Diagnosticada com autismo nível 1, conhecido como autismo leve, a jornalista Renata Simões vai debater abertamente sobre o tema

Opinião|Autismo: Mudar a rotina quebrou tudo na minha vida


Qualquer mudança no padrão toca um alarme na cabeça de quem vive no espectro

Você não imagina a agonia que passei até a coluna chegar a esta página. Meu computador quebrou há 15 dias. Escrevo de uma máquina emprestada, assombrada pelo prejuízo e uma tela azul que virou meu cérebro com a necessidade de usar um equipamento que não é o meu. A rotina da coluna, descobri, inclui o esquema montado em cima da mesa. Tentei repetir o sistema: regar o jardim, pegar o café e... não conseguia sentar e escrever, tudo na mesa tinha uma outra cara com a qual eu não sabia lidar.

Achei que o bloqueio fosse causado pela iminente perda do que havia dentro do computador, mas recebi o HD com os dados copiados e tudo continuou igual. Vivendo e estudando o autismo, sei que o inesperado é um ponto de confronto. Quebrar a rotina quebrou tudo na minha vida. E olha que estou no campo do Autismo Altamente Funcional, termo não oficial para pessoas cujos sintomas são pouco aparentes.

A mudança da terminologia para “nível de suporte” ajuda na compreensão de que um indivíduo não funciona da mesma maneira em todas as áreas. É possível ser independente em algumas e necessitar de suporte em outras. A maioria das pessoas nesse campo do espectro apresenta dificuldades nas funções executivas, ligadas à habilidade para organizar, planejar, fazer e manter cronogramas, completar um projeto de longo prazo. Isso aparece nas tarefas de casa e no trato com mudanças na escola e no trabalho. Desenvolvi métodos para completar as missões do dia – um é espalhar post-its para mim mesma.

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O apego à rotina é categorizado como obsessivo-compulsivo pela insistência no padrão, e também pode ser uma força poderosa no auxílio para lidar com a incerteza do cotidiano, trazendo calma e conforto à mente inquieta. Qualquer mudança toca um alarme – como no caso do computador quebrado.

Não há consenso para a insistência na rotina, e os padrões variam de pessoa para pessoa. Essa preferência não é suficiente para sugerir autismo: as “estereotipias”, insistência em repetição de ações, e “perseveranças”, constante repetição de palavras, frases ou detalhes já ditos, não são exclusivas do TEA e aparecem em casos de síndrome de Rett, transtorno obsessivo-compulsivo, TDAH e esquizofrenia.

Conversar sobre a mudança antes que ela aconteça ajuda o indivíduo a se preparar para lidar e dar sentido ao que se está vivendo

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Conversar sobre a mudança antes que ela aconteça ajuda o indivíduo a se preparar para lidar e dar sentido ao que se está vivendo. Isso pode evitar uma crise em uma criança que se vê obrigada a trocar de sala de aula na escola em um novo ano letivo, por exemplo. Quando se é adulto, e a sua funcionalidade é maior, fica (um pouco) mais fácil não explodir a cada imprevisto na rotina. O pânico instalado nos últimos dias foi interrompido por dois fatores: o prazo de entrega deste texto, e o telefonema do técnico dizendo que a minha máquina tinha conserto, e que eu já posso ir buscá-la.

Você não imagina a agonia que passei até a coluna chegar a esta página. Meu computador quebrou há 15 dias. Escrevo de uma máquina emprestada, assombrada pelo prejuízo e uma tela azul que virou meu cérebro com a necessidade de usar um equipamento que não é o meu. A rotina da coluna, descobri, inclui o esquema montado em cima da mesa. Tentei repetir o sistema: regar o jardim, pegar o café e... não conseguia sentar e escrever, tudo na mesa tinha uma outra cara com a qual eu não sabia lidar.

Achei que o bloqueio fosse causado pela iminente perda do que havia dentro do computador, mas recebi o HD com os dados copiados e tudo continuou igual. Vivendo e estudando o autismo, sei que o inesperado é um ponto de confronto. Quebrar a rotina quebrou tudo na minha vida. E olha que estou no campo do Autismo Altamente Funcional, termo não oficial para pessoas cujos sintomas são pouco aparentes.

A mudança da terminologia para “nível de suporte” ajuda na compreensão de que um indivíduo não funciona da mesma maneira em todas as áreas. É possível ser independente em algumas e necessitar de suporte em outras. A maioria das pessoas nesse campo do espectro apresenta dificuldades nas funções executivas, ligadas à habilidade para organizar, planejar, fazer e manter cronogramas, completar um projeto de longo prazo. Isso aparece nas tarefas de casa e no trato com mudanças na escola e no trabalho. Desenvolvi métodos para completar as missões do dia – um é espalhar post-its para mim mesma.

