Da tabelinha ao DIU: como escolher o melhor método anticoncepcional?


Segundo especialistas, a decisão deve se basear nos desejos, nas condições de saúde e nos hábitos de vida de cada mulher, sempre considerando os prós e contras de cada opção

Por Giovanna Castro

Nos últimos anos, muitas mulheres começaram a procurar métodos anticoncepcionais sem hormônios, por considerá-los menos prejudiciais à saúde. O principal medo em relação às versões hormonais tem a ver com os efeitos colaterais, como quadros de trombose. Mas uma parcela também relata uma mudança em relação à percepção do próprio corpo, refletida na busca por se reconectar com seu funcionamento natural e viver o ciclo menstrual sem influências externas.

“Durante a pandemia, terminei um namoro e parei para refletir sobre o fato de que tomava pílula há oito anos. Eu nem sabia mais como era o meu corpo sem a interferência dos hormônios, principalmente no que diz respeito ao aspecto emocional e à libido“, diz a assessora de imprensa Mariana Rocha, de 29 anos. “Quando comecei a ter relações sexuais, o médico só disse ‘toma isso aqui’ e eu aceitei, sem questionar ou pesquisar sobre o assunto”, afirma.

Mariana Rocha, 29 anos, começou a tomar pílula anticoncepcional aos 18, quando começou a namorar. "O médico falou 'toma isso' e eu apenas aceitei", diz. Foto: Aceituno Jr/ Estadão
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Mariana decidiu, então, colocar um dispositivo intrauterino (DIU) de cobre com prata, um método anticoncepcional livre de hormônios. “A principal mudança foi sentir mais disposição e um aumento na minha libido. Também tive cólicas bem mais fortes, mas já esperava por isso, porque era um problema que eu tinha antes de começar a tomar a pílula”, descreve.

Informações confiáveis para uma decisão consciente

Segundo a ginecologista, obstetra e mastologista Karina Belickas Carreiro, do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP), parar com a pílula ou qualquer outro método contraceptivo hormonal não causa efeitos colaterais. O corpo da mulher apenas volta a funcionar naturalmente. Se ela tinha problemas como acne, cólica e/ou fluxo menstrual desregulado, eles voltarão a aparecer.

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“O que percebo é que muitas mulheres começam a usar hormônios muito cedo. Então, elas não conhecem o próprio corpo. E quando ele começa a funcionar naturalmente, sem a influência de hormônios, há um estranhamento”, analisa a especialista.

É o caso da servidora pública Fernanda Prado, de 30 anos. Ela começou a tomar pílula na adolescência, aos 12 anos, após se queixar de espinhas, cólica e ser diagnosticada com ovário policístico. “Só fui parar aos 28 anos. Depois de fazer alguns exames, me disseram que eu não tinha ovário policístico. Acredito que eu devia ter algo ‘normal’ da puberdade e que não precisaria ter sido submetida a hormônios tão nova”, especula.

Para Karina, o uso (ou não) de hormônios deve ser uma escolha tomada conscientemente, a partir de informações detalhadas. Além de conhecer o próprio corpo, as mulheres devem conversar com um ginecologista sobre todos os métodos disponíveis, entendendo os prós e contras de cada um – a partir daí, podem escolher aquele que faz mais sentido para elas.

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“Tudo deve ser considerado: hábitos, histórico familiar de saúde, se e quando deseja engravidar, entre outros aspectos”, exemplifica a médica.

O ginecologista e obstetra Alexandre Pupo, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), acrescenta que é essencial ter confiança no médico e no método escolhido. “Se a mulher estiver resistente a um método e o médico insistir nele, ela pode inclusive sentir mais efeitos colaterais”, conta.

Há riscos associados aos anticoncepcionais hormonais?

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De acordo com os especialistas escutados pelo Estadão, atualmente os anticoncepcionais são feitos com doses menores de hormônios, visando justamente minimizar os seus efeitos colaterais. Dessa forma, é possível utilizar métodos hormonais com mais segurança, e ainda contar com benefícios no caso de acne, cólica ou fluxo menstrual intenso, por exemplo.

Mesmo assim, para quem já tem predisposição genética, a depender do tipo e da dosagem hormonal, esses anticoncepcionais podem aumentar o risco de:

  • Trombose;
  • Câncer;
  • Doenças cardiovasculares e infarto;
  • Acidente vascular cerebral (AVC);
  • Queda de libido;
  • Sensibilidade mamária;
  • Acne;
  • Enxaqueca;
  • Cólicas.
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Os anticoncepcionais hormonais podem ser ministrados via:

  • Pílula (o uso é diário e, geralmente, combina os hormônios estrogênio e progesterona);
  • Adesivo (normalmente é trocado uma vez por semana);
  • Injeção (pode ser mensal quando alia estradiol e progesterona, ou trimestral, se for só de progesterona);
  • Implante subcutâneo (normalmente dura três anos);
  • Anel vaginal (costuma ser feito de látex, solta estradiol e progesterona e dura três semanas);
  • DIU (Mirena ou Kyleena, ambos de progesterona, e com duração de cerca de cinco anos).
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A maioria das pílulas anticoncepcionais combina dois hormônios: progesterona e estrogênio. Foto: Freepik

O que pode substituir o anticoncepcional hormonal?

Os métodos anticoncepcionais não hormonais até então conhecidos são:

  • DIU de cobre: dispositivo colocado dentro do útero que, ao liberar íons (componente químico) de cobre, reduz a mobilidade dos espermatozoides, dificultando que eles cheguem às trompas, onde acontece a fertilização. Se mesmo assim um óvulo é fecundado, o dispositivo dificulta a implantação dele na cavidade uterina;
  • DIU de cobre com prata: o dispositivo funciona da mesma maneira que o DIU de cobre, porém, a presença da prata altera a fragmentação do cobre dentro do útero, diminuindo o processo inflamatório causado pelo metal. O objetivo disso é reduzir as cólicas e o fluxo menstrual;
  • Diafragma: é uma “capinha”, geralmente feita de uma borracha fina, que a mulher coloca no fundo da vagina antes da relação sexual. Ao tapar o colo do útero, ele evita a penetração de espermatozoides. De preferência, deve ser usado junto com um espermicida, uma substância que mata os espermatozoides;
  • Camisinha: material fino e flexível, geralmente feito de látex, que é colocado no pênis (camisinha masculina) ou na vagina (camisinha feminina) durante a relação sexual para impedir que o esperma entre no canal vaginal;
  • Laqueadura: método cirúrgico e irreversível em que o médico corta as tubas uterinas e amarra as suas extremidades ou coloca um anel em volta das trompas, impedindo assim que espermatozoides acessem os óvulos;
  • Tabelinha: a mulher registra as fases do seu ciclo menstrual de acordo com o primeiro dia da menstruação. Dessa forma, é possível evitar relações sexuais sem camisinha no período fértil e, consequentemente, a fecundação;
  • Método sintotermal: medição de temperatura e muco vaginal para identificação do período fértil, indicando, assim, quando a relação sexual sem camisinha deve ser evitada (esse método geralmente é combinado com a tabelinha);
  • Coito interrompido: ato de, durante a relação sexual, retirar o pênis da vagina antes da ejaculação para, dessa forma, evitar que o esperma entre no canal vaginal. No entanto, tem baixa efetividade, pois as secreções do pênis na fase de excitação podem conter espermatozoides.

DIU de cobre: sem hormônios, e com efeito de longo prazo

O DIU feito de cobre ou de cobre com prata tende a atrair bastante interesse porque não é feito de hormônios e, ao mesmo tempo, tem duração prolongada, de aproximadamente cinco anos. Sem falar que não depende da memória da usuária, como a pílula anticoncepcional.

Os dois tipos (sem ou com a prata) funcionam principalmente como métodos de barreira, impedindo a chegada dos espermatozoides nas tubas uterinas, onde encontrariam os óvulos. Mas não é só isso. Segundo Karina, o cobre também tem a capacidade de oxidar os espermatozoides. Dessa maneira, além de criar uma barreira física contra a fecundação do óvulo, o dispositivo torna o ambiente uterino inóspito para os gametas masculinos.

O DIU de cobre é um dispositivo inserido pelo médico no útero da mulher para evitar que espermatozoides cheguem às trompas. O método é reversível e não interfere nas relações sexuais. Foto: Creative Commons

O DIU de cobre com prata é uma versão mais moderna. Funciona igual ao de cobre, mas tem um anel de prata em sua composição, cujo objetivo principal é reduzir sintomas como cólica e aumento de fluxo menstrual – que incomodam muita gente que usa a versão 100% cobre.

Em geral, esses são os prós e contras das duas versões do DIU de cobre:

  • Vantagens: têm alta eficácia contraceptiva, não possuem hormônios, podem ser colocados rapidamente no consultório médico, funcionam bem sem que a mulher precise fazer nada e têm alta durabilidade (cerca de cinco anos);
  • Desvantagens: podem causar cólica (especialmente aquele composto só de cobre), pois o corpo tende a tentar “expelir” aquele objeto estranho do útero. Não têm efeitos positivos contra acne, ovário policístico e outros problemas.

