Dengue cresce no País com impacto social subestimado


Os surtos de dengue estão se tornando mais frequentes e mais impactantes no Brasil.

Por Takeda
Divulgação 

Os surtos de dengue estão se tornando mais frequentes e mais impactantes no Brasil. Na última década, houve crescimento nos números de casos e de mortes, apesar dos esforços aplicados no combate à proliferação do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença, e no treinamento de equipes médicas para diagnosticar e tratar casos graves. O impacto econômico e social das epidemias de dengue, que leva os pacientes a perderem dias de estudo e trabalho, é alto e ainda subestimado no País.

Com mais de 2,5 milhões de casos registrados nos últimos dois anos, o Brasil tem uma das maiores incidências de dengue no mundo. Os surtos do vírus, que há cerca de 20 anos se concentravam principalmente no Rio de Janeiro e na Região Nordeste, agora atingem regiões que não costumavam conviver com a doença.

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Ao contrário do que ocorre com muitas doenças, porém, a maioria das mortes é evitável com o tratamento adequado. É importante que o diagnóstico seja feito de maneira rápida para evitar o agravamento. Com a piora das crises de dengue, o investimento em ações de prevenção e na educação com foco no combate a essa e outras arboviroses tropicais – como zika vírus, chikungunya e febre amarela – nunca foi tão importante para evitar o adoecimento da população e os transtornos sociais que as epidemias trazem.

Nos últimos três anos, Brasil já ultrapassa números de dengue da década de 90

Na contramão das expectativas, estudo aponta para aumento dos surtos da doença no País, o que impacta diretamente a vida dos pacientes e a saúde pública

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Entre os anos de 2010 e 2019, o Brasil teve 9,6 milhões de infecções e 5,8 mil mortes por dengue1. Tanto o número de casos quanto o de óbitos nesse período representam mais do que o dobro do que foi registrado na década anterior, o que aponta para um aumento preocupante na frequência e na magnitude dos surtos da doença no País. É o que demonstra uma revisão sistemática da literatura científica sobre o impacto da doença na saúde pública e na vida dos pacientes, organizada pela biofarmacêutica Takeda e por especialistas em epidemiologia.

O crescimento no número de casos e mortes ocorreu à medida que os surtos de dengue ficaram mais fortes e frequentes: até 2010, o Brasil nunca havia chegado à marca de um milhão de casos em um ano; depois disso, porém, esse patamar foi ultrapassado em outras quatro ocasiões. Ou seja, o intervalo de tempo entre grandes surtos de dengue diminuiu consideravelmente. Dados mais recentes mostram que essa tendência de alta continuou ao longo dos últimos três anos. Do início de 2020 até julho de 2022, o Brasil já ultrapassou o número de casos e internações registrado em toda a década de 1990, e aproxima-se do número de mortes registrado na década de 2000, segundo dados do Ministério da Saúde2.

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Atenção às mudanças

Nos últimos dez anos, a dengue tem atingido fortemente regiões do País que passaram décadas com baixos índices de infecções e mortes. O Centro-Oeste tornou-se a região commaior incidência de dengue no País, com taxas de infecção que cresceram principalmente a partir de 2007. Hoje, são mais de 1,2 mil casos a cada 100 mil habitantes. Segundo o médico epidemiologista João Bosco Siqueira Júnior, pesquisador da Universidade Federal de Goiás (UFG), essa é uma mudança em relação às décadas anteriores, quando a Região Nordeste e o Rio de Janeiro tinham a maior proporção de casos.

“A Região Centro-Oeste passa a ter dengue de forma endêmica quase uma década depois do Nordeste e do Rio de Janeiro, e há diferenças na quantidade de pessoas que tinham anticorpos ou não”, explica Siqueira Júnior, que participou da revisão da literatura científica sobre a dengue no Brasil. Ele explica que, com os investimentos feitos ao longo de décadas no treinamento de equipes de saúde para diagnosticar corretamente e tratar a doença, a expectativa era de que o número de mortes no País diminuiria, em vez de aumentar. “Não deveria haver essa quantidade de óbitos, a gente poderia salvar muito mais vidas.”

