Psiquiatria e sociedade

Opinião|O que dizer para alguém enlutado


É possível ajudar o outro a processar a perda. Para isso, é preciso focar na vida

Por Daniel Martins de Barros
Atualização:

Sempre que um feriado cai numa quinta-feira é sinônimo de festa no Brasil. Feriadão, emenda, ponte – gostamos tanto que temos várias palavras para nos referirmos a essas grandes folgas. “Vai emendar?”, perguntamos uns aos outros. “O que vai fazer no feriado?”, questionamos, já pressupondo que algo tem que ser feito, afinal. Muitos dirão que vão viajar, outros preferirão desfrutar da cidade mais calma e vazia. Mas poucos dirão que vão ao cemitério. A não ser no Dia de Finados.

Dois de novembro é Dia dos Mortos em vários locais do mundo cristão, embora celebrar a memória dos antepassados já falecidos não seja exclusividade do cristianismo. A presença disseminada de rituais com esse objetivo em diversas culturas, tempos e locais, mostra que acalentar lembranças deve ser realmente uma estratégia eficaz para enfrentar a dor da perda.

Oferecer uma palavra pode servir de grande alívio a quem está de luto Foto: Dragana Gordic/Adobe Stock
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Seu benefício não depende da crença na vida após a morte ou na esperança de um reencontro futuro em outro plano de existência. Mesmo sem acreditar nisso, a celebração da vida e da memória dos que se foram é capaz de nos dar ânimo para seguir em frente apesar das perdas.

Não por acaso essa é uma das melhores coisas a se falar para quem está enlutado. Pode ser estranho, constrangedor mesmo, conversar pela primeira vez com alguém que sabemos ter perdido um ente querido. Eu mesmo sempre tive dificuldade em saber o que dizer nessas horas.

Estudando o tema descobri que minha insegurança não deveria ser motivo para eu deixar de dizer algo que poderia ser bom para a pessoa. Oferecer uma palavra pode servir de grande alívio, transmitindo a sensação de que a pessoa não está sozinha atravessando aquele sofrimento. Ainda assim, pode ser difícil saber o que dizer.

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Um simples “sinto muito”, acompanhado de um sincero lamento pela dor do outro já é bastante. Mas se for possível – se houver espaço ou intimidade para tanto – ajuda ainda mais ir além e compartilhar memórias da pessoa falecida, relembrar momentos bons e divertidos, de preferência que ilustrem as qualidades de quem se foi. Isso alivia a tristeza a ajuda a processar a perda. Aquilo que intuitivamente fazemos nos velórios, trocando histórias entre os amigos e parentes, é uma forma eficaz nos consolarmos.

Podemos fazer isso a qualquer momento, em qualquer data, claro, não apenas no Dia de Finados. Mas, ao reservarmos um dia específico para colocar a memória dos falecidos em primeiro plano, nós os trazemos de volta por um breve momento, reafirmando a potência da vida mesmo diante da inevitabilidade da morte.

Sempre que um feriado cai numa quinta-feira é sinônimo de festa no Brasil. Feriadão, emenda, ponte – gostamos tanto que temos várias palavras para nos referirmos a essas grandes folgas. “Vai emendar?”, perguntamos uns aos outros. “O que vai fazer no feriado?”, questionamos, já pressupondo que algo tem que ser feito, afinal. Muitos dirão que vão viajar, outros preferirão desfrutar da cidade mais calma e vazia. Mas poucos dirão que vão ao cemitério. A não ser no Dia de Finados.

Dois de novembro é Dia dos Mortos em vários locais do mundo cristão, embora celebrar a memória dos antepassados já falecidos não seja exclusividade do cristianismo. A presença disseminada de rituais com esse objetivo em diversas culturas, tempos e locais, mostra que acalentar lembranças deve ser realmente uma estratégia eficaz para enfrentar a dor da perda.

Oferecer uma palavra pode servir de grande alívio a quem está de luto Foto: Dragana Gordic/Adobe Stock

Seu benefício não depende da crença na vida após a morte ou na esperança de um reencontro futuro em outro plano de existência. Mesmo sem acreditar nisso, a celebração da vida e da memória dos que se foram é capaz de nos dar ânimo para seguir em frente apesar das perdas.