Quais são os métodos anticoncepcionais naturais? Eles são eficazes?

Os métodos anticoncepcionais considerados naturais são aqueles baseados em tradições milenares e que não dependem de nenhuma interferência externa no corpo, como tabelinha, coito interrompido e medição de temperatura e de muco vaginal.

Segundo os médicos, exceto o coito interrompido, todos são eficazes, mas apenas para mulheres que têm o ciclo menstrual regulado. Isso porque só é possível engravidar na fase do ciclo em que há óvulos disponíveis – logo, ao evitar relação sem camisinha no período fértil, não haverá fecundação. Mas é importante ressaltar que as secreções do pênis na fase de excitação podem ter espermatozoides e, por isso, o coito interrompido pode falhar.

“O muco vaginal se altera de dois a três dias antes da ovulação, e permanece alterado até uns dois dias depois. Por conta da elevação dos hormônios, deixa de ficar viscoso e passa a ter um aspecto cristalino, semelhante à clara de ovo. Ao pegar entre os dedos e abri-lo, gera um filamento que não se rompe, como se fosse um queijo derretido”, descreve Pupo.

Já a temperatura vaginal fica cerca de dois graus mais alta no período fértil. Por isso, a mulher deve medi-la todos os dias com um termômetro e avaliar quando acontece essa alteração. De preferência, os três métodos devem ser combinados para uma medição de ciclo menstrual mais efetiva.

“Se a mulher tiver um ciclo muito regulado e fizer todas as medições certinho, ela terá entre 10% e 20% de chance de engravidar”, calcula Gustavo Maciel, ginecologista do Fleury Medicina e Saúde. A título de comparação, a probabilidade de engravidar utilizando camisinha gira em torno de 5%.

Maciel alerta, no entanto, que poucas mulheres têm a disciplina e o controle necessários em relação ao seu corpo e ao ciclo menstrual para garantir a eficácia desses métodos. Por isso, eles não são tão recomendados.

  • Vantagens: não interferem no funcionamento do organismo, não causam efeitos colaterais e não têm prazo de validade;
  • Desvantagens: têm uma eficácia menor que os outros métodos, só funcionam para mulheres com ciclo extremamente regulado e não apresentam efeitos positivos contra acne, ovário policístico e outros problemas.

Como fazer a tabelinha para não engravidar?

A tabelinha nada mais é do que um calendário em que a mulher anota as fases do seu ciclo menstrual com o objetivo de demarcar o período fértil e evitar sexo sem camisinha ao longo dele. Como o ciclo varia de mulher para mulher (algumas menstruam mais dias, outras menos, por exemplo), a medição deve ser feita individualmente e por pelo menos seis meses até que se tenha certeza de qual é o padrão.

“Você pega o seu ciclo mais curto em seis meses e também o seu ciclo mais longo nesse mesmo período. Aí, adiciona dois dias antes e dois dias depois como margem de erro para o período fértil”, recomenda Pupo. Hoje, alguns aplicativos de celular fazem essa contabilização a partir das marcações da mulher.

Entenda o passo a passo da tabelinha:

  • Marque na agenda o primeiro dia da sua menstruação. Ele define o início do ciclo;
  • Aguarde até o início da próxima menstruação (começo do novo ciclo) e marque-o na agenda. Conte o número de dias entre as duas marcações, pois isso indica a duração do seu ciclo menstrual, que tende ser de 25 a 30 dias;
  • Conte 14 dias para trás do dia do início da sua segunda menstruação. Esse é o dia em que você ovulou. Marque-o na agenda, circulando também dois dias antes e dois dias depois dessa ovulação;
  • Repita o processo por seis meses;
  • Analise qual foi o ciclo mais longo (número de dias) e o mais curto ao longo desses seis meses;
  • Considere o seu período fértil padrão como o conjunto de dias entre o início do período fértil do ciclo mais curto e o fim do período fértil do ciclo mais longo.

Por exemplo: considerando uma mulher que nos últimos seis meses teve um ciclo mais curto de 28 dias e um mais longo de 30 dias, a ovulação dela ocorre entre o 14º dia e o 16º dia. Assim, é recomendado evitar relações sexuais desprotegidas entre o 12º dia e o 18º dia do ciclo.

A tabelinha ajuda mulher a conhecer seu ciclo menstrual e evitar gravidez indesejada. Foto: Freepik

Qual o método contraceptivo com menos efeitos colaterais? E qual tem mais?

Entre os métodos contraceptivos hormonais, os DIUs são os que causam menos efeitos colaterais. Isso porque, ao contrário da pílula, do implante, da injeção e do adesivo, esse dispositivo tem uma ação localizada, afetando apenas o útero. “Entre as duas opções disponíveis no mercado, o Kyleena causa ainda menos efeitos colaterais, porque tem uma dosagem hormonal menor”, acrescenta Pupo.

Por outro lado, o especialista aponta que o implante hormonal pode ser o mais perigoso quando feito em farmácias de manipulação – algo similar aos “chips da beleza”. Hoje, apenas o Implanon é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que garante que ele tenha dosagens determinadas de hormônios e uma bula com todos os efeitos colaterais e regras para uso.

Gustavo acrescenta que a pílula oral também tem mais efeitos colaterais, já que passa pelo sistema digestivo. Ele tem mais chances de causar enxaqueca, náusea e mal-estar.

Já entre os métodos não hormonais, os especialistas defendem a camisinha como um dos mais eficazes e com menos efeitos colaterais – desde que seja utilizada corretamente, e em todas as relações sexuais. Os DIUs de cobre ou cobre com prata também são considerados métodos com bom custo-benefício, embora possam causar cólicas.

Nos últimos anos, muitas mulheres começaram a procurar métodos anticoncepcionais sem hormônios, por considerá-los menos prejudiciais à saúde. O principal medo em relação às versões hormonais tem a ver com os efeitos colaterais, como quadros de trombose. Mas uma parcela também relata uma mudança em relação à percepção do próprio corpo, refletida na busca por se reconectar com seu funcionamento natural e viver o ciclo menstrual sem influências externas.

“Durante a pandemia, terminei um namoro e parei para refletir sobre o fato de que tomava pílula há oito anos. Eu nem sabia mais como era o meu corpo sem a interferência dos hormônios, principalmente no que diz respeito ao aspecto emocional e à libido“, diz a assessora de imprensa Mariana Rocha, de 29 anos. “Quando comecei a ter relações sexuais, o médico só disse ‘toma isso aqui’ e eu aceitei, sem questionar ou pesquisar sobre o assunto”, afirma.

Mariana Rocha, 29 anos, começou a tomar pílula anticoncepcional aos 18, quando começou a namorar. "O médico falou 'toma isso' e eu apenas aceitei", diz. Foto: Aceituno Jr/ Estadão

Mariana decidiu, então, colocar um dispositivo intrauterino (DIU) de cobre com prata, um método anticoncepcional livre de hormônios. “A principal mudança foi sentir mais disposição e um aumento na minha libido. Também tive cólicas bem mais fortes, mas já esperava por isso, porque era um problema que eu tinha antes de começar a tomar a pílula”, descreve.

Informações confiáveis para uma decisão consciente

Segundo a ginecologista, obstetra e mastologista Karina Belickas Carreiro, do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP), parar com a pílula ou qualquer outro método contraceptivo hormonal não causa efeitos colaterais. O corpo da mulher apenas volta a funcionar naturalmente. Se ela tinha problemas como acne, cólica e/ou fluxo menstrual desregulado, eles voltarão a aparecer.

“O que percebo é que muitas mulheres começam a usar hormônios muito cedo. Então, elas não conhecem o próprio corpo. E quando ele começa a funcionar naturalmente, sem a influência de hormônios, há um estranhamento”, analisa a especialista.

É o caso da servidora pública Fernanda Prado, de 30 anos. Ela começou a tomar pílula na adolescência, aos 12 anos, após se queixar de espinhas, cólica e ser diagnosticada com ovário policístico. “Só fui parar aos 28 anos. Depois de fazer alguns exames, me disseram que eu não tinha ovário policístico. Acredito que eu devia ter algo ‘normal’ da puberdade e que não precisaria ter sido submetida a hormônios tão nova”, especula.

Para Karina, o uso (ou não) de hormônios deve ser uma escolha tomada conscientemente, a partir de informações detalhadas. Além de conhecer o próprio corpo, as mulheres devem conversar com um ginecologista sobre todos os métodos disponíveis, entendendo os prós e contras de cada um – a partir daí, podem escolher aquele que faz mais sentido para elas.

“Tudo deve ser considerado: hábitos, histórico familiar de saúde, se e quando deseja engravidar, entre outros aspectos”, exemplifica a médica.

O ginecologista e obstetra Alexandre Pupo, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), acrescenta que é essencial ter confiança no médico e no método escolhido. “Se a mulher estiver resistente a um método e o médico insistir nele, ela pode inclusive sentir mais efeitos colaterais”, conta.

Há riscos associados aos anticoncepcionais hormonais?

