Descoberta sobre poder de hormônio materno abre caminho para novos tratamentos de osteoporose


Cientistas descobriram que substância foi capaz de aumentar a massa óssea em camundongos de diferentes idades, segundo estudo divulgado na Nature

Por Leon Ferrari

Um hormônio que mantém os ossos das mulheres fortes durante a amamentação pode ajudar a tratar fraturas ósseas e osteoporose, sugerem pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF) em um estudo publicado na revista Nature.

Segundo os cientistas, o CCN3 é capaz de “estimular a atividade das células-tronco esqueléticas de camundongos e humanos, aumentar a remodelação óssea e acelerar o reparo de fraturas em camundongos jovens e velhos de ambos os sexos”. Eles passaram a chamá-lo de Hormônio Cerebral Materno (MBH, na sigla em inglês).

O estudo é bastante inicial, mas promissor, destacam especialistas brasileiros não envolvidos na pesquisa. É preciso avançar para os ensaios clínicos (em humanos), o que pode levar anos. No entanto, os médicos frisam a qualidade da metodologia e resultados e também o renome da equipe de cientistas envolvidos.

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Caso comprove ser uma opção válida, será um avanço importante para pacientes com osteoporose, doença progressiva que enfraquece os ossos e aumenta o risco de fraturas, e que hoje tem tratamento limitado (entenda mais abaixo).

Atualmente, osteoporose não possui opções de tratamento efetivas para todos os pacientes Foto: buritora/Adobe Stock

O reumatologista Marco Antônio Araújo da Rocha Loures, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), destaca que sabemos pouco sobre o CCN3, mas ele tem sido pesquisado para diversas outras doenças, inclusive alguns tipos de câncer. “Ele apresentou bons resultados em câncer metastático — porque faz fratura também, porque sai do pulmão e vai para o osso, por exemplo — e no mieloma múltiplo (câncer que começa na medula óssea).”

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O ortopedista Fabiano Nunes Faria, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, ressalta que é preciso entender como o hormônio funciona no longo prazo, ou seja, se os bons resultados se mantêm e também quais os possíveis efeitos colaterais. “O período de lactação na mulher é curto”, comenta.

“Pesquisas futuras irão determinar se o tratamento deve focar nos mecanismos envolvidos na síntese e liberação do hormônio, que ainda não foram esclarecidos; na administração direta do hormônio; e na segurança de modificar esses mecanismos. Ainda há um longo caminho a percorrer, mas esse mecanismo é muito promissor”, afirma Roberto Heymann, reumatologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

O estudo

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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas mulheres, a osteoporose é causada por alterações hormonais na menopausa, mais especificamente quando caem os níveis de estrogênio, um hormônio protetor da massa óssea. A queda, em geral, começa por volta dos 50 anos.

Mulheres que tiveram câncer de mama e tomam bloqueadores hormonais, atletas femininas de elite mais jovens e homens mais velhos também podem enfrentar perdas ósseas, acrescenta a UCSF.

Porém, restava um enigma: os níveis de estrogênio caem vertiginosamente no pós-parto, mas a remodelação óssea aumenta acentuadamente nas mães, tanto em roedores como primatas, para atender a alta demanda de cálcio necessária para produção de leite. Caso algum outro mecanismo de construção óssea não ocorresse durante a amamentação, explicam os cientistas, “o esqueleto materno e o dos filhotes seriam severamente comprometidos”.

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Anteriormente, um estudo do mesmo grupo, publicado no periódico Nature Communications, demonstrou que bloquear um receptor de estrogênio específico no cérebro levava a enormes aumentos na massa óssea em camundongos fêmeas — o mesmo não ocorria nos machos. Na época, eles destacaram que as fêmeas testadas construíram ossos “extraordinariamente fortes” e os “mantiveram até a velhice”.

A suspeita deles era de que um hormônio no sangue seria responsável por isso, mas não conseguiram encontrá-lo. Segundo a UCSF, a pandemia atrasou as buscas por ele até que os cientistas se depararam com o CCN3 e, posteriormente, encontraram-no na mesma região cerebral em camundongos fêmeas lactantes.

O novo estudo apontou, porém, que não se trata apenas do bloqueio do estrogênio. O desmame forçado reduz os níveis CCN3 após 3 ou 7 dias da remoção dos filhotes.

