famílias de crianças que passam por doenças respiratórias. Ela orientou, por exemplo, a fonoaudióloga Lílian Kuhn a fazer a lavagem nasal na filha Olívia, que na época tinha 7 meses. “Quando ela era bebê era difícil porque ela chorava. Então eu fazia um charutinho com a toalha para prender os bracinhos dela e usava uma seringa para aplicar o soro”, conta. Hoje, com 3 anos, Olivia consegue fazer sozinha a limpeza nasal com o uso de uma garrafinha específica – um hábito diário feito na hora do banho.

Embora não tenha rinite, Olivia costuma pegar gripe ou resfriado dos amigos da escola com frequência – de acordo com os cálculos de Lílian, cerca de 10 vezes ao ano. Quando o nariz está congestionado, a família intensifica as lavagens para 4 a 6 vezes por dia. “Haja soro! Mas a diferença é nítida após a lavagem: ela respira bem melhor, dorme mais tranquila, para de coçar o nariz”, observa Lílian.

Quando Valentim Pickscius tinha três meses de vida, teve bronquiolite e, por recomendação do pediatra, sua mãe começou a fazer a lavagem nasal nele, com uso de uma seringa. Virou um hábito da família. “Fazemos nele essa limpeza ao acordar e antes de dormir. Minha filha mais velha, de 10 anos, faz sozinha quando começa a sentir algum desconforto no nariz. E eu faço em mim quando estou gripada ou com rinite”, garante a mãe, Fernanda Serafim Pickscius, de 40 anos. “Valentim nunca mais ficou com o nariz escorrendo. Costumo dizer que foi a melhor coisa que inventaram.”

INDICAÇÕES

O pediatra Daniel Becker recomenda que o procedimento seja feito várias vezes ao dia quando o bebê ou criança estiver com o nariz congestionado por catarro. “Nosso corpo produz todo dia pequenas quantidades de muco que são drenadas de forma natural e imperceptível. Mas essa produção aumenta se houver inflamação, como em casos de gripe e resfriado. As vias aéreas ficam com edemas e o corpo não consegue mais eliminar o catarro facilmente. Mas as secreções do corpo não devem ficar obstruídas”, observa o pediatra. 

A limpeza diária ele recomenda especialmente para quem mora em regiões de clima seco, como Brasília (DF), ou para aqueles que têm alergias respiratórias e doenças crônicas como sinusite ou rinite

Becker comenta que a lavagem nasal não oferece riscos às crianças. “O pior que pode acontecer é o engasgo com o soro, que traz uma sensação desagradável. Mas isso pode ser evitado ao manter o nariz virado para o chão na hora da lavagem”, avisa. O soro, além de limpar o septo nasal, ajuda a tirar o catarro presente nos seios faciais, que são orifícios dos ossos da face, que se comunicam com o nariz. Caso o líquido chegue à tuba auditiva, também não há problema, segundo Becker. “A lavagem nasal não dá otite.”

A lavagem deve ser feita com soro fisiológico em temperatura ambiente ou morno Foto: Taba Benedicto/Estadão

A fisioterapeuta Roberta Andrade afirma que o desvio de septo não é motivo para não realizar a lavagem nasal. “Para essas pessoas, a lavagem ajuda a remover secreções que ficam paradas nas vias respiratórias pela presença do desvio”, ensina. 

O procedimento somente é contraindicado para pessoas que tenham problemas de deglutição, para que não haja risco de engasgo, orienta Roberta. “Adultos que sofreram AVC ou crianças especiais portadoras de neuropatias podem não conseguir deglutir adequadamente e não devem ser submetidos à lavagem”, alerta. No caso de crianças com fissura palatina, ela orienta os pais a conversar com o pediatra antes de iniciar a lavagem.

HÁBITO

Já faz 10 anos que a cantora, fonoaudióloga e professora de canto Claudinéia Crescêncio, de 46 anos, colocou em sua rotina a lavagem nasal. “Lavo o nariz uma vez ao dia para prevenção e, em períodos de gripes ou alergias, lavo três vezes ao dia”, recorda. Para fazer o procedimento, ela tem preferência por dois acessórios específicos: o lota e uma garrafinha. O lota, também chamado de jala neti, é um recipiente com formato semelhante ao de um bule, usado para fazer a limpeza nasal recomendada pela ayurveda, que é a medicina tradicional indiana. 

“Pela praticidade, recomendo a garrafinha”, esclarece Claudinéia, que costuma indicar e ensinar os seus alunos a fazer a limpeza nasal. “Alguns têm medo, mas com calma ensino a realizar a lavagem de forma segura.”

A prática diária de lavagem nasal é recomendada pela otorrinolaringologista Raquel Stamm Balsalobre. “Ajuda na prevenção de inflamações e alergias, pois faz uma remoção mecânica de vírus, bactérias, poluentes e outras partículas que estiverem na mucosa.” Para ela, o procedimento não deve ficar restrito a crises alérgicas e infecções. “Digo que a garrafinha ou a seringa deve ficar do lado da escova de dente, para que a lavagem nasal vire um hábito.”

COMO FAZER

  • Use soro fisiológico estéril (solução de cloreto de sódio 0,9%) ou faça um soro caseiro na concentração correta. Não use água da torneira ou filtrada, nem coloque remédio no soro para fazer a lavagem nasal.
  • Para fazer a lavagem nasal com seringa, lota ou com garrafinha específica, fique na posição sentada ou em pé, com o nariz voltado para baixo, com leve inclinação para a narina oposta à que vai receber o jato de soro.
  • Não usar soro gelado, mas em temperatura ambiente ou morno. 
  • Se optar pelo soro morno, teste na sua pele antes, para garantir uma temperatura segura.
  • Não aplicar o jato de soro com força, pois pode aumentar a pressão nos ouvidos e causar dor, além de aumentar o risco de engasgo.
  • É possível guardar a garrafa de soro fisiológico na geladeira por até 15 dias.
  • Em crianças e bebês, não realizar após mamar ou fazer uma refeição, pois o procedimento pode provocar choro e consequente náusea e vômito. Atenção também para a quantidade recomendada pelo pediatra ou fisioterapeuta: para recém-nascidos, é recomendável realizar a limpeza com apenas 1 ml de soro, por exemplo.
  • Após a lavagem, lave a seringa ou garrafinha com água e sabão e armazene em ambiente seco. Evite gavetas, pois a umidade pode promover a proliferação de fungos.

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