De acordo com os especialistas escutados pelo Estadão, atualmente os anticoncepcionais são feitos com doses menores de hormônios, visando justamente minimizar os seus efeitos colaterais. Dessa forma, é possível utilizar métodos hormonais com mais segurança, e ainda contar com benefícios no caso de acne, cólica ou fluxo menstrual intenso, por exemplo.

Mesmo assim, para quem já tem predisposição genética, a depender do tipo e da dosagem hormonal, esses anticoncepcionais podem aumentar o risco de:

  • Trombose;
  • Câncer;
  • Doenças cardiovasculares e infarto;
  • Acidente vascular cerebral (AVC);
  • Queda de libido;
  • Sensibilidade mamária;
  • Acne;
  • Enxaqueca;
  • Cólicas.

Os anticoncepcionais hormonais podem ser ministrados via:

  • Pílula (o uso é diário e, geralmente, combina os hormônios estrogênio e progesterona);
  • Adesivo (normalmente é trocado uma vez por semana);
  • Injeção (pode ser mensal quando alia estradiol e progesterona, ou trimestral, se for só de progesterona);
  • Implante subcutâneo (normalmente dura três anos);
  • Anel vaginal (costuma ser feito de látex, solta estradiol e progesterona e dura três semanas);
  • DIU (Mirena ou Kyleena, ambos de progesterona, e com duração de cerca de cinco anos).
A maioria das pílulas anticoncepcionais combina dois hormônios: progesterona e estrogênio. Foto: Freepik

O que pode substituir o anticoncepcional hormonal?

Os métodos anticoncepcionais não hormonais até então conhecidos são:

  • DIU de cobre: dispositivo colocado dentro do útero que, ao liberar íons (componente químico) de cobre, reduz a mobilidade dos espermatozoides, dificultando que eles cheguem às trompas, onde acontece a fertilização. Se mesmo assim um óvulo é fecundado, o dispositivo dificulta a implantação dele na cavidade uterina;
  • DIU de cobre com prata: o dispositivo funciona da mesma maneira que o DIU de cobre, porém, a presença da prata altera a fragmentação do cobre dentro do útero, diminuindo o processo inflamatório causado pelo metal. O objetivo disso é reduzir as cólicas e o fluxo menstrual;
  • Diafragma: é uma “capinha”, geralmente feita de uma borracha fina, que a mulher coloca no fundo da vagina antes da relação sexual. Ao tapar o colo do útero, ele evita a penetração de espermatozoides. De preferência, deve ser usado junto com um espermicida, uma substância que mata os espermatozoides;
  • Camisinha: material fino e flexível, geralmente feito de látex, que é colocado no pênis (camisinha masculina) ou na vagina (camisinha feminina) durante a relação sexual para impedir que o esperma entre no canal vaginal;
  • Laqueadura: método cirúrgico e irreversível em que o médico corta as tubas uterinas e amarra as suas extremidades ou coloca um anel em volta das trompas, impedindo assim que espermatozoides acessem os óvulos;
  • Tabelinha: a mulher registra as fases do seu ciclo menstrual de acordo com o primeiro dia da menstruação. Dessa forma, é possível evitar relações sexuais sem camisinha no período fértil e, consequentemente, a fecundação;
  • Método sintotermal: medição de temperatura e muco vaginal para identificação do período fértil, indicando, assim, quando a relação sexual sem camisinha deve ser evitada (esse método geralmente é combinado com a tabelinha);
  • Coito interrompido: ato de, durante a relação sexual, retirar o pênis da vagina antes da ejaculação para, dessa forma, evitar que o esperma entre no canal vaginal. No entanto, tem baixa efetividade, pois as secreções do pênis na fase de excitação podem conter espermatozoides.

DIU de cobre: sem hormônios, e com efeito de longo prazo

O DIU feito de cobre ou de cobre com prata tende a atrair bastante interesse porque não é feito de hormônios e, ao mesmo tempo, tem duração prolongada, de aproximadamente cinco anos. Sem falar que não depende da memória da usuária, como a pílula anticoncepcional.

Os dois tipos (sem ou com a prata) funcionam principalmente como métodos de barreira, impedindo a chegada dos espermatozoides nas tubas uterinas, onde encontrariam os óvulos. Mas não é só isso. Segundo Karina, o cobre também tem a capacidade de oxidar os espermatozoides. Dessa maneira, além de criar uma barreira física contra a fecundação do óvulo, o dispositivo torna o ambiente uterino inóspito para os gametas masculinos.

O DIU de cobre é um dispositivo inserido pelo médico no útero da mulher para evitar que espermatozoides cheguem às trompas. O método é reversível e não interfere nas relações sexuais. Foto: Creative Commons

O DIU de cobre com prata é uma versão mais moderna. Funciona igual ao de cobre, mas tem um anel de prata em sua composição, cujo objetivo principal é reduzir sintomas como cólica e aumento de fluxo menstrual – que incomodam muita gente que usa a versão 100% cobre.

Em geral, esses são os prós e contras das duas versões do DIU de cobre:

  • Vantagens: têm alta eficácia contraceptiva, não possuem hormônios, podem ser colocados rapidamente no consultório médico, funcionam bem sem que a mulher precise fazer nada e têm alta durabilidade (cerca de cinco anos);
  • Desvantagens: podem causar cólica (especialmente aquele composto só de cobre), pois o corpo tende a tentar “expelir” aquele objeto estranho do útero. Não têm efeitos positivos contra acne, ovário policístico e outros problemas.

Quais são os métodos anticoncepcionais naturais? Eles são eficazes?

Os métodos anticoncepcionais considerados naturais são aqueles baseados em tradições milenares e que não dependem de nenhuma interferência externa no corpo, como tabelinha, coito interrompido e medição de temperatura e de muco vaginal.

Segundo os médicos, exceto o coito interrompido, todos são eficazes, mas apenas para mulheres que têm o ciclo menstrual regulado. Isso porque só é possível engravidar na fase do ciclo em que há óvulos disponíveis – logo, ao evitar relação sem camisinha no período fértil, não haverá fecundação. Mas é importante ressaltar que as secreções do pênis na fase de excitação podem ter espermatozoides e, por isso, o coito interrompido pode falhar.

“O muco vaginal se altera de dois a três dias antes da ovulação, e permanece alterado até uns dois dias depois. Por conta da elevação dos hormônios, deixa de ficar viscoso e passa a ter um aspecto cristalino, semelhante à clara de ovo. Ao pegar entre os dedos e abri-lo, gera um filamento que não se rompe, como se fosse um queijo derretido”, descreve Pupo.

Já a temperatura vaginal fica cerca de dois graus mais alta no período fértil. Por isso, a mulher deve medi-la todos os dias com um termômetro e avaliar quando acontece essa alteração. De preferência, os três métodos devem ser combinados para uma medição de ciclo menstrual mais efetiva.

“Se a mulher tiver um ciclo muito regulado e fizer todas as medições certinho, ela terá entre 10% e 20% de chance de engravidar”, calcula Gustavo Maciel, ginecologista do Fleury Medicina e Saúde. A título de comparação, a probabilidade de engravidar utilizando camisinha gira em torno de 5%.

Maciel alerta, no entanto, que poucas mulheres têm a disciplina e o controle necessários em relação ao seu corpo e ao ciclo menstrual para garantir a eficácia desses métodos. Por isso, eles não são tão recomendados.

  • Vantagens: não interferem no funcionamento do organismo, não causam efeitos colaterais e não têm prazo de validade;
  • Desvantagens: têm uma eficácia menor que os outros métodos, só funcionam para mulheres com ciclo extremamente regulado e não apresentam efeitos positivos contra acne, ovário policístico e outros problemas.

Como fazer a tabelinha para não engravidar?

A tabelinha nada mais é do que um calendário em que a mulher anota as fases do seu ciclo menstrual com o objetivo de demarcar o período fértil e evitar sexo sem camisinha ao longo dele. Como o ciclo varia de mulher para mulher (algumas menstruam mais dias, outras menos, por exemplo), a medição deve ser feita individualmente e por pelo menos seis meses até que se tenha certeza de qual é o padrão.

“Você pega o seu ciclo mais curto em seis meses e também o seu ciclo mais longo nesse mesmo período. Aí, adiciona dois dias antes e dois dias depois como margem de erro para o período fértil”, recomenda Pupo. Hoje, alguns aplicativos de celular fazem essa contabilização a partir das marcações da mulher.

Entenda o passo a passo da tabelinha:

  • Marque na agenda o primeiro dia da sua menstruação. Ele define o início do ciclo;
  • Aguarde até o início da próxima menstruação (começo do novo ciclo) e marque-o na agenda. Conte o número de dias entre as duas marcações, pois isso indica a duração do seu ciclo menstrual, que tende ser de 25 a 30 dias;
  • Conte 14 dias para trás do dia do início da sua segunda menstruação. Esse é o dia em que você ovulou. Marque-o na agenda, circulando também dois dias antes e dois dias depois dessa ovulação;
  • Repita o processo por seis meses;
  • Analise qual foi o ciclo mais longo (número de dias) e o mais curto ao longo desses seis meses;
  • Considere o seu período fértil padrão como o conjunto de dias entre o início do período fértil do ciclo mais curto e o fim do período fértil do ciclo mais longo.