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Testes

Para testar a hipótese, os cientistas conduziram ensaios e perceberam que, sem a produção de CCN3 nos neurônios, camundongos fêmeas lactantes perdiam osso rapidamente, e os bebês perdiam peso.

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“Quando estratégias para aumentar o CCN3 circulante foram implementadas em camundongos adultos jovens e fêmeas ou machos mais velhos, a massa óssea e a força aumentaram dramaticamente ao longo de semanas. Em alguns camundongos fêmeas que não tinham estrogênio ou eram muito velhas, o CCN3 foi capaz de mais do que dobrar a massa óssea”, diz o comunicado enviado à imprensa.

Eles também testaram se um adesivo de hidrogel que libera o hormônio por duas semanas diretamente numa fratura óssea poderia ajudar a cicatrizá-la. O resultado foi promissor: em camundongos idosos, nos quais elas não costumam cicatrizar bem, o adesivo contribuiu para um resultado semelhante ao de espécimes jovens.

Faria, ortopedista da BP, aponta que é mais fácil vislumbrar a aplicação da descoberta no tratamento de fraturas, que têm um prazo determinado. “‘Colou’ (o osso) acabou. Depois que o osso cola, ele tem um sistema de remodelação e é um dos únicos tecidos do nosso corpo que consegue fazer com que a cicatriz volte a ser exatamente como ele era antes.”

Esperança

Loures, presidente da SBR, destaca que o tratamento da osteoporose avançou muito nos últimos anos, mas ainda não é o “ideal”. Faria lembra que é ela uma doença muito onerosa para as famílias e também para o sistema público de saúde, afinal, determinadas fraturas podem exigir cirurgias complexas e caras, além de um longo período de repouso para a recuperação.

Eles explicam que, no início, o tratamento baseia-se em melhorar a ingestão e absorção de cálcio, com suplementação de vitamina D e do próprio cálcio, por exemplo. Isso para evitar perda óssea e fraturas.

Depois, podem ser necessárias medicações que ajudam a “puxar o cálcio para o osso”, diz Faria. Isso ajuda na mineralização. “Aumentamos a quantidade de cálcio do osso. Isso não quer dizer que o osso fica mais forte. Às vezes, com muito mais cálcio, ele fica até mais quebradiço”, afirma.

Para pacientes mais graves, um próximo passo é usar remédios que ajudam na “fabricação” de massa óssea, que podem custar de R$ 2 mil a R$ 3 mil por mês e nem sempre têm alta efetividade. “Os que ganham massa óssea é uma quantidade pequena. Mas para quem não tem nada, faz uma certa diferença”, comenta Faria.

É nesse sentido que um possível tratamento futuro com o CCN3 torna-se uma esperança. No comunicado à imprensa, Thomas Ambrosi, professor assistente de cirurgia ortopédica na Universidade da Califórnia em Davis que testou os ossos da pesquisa, diz que ficou surpreso com a resistência deles.

“Há algumas situações em que os ossos altamente mineralizados não são melhores. Eles podem ser mais fracos e, na verdade, quebrar mais facilmente. Quando testamos esses ossos, eles se mostraram muito mais fortes do que o normal.”

Um hormônio que mantém os ossos das mulheres fortes durante a amamentação pode ajudar a tratar fraturas ósseas e osteoporose, sugerem pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF) em um estudo publicado na revista Nature.

Segundo os cientistas, o CCN3 é capaz de “estimular a atividade das células-tronco esqueléticas de camundongos e humanos, aumentar a remodelação óssea e acelerar o reparo de fraturas em camundongos jovens e velhos de ambos os sexos”. Eles passaram a chamá-lo de Hormônio Cerebral Materno (MBH, na sigla em inglês).

O estudo é bastante inicial, mas promissor, destacam especialistas brasileiros não envolvidos na pesquisa. É preciso avançar para os ensaios clínicos (em humanos), o que pode levar anos. No entanto, os médicos frisam a qualidade da metodologia e resultados e também o renome da equipe de cientistas envolvidos.

Caso comprove ser uma opção válida, será um avanço importante para pacientes com osteoporose, doença progressiva que enfraquece os ossos e aumenta o risco de fraturas, e que hoje tem tratamento limitado (entenda mais abaixo).