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Apesar de atingir uma quantidade maior de pessoas na faixa dos 20 aos 39 anos, que coincide com a maior parte da população brasileira, há uma proporção maior de casos graves entre os mais jovens e os mais velhos1. O porcentual de hospitalizações dos casos de dengue foi maior na faixa etária de 6 a 10 anos. A letalidade por dengue foi maior entre pessoas que tinham doenças renais. Na comparação entre as faixas etárias, pessoas acima de 80 anos de idade tiveram a maior taxa de letalidade, seguidas por pacientes entre os 60 e os 79 anos.

Desafios e impactos

O diagnóstico preciso é um dos principais desafios que os profissionais de saúde enfrentam no combate à doença. Os sintomas mais comuns de dengue – febre, dor no corpo e no fundo dos olhos, mal-estar e manchas vermelhas no corpo – são mais frequentes em outros tipos de infecção, como chikungunya, zika e covid-19, em alguns casos. Essa dificuldade no diagnóstico pode levar tanto a erros no tratamento quanto à subnotificação da doença, sem contar os casos de sintomas leves ou assintomáticos em que não há procura pelo sistema de saúde. Isso também significa que o custo econômico e social da dengue é subestimado.

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Entre os impactos de surtos da doença no País estão os custos sociais e econômicos, que inclui a prevenção da doença por meio do controle de vetores. Quando uma pessoa fica doente, perde produtividade e são necessários investimentos públicos e privados para tratar os pacientes. O estudo organizado pela Takeda, que foi a primeira revisão sistemática a analisar os custos da dengue no Brasil, mostra que pacientes em idade economicamente ativa ficam de três a cinco dias internados com infecções por dengue, em média. Em alguns casos, porém, o período de hospitalização chegou a duas semanas. Os pacientes com dengue com sinais de alerta, dengue grave ou necessidade de transfusão de plaquetas tiveram o maior número de dias de internação.

Um dos estudos revisados pela equipe de pesquisadores estima um custo de mais de um bilhão de dólares por ano, do qual a maior parte é associada aos custos indiretos da doença. Os autores reforçam a ideia de que esse custo social provocado pela dengue é um aspecto pouco estudado, apesar do impacto negativo que a perda de dias de trabalho ou estudo pode provocar. “Pensando no paciente, o maior custo não é aquele direto com o atendimento médico, e sim o custo indireto com perda de produtividade, com perda de escola, perda de renda”, diz Siqueira Júnior.

Informações sobre dengue e as dicas para identificá-la e preveni-la estão disponíveis no portal Conheça Dengue e nas redes sociais do portal. Há seções com mitos e verdades sobre o vírus, informações de utilidade pública e links para estudos.

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Referências

1. Junior JBS, Massad E, Lobao-Neto A, Kastner R, Oliver L, Gallagher E. Epidemiology and costs of dengue in Brazil: a systematic literature review. Int J Infect Dis. 2022 Jul 3:S1201-9712(22)00383-6. Disponível em: https://www.ijidonline.com/article/S1201-9712(22)00383-6/fulltext. Acesso em novembro de 2022.

2. Ministério da Saúde. boletim epidemiológico 2022, 2021, 2020. Disponível em https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos.  Acesso em fevereiro de 2022.

Não deveria haver essa quantidade de óbitos, a gente poderia salvar muito mais vidas

Siqueira Júnio, Pesquisador da Universidade Federal de Goiás (UFG) que participou da revisão da literatura científica sobre a dengue no Brasil

Takeda vai apoiar o UNICEF na prevenção de doenças em mil municípios de 18 Estados

A região amazônica e o semiárido brasileiro receberão reforços na prevenção contra dengue, zika, chikungunya, febre amarela e outras doenças relacionadas à água e à transmissão por vetores como mosquitos. A Takeda passa a ser parceira do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em iniciativas de educação, água, saneamento e higiene em mil municípios de 18 Estados.

