O governo do Estado de São Paulo e o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP) inauguram nesta terça-feira, 8, uma nova unidade na Vila Pompeia com leitos para internar usuários de drogas da Cracolândia e de outras regiões da Grande São Paulo.
A entrega da unidade ocorre com oito anos de atraso - a obra foi iniciada em 2013 e tinha previsão de término para 2014. O Hospital Auxiliar Cotoxó, agora rebatizado de Instituto Perdizes, já existia para dar apoio à operação do HC, mas foi reformado e ampliado.
O serviço médico contará com 200 leitos, dos quais 80 serão exclusivamente dedicados aos dependentes químicos encaminhados por outras unidades de saúde. “A unidade não será ‘porta aberta’. Ela receberá pacientes de toda a Grande São Paulo encaminhados por meio de regulação feita pela Cross (Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde)”, afirmou ao Estadão o secretário de Estado da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn.
Para o secretário, abrir novos leitos de internação para dependentes químicos é “uma necessidade premente”, principalmente após a pandemia, quando aumentaram os casos de transtornos mentais e de abusos de substâncias.
Ele afirmou que as internações seguirão sendo feitas de maneira voluntária, por escolha do usuário, e que são indicadas geralmente a pacientes que precisam de um período de estabilização ou desintoxicação. “A maioria dos usuários pode seguir o tratamento de forma ambulatorial, que também será oferecido nesse novo espaço.”
Leitos de retaguarda
Os outros 120 leitos, explica ele, serão de retaguarda para o Hospital das Clínicas, ou seja, receberão doentes com menor gravidade, mas que ainda precisam de alguma assistência ou acompanhamento.
“Pode ser, por exemplo, um paciente que já está bem, mas que ainda precisa de mais dois dias internado para finalizar um antibiótico. Nesse caso, ele pode ser transferido para essa unidade e abrir um leito no HC para um paciente que realmente precisa de um acompanhamento em ambiente hospitalar tradicional”, disse o secretário.
De acordo com o Hospital das Clínicas, os 120 leitos de retaguarda funcionarão como uma “unidade de internação de transição de cuidados de pacientes em diversas especialidades”, para a assistência “a casos agudos não-críticos”.
Esse bloco, diz o HC, será equipado com tomógrafo computadorizado, raio X digital e aparelho de ultrassom, além de contar com um posto de coleta para exames de análises clínicas que atenderá todo o complexo.
Ainda segundo a instituição, o prédio de cinco andares tem área de 23 mil metros quadrados e, além de um centro de tratamento de doenças relacionadas ao uso de álcool e drogas, funcionará como um hospital-dia, com “ambulatórios médicos e multiprofissionais, ginásio de fisioterapia e atividades físicas e espaços de convivência e reuniões terapêuticas”.
Foram investidos R$ 79,3 milhões nas obras de reforma e ampliação e mais R$ 12 milhões na compra de equipamentos e mobiliário. A unidade, de acordo com o HC, terá capacidade para fazer até 2,2 mil internações por ano, 5 mil atendimentos no hospital-dia e 16 mil consultas médicas ambulatoriais.