Por exemplo: considerando uma mulher que nos últimos seis meses teve um ciclo mais curto de 28 dias e um mais longo de 30 dias, a ovulação dela ocorre entre o 14º dia e o 16º dia. Assim, é recomendado evitar relações sexuais desprotegidas entre o 12º dia e o 18º dia do ciclo.

A tabelinha ajuda mulher a conhecer seu ciclo menstrual e evitar gravidez indesejada. Foto: Freepik

Qual o método contraceptivo com menos efeitos colaterais? E qual tem mais?

Entre os métodos contraceptivos hormonais, os DIUs são os que causam menos efeitos colaterais. Isso porque, ao contrário da pílula, do implante, da injeção e do adesivo, esse dispositivo tem uma ação localizada, afetando apenas o útero. “Entre as duas opções disponíveis no mercado, o Kyleena causa ainda menos efeitos colaterais, porque tem uma dosagem hormonal menor”, acrescenta Pupo.

Por outro lado, o especialista aponta que o implante hormonal pode ser o mais perigoso quando feito em farmácias de manipulação – algo similar aos “chips da beleza”. Hoje, apenas o Implanon é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que garante que ele tenha dosagens determinadas de hormônios e uma bula com todos os efeitos colaterais e regras para uso.

Gustavo acrescenta que a pílula oral também tem mais efeitos colaterais, já que passa pelo sistema digestivo. Ele tem mais chances de causar enxaqueca, náusea e mal-estar.

Já entre os métodos não hormonais, os especialistas defendem a camisinha como um dos mais eficazes e com menos efeitos colaterais – desde que seja utilizada corretamente, e em todas as relações sexuais. Os DIUs de cobre ou cobre com prata também são considerados métodos com bom custo-benefício, embora possam causar cólicas.

Nos últimos anos, muitas mulheres começaram a procurar métodos anticoncepcionais sem hormônios, por considerá-los menos prejudiciais à saúde. O principal medo em relação às versões hormonais tem a ver com os efeitos colaterais, como quadros de trombose. Mas uma parcela também relata uma mudança em relação à percepção do próprio corpo, refletida na busca por se reconectar com seu funcionamento natural e viver o ciclo menstrual sem influências externas.

“Durante a pandemia, terminei um namoro e parei para refletir sobre o fato de que tomava pílula há oito anos. Eu nem sabia mais como era o meu corpo sem a interferência dos hormônios, principalmente no que diz respeito ao aspecto emocional e à libido“, diz a assessora de imprensa Mariana Rocha, de 29 anos. “Quando comecei a ter relações sexuais, o médico só disse ‘toma isso aqui’ e eu aceitei, sem questionar ou pesquisar sobre o assunto”, afirma.

Mariana Rocha, 29 anos, começou a tomar pílula anticoncepcional aos 18, quando começou a namorar. "O médico falou 'toma isso' e eu apenas aceitei", diz. Foto: Aceituno Jr/ Estadão

Mariana decidiu, então, colocar um dispositivo intrauterino (DIU) de cobre com prata, um método anticoncepcional livre de hormônios. “A principal mudança foi sentir mais disposição e um aumento na minha libido. Também tive cólicas bem mais fortes, mas já esperava por isso, porque era um problema que eu tinha antes de começar a tomar a pílula”, descreve.

Informações confiáveis para uma decisão consciente

Segundo a ginecologista, obstetra e mastologista Karina Belickas Carreiro, do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP), parar com a pílula ou qualquer outro método contraceptivo hormonal não causa efeitos colaterais. O corpo da mulher apenas volta a funcionar naturalmente. Se ela tinha problemas como acne, cólica e/ou fluxo menstrual desregulado, eles voltarão a aparecer.

“O que percebo é que muitas mulheres começam a usar hormônios muito cedo. Então, elas não conhecem o próprio corpo. E quando ele começa a funcionar naturalmente, sem a influência de hormônios, há um estranhamento”, analisa a especialista.

É o caso da servidora pública Fernanda Prado, de 30 anos. Ela começou a tomar pílula na adolescência, aos 12 anos, após se queixar de espinhas, cólica e ser diagnosticada com ovário policístico. “Só fui parar aos 28 anos. Depois de fazer alguns exames, me disseram que eu não tinha ovário policístico. Acredito que eu devia ter algo ‘normal’ da puberdade e que não precisaria ter sido submetida a hormônios tão nova”, especula.

Para Karina, o uso (ou não) de hormônios deve ser uma escolha tomada conscientemente, a partir de informações detalhadas. Além de conhecer o próprio corpo, as mulheres devem conversar com um ginecologista sobre todos os métodos disponíveis, entendendo os prós e contras de cada um – a partir daí, podem escolher aquele que faz mais sentido para elas.

“Tudo deve ser considerado: hábitos, histórico familiar de saúde, se e quando deseja engravidar, entre outros aspectos”, exemplifica a médica.

O ginecologista e obstetra Alexandre Pupo, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), acrescenta que é essencial ter confiança no médico e no método escolhido. “Se a mulher estiver resistente a um método e o médico insistir nele, ela pode inclusive sentir mais efeitos colaterais”, conta.

Há riscos associados aos anticoncepcionais hormonais?

De acordo com os especialistas escutados pelo Estadão, atualmente os anticoncepcionais são feitos com doses menores de hormônios, visando justamente minimizar os seus efeitos colaterais. Dessa forma, é possível utilizar métodos hormonais com mais segurança, e ainda contar com benefícios no caso de acne, cólica ou fluxo menstrual intenso, por exemplo.

Mesmo assim, para quem já tem predisposição genética, a depender do tipo e da dosagem hormonal, esses anticoncepcionais podem aumentar o risco de:

  • Trombose;
  • Câncer;
  • Doenças cardiovasculares e infarto;
  • Acidente vascular cerebral (AVC);
  • Queda de libido;
  • Sensibilidade mamária;
  • Acne;
  • Enxaqueca;
  • Cólicas.

Os anticoncepcionais hormonais podem ser ministrados via:

  • Pílula (o uso é diário e, geralmente, combina os hormônios estrogênio e progesterona);
  • Adesivo (normalmente é trocado uma vez por semana);
  • Injeção (pode ser mensal quando alia estradiol e progesterona, ou trimestral, se for só de progesterona);
  • Implante subcutâneo (normalmente dura três anos);
  • Anel vaginal (costuma ser feito de látex, solta estradiol e progesterona e dura três semanas);
  • DIU (Mirena ou Kyleena, ambos de progesterona, e com duração de cerca de cinco anos).
A maioria das pílulas anticoncepcionais combina dois hormônios: progesterona e estrogênio. Foto: Freepik

O que pode substituir o anticoncepcional hormonal?

Os métodos anticoncepcionais não hormonais até então conhecidos são:

  • DIU de cobre: dispositivo colocado dentro do útero que, ao liberar íons (componente químico) de cobre, reduz a mobilidade dos espermatozoides, dificultando que eles cheguem às trompas, onde acontece a fertilização. Se mesmo assim um óvulo é fecundado, o dispositivo dificulta a implantação dele na cavidade uterina;
  • DIU de cobre com prata: o dispositivo funciona da mesma maneira que o DIU de cobre, porém, a presença da prata altera a fragmentação do cobre dentro do útero, diminuindo o processo inflamatório causado pelo metal. O objetivo disso é reduzir as cólicas e o fluxo menstrual;
  • Diafragma: é uma “capinha”, geralmente feita de uma borracha fina, que a mulher coloca no fundo da vagina antes da relação sexual. Ao tapar o colo do útero, ele evita a penetração de espermatozoides. De preferência, deve ser usado junto com um espermicida, uma substância que mata os espermatozoides;
  • Camisinha: material fino e flexível, geralmente feito de látex, que é colocado no pênis (camisinha masculina) ou na vagina (camisinha feminina) durante a relação sexual para impedir que o esperma entre no canal vaginal;
  • Laqueadura: método cirúrgico e irreversível em que o médico corta as tubas uterinas e amarra as suas extremidades ou coloca um anel em volta das trompas, impedindo assim que espermatozoides acessem os óvulos;
  • Tabelinha: a mulher registra as fases do seu ciclo menstrual de acordo com o primeiro dia da menstruação. Dessa forma, é possível evitar relações sexuais sem camisinha no período fértil e, consequentemente, a fecundação;
  • Método sintotermal: medição de temperatura e muco vaginal para identificação do período fértil, indicando, assim, quando a relação sexual sem camisinha deve ser evitada (esse método geralmente é combinado com a tabelinha);
  • Coito interrompido: ato de, durante a relação sexual, retirar o pênis da vagina antes da ejaculação para, dessa forma, evitar que o esperma entre no canal vaginal. No entanto, tem baixa efetividade, pois as secreções do pênis na fase de excitação podem conter espermatozoides.