Atualmente, osteoporose não possui opções de tratamento efetivas para todos os pacientes Foto: buritora/Adobe Stock

O reumatologista Marco Antônio Araújo da Rocha Loures, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), destaca que sabemos pouco sobre o CCN3, mas ele tem sido pesquisado para diversas outras doenças, inclusive alguns tipos de câncer. “Ele apresentou bons resultados em câncer metastático — porque faz fratura também, porque sai do pulmão e vai para o osso, por exemplo — e no mieloma múltiplo (câncer que começa na medula óssea).”

O ortopedista Fabiano Nunes Faria, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, ressalta que é preciso entender como o hormônio funciona no longo prazo, ou seja, se os bons resultados se mantêm e também quais os possíveis efeitos colaterais. “O período de lactação na mulher é curto”, comenta.

“Pesquisas futuras irão determinar se o tratamento deve focar nos mecanismos envolvidos na síntese e liberação do hormônio, que ainda não foram esclarecidos; na administração direta do hormônio; e na segurança de modificar esses mecanismos. Ainda há um longo caminho a percorrer, mas esse mecanismo é muito promissor”, afirma Roberto Heymann, reumatologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

O estudo

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas mulheres, a osteoporose é causada por alterações hormonais na menopausa, mais especificamente quando caem os níveis de estrogênio, um hormônio protetor da massa óssea. A queda, em geral, começa por volta dos 50 anos.

Mulheres que tiveram câncer de mama e tomam bloqueadores hormonais, atletas femininas de elite mais jovens e homens mais velhos também podem enfrentar perdas ósseas, acrescenta a UCSF.

Porém, restava um enigma: os níveis de estrogênio caem vertiginosamente no pós-parto, mas a remodelação óssea aumenta acentuadamente nas mães, tanto em roedores como primatas, para atender a alta demanda de cálcio necessária para produção de leite. Caso algum outro mecanismo de construção óssea não ocorresse durante a amamentação, explicam os cientistas, “o esqueleto materno e o dos filhotes seriam severamente comprometidos”.

Anteriormente, um estudo do mesmo grupo, publicado no periódico Nature Communications, demonstrou que bloquear um receptor de estrogênio específico no cérebro levava a enormes aumentos na massa óssea em camundongos fêmeas — o mesmo não ocorria nos machos. Na época, eles destacaram que as fêmeas testadas construíram ossos “extraordinariamente fortes” e os “mantiveram até a velhice”.

A suspeita deles era de que um hormônio no sangue seria responsável por isso, mas não conseguiram encontrá-lo. Segundo a UCSF, a pandemia atrasou as buscas por ele até que os cientistas se depararam com o CCN3 e, posteriormente, encontraram-no na mesma região cerebral em camundongos fêmeas lactantes.

O novo estudo apontou, porém, que não se trata apenas do bloqueio do estrogênio. O desmame forçado reduz os níveis CCN3 após 3 ou 7 dias da remoção dos filhotes.

Testes

Para testar a hipótese, os cientistas conduziram ensaios e perceberam que, sem a produção de CCN3 nos neurônios, camundongos fêmeas lactantes perdiam osso rapidamente, e os bebês perdiam peso.

“Quando estratégias para aumentar o CCN3 circulante foram implementadas em camundongos adultos jovens e fêmeas ou machos mais velhos, a massa óssea e a força aumentaram dramaticamente ao longo de semanas. Em alguns camundongos fêmeas que não tinham estrogênio ou eram muito velhas, o CCN3 foi capaz de mais do que dobrar a massa óssea”, diz o comunicado enviado à imprensa.

Eles também testaram se um adesivo de hidrogel que libera o hormônio por duas semanas diretamente numa fratura óssea poderia ajudar a cicatrizá-la. O resultado foi promissor: em camundongos idosos, nos quais elas não costumam cicatrizar bem, o adesivo contribuiu para um resultado semelhante ao de espécimes jovens.

Faria, ortopedista da BP, aponta que é mais fácil vislumbrar a aplicação da descoberta no tratamento de fraturas, que têm um prazo determinado. “‘Colou’ (o osso) acabou. Depois que o osso cola, ele tem um sistema de remodelação e é um dos únicos tecidos do nosso corpo que consegue fazer com que a cicatriz volte a ser exatamente como ele era antes.”

Esperança

Loures, presidente da SBR, destaca que o tratamento da osteoporose avançou muito nos últimos anos, mas ainda não é o “ideal”. Faria lembra que é ela uma doença muito onerosa para as famílias e também para o sistema público de saúde, afinal, determinadas fraturas podem exigir cirurgias complexas e caras, além de um longo período de repouso para a recuperação.