Não por acaso essa é uma das melhores coisas a se falar para quem está enlutado. Pode ser estranho, constrangedor mesmo, conversar pela primeira vez com alguém que sabemos ter perdido um ente querido. Eu mesmo sempre tive dificuldade em saber o que dizer nessas horas.

Estudando o tema descobri que minha insegurança não deveria ser motivo para eu deixar de dizer algo que poderia ser bom para a pessoa. Oferecer uma palavra pode servir de grande alívio, transmitindo a sensação de que a pessoa não está sozinha atravessando aquele sofrimento. Ainda assim, pode ser difícil saber o que dizer.

Um simples “sinto muito”, acompanhado de um sincero lamento pela dor do outro já é bastante. Mas se for possível – se houver espaço ou intimidade para tanto – ajuda ainda mais ir além e compartilhar memórias da pessoa falecida, relembrar momentos bons e divertidos, de preferência que ilustrem as qualidades de quem se foi. Isso alivia a tristeza a ajuda a processar a perda. Aquilo que intuitivamente fazemos nos velórios, trocando histórias entre os amigos e parentes, é uma forma eficaz nos consolarmos.

Podemos fazer isso a qualquer momento, em qualquer data, claro, não apenas no Dia de Finados. Mas, ao reservarmos um dia específico para colocar a memória dos falecidos em primeiro plano, nós os trazemos de volta por um breve momento, reafirmando a potência da vida mesmo diante da inevitabilidade da morte.

Sempre que um feriado cai numa quinta-feira é sinônimo de festa no Brasil. Feriadão, emenda, ponte – gostamos tanto que temos várias palavras para nos referirmos a essas grandes folgas. “Vai emendar?”, perguntamos uns aos outros. “O que vai fazer no feriado?”, questionamos, já pressupondo que algo tem que ser feito, afinal. Muitos dirão que vão viajar, outros preferirão desfrutar da cidade mais calma e vazia. Mas poucos dirão que vão ao cemitério. A não ser no Dia de Finados.

Dois de novembro é Dia dos Mortos em vários locais do mundo cristão, embora celebrar a memória dos antepassados já falecidos não seja exclusividade do cristianismo. A presença disseminada de rituais com esse objetivo em diversas culturas, tempos e locais, mostra que acalentar lembranças deve ser realmente uma estratégia eficaz para enfrentar a dor da perda.

Oferecer uma palavra pode servir de grande alívio a quem está de luto Foto: Dragana Gordic/Adobe Stock

Seu benefício não depende da crença na vida após a morte ou na esperança de um reencontro futuro em outro plano de existência. Mesmo sem acreditar nisso, a celebração da vida e da memória dos que se foram é capaz de nos dar ânimo para seguir em frente apesar das perdas.

Não por acaso essa é uma das melhores coisas a se falar para quem está enlutado. Pode ser estranho, constrangedor mesmo, conversar pela primeira vez com alguém que sabemos ter perdido um ente querido. Eu mesmo sempre tive dificuldade em saber o que dizer nessas horas.

Estudando o tema descobri que minha insegurança não deveria ser motivo para eu deixar de dizer algo que poderia ser bom para a pessoa. Oferecer uma palavra pode servir de grande alívio, transmitindo a sensação de que a pessoa não está sozinha atravessando aquele sofrimento. Ainda assim, pode ser difícil saber o que dizer.

Um simples “sinto muito”, acompanhado de um sincero lamento pela dor do outro já é bastante. Mas se for possível – se houver espaço ou intimidade para tanto – ajuda ainda mais ir além e compartilhar memórias da pessoa falecida, relembrar momentos bons e divertidos, de preferência que ilustrem as qualidades de quem se foi. Isso alivia a tristeza a ajuda a processar a perda. Aquilo que intuitivamente fazemos nos velórios, trocando histórias entre os amigos e parentes, é uma forma eficaz nos consolarmos.

Podemos fazer isso a qualquer momento, em qualquer data, claro, não apenas no Dia de Finados. Mas, ao reservarmos um dia específico para colocar a memória dos falecidos em primeiro plano, nós os trazemos de volta por um breve momento, reafirmando a potência da vida mesmo diante da inevitabilidade da morte.

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Opinião por Daniel Martins de Barros

Professor colaborador do Dep. de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP. Autor do livro 'Rir é Preciso'

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