O apego à rotina é categorizado como obsessivo-compulsivo pela insistência no padrão, e também pode ser uma força poderosa no auxílio para lidar com a incerteza do cotidiano, trazendo calma e conforto à mente inquieta. Qualquer mudança toca um alarme – como no caso do computador quebrado.

Não há consenso para a insistência na rotina, e os padrões variam de pessoa para pessoa. Essa preferência não é suficiente para sugerir autismo: as “estereotipias”, insistência em repetição de ações, e “perseveranças”, constante repetição de palavras, frases ou detalhes já ditos, não são exclusivas do TEA e aparecem em casos de síndrome de Rett, transtorno obsessivo-compulsivo, TDAH e esquizofrenia.

Conversar sobre a mudança antes que ela aconteça ajuda o indivíduo a se preparar para lidar e dar sentido ao que se está vivendo

Conversar sobre a mudança antes que ela aconteça ajuda o indivíduo a se preparar para lidar e dar sentido ao que se está vivendo. Isso pode evitar uma crise em uma criança que se vê obrigada a trocar de sala de aula na escola em um novo ano letivo, por exemplo. Quando se é adulto, e a sua funcionalidade é maior, fica (um pouco) mais fácil não explodir a cada imprevisto na rotina. O pânico instalado nos últimos dias foi interrompido por dois fatores: o prazo de entrega deste texto, e o telefonema do técnico dizendo que a minha máquina tinha conserto, e que eu já posso ir buscá-la.

Você não imagina a agonia que passei até a coluna chegar a esta página. Meu computador quebrou há 15 dias. Escrevo de uma máquina emprestada, assombrada pelo prejuízo e uma tela azul que virou meu cérebro com a necessidade de usar um equipamento que não é o meu. A rotina da coluna, descobri, inclui o esquema montado em cima da mesa. Tentei repetir o sistema: regar o jardim, pegar o café e... não conseguia sentar e escrever, tudo na mesa tinha uma outra cara com a qual eu não sabia lidar.

Achei que o bloqueio fosse causado pela iminente perda do que havia dentro do computador, mas recebi o HD com os dados copiados e tudo continuou igual. Vivendo e estudando o autismo, sei que o inesperado é um ponto de confronto. Quebrar a rotina quebrou tudo na minha vida. E olha que estou no campo do Autismo Altamente Funcional, termo não oficial para pessoas cujos sintomas são pouco aparentes.

A mudança da terminologia para “nível de suporte” ajuda na compreensão de que um indivíduo não funciona da mesma maneira em todas as áreas. É possível ser independente em algumas e necessitar de suporte em outras. A maioria das pessoas nesse campo do espectro apresenta dificuldades nas funções executivas, ligadas à habilidade para organizar, planejar, fazer e manter cronogramas, completar um projeto de longo prazo. Isso aparece nas tarefas de casa e no trato com mudanças na escola e no trabalho. Desenvolvi métodos para completar as missões do dia – um é espalhar post-its para mim mesma.

O apego à rotina é categorizado como obsessivo-compulsivo pela insistência no padrão, e também pode ser uma força poderosa no auxílio para lidar com a incerteza do cotidiano, trazendo calma e conforto à mente inquieta. Qualquer mudança toca um alarme – como no caso do computador quebrado.

Não há consenso para a insistência na rotina, e os padrões variam de pessoa para pessoa. Essa preferência não é suficiente para sugerir autismo: as “estereotipias”, insistência em repetição de ações, e “perseveranças”, constante repetição de palavras, frases ou detalhes já ditos, não são exclusivas do TEA e aparecem em casos de síndrome de Rett, transtorno obsessivo-compulsivo, TDAH e esquizofrenia.

Conversar sobre a mudança antes que ela aconteça ajuda o indivíduo a se preparar para lidar e dar sentido ao que se está vivendo

Conversar sobre a mudança antes que ela aconteça ajuda o indivíduo a se preparar para lidar e dar sentido ao que se está vivendo. Isso pode evitar uma crise em uma criança que se vê obrigada a trocar de sala de aula na escola em um novo ano letivo, por exemplo. Quando se é adulto, e a sua funcionalidade é maior, fica (um pouco) mais fácil não explodir a cada imprevisto na rotina. O pânico instalado nos últimos dias foi interrompido por dois fatores: o prazo de entrega deste texto, e o telefonema do técnico dizendo que a minha máquina tinha conserto, e que eu já posso ir buscá-la.

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