Eles explicam que, no início, o tratamento baseia-se em melhorar a ingestão e absorção de cálcio, com suplementação de vitamina D e do próprio cálcio, por exemplo. Isso para evitar perda óssea e fraturas.

Depois, podem ser necessárias medicações que ajudam a “puxar o cálcio para o osso”, diz Faria. Isso ajuda na mineralização. “Aumentamos a quantidade de cálcio do osso. Isso não quer dizer que o osso fica mais forte. Às vezes, com muito mais cálcio, ele fica até mais quebradiço”, afirma.

Para pacientes mais graves, um próximo passo é usar remédios que ajudam na “fabricação” de massa óssea, que podem custar de R$ 2 mil a R$ 3 mil por mês e nem sempre têm alta efetividade. “Os que ganham massa óssea é uma quantidade pequena. Mas para quem não tem nada, faz uma certa diferença”, comenta Faria.

É nesse sentido que um possível tratamento futuro com o CCN3 torna-se uma esperança. No comunicado à imprensa, Thomas Ambrosi, professor assistente de cirurgia ortopédica na Universidade da Califórnia em Davis que testou os ossos da pesquisa, diz que ficou surpreso com a resistência deles.

“Há algumas situações em que os ossos altamente mineralizados não são melhores. Eles podem ser mais fracos e, na verdade, quebrar mais facilmente. Quando testamos esses ossos, eles se mostraram muito mais fortes do que o normal.”

Um hormônio que mantém os ossos das mulheres fortes durante a amamentação pode ajudar a tratar fraturas ósseas e osteoporose, sugerem pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF) em um estudo publicado na revista Nature.

Segundo os cientistas, o CCN3 é capaz de “estimular a atividade das células-tronco esqueléticas de camundongos e humanos, aumentar a remodelação óssea e acelerar o reparo de fraturas em camundongos jovens e velhos de ambos os sexos”. Eles passaram a chamá-lo de Hormônio Cerebral Materno (MBH, na sigla em inglês).

O estudo é bastante inicial, mas promissor, destacam especialistas brasileiros não envolvidos na pesquisa. É preciso avançar para os ensaios clínicos (em humanos), o que pode levar anos. No entanto, os médicos frisam a qualidade da metodologia e resultados e também o renome da equipe de cientistas envolvidos.

Caso comprove ser uma opção válida, será um avanço importante para pacientes com osteoporose, doença progressiva que enfraquece os ossos e aumenta o risco de fraturas, e que hoje tem tratamento limitado (entenda mais abaixo).

Atualmente, osteoporose não possui opções de tratamento efetivas para todos os pacientes Foto: buritora/Adobe Stock

O reumatologista Marco Antônio Araújo da Rocha Loures, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), destaca que sabemos pouco sobre o CCN3, mas ele tem sido pesquisado para diversas outras doenças, inclusive alguns tipos de câncer. “Ele apresentou bons resultados em câncer metastático — porque faz fratura também, porque sai do pulmão e vai para o osso, por exemplo — e no mieloma múltiplo (câncer que começa na medula óssea).”

O ortopedista Fabiano Nunes Faria, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, ressalta que é preciso entender como o hormônio funciona no longo prazo, ou seja, se os bons resultados se mantêm e também quais os possíveis efeitos colaterais. “O período de lactação na mulher é curto”, comenta.

“Pesquisas futuras irão determinar se o tratamento deve focar nos mecanismos envolvidos na síntese e liberação do hormônio, que ainda não foram esclarecidos; na administração direta do hormônio; e na segurança de modificar esses mecanismos. Ainda há um longo caminho a percorrer, mas esse mecanismo é muito promissor”, afirma Roberto Heymann, reumatologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

O estudo

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas mulheres, a osteoporose é causada por alterações hormonais na menopausa, mais especificamente quando caem os níveis de estrogênio, um hormônio protetor da massa óssea. A queda, em geral, começa por volta dos 50 anos.

Mulheres que tiveram câncer de mama e tomam bloqueadores hormonais, atletas femininas de elite mais jovens e homens mais velhos também podem enfrentar perdas ósseas, acrescenta a UCSF.