A parceria com o UNICEF tem início hoje, 19 novembro, data em que se celebra o Dia Nacional de Combate à Dengue. Com o apoio da Takeda, o fundo investirá em ações de educação para prevenção de doenças, além de facilitar o acesso à água limpa nas escolas, contribuir para a adoção de medidas de higiene e incentivar a implementação de Planos Municipais de Saneamento, entre outras ações.

Serão beneficiados quatro mil gestores de saúde e educação, além de dois mil adolescentes que vão aprender sobre o tema, podendo atuar como agentes de mudança contra doenças em suas comunidades.

Entre as principais iniciativas do UNICEF no Brasil, está o trabalho com foco em crianças, adolescentes, educadores e profissionais de saúde.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que 10% das doenças registradas no mundo podem ser evitadas com a ampliação do acesso à água e medidas de higiene. No Brasil, as piores taxas de saneamento estão nas Regiões Norte e Nordeste, foco da atuação do UNICEF. Diversos fatores contribuem para as epidemias de dengue, destacando-se a proliferação do mosquito Aedes aegypti e a infraestrutura urbana inadequada – pontos que o projeto ajudará a resolver. A parceria entre a Takeda e o UNICEF vai até outubro de 2024.

A parceria se soma a outros projetos que a Takeda apoia no País, com destaque para a redução de desigualdades sociais e melhora das condições de vida no planeta. Desde 2019, já foram apoiados 58 projetos com impactos para mais de 620 mil pessoas.

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Os surtos de dengue estão se tornando mais frequentes e mais impactantes no Brasil. Na última década, houve crescimento nos números de casos e de mortes, apesar dos esforços aplicados no combate à proliferação do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença, e no treinamento de equipes médicas para diagnosticar e tratar casos graves. O impacto econômico e social das epidemias de dengue, que leva os pacientes a perderem dias de estudo e trabalho, é alto e ainda subestimado no País.

Com mais de 2,5 milhões de casos registrados nos últimos dois anos, o Brasil tem uma das maiores incidências de dengue no mundo. Os surtos do vírus, que há cerca de 20 anos se concentravam principalmente no Rio de Janeiro e na Região Nordeste, agora atingem regiões que não costumavam conviver com a doença.

Ao contrário do que ocorre com muitas doenças, porém, a maioria das mortes é evitável com o tratamento adequado. É importante que o diagnóstico seja feito de maneira rápida para evitar o agravamento. Com a piora das crises de dengue, o investimento em ações de prevenção e na educação com foco no combate a essa e outras arboviroses tropicais – como zika vírus, chikungunya e febre amarela – nunca foi tão importante para evitar o adoecimento da população e os transtornos sociais que as epidemias trazem.

Nos últimos três anos, Brasil já ultrapassa números de dengue da década de 90

Na contramão das expectativas, estudo aponta para aumento dos surtos da doença no País, o que impacta diretamente a vida dos pacientes e a saúde pública

Entre os anos de 2010 e 2019, o Brasil teve 9,6 milhões de infecções e 5,8 mil mortes por dengue1. Tanto o número de casos quanto o de óbitos nesse período representam mais do que o dobro do que foi registrado na década anterior, o que aponta para um aumento preocupante na frequência e na magnitude dos surtos da doença no País. É o que demonstra uma revisão sistemática da literatura científica sobre o impacto da doença na saúde pública e na vida dos pacientes, organizada pela biofarmacêutica Takeda e por especialistas em epidemiologia.

O crescimento no número de casos e mortes ocorreu à medida que os surtos de dengue ficaram mais fortes e frequentes: até 2010, o Brasil nunca havia chegado à marca de um milhão de casos em um ano; depois disso, porém, esse patamar foi ultrapassado em outras quatro ocasiões. Ou seja, o intervalo de tempo entre grandes surtos de dengue diminuiu consideravelmente. Dados mais recentes mostram que essa tendência de alta continuou ao longo dos últimos três anos. Do início de 2020 até julho de 2022, o Brasil já ultrapassou o número de casos e internações registrado em toda a década de 1990, e aproxima-se do número de mortes registrado na década de 2000, segundo dados do Ministério da Saúde2.