DIU de cobre: sem hormônios, e com efeito de longo prazo

O DIU feito de cobre ou de cobre com prata tende a atrair bastante interesse porque não é feito de hormônios e, ao mesmo tempo, tem duração prolongada, de aproximadamente cinco anos. Sem falar que não depende da memória da usuária, como a pílula anticoncepcional.

Os dois tipos (sem ou com a prata) funcionam principalmente como métodos de barreira, impedindo a chegada dos espermatozoides nas tubas uterinas, onde encontrariam os óvulos. Mas não é só isso. Segundo Karina, o cobre também tem a capacidade de oxidar os espermatozoides. Dessa maneira, além de criar uma barreira física contra a fecundação do óvulo, o dispositivo torna o ambiente uterino inóspito para os gametas masculinos.

O DIU de cobre é um dispositivo inserido pelo médico no útero da mulher para evitar que espermatozoides cheguem às trompas. O método é reversível e não interfere nas relações sexuais. Foto: Creative Commons

O DIU de cobre com prata é uma versão mais moderna. Funciona igual ao de cobre, mas tem um anel de prata em sua composição, cujo objetivo principal é reduzir sintomas como cólica e aumento de fluxo menstrual – que incomodam muita gente que usa a versão 100% cobre.

Em geral, esses são os prós e contras das duas versões do DIU de cobre:

  • Vantagens: têm alta eficácia contraceptiva, não possuem hormônios, podem ser colocados rapidamente no consultório médico, funcionam bem sem que a mulher precise fazer nada e têm alta durabilidade (cerca de cinco anos);
  • Desvantagens: podem causar cólica (especialmente aquele composto só de cobre), pois o corpo tende a tentar “expelir” aquele objeto estranho do útero. Não têm efeitos positivos contra acne, ovário policístico e outros problemas.

Quais são os métodos anticoncepcionais naturais? Eles são eficazes?

Os métodos anticoncepcionais considerados naturais são aqueles baseados em tradições milenares e que não dependem de nenhuma interferência externa no corpo, como tabelinha, coito interrompido e medição de temperatura e de muco vaginal.

Segundo os médicos, exceto o coito interrompido, todos são eficazes, mas apenas para mulheres que têm o ciclo menstrual regulado. Isso porque só é possível engravidar na fase do ciclo em que há óvulos disponíveis – logo, ao evitar relação sem camisinha no período fértil, não haverá fecundação. Mas é importante ressaltar que as secreções do pênis na fase de excitação podem ter espermatozoides e, por isso, o coito interrompido pode falhar.

“O muco vaginal se altera de dois a três dias antes da ovulação, e permanece alterado até uns dois dias depois. Por conta da elevação dos hormônios, deixa de ficar viscoso e passa a ter um aspecto cristalino, semelhante à clara de ovo. Ao pegar entre os dedos e abri-lo, gera um filamento que não se rompe, como se fosse um queijo derretido”, descreve Pupo.

Já a temperatura vaginal fica cerca de dois graus mais alta no período fértil. Por isso, a mulher deve medi-la todos os dias com um termômetro e avaliar quando acontece essa alteração. De preferência, os três métodos devem ser combinados para uma medição de ciclo menstrual mais efetiva.

“Se a mulher tiver um ciclo muito regulado e fizer todas as medições certinho, ela terá entre 10% e 20% de chance de engravidar”, calcula Gustavo Maciel, ginecologista do Fleury Medicina e Saúde. A título de comparação, a probabilidade de engravidar utilizando camisinha gira em torno de 5%.

Maciel alerta, no entanto, que poucas mulheres têm a disciplina e o controle necessários em relação ao seu corpo e ao ciclo menstrual para garantir a eficácia desses métodos. Por isso, eles não são tão recomendados.

  • Vantagens: não interferem no funcionamento do organismo, não causam efeitos colaterais e não têm prazo de validade;
  • Desvantagens: têm uma eficácia menor que os outros métodos, só funcionam para mulheres com ciclo extremamente regulado e não apresentam efeitos positivos contra acne, ovário policístico e outros problemas.

Como fazer a tabelinha para não engravidar?

A tabelinha nada mais é do que um calendário em que a mulher anota as fases do seu ciclo menstrual com o objetivo de demarcar o período fértil e evitar sexo sem camisinha ao longo dele. Como o ciclo varia de mulher para mulher (algumas menstruam mais dias, outras menos, por exemplo), a medição deve ser feita individualmente e por pelo menos seis meses até que se tenha certeza de qual é o padrão.

“Você pega o seu ciclo mais curto em seis meses e também o seu ciclo mais longo nesse mesmo período. Aí, adiciona dois dias antes e dois dias depois como margem de erro para o período fértil”, recomenda Pupo. Hoje, alguns aplicativos de celular fazem essa contabilização a partir das marcações da mulher.

Entenda o passo a passo da tabelinha:

  • Marque na agenda o primeiro dia da sua menstruação. Ele define o início do ciclo;
  • Aguarde até o início da próxima menstruação (começo do novo ciclo) e marque-o na agenda. Conte o número de dias entre as duas marcações, pois isso indica a duração do seu ciclo menstrual, que tende ser de 25 a 30 dias;
  • Conte 14 dias para trás do dia do início da sua segunda menstruação. Esse é o dia em que você ovulou. Marque-o na agenda, circulando também dois dias antes e dois dias depois dessa ovulação;
  • Repita o processo por seis meses;
  • Analise qual foi o ciclo mais longo (número de dias) e o mais curto ao longo desses seis meses;
  • Considere o seu período fértil padrão como o conjunto de dias entre o início do período fértil do ciclo mais curto e o fim do período fértil do ciclo mais longo.

Por exemplo: considerando uma mulher que nos últimos seis meses teve um ciclo mais curto de 28 dias e um mais longo de 30 dias, a ovulação dela ocorre entre o 14º dia e o 16º dia. Assim, é recomendado evitar relações sexuais desprotegidas entre o 12º dia e o 18º dia do ciclo.

A tabelinha ajuda mulher a conhecer seu ciclo menstrual e evitar gravidez indesejada. Foto: Freepik

Qual o método contraceptivo com menos efeitos colaterais? E qual tem mais?

Entre os métodos contraceptivos hormonais, os DIUs são os que causam menos efeitos colaterais. Isso porque, ao contrário da pílula, do implante, da injeção e do adesivo, esse dispositivo tem uma ação localizada, afetando apenas o útero. “Entre as duas opções disponíveis no mercado, o Kyleena causa ainda menos efeitos colaterais, porque tem uma dosagem hormonal menor”, acrescenta Pupo.

Por outro lado, o especialista aponta que o implante hormonal pode ser o mais perigoso quando feito em farmácias de manipulação – algo similar aos “chips da beleza”. Hoje, apenas o Implanon é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que garante que ele tenha dosagens determinadas de hormônios e uma bula com todos os efeitos colaterais e regras para uso.

Gustavo acrescenta que a pílula oral também tem mais efeitos colaterais, já que passa pelo sistema digestivo. Ele tem mais chances de causar enxaqueca, náusea e mal-estar.

Já entre os métodos não hormonais, os especialistas defendem a camisinha como um dos mais eficazes e com menos efeitos colaterais – desde que seja utilizada corretamente, e em todas as relações sexuais. Os DIUs de cobre ou cobre com prata também são considerados métodos com bom custo-benefício, embora possam causar cólicas.

Nos últimos anos, muitas mulheres começaram a procurar métodos anticoncepcionais sem hormônios, por considerá-los menos prejudiciais à saúde. O principal medo em relação às versões hormonais tem a ver com os efeitos colaterais, como quadros de trombose. Mas uma parcela também relata uma mudança em relação à percepção do próprio corpo, refletida na busca por se reconectar com seu funcionamento natural e viver o ciclo menstrual sem influências externas.

“Durante a pandemia, terminei um namoro e parei para refletir sobre o fato de que tomava pílula há oito anos. Eu nem sabia mais como era o meu corpo sem a interferência dos hormônios, principalmente no que diz respeito ao aspecto emocional e à libido“, diz a assessora de imprensa Mariana Rocha, de 29 anos. “Quando comecei a ter relações sexuais, o médico só disse ‘toma isso aqui’ e eu aceitei, sem questionar ou pesquisar sobre o assunto”, afirma.

Mariana Rocha, 29 anos, começou a tomar pílula anticoncepcional aos 18, quando começou a namorar. "O médico falou 'toma isso' e eu apenas aceitei", diz. Foto: Aceituno Jr/ Estadão

Mariana decidiu, então, colocar um dispositivo intrauterino (DIU) de cobre com prata, um método anticoncepcional livre de hormônios. “A principal mudança foi sentir mais disposição e um aumento na minha libido. Também tive cólicas bem mais fortes, mas já esperava por isso, porque era um problema que eu tinha antes de começar a tomar a pílula”, descreve.

