Psiquiatria e sociedade

Opinião|Por que nunca estamos satisfeitos?


O ser humano é um projeto imperfeito, então tudo em que estamos envolvidos está cercado de falhas

Você, que não é completamente satisfeito com sua vida, está em boa companhia. Ninguém é. Não completamente. O ser humano é um projeto imperfeito. Então, tudo em que estamos envolvidos está cercado de falhas, ou no mínimo de limitações. Mesmo o que nos parece irretocável traz junto insatisfação.

Quando uma refeição foi perfeita terminamos satisfeitos, mas estaríamos ainda mais satisfeitos se conseguíssemos continuar comendo. “Pena que não cabe mais”, dizemos. Se a comida não estava assim tão boa, ficamos satisfeitos ao saciar a fome, mas claro que ficaríamos muito mais se a comida fosse melhor. E então ficaríamos insatisfeitos por ter de parar de comer.

Diante dessa ambiguidade, nossa atenção oscila entre os aspectos satisfatórios e os insatisfatórios da vida. Às vezes sentimos que as coisas estão boas, mas deveriam estar melhores. Outras vezes é o contrário: achamos que poderiam melhorar, mas não estão muito ruins. O equilíbrio dessa ênfase é importante para não vivermos revoltados nem indiferentes.

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Ao focarmos demais no que falta, vivemos num desconforto contínuo, incapazes de desfrutar os bons momentos. Mas se fechamos os olhos para os problemas, nos tornamos apáticos, incapazes de mudar o que precisa melhorar. A vida boa depende de termos um ajuste flexível, que consiga variar a depender das circunstâncias. Quando nossa percepção emperra, perdemos a capacidade de avaliar a realidade.

É assim que se criam radicais. Os projetos de radicalização começam por insuflar a insatisfação das pessoas. Um grupo grande é alcançado por mensagens reforçando apenas o que existe de errado numa situação. Convencida de que está tudo muito ruim, parte dessas pessoas vai aderir a ideias que se propõem a explicar e a corrigir o estado de coisas. E à parcela que for cooptada por tal ideologia serão apresentados responsáveis pelos problemas, a partir de então considerados inimigos.

Uma parte menor se convencerá de que é preciso eliminar os inimigos, e desses uns poucos passarão a justificar qualquer meio para tanto. E é desse grupo que saem os criminosos que acreditam lutar pelo bem.

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Veja que há um afunilamento progressivo, e por isso a base dessa pirâmide do fanatismo precisa ser grande. Ao mesmo tempo, é ali que se pode atuar mais efetivamente para prevenção. No topo da pirâmide estão pessoas mais radicalizadas, que talvez nem sendo presas percebam que estavam erradas. Mas nas pessoas da base ainda é possível resgatar a flexibilidade entre a satisfação e a insatisfação. Prevenir o fanatismo, no fundo, é ajudar o tal cidadão de bem a voltar a ser apenas uma pessoa de boa.

Você, que não é completamente satisfeito com sua vida, está em boa companhia. Ninguém é. Não completamente. O ser humano é um projeto imperfeito. Então, tudo em que estamos envolvidos está cercado de falhas, ou no mínimo de limitações. Mesmo o que nos parece irretocável traz junto insatisfação.

Quando uma refeição foi perfeita terminamos satisfeitos, mas estaríamos ainda mais satisfeitos se conseguíssemos continuar comendo. “Pena que não cabe mais”, dizemos. Se a comida não estava assim tão boa, ficamos satisfeitos ao saciar a fome, mas claro que ficaríamos muito mais se a comida fosse melhor. E então ficaríamos insatisfeitos por ter de parar de comer.

Diante dessa ambiguidade, nossa atenção oscila entre os aspectos satisfatórios e os insatisfatórios da vida. Às vezes sentimos que as coisas estão boas, mas deveriam estar melhores. Outras vezes é o contrário: achamos que poderiam melhorar, mas não estão muito ruins. O equilíbrio dessa ênfase é importante para não vivermos revoltados nem indiferentes.