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Atenção às mudanças

Nos últimos dez anos, a dengue tem atingido fortemente regiões do País que passaram décadas com baixos índices de infecções e mortes. O Centro-Oeste tornou-se a região commaior incidência de dengue no País, com taxas de infecção que cresceram principalmente a partir de 2007. Hoje, são mais de 1,2 mil casos a cada 100 mil habitantes. Segundo o médico epidemiologista João Bosco Siqueira Júnior, pesquisador da Universidade Federal de Goiás (UFG), essa é uma mudança em relação às décadas anteriores, quando a Região Nordeste e o Rio de Janeiro tinham a maior proporção de casos.

“A Região Centro-Oeste passa a ter dengue de forma endêmica quase uma década depois do Nordeste e do Rio de Janeiro, e há diferenças na quantidade de pessoas que tinham anticorpos ou não”, explica Siqueira Júnior, que participou da revisão da literatura científica sobre a dengue no Brasil. Ele explica que, com os investimentos feitos ao longo de décadas no treinamento de equipes de saúde para diagnosticar corretamente e tratar a doença, a expectativa era de que o número de mortes no País diminuiria, em vez de aumentar. “Não deveria haver essa quantidade de óbitos, a gente poderia salvar muito mais vidas.”

Apesar de atingir uma quantidade maior de pessoas na faixa dos 20 aos 39 anos, que coincide com a maior parte da população brasileira, há uma proporção maior de casos graves entre os mais jovens e os mais velhos1. O porcentual de hospitalizações dos casos de dengue foi maior na faixa etária de 6 a 10 anos. A letalidade por dengue foi maior entre pessoas que tinham doenças renais. Na comparação entre as faixas etárias, pessoas acima de 80 anos de idade tiveram a maior taxa de letalidade, seguidas por pacientes entre os 60 e os 79 anos.

Desafios e impactos

O diagnóstico preciso é um dos principais desafios que os profissionais de saúde enfrentam no combate à doença. Os sintomas mais comuns de dengue – febre, dor no corpo e no fundo dos olhos, mal-estar e manchas vermelhas no corpo – são mais frequentes em outros tipos de infecção, como chikungunya, zika e covid-19, em alguns casos. Essa dificuldade no diagnóstico pode levar tanto a erros no tratamento quanto à subnotificação da doença, sem contar os casos de sintomas leves ou assintomáticos em que não há procura pelo sistema de saúde. Isso também significa que o custo econômico e social da dengue é subestimado.

Entre os impactos de surtos da doença no País estão os custos sociais e econômicos, que inclui a prevenção da doença por meio do controle de vetores. Quando uma pessoa fica doente, perde produtividade e são necessários investimentos públicos e privados para tratar os pacientes. O estudo organizado pela Takeda, que foi a primeira revisão sistemática a analisar os custos da dengue no Brasil, mostra que pacientes em idade economicamente ativa ficam de três a cinco dias internados com infecções por dengue, em média. Em alguns casos, porém, o período de hospitalização chegou a duas semanas. Os pacientes com dengue com sinais de alerta, dengue grave ou necessidade de transfusão de plaquetas tiveram o maior número de dias de internação.

Um dos estudos revisados pela equipe de pesquisadores estima um custo de mais de um bilhão de dólares por ano, do qual a maior parte é associada aos custos indiretos da doença. Os autores reforçam a ideia de que esse custo social provocado pela dengue é um aspecto pouco estudado, apesar do impacto negativo que a perda de dias de trabalho ou estudo pode provocar. “Pensando no paciente, o maior custo não é aquele direto com o atendimento médico, e sim o custo indireto com perda de produtividade, com perda de escola, perda de renda”, diz Siqueira Júnior.

Informações sobre dengue e as dicas para identificá-la e preveni-la estão disponíveis no portal Conheça Dengue e nas redes sociais do portal. Há seções com mitos e verdades sobre o vírus, informações de utilidade pública e links para estudos.