Informações confiáveis para uma decisão consciente

Segundo a ginecologista, obstetra e mastologista Karina Belickas Carreiro, do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP), parar com a pílula ou qualquer outro método contraceptivo hormonal não causa efeitos colaterais. O corpo da mulher apenas volta a funcionar naturalmente. Se ela tinha problemas como acne, cólica e/ou fluxo menstrual desregulado, eles voltarão a aparecer.

“O que percebo é que muitas mulheres começam a usar hormônios muito cedo. Então, elas não conhecem o próprio corpo. E quando ele começa a funcionar naturalmente, sem a influência de hormônios, há um estranhamento”, analisa a especialista.

É o caso da servidora pública Fernanda Prado, de 30 anos. Ela começou a tomar pílula na adolescência, aos 12 anos, após se queixar de espinhas, cólica e ser diagnosticada com ovário policístico. “Só fui parar aos 28 anos. Depois de fazer alguns exames, me disseram que eu não tinha ovário policístico. Acredito que eu devia ter algo ‘normal’ da puberdade e que não precisaria ter sido submetida a hormônios tão nova”, especula.

Para Karina, o uso (ou não) de hormônios deve ser uma escolha tomada conscientemente, a partir de informações detalhadas. Além de conhecer o próprio corpo, as mulheres devem conversar com um ginecologista sobre todos os métodos disponíveis, entendendo os prós e contras de cada um – a partir daí, podem escolher aquele que faz mais sentido para elas.

“Tudo deve ser considerado: hábitos, histórico familiar de saúde, se e quando deseja engravidar, entre outros aspectos”, exemplifica a médica.

O ginecologista e obstetra Alexandre Pupo, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), acrescenta que é essencial ter confiança no médico e no método escolhido. “Se a mulher estiver resistente a um método e o médico insistir nele, ela pode inclusive sentir mais efeitos colaterais”, conta.

Há riscos associados aos anticoncepcionais hormonais?

De acordo com os especialistas escutados pelo Estadão, atualmente os anticoncepcionais são feitos com doses menores de hormônios, visando justamente minimizar os seus efeitos colaterais. Dessa forma, é possível utilizar métodos hormonais com mais segurança, e ainda contar com benefícios no caso de acne, cólica ou fluxo menstrual intenso, por exemplo.

Mesmo assim, para quem já tem predisposição genética, a depender do tipo e da dosagem hormonal, esses anticoncepcionais podem aumentar o risco de:

  • Trombose;
  • Câncer;
  • Doenças cardiovasculares e infarto;
  • Acidente vascular cerebral (AVC);
  • Queda de libido;
  • Sensibilidade mamária;
  • Acne;
  • Enxaqueca;
  • Cólicas.

Os anticoncepcionais hormonais podem ser ministrados via:

  • Pílula (o uso é diário e, geralmente, combina os hormônios estrogênio e progesterona);
  • Adesivo (normalmente é trocado uma vez por semana);
  • Injeção (pode ser mensal quando alia estradiol e progesterona, ou trimestral, se for só de progesterona);
  • Implante subcutâneo (normalmente dura três anos);
  • Anel vaginal (costuma ser feito de látex, solta estradiol e progesterona e dura três semanas);
  • DIU (Mirena ou Kyleena, ambos de progesterona, e com duração de cerca de cinco anos).
A maioria das pílulas anticoncepcionais combina dois hormônios: progesterona e estrogênio. Foto: Freepik

O que pode substituir o anticoncepcional hormonal?

Os métodos anticoncepcionais não hormonais até então conhecidos são:

  • DIU de cobre: dispositivo colocado dentro do útero que, ao liberar íons (componente químico) de cobre, reduz a mobilidade dos espermatozoides, dificultando que eles cheguem às trompas, onde acontece a fertilização. Se mesmo assim um óvulo é fecundado, o dispositivo dificulta a implantação dele na cavidade uterina;
  • DIU de cobre com prata: o dispositivo funciona da mesma maneira que o DIU de cobre, porém, a presença da prata altera a fragmentação do cobre dentro do útero, diminuindo o processo inflamatório causado pelo metal. O objetivo disso é reduzir as cólicas e o fluxo menstrual;
  • Diafragma: é uma “capinha”, geralmente feita de uma borracha fina, que a mulher coloca no fundo da vagina antes da relação sexual. Ao tapar o colo do útero, ele evita a penetração de espermatozoides. De preferência, deve ser usado junto com um espermicida, uma substância que mata os espermatozoides;
  • Camisinha: material fino e flexível, geralmente feito de látex, que é colocado no pênis (camisinha masculina) ou na vagina (camisinha feminina) durante a relação sexual para impedir que o esperma entre no canal vaginal;
  • Laqueadura: método cirúrgico e irreversível em que o médico corta as tubas uterinas e amarra as suas extremidades ou coloca um anel em volta das trompas, impedindo assim que espermatozoides acessem os óvulos;
  • Tabelinha: a mulher registra as fases do seu ciclo menstrual de acordo com o primeiro dia da menstruação. Dessa forma, é possível evitar relações sexuais sem camisinha no período fértil e, consequentemente, a fecundação;
  • Método sintotermal: medição de temperatura e muco vaginal para identificação do período fértil, indicando, assim, quando a relação sexual sem camisinha deve ser evitada (esse método geralmente é combinado com a tabelinha);
  • Coito interrompido: ato de, durante a relação sexual, retirar o pênis da vagina antes da ejaculação para, dessa forma, evitar que o esperma entre no canal vaginal. No entanto, tem baixa efetividade, pois as secreções do pênis na fase de excitação podem conter espermatozoides.

DIU de cobre: sem hormônios, e com efeito de longo prazo

O DIU feito de cobre ou de cobre com prata tende a atrair bastante interesse porque não é feito de hormônios e, ao mesmo tempo, tem duração prolongada, de aproximadamente cinco anos. Sem falar que não depende da memória da usuária, como a pílula anticoncepcional.

Os dois tipos (sem ou com a prata) funcionam principalmente como métodos de barreira, impedindo a chegada dos espermatozoides nas tubas uterinas, onde encontrariam os óvulos. Mas não é só isso. Segundo Karina, o cobre também tem a capacidade de oxidar os espermatozoides. Dessa maneira, além de criar uma barreira física contra a fecundação do óvulo, o dispositivo torna o ambiente uterino inóspito para os gametas masculinos.

O DIU de cobre é um dispositivo inserido pelo médico no útero da mulher para evitar que espermatozoides cheguem às trompas. O método é reversível e não interfere nas relações sexuais. Foto: Creative Commons

O DIU de cobre com prata é uma versão mais moderna. Funciona igual ao de cobre, mas tem um anel de prata em sua composição, cujo objetivo principal é reduzir sintomas como cólica e aumento de fluxo menstrual – que incomodam muita gente que usa a versão 100% cobre.

Em geral, esses são os prós e contras das duas versões do DIU de cobre:

  • Vantagens: têm alta eficácia contraceptiva, não possuem hormônios, podem ser colocados rapidamente no consultório médico, funcionam bem sem que a mulher precise fazer nada e têm alta durabilidade (cerca de cinco anos);
  • Desvantagens: podem causar cólica (especialmente aquele composto só de cobre), pois o corpo tende a tentar “expelir” aquele objeto estranho do útero. Não têm efeitos positivos contra acne, ovário policístico e outros problemas.

Quais são os métodos anticoncepcionais naturais? Eles são eficazes?

Os métodos anticoncepcionais considerados naturais são aqueles baseados em tradições milenares e que não dependem de nenhuma interferência externa no corpo, como tabelinha, coito interrompido e medição de temperatura e de muco vaginal.

Segundo os médicos, exceto o coito interrompido, todos são eficazes, mas apenas para mulheres que têm o ciclo menstrual regulado. Isso porque só é possível engravidar na fase do ciclo em que há óvulos disponíveis – logo, ao evitar relação sem camisinha no período fértil, não haverá fecundação. Mas é importante ressaltar que as secreções do pênis na fase de excitação podem ter espermatozoides e, por isso, o coito interrompido pode falhar.

“O muco vaginal se altera de dois a três dias antes da ovulação, e permanece alterado até uns dois dias depois. Por conta da elevação dos hormônios, deixa de ficar viscoso e passa a ter um aspecto cristalino, semelhante à clara de ovo. Ao pegar entre os dedos e abri-lo, gera um filamento que não se rompe, como se fosse um queijo derretido”, descreve Pupo.

Já a temperatura vaginal fica cerca de dois graus mais alta no período fértil. Por isso, a mulher deve medi-la todos os dias com um termômetro e avaliar quando acontece essa alteração. De preferência, os três métodos devem ser combinados para uma medição de ciclo menstrual mais efetiva.

“Se a mulher tiver um ciclo muito regulado e fizer todas as medições certinho, ela terá entre 10% e 20% de chance de engravidar”, calcula Gustavo Maciel, ginecologista do Fleury Medicina e Saúde. A título de comparação, a probabilidade de engravidar utilizando camisinha gira em torno de 5%.

Maciel alerta, no entanto, que poucas mulheres têm a disciplina e o controle necessários em relação ao seu corpo e ao ciclo menstrual para garantir a eficácia desses métodos. Por isso, eles não são tão recomendados.