Ao focarmos demais no que falta, vivemos num desconforto contínuo, incapazes de desfrutar os bons momentos. Mas se fechamos os olhos para os problemas, nos tornamos apáticos, incapazes de mudar o que precisa melhorar. A vida boa depende de termos um ajuste flexível, que consiga variar a depender das circunstâncias. Quando nossa percepção emperra, perdemos a capacidade de avaliar a realidade.

É assim que se criam radicais. Os projetos de radicalização começam por insuflar a insatisfação das pessoas. Um grupo grande é alcançado por mensagens reforçando apenas o que existe de errado numa situação. Convencida de que está tudo muito ruim, parte dessas pessoas vai aderir a ideias que se propõem a explicar e a corrigir o estado de coisas. E à parcela que for cooptada por tal ideologia serão apresentados responsáveis pelos problemas, a partir de então considerados inimigos.

Uma parte menor se convencerá de que é preciso eliminar os inimigos, e desses uns poucos passarão a justificar qualquer meio para tanto. E é desse grupo que saem os criminosos que acreditam lutar pelo bem.

Veja que há um afunilamento progressivo, e por isso a base dessa pirâmide do fanatismo precisa ser grande. Ao mesmo tempo, é ali que se pode atuar mais efetivamente para prevenção. No topo da pirâmide estão pessoas mais radicalizadas, que talvez nem sendo presas percebam que estavam erradas. Mas nas pessoas da base ainda é possível resgatar a flexibilidade entre a satisfação e a insatisfação. Prevenir o fanatismo, no fundo, é ajudar o tal cidadão de bem a voltar a ser apenas uma pessoa de boa.

Você, que não é completamente satisfeito com sua vida, está em boa companhia. Ninguém é. Não completamente. O ser humano é um projeto imperfeito. Então, tudo em que estamos envolvidos está cercado de falhas, ou no mínimo de limitações. Mesmo o que nos parece irretocável traz junto insatisfação.

Quando uma refeição foi perfeita terminamos satisfeitos, mas estaríamos ainda mais satisfeitos se conseguíssemos continuar comendo. “Pena que não cabe mais”, dizemos. Se a comida não estava assim tão boa, ficamos satisfeitos ao saciar a fome, mas claro que ficaríamos muito mais se a comida fosse melhor. E então ficaríamos insatisfeitos por ter de parar de comer.

Diante dessa ambiguidade, nossa atenção oscila entre os aspectos satisfatórios e os insatisfatórios da vida. Às vezes sentimos que as coisas estão boas, mas deveriam estar melhores. Outras vezes é o contrário: achamos que poderiam melhorar, mas não estão muito ruins. O equilíbrio dessa ênfase é importante para não vivermos revoltados nem indiferentes.

Ao focarmos demais no que falta, vivemos num desconforto contínuo, incapazes de desfrutar os bons momentos. Mas se fechamos os olhos para os problemas, nos tornamos apáticos, incapazes de mudar o que precisa melhorar. A vida boa depende de termos um ajuste flexível, que consiga variar a depender das circunstâncias. Quando nossa percepção emperra, perdemos a capacidade de avaliar a realidade.

É assim que se criam radicais. Os projetos de radicalização começam por insuflar a insatisfação das pessoas. Um grupo grande é alcançado por mensagens reforçando apenas o que existe de errado numa situação. Convencida de que está tudo muito ruim, parte dessas pessoas vai aderir a ideias que se propõem a explicar e a corrigir o estado de coisas. E à parcela que for cooptada por tal ideologia serão apresentados responsáveis pelos problemas, a partir de então considerados inimigos.

Uma parte menor se convencerá de que é preciso eliminar os inimigos, e desses uns poucos passarão a justificar qualquer meio para tanto. E é desse grupo que saem os criminosos que acreditam lutar pelo bem.

Veja que há um afunilamento progressivo, e por isso a base dessa pirâmide do fanatismo precisa ser grande. Ao mesmo tempo, é ali que se pode atuar mais efetivamente para prevenção. No topo da pirâmide estão pessoas mais radicalizadas, que talvez nem sendo presas percebam que estavam erradas. Mas nas pessoas da base ainda é possível resgatar a flexibilidade entre a satisfação e a insatisfação. Prevenir o fanatismo, no fundo, é ajudar o tal cidadão de bem a voltar a ser apenas uma pessoa de boa.

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