Referências

1. Junior JBS, Massad E, Lobao-Neto A, Kastner R, Oliver L, Gallagher E. Epidemiology and costs of dengue in Brazil: a systematic literature review. Int J Infect Dis. 2022 Jul 3:S1201-9712(22)00383-6. Disponível em: https://www.ijidonline.com/article/S1201-9712(22)00383-6/fulltext. Acesso em novembro de 2022.

2. Ministério da Saúde. boletim epidemiológico 2022, 2021, 2020. Disponível em https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos.  Acesso em fevereiro de 2022.

Não deveria haver essa quantidade de óbitos, a gente poderia salvar muito mais vidas

Siqueira Júnio, Pesquisador da Universidade Federal de Goiás (UFG) que participou da revisão da literatura científica sobre a dengue no Brasil

Takeda vai apoiar o UNICEF na prevenção de doenças em mil municípios de 18 Estados

A região amazônica e o semiárido brasileiro receberão reforços na prevenção contra dengue, zika, chikungunya, febre amarela e outras doenças relacionadas à água e à transmissão por vetores como mosquitos. A Takeda passa a ser parceira do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em iniciativas de educação, água, saneamento e higiene em mil municípios de 18 Estados.

A parceria com o UNICEF tem início hoje, 19 novembro, data em que se celebra o Dia Nacional de Combate à Dengue. Com o apoio da Takeda, o fundo investirá em ações de educação para prevenção de doenças, além de facilitar o acesso à água limpa nas escolas, contribuir para a adoção de medidas de higiene e incentivar a implementação de Planos Municipais de Saneamento, entre outras ações.

Serão beneficiados quatro mil gestores de saúde e educação, além de dois mil adolescentes que vão aprender sobre o tema, podendo atuar como agentes de mudança contra doenças em suas comunidades.

Entre as principais iniciativas do UNICEF no Brasil, está o trabalho com foco em crianças, adolescentes, educadores e profissionais de saúde.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que 10% das doenças registradas no mundo podem ser evitadas com a ampliação do acesso à água e medidas de higiene. No Brasil, as piores taxas de saneamento estão nas Regiões Norte e Nordeste, foco da atuação do UNICEF. Diversos fatores contribuem para as epidemias de dengue, destacando-se a proliferação do mosquito Aedes aegypti e a infraestrutura urbana inadequada – pontos que o projeto ajudará a resolver. A parceria entre a Takeda e o UNICEF vai até outubro de 2024.

A parceria se soma a outros projetos que a Takeda apoia no País, com destaque para a redução de desigualdades sociais e melhora das condições de vida no planeta. Desde 2019, já foram apoiados 58 projetos com impactos para mais de 620 mil pessoas.

Divulgação 

Os surtos de dengue estão se tornando mais frequentes e mais impactantes no Brasil. Na última década, houve crescimento nos números de casos e de mortes, apesar dos esforços aplicados no combate à proliferação do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença, e no treinamento de equipes médicas para diagnosticar e tratar casos graves. O impacto econômico e social das epidemias de dengue, que leva os pacientes a perderem dias de estudo e trabalho, é alto e ainda subestimado no País.

Com mais de 2,5 milhões de casos registrados nos últimos dois anos, o Brasil tem uma das maiores incidências de dengue no mundo. Os surtos do vírus, que há cerca de 20 anos se concentravam principalmente no Rio de Janeiro e na Região Nordeste, agora atingem regiões que não costumavam conviver com a doença.

Ao contrário do que ocorre com muitas doenças, porém, a maioria das mortes é evitável com o tratamento adequado. É importante que o diagnóstico seja feito de maneira rápida para evitar o agravamento. Com a piora das crises de dengue, o investimento em ações de prevenção e na educação com foco no combate a essa e outras arboviroses tropicais – como zika vírus, chikungunya e febre amarela – nunca foi tão importante para evitar o adoecimento da população e os transtornos sociais que as epidemias trazem.