  • Vantagens: não interferem no funcionamento do organismo, não causam efeitos colaterais e não têm prazo de validade;
  • Desvantagens: têm uma eficácia menor que os outros métodos, só funcionam para mulheres com ciclo extremamente regulado e não apresentam efeitos positivos contra acne, ovário policístico e outros problemas.

Como fazer a tabelinha para não engravidar?

A tabelinha nada mais é do que um calendário em que a mulher anota as fases do seu ciclo menstrual com o objetivo de demarcar o período fértil e evitar sexo sem camisinha ao longo dele. Como o ciclo varia de mulher para mulher (algumas menstruam mais dias, outras menos, por exemplo), a medição deve ser feita individualmente e por pelo menos seis meses até que se tenha certeza de qual é o padrão.

“Você pega o seu ciclo mais curto em seis meses e também o seu ciclo mais longo nesse mesmo período. Aí, adiciona dois dias antes e dois dias depois como margem de erro para o período fértil”, recomenda Pupo. Hoje, alguns aplicativos de celular fazem essa contabilização a partir das marcações da mulher.

Entenda o passo a passo da tabelinha:

  • Marque na agenda o primeiro dia da sua menstruação. Ele define o início do ciclo;
  • Aguarde até o início da próxima menstruação (começo do novo ciclo) e marque-o na agenda. Conte o número de dias entre as duas marcações, pois isso indica a duração do seu ciclo menstrual, que tende ser de 25 a 30 dias;
  • Conte 14 dias para trás do dia do início da sua segunda menstruação. Esse é o dia em que você ovulou. Marque-o na agenda, circulando também dois dias antes e dois dias depois dessa ovulação;
  • Repita o processo por seis meses;
  • Analise qual foi o ciclo mais longo (número de dias) e o mais curto ao longo desses seis meses;
  • Considere o seu período fértil padrão como o conjunto de dias entre o início do período fértil do ciclo mais curto e o fim do período fértil do ciclo mais longo.

Por exemplo: considerando uma mulher que nos últimos seis meses teve um ciclo mais curto de 28 dias e um mais longo de 30 dias, a ovulação dela ocorre entre o 14º dia e o 16º dia. Assim, é recomendado evitar relações sexuais desprotegidas entre o 12º dia e o 18º dia do ciclo.

A tabelinha ajuda mulher a conhecer seu ciclo menstrual e evitar gravidez indesejada. Foto: Freepik

Qual o método contraceptivo com menos efeitos colaterais? E qual tem mais?

Entre os métodos contraceptivos hormonais, os DIUs são os que causam menos efeitos colaterais. Isso porque, ao contrário da pílula, do implante, da injeção e do adesivo, esse dispositivo tem uma ação localizada, afetando apenas o útero. “Entre as duas opções disponíveis no mercado, o Kyleena causa ainda menos efeitos colaterais, porque tem uma dosagem hormonal menor”, acrescenta Pupo.

Por outro lado, o especialista aponta que o implante hormonal pode ser o mais perigoso quando feito em farmácias de manipulação – algo similar aos “chips da beleza”. Hoje, apenas o Implanon é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que garante que ele tenha dosagens determinadas de hormônios e uma bula com todos os efeitos colaterais e regras para uso.

Gustavo acrescenta que a pílula oral também tem mais efeitos colaterais, já que passa pelo sistema digestivo. Ele tem mais chances de causar enxaqueca, náusea e mal-estar.

Já entre os métodos não hormonais, os especialistas defendem a camisinha como um dos mais eficazes e com menos efeitos colaterais – desde que seja utilizada corretamente, e em todas as relações sexuais. Os DIUs de cobre ou cobre com prata também são considerados métodos com bom custo-benefício, embora possam causar cólicas.

Nos últimos anos, muitas mulheres começaram a procurar métodos anticoncepcionais sem hormônios, por considerá-los menos prejudiciais à saúde. O principal medo em relação às versões hormonais tem a ver com os efeitos colaterais, como quadros de trombose. Mas uma parcela também relata uma mudança em relação à percepção do próprio corpo, refletida na busca por se reconectar com seu funcionamento natural e viver o ciclo menstrual sem influências externas.

“Durante a pandemia, terminei um namoro e parei para refletir sobre o fato de que tomava pílula há oito anos. Eu nem sabia mais como era o meu corpo sem a interferência dos hormônios, principalmente no que diz respeito ao aspecto emocional e à libido“, diz a assessora de imprensa Mariana Rocha, de 29 anos. “Quando comecei a ter relações sexuais, o médico só disse ‘toma isso aqui’ e eu aceitei, sem questionar ou pesquisar sobre o assunto”, afirma.

Mariana Rocha, 29 anos, começou a tomar pílula anticoncepcional aos 18, quando começou a namorar. "O médico falou 'toma isso' e eu apenas aceitei", diz. Foto: Aceituno Jr/ Estadão

Mariana decidiu, então, colocar um dispositivo intrauterino (DIU) de cobre com prata, um método anticoncepcional livre de hormônios. “A principal mudança foi sentir mais disposição e um aumento na minha libido. Também tive cólicas bem mais fortes, mas já esperava por isso, porque era um problema que eu tinha antes de começar a tomar a pílula”, descreve.

Informações confiáveis para uma decisão consciente

Segundo a ginecologista, obstetra e mastologista Karina Belickas Carreiro, do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP), parar com a pílula ou qualquer outro método contraceptivo hormonal não causa efeitos colaterais. O corpo da mulher apenas volta a funcionar naturalmente. Se ela tinha problemas como acne, cólica e/ou fluxo menstrual desregulado, eles voltarão a aparecer.

“O que percebo é que muitas mulheres começam a usar hormônios muito cedo. Então, elas não conhecem o próprio corpo. E quando ele começa a funcionar naturalmente, sem a influência de hormônios, há um estranhamento”, analisa a especialista.

É o caso da servidora pública Fernanda Prado, de 30 anos. Ela começou a tomar pílula na adolescência, aos 12 anos, após se queixar de espinhas, cólica e ser diagnosticada com ovário policístico. “Só fui parar aos 28 anos. Depois de fazer alguns exames, me disseram que eu não tinha ovário policístico. Acredito que eu devia ter algo ‘normal’ da puberdade e que não precisaria ter sido submetida a hormônios tão nova”, especula.

Para Karina, o uso (ou não) de hormônios deve ser uma escolha tomada conscientemente, a partir de informações detalhadas. Além de conhecer o próprio corpo, as mulheres devem conversar com um ginecologista sobre todos os métodos disponíveis, entendendo os prós e contras de cada um – a partir daí, podem escolher aquele que faz mais sentido para elas.

“Tudo deve ser considerado: hábitos, histórico familiar de saúde, se e quando deseja engravidar, entre outros aspectos”, exemplifica a médica.

O ginecologista e obstetra Alexandre Pupo, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), acrescenta que é essencial ter confiança no médico e no método escolhido. “Se a mulher estiver resistente a um método e o médico insistir nele, ela pode inclusive sentir mais efeitos colaterais”, conta.

Há riscos associados aos anticoncepcionais hormonais?

De acordo com os especialistas escutados pelo Estadão, atualmente os anticoncepcionais são feitos com doses menores de hormônios, visando justamente minimizar os seus efeitos colaterais. Dessa forma, é possível utilizar métodos hormonais com mais segurança, e ainda contar com benefícios no caso de acne, cólica ou fluxo menstrual intenso, por exemplo.

Mesmo assim, para quem já tem predisposição genética, a depender do tipo e da dosagem hormonal, esses anticoncepcionais podem aumentar o risco de:

  • Trombose;
  • Câncer;
  • Doenças cardiovasculares e infarto;
  • Acidente vascular cerebral (AVC);
  • Queda de libido;
  • Sensibilidade mamária;
  • Acne;
  • Enxaqueca;
  • Cólicas.

Os anticoncepcionais hormonais podem ser ministrados via:

  • Pílula (o uso é diário e, geralmente, combina os hormônios estrogênio e progesterona);
  • Adesivo (normalmente é trocado uma vez por semana);
  • Injeção (pode ser mensal quando alia estradiol e progesterona, ou trimestral, se for só de progesterona);
  • Implante subcutâneo (normalmente dura três anos);
  • Anel vaginal (costuma ser feito de látex, solta estradiol e progesterona e dura três semanas);
  • DIU (Mirena ou Kyleena, ambos de progesterona, e com duração de cerca de cinco anos).
A maioria das pílulas anticoncepcionais combina dois hormônios: progesterona e estrogênio. Foto: Freepik

O que pode substituir o anticoncepcional hormonal?