Porém, restava um enigma: os níveis de estrogênio caem vertiginosamente no pós-parto, mas a remodelação óssea aumenta acentuadamente nas mães, tanto em roedores como primatas, para atender a alta demanda de cálcio necessária para produção de leite. Caso algum outro mecanismo de construção óssea não ocorresse durante a amamentação, explicam os cientistas, “o esqueleto materno e o dos filhotes seriam severamente comprometidos”.

Anteriormente, um estudo do mesmo grupo, publicado no periódico Nature Communications, demonstrou que bloquear um receptor de estrogênio específico no cérebro levava a enormes aumentos na massa óssea em camundongos fêmeas — o mesmo não ocorria nos machos. Na época, eles destacaram que as fêmeas testadas construíram ossos “extraordinariamente fortes” e os “mantiveram até a velhice”.

A suspeita deles era de que um hormônio no sangue seria responsável por isso, mas não conseguiram encontrá-lo. Segundo a UCSF, a pandemia atrasou as buscas por ele até que os cientistas se depararam com o CCN3 e, posteriormente, encontraram-no na mesma região cerebral em camundongos fêmeas lactantes.

O novo estudo apontou, porém, que não se trata apenas do bloqueio do estrogênio. O desmame forçado reduz os níveis CCN3 após 3 ou 7 dias da remoção dos filhotes.

Testes

Para testar a hipótese, os cientistas conduziram ensaios e perceberam que, sem a produção de CCN3 nos neurônios, camundongos fêmeas lactantes perdiam osso rapidamente, e os bebês perdiam peso.

“Quando estratégias para aumentar o CCN3 circulante foram implementadas em camundongos adultos jovens e fêmeas ou machos mais velhos, a massa óssea e a força aumentaram dramaticamente ao longo de semanas. Em alguns camundongos fêmeas que não tinham estrogênio ou eram muito velhas, o CCN3 foi capaz de mais do que dobrar a massa óssea”, diz o comunicado enviado à imprensa.

Eles também testaram se um adesivo de hidrogel que libera o hormônio por duas semanas diretamente numa fratura óssea poderia ajudar a cicatrizá-la. O resultado foi promissor: em camundongos idosos, nos quais elas não costumam cicatrizar bem, o adesivo contribuiu para um resultado semelhante ao de espécimes jovens.

Faria, ortopedista da BP, aponta que é mais fácil vislumbrar a aplicação da descoberta no tratamento de fraturas, que têm um prazo determinado. “‘Colou’ (o osso) acabou. Depois que o osso cola, ele tem um sistema de remodelação e é um dos únicos tecidos do nosso corpo que consegue fazer com que a cicatriz volte a ser exatamente como ele era antes.”

Esperança

Loures, presidente da SBR, destaca que o tratamento da osteoporose avançou muito nos últimos anos, mas ainda não é o “ideal”. Faria lembra que é ela uma doença muito onerosa para as famílias e também para o sistema público de saúde, afinal, determinadas fraturas podem exigir cirurgias complexas e caras, além de um longo período de repouso para a recuperação.

Eles explicam que, no início, o tratamento baseia-se em melhorar a ingestão e absorção de cálcio, com suplementação de vitamina D e do próprio cálcio, por exemplo. Isso para evitar perda óssea e fraturas.

Depois, podem ser necessárias medicações que ajudam a “puxar o cálcio para o osso”, diz Faria. Isso ajuda na mineralização. “Aumentamos a quantidade de cálcio do osso. Isso não quer dizer que o osso fica mais forte. Às vezes, com muito mais cálcio, ele fica até mais quebradiço”, afirma.

Para pacientes mais graves, um próximo passo é usar remédios que ajudam na “fabricação” de massa óssea, que podem custar de R$ 2 mil a R$ 3 mil por mês e nem sempre têm alta efetividade. “Os que ganham massa óssea é uma quantidade pequena. Mas para quem não tem nada, faz uma certa diferença”, comenta Faria.

É nesse sentido que um possível tratamento futuro com o CCN3 torna-se uma esperança. No comunicado à imprensa, Thomas Ambrosi, professor assistente de cirurgia ortopédica na Universidade da Califórnia em Davis que testou os ossos da pesquisa, diz que ficou surpreso com a resistência deles.

“Há algumas situações em que os ossos altamente mineralizados não são melhores. Eles podem ser mais fracos e, na verdade, quebrar mais facilmente. Quando testamos esses ossos, eles se mostraram muito mais fortes do que o normal.”

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