Nos últimos três anos, Brasil já ultrapassa números de dengue da década de 90

Na contramão das expectativas, estudo aponta para aumento dos surtos da doença no País, o que impacta diretamente a vida dos pacientes e a saúde pública

Entre os anos de 2010 e 2019, o Brasil teve 9,6 milhões de infecções e 5,8 mil mortes por dengue1. Tanto o número de casos quanto o de óbitos nesse período representam mais do que o dobro do que foi registrado na década anterior, o que aponta para um aumento preocupante na frequência e na magnitude dos surtos da doença no País. É o que demonstra uma revisão sistemática da literatura científica sobre o impacto da doença na saúde pública e na vida dos pacientes, organizada pela biofarmacêutica Takeda e por especialistas em epidemiologia.

O crescimento no número de casos e mortes ocorreu à medida que os surtos de dengue ficaram mais fortes e frequentes: até 2010, o Brasil nunca havia chegado à marca de um milhão de casos em um ano; depois disso, porém, esse patamar foi ultrapassado em outras quatro ocasiões. Ou seja, o intervalo de tempo entre grandes surtos de dengue diminuiu consideravelmente. Dados mais recentes mostram que essa tendência de alta continuou ao longo dos últimos três anos. Do início de 2020 até julho de 2022, o Brasil já ultrapassou o número de casos e internações registrado em toda a década de 1990, e aproxima-se do número de mortes registrado na década de 2000, segundo dados do Ministério da Saúde2.

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Atenção às mudanças

Nos últimos dez anos, a dengue tem atingido fortemente regiões do País que passaram décadas com baixos índices de infecções e mortes. O Centro-Oeste tornou-se a região commaior incidência de dengue no País, com taxas de infecção que cresceram principalmente a partir de 2007. Hoje, são mais de 1,2 mil casos a cada 100 mil habitantes. Segundo o médico epidemiologista João Bosco Siqueira Júnior, pesquisador da Universidade Federal de Goiás (UFG), essa é uma mudança em relação às décadas anteriores, quando a Região Nordeste e o Rio de Janeiro tinham a maior proporção de casos.

“A Região Centro-Oeste passa a ter dengue de forma endêmica quase uma década depois do Nordeste e do Rio de Janeiro, e há diferenças na quantidade de pessoas que tinham anticorpos ou não”, explica Siqueira Júnior, que participou da revisão da literatura científica sobre a dengue no Brasil. Ele explica que, com os investimentos feitos ao longo de décadas no treinamento de equipes de saúde para diagnosticar corretamente e tratar a doença, a expectativa era de que o número de mortes no País diminuiria, em vez de aumentar. “Não deveria haver essa quantidade de óbitos, a gente poderia salvar muito mais vidas.”

Apesar de atingir uma quantidade maior de pessoas na faixa dos 20 aos 39 anos, que coincide com a maior parte da população brasileira, há uma proporção maior de casos graves entre os mais jovens e os mais velhos1. O porcentual de hospitalizações dos casos de dengue foi maior na faixa etária de 6 a 10 anos. A letalidade por dengue foi maior entre pessoas que tinham doenças renais. Na comparação entre as faixas etárias, pessoas acima de 80 anos de idade tiveram a maior taxa de letalidade, seguidas por pacientes entre os 60 e os 79 anos.

Desafios e impactos

O diagnóstico preciso é um dos principais desafios que os profissionais de saúde enfrentam no combate à doença. Os sintomas mais comuns de dengue – febre, dor no corpo e no fundo dos olhos, mal-estar e manchas vermelhas no corpo – são mais frequentes em outros tipos de infecção, como chikungunya, zika e covid-19, em alguns casos. Essa dificuldade no diagnóstico pode levar tanto a erros no tratamento quanto à subnotificação da doença, sem contar os casos de sintomas leves ou assintomáticos em que não há procura pelo sistema de saúde. Isso também significa que o custo econômico e social da dengue é subestimado.