Os métodos anticoncepcionais não hormonais até então conhecidos são:

  • DIU de cobre: dispositivo colocado dentro do útero que, ao liberar íons (componente químico) de cobre, reduz a mobilidade dos espermatozoides, dificultando que eles cheguem às trompas, onde acontece a fertilização. Se mesmo assim um óvulo é fecundado, o dispositivo dificulta a implantação dele na cavidade uterina;
  • DIU de cobre com prata: o dispositivo funciona da mesma maneira que o DIU de cobre, porém, a presença da prata altera a fragmentação do cobre dentro do útero, diminuindo o processo inflamatório causado pelo metal. O objetivo disso é reduzir as cólicas e o fluxo menstrual;
  • Diafragma: é uma “capinha”, geralmente feita de uma borracha fina, que a mulher coloca no fundo da vagina antes da relação sexual. Ao tapar o colo do útero, ele evita a penetração de espermatozoides. De preferência, deve ser usado junto com um espermicida, uma substância que mata os espermatozoides;
  • Camisinha: material fino e flexível, geralmente feito de látex, que é colocado no pênis (camisinha masculina) ou na vagina (camisinha feminina) durante a relação sexual para impedir que o esperma entre no canal vaginal;
  • Laqueadura: método cirúrgico e irreversível em que o médico corta as tubas uterinas e amarra as suas extremidades ou coloca um anel em volta das trompas, impedindo assim que espermatozoides acessem os óvulos;
  • Tabelinha: a mulher registra as fases do seu ciclo menstrual de acordo com o primeiro dia da menstruação. Dessa forma, é possível evitar relações sexuais sem camisinha no período fértil e, consequentemente, a fecundação;
  • Método sintotermal: medição de temperatura e muco vaginal para identificação do período fértil, indicando, assim, quando a relação sexual sem camisinha deve ser evitada (esse método geralmente é combinado com a tabelinha);
  • Coito interrompido: ato de, durante a relação sexual, retirar o pênis da vagina antes da ejaculação para, dessa forma, evitar que o esperma entre no canal vaginal. No entanto, tem baixa efetividade, pois as secreções do pênis na fase de excitação podem conter espermatozoides.

DIU de cobre: sem hormônios, e com efeito de longo prazo

O DIU feito de cobre ou de cobre com prata tende a atrair bastante interesse porque não é feito de hormônios e, ao mesmo tempo, tem duração prolongada, de aproximadamente cinco anos. Sem falar que não depende da memória da usuária, como a pílula anticoncepcional.

Os dois tipos (sem ou com a prata) funcionam principalmente como métodos de barreira, impedindo a chegada dos espermatozoides nas tubas uterinas, onde encontrariam os óvulos. Mas não é só isso. Segundo Karina, o cobre também tem a capacidade de oxidar os espermatozoides. Dessa maneira, além de criar uma barreira física contra a fecundação do óvulo, o dispositivo torna o ambiente uterino inóspito para os gametas masculinos.

O DIU de cobre é um dispositivo inserido pelo médico no útero da mulher para evitar que espermatozoides cheguem às trompas. O método é reversível e não interfere nas relações sexuais. Foto: Creative Commons

O DIU de cobre com prata é uma versão mais moderna. Funciona igual ao de cobre, mas tem um anel de prata em sua composição, cujo objetivo principal é reduzir sintomas como cólica e aumento de fluxo menstrual – que incomodam muita gente que usa a versão 100% cobre.

Em geral, esses são os prós e contras das duas versões do DIU de cobre:

  • Vantagens: têm alta eficácia contraceptiva, não possuem hormônios, podem ser colocados rapidamente no consultório médico, funcionam bem sem que a mulher precise fazer nada e têm alta durabilidade (cerca de cinco anos);
  • Desvantagens: podem causar cólica (especialmente aquele composto só de cobre), pois o corpo tende a tentar “expelir” aquele objeto estranho do útero. Não têm efeitos positivos contra acne, ovário policístico e outros problemas.

Quais são os métodos anticoncepcionais naturais? Eles são eficazes?

Os métodos anticoncepcionais considerados naturais são aqueles baseados em tradições milenares e que não dependem de nenhuma interferência externa no corpo, como tabelinha, coito interrompido e medição de temperatura e de muco vaginal.

Segundo os médicos, exceto o coito interrompido, todos são eficazes, mas apenas para mulheres que têm o ciclo menstrual regulado. Isso porque só é possível engravidar na fase do ciclo em que há óvulos disponíveis – logo, ao evitar relação sem camisinha no período fértil, não haverá fecundação. Mas é importante ressaltar que as secreções do pênis na fase de excitação podem ter espermatozoides e, por isso, o coito interrompido pode falhar.

“O muco vaginal se altera de dois a três dias antes da ovulação, e permanece alterado até uns dois dias depois. Por conta da elevação dos hormônios, deixa de ficar viscoso e passa a ter um aspecto cristalino, semelhante à clara de ovo. Ao pegar entre os dedos e abri-lo, gera um filamento que não se rompe, como se fosse um queijo derretido”, descreve Pupo.

Já a temperatura vaginal fica cerca de dois graus mais alta no período fértil. Por isso, a mulher deve medi-la todos os dias com um termômetro e avaliar quando acontece essa alteração. De preferência, os três métodos devem ser combinados para uma medição de ciclo menstrual mais efetiva.

“Se a mulher tiver um ciclo muito regulado e fizer todas as medições certinho, ela terá entre 10% e 20% de chance de engravidar”, calcula Gustavo Maciel, ginecologista do Fleury Medicina e Saúde. A título de comparação, a probabilidade de engravidar utilizando camisinha gira em torno de 5%.

Maciel alerta, no entanto, que poucas mulheres têm a disciplina e o controle necessários em relação ao seu corpo e ao ciclo menstrual para garantir a eficácia desses métodos. Por isso, eles não são tão recomendados.

  • Vantagens: não interferem no funcionamento do organismo, não causam efeitos colaterais e não têm prazo de validade;
  • Desvantagens: têm uma eficácia menor que os outros métodos, só funcionam para mulheres com ciclo extremamente regulado e não apresentam efeitos positivos contra acne, ovário policístico e outros problemas.

Como fazer a tabelinha para não engravidar?

A tabelinha nada mais é do que um calendário em que a mulher anota as fases do seu ciclo menstrual com o objetivo de demarcar o período fértil e evitar sexo sem camisinha ao longo dele. Como o ciclo varia de mulher para mulher (algumas menstruam mais dias, outras menos, por exemplo), a medição deve ser feita individualmente e por pelo menos seis meses até que se tenha certeza de qual é o padrão.

“Você pega o seu ciclo mais curto em seis meses e também o seu ciclo mais longo nesse mesmo período. Aí, adiciona dois dias antes e dois dias depois como margem de erro para o período fértil”, recomenda Pupo. Hoje, alguns aplicativos de celular fazem essa contabilização a partir das marcações da mulher.

Entenda o passo a passo da tabelinha:

  • Marque na agenda o primeiro dia da sua menstruação. Ele define o início do ciclo;
  • Aguarde até o início da próxima menstruação (começo do novo ciclo) e marque-o na agenda. Conte o número de dias entre as duas marcações, pois isso indica a duração do seu ciclo menstrual, que tende ser de 25 a 30 dias;
  • Conte 14 dias para trás do dia do início da sua segunda menstruação. Esse é o dia em que você ovulou. Marque-o na agenda, circulando também dois dias antes e dois dias depois dessa ovulação;
  • Repita o processo por seis meses;
  • Analise qual foi o ciclo mais longo (número de dias) e o mais curto ao longo desses seis meses;
  • Considere o seu período fértil padrão como o conjunto de dias entre o início do período fértil do ciclo mais curto e o fim do período fértil do ciclo mais longo.

Por exemplo: considerando uma mulher que nos últimos seis meses teve um ciclo mais curto de 28 dias e um mais longo de 30 dias, a ovulação dela ocorre entre o 14º dia e o 16º dia. Assim, é recomendado evitar relações sexuais desprotegidas entre o 12º dia e o 18º dia do ciclo.

A tabelinha ajuda mulher a conhecer seu ciclo menstrual e evitar gravidez indesejada. Foto: Freepik

Qual o método contraceptivo com menos efeitos colaterais? E qual tem mais?

Entre os métodos contraceptivos hormonais, os DIUs são os que causam menos efeitos colaterais. Isso porque, ao contrário da pílula, do implante, da injeção e do adesivo, esse dispositivo tem uma ação localizada, afetando apenas o útero. “Entre as duas opções disponíveis no mercado, o Kyleena causa ainda menos efeitos colaterais, porque tem uma dosagem hormonal menor”, acrescenta Pupo.

Por outro lado, o especialista aponta que o implante hormonal pode ser o mais perigoso quando feito em farmácias de manipulação – algo similar aos “chips da beleza”. Hoje, apenas o Implanon é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que garante que ele tenha dosagens determinadas de hormônios e uma bula com todos os efeitos colaterais e regras para uso.

Gustavo acrescenta que a pílula oral também tem mais efeitos colaterais, já que passa pelo sistema digestivo. Ele tem mais chances de causar enxaqueca, náusea e mal-estar.

Já entre os métodos não hormonais, os especialistas defendem a camisinha como um dos mais eficazes e com menos efeitos colaterais – desde que seja utilizada corretamente, e em todas as relações sexuais. Os DIUs de cobre ou cobre com prata também são considerados métodos com bom custo-benefício, embora possam causar cólicas.

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