Entre os impactos de surtos da doença no País estão os custos sociais e econômicos, que inclui a prevenção da doença por meio do controle de vetores. Quando uma pessoa fica doente, perde produtividade e são necessários investimentos públicos e privados para tratar os pacientes. O estudo organizado pela Takeda, que foi a primeira revisão sistemática a analisar os custos da dengue no Brasil, mostra que pacientes em idade economicamente ativa ficam de três a cinco dias internados com infecções por dengue, em média. Em alguns casos, porém, o período de hospitalização chegou a duas semanas. Os pacientes com dengue com sinais de alerta, dengue grave ou necessidade de transfusão de plaquetas tiveram o maior número de dias de internação.

Um dos estudos revisados pela equipe de pesquisadores estima um custo de mais de um bilhão de dólares por ano, do qual a maior parte é associada aos custos indiretos da doença. Os autores reforçam a ideia de que esse custo social provocado pela dengue é um aspecto pouco estudado, apesar do impacto negativo que a perda de dias de trabalho ou estudo pode provocar. “Pensando no paciente, o maior custo não é aquele direto com o atendimento médico, e sim o custo indireto com perda de produtividade, com perda de escola, perda de renda”, diz Siqueira Júnior.

Informações sobre dengue e as dicas para identificá-la e preveni-la estão disponíveis no portal Conheça Dengue e nas redes sociais do portal. Há seções com mitos e verdades sobre o vírus, informações de utilidade pública e links para estudos.

Referências

1. Junior JBS, Massad E, Lobao-Neto A, Kastner R, Oliver L, Gallagher E. Epidemiology and costs of dengue in Brazil: a systematic literature review. Int J Infect Dis. 2022 Jul 3:S1201-9712(22)00383-6. Disponível em: https://www.ijidonline.com/article/S1201-9712(22)00383-6/fulltext. Acesso em novembro de 2022.

2. Ministério da Saúde. boletim epidemiológico 2022, 2021, 2020. Disponível em https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos.  Acesso em fevereiro de 2022.

Não deveria haver essa quantidade de óbitos, a gente poderia salvar muito mais vidas

Siqueira Júnio, Pesquisador da Universidade Federal de Goiás (UFG) que participou da revisão da literatura científica sobre a dengue no Brasil

Takeda vai apoiar o UNICEF na prevenção de doenças em mil municípios de 18 Estados

A região amazônica e o semiárido brasileiro receberão reforços na prevenção contra dengue, zika, chikungunya, febre amarela e outras doenças relacionadas à água e à transmissão por vetores como mosquitos. A Takeda passa a ser parceira do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em iniciativas de educação, água, saneamento e higiene em mil municípios de 18 Estados.

A parceria com o UNICEF tem início hoje, 19 novembro, data em que se celebra o Dia Nacional de Combate à Dengue. Com o apoio da Takeda, o fundo investirá em ações de educação para prevenção de doenças, além de facilitar o acesso à água limpa nas escolas, contribuir para a adoção de medidas de higiene e incentivar a implementação de Planos Municipais de Saneamento, entre outras ações.

Serão beneficiados quatro mil gestores de saúde e educação, além de dois mil adolescentes que vão aprender sobre o tema, podendo atuar como agentes de mudança contra doenças em suas comunidades.

Entre as principais iniciativas do UNICEF no Brasil, está o trabalho com foco em crianças, adolescentes, educadores e profissionais de saúde.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que 10% das doenças registradas no mundo podem ser evitadas com a ampliação do acesso à água e medidas de higiene. No Brasil, as piores taxas de saneamento estão nas Regiões Norte e Nordeste, foco da atuação do UNICEF. Diversos fatores contribuem para as epidemias de dengue, destacando-se a proliferação do mosquito Aedes aegypti e a infraestrutura urbana inadequada – pontos que o projeto ajudará a resolver. A parceria entre a Takeda e o UNICEF vai até outubro de 2024.

A parceria se soma a outros projetos que a Takeda apoia no País, com destaque para a redução de desigualdades sociais e melhora das condições de vida no planeta. Desde 2019, já foram apoiados 58 projetos com impactos para mais de 620 mil pessoas.

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