Nutrição, exercício e comportamento

Opinião|Dieta equilibrada só de segunda a sexta? Veja os efeitos de ‘enfiar o pé na jaca’ no final de semana


Esse tipo de padrão parece inofensivo, mas está ligado a resultados negativos em termos de emagrecimento e saúde

Por Desire Coelho

É comum ouvir, de quem segue dietas restritivas, frases como “Durante a semana eu me controlo, mas no final de semana posso me permitir” ou “Faço o ‘dia do lixo’ no final de semana”. A ideia de manter uma alimentação rígida durante a semana e relaxar aos finais de semana pode parecer lógica, mas além de não ser a melhor abordagem, é contraproducente para quem quer emagrecer e pode trazer consequências negativas.

O equilíbrio da alimentação é colocado de lado entre sexta à noite e domingo? Pois isso pode levar a repercussões negativas na saúde. Foto: DC Studio/Adobe Stock

Uma das crenças mais comuns dentro do extremismo que inunda a cultura das dietas é que a alimentação tem que ser perfeita durante a semana. Se a pessoa quiser emagrecer, o extremismo se intensifica e o famoso “grelhado com salada” vira o prato oficial nos cinco dias da semana. Há uma disseminação tão grande desse tipo de conduta que o que deveria ser sinônimo de dieta restritiva passou a ser sinônimo de comer saudável.

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Porém, cardápios restritivos e alimentação saudável são conceitos distintos.

Persistência é a chave

Seja para melhorar a saúde ou para emagrecer, o que realmente importa é a persistência nos hábitos. Resultados duradouros vêm de processos de longo prazo, e não de práticas extremas e curtas.

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Quem utiliza esse tipo de estratégia muitas vezes tem em mente que controlar a alimentação durante a semana irá garantir os resultados desejados, mas se esquece de que os exageros do final de semana podem anular esses esforços. Por exemplo: alguém que consome 1800 kcal de segunda a quinta pode facilmente anular todo o seu esforço ao iniciar seu final de semana na sexta à noite com um jantar mais pesado e, depois, ingerir 3500 kcal no sábado e domingo. Esse tipo de padrão é o motivo pelo qual muitas pessoas sentem que estão estagnadas, ou que, mesmo cuidando da alimentação durante a semana, ainda estão ganhando peso.

A pessoa que se submete a esse tipo de extremos também pode se frustrar ao acompanhar o peso corporal, ou seja, pesar-se com frequência. Mas vale lembrar que flutuações de peso são normais, e elas ocorrem tanto dentro do mesmo dia quanto de um dia para o outro. Se você exagerar em um dia, retome os hábitos saudáveis, pois eles ajudam o corpo a se reequilibrar.

Esse comportamento de “tudo ou nada” da cultura de dietas cria uma relação punitiva com a comida, onde o “sofrimento” da semana é recompensado com exageros, prejudicando a habilidade de ouvir e entender o próprio corpo, além de ser fator de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares.

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Flexibilidade x rigidez alimentar

A rigidez alimentar por um período determinado pode parecer atraente, mas a flexibilidade é que tem se mostrado crucial para a saúde e o emagrecimento. Estudos mostram que comportamentos flexíveis são mais eficazes em longo prazo.

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Um ponto importante é que seu corpo não sabe que dia da semana é. Apesar de existir um ritmo biológico diário, o que o corpo entende é o padrão que está sendo estabelecido. Desse modo, é possível organizar sua alimentação de acordo com sua conveniência. Isso porque não existe o tal “já que...” (por exemplo, “já que eu exagerei no almoço, o dia está perdido, então vou comer de tudo hoje e amanhã retomo”).

O corpo não funciona por dia. Logo, se você exagerou no almoço de um dia, não tem nada perdido. Provavelmente você terá fome um pouco mais tarde, então o natural é que organize sua refeição honrando o sinal de fome física. Além disso, dependendo da qualidade do almoço, tente um jantar mais leve ou, dependendo do horário que terminou o almoço, se não tiver fome, nem precisa jantar. Esse tipo de regulação é o natural para quem tem boa conexão corporal.

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O que faz sentido, pensando em saúde?

O extremismo alimentar simplifica toda a complexidade da relação entre corpo e alimentação, dividindo os alimentos em duas categorias: bons e ruins. Porém, não é possível julgar a alimentação por um único alimento.

Mais do que pensar desse modo simplista, é preciso pensar na alimentação como um todo. Afinal, comer é também um ato social e uma alimentação saudável depende do que, quanto, por que e como se come.

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Para responder se uma alimentação é saudável ou não, precisamos ir além dos nutrientes: é preciso entender o contexto em que ela ocorre. Não se trata de levar uma marmita de salada para uma festa infantil, mas de saber equilibrar a rotina para aproveitar momentos especiais.

Variar é preciso!

A pizza ocasional pode ser tão importante quanto a salada do almoço. A comida faz parte dos momentos de prazer e descontração. A questão é como conseguir equilibrar prazer e qualidade. Para isso, gosto de fazer a seguinte pergunta: “Qual o estilo de vida que você deseja ter?”

Não existe uma fórmula única para a saúde. Nossos corpos são diferentes, assim como o dia a dia e as nossas preferências. O importante é encontrar uma rotina de saúde que faça sentido para você. Você prefere organizar sua alimentação de que modo? Ser honesto consigo mesmo é essencial para evitar frustrações – mas isso só vem com muito autoconhecimento.

É comum ouvir, de quem segue dietas restritivas, frases como “Durante a semana eu me controlo, mas no final de semana posso me permitir” ou “Faço o ‘dia do lixo’ no final de semana”. A ideia de manter uma alimentação rígida durante a semana e relaxar aos finais de semana pode parecer lógica, mas além de não ser a melhor abordagem, é contraproducente para quem quer emagrecer e pode trazer consequências negativas.

O equilíbrio da alimentação é colocado de lado entre sexta à noite e domingo? Pois isso pode levar a repercussões negativas na saúde. Foto: DC Studio/Adobe Stock

Uma das crenças mais comuns dentro do extremismo que inunda a cultura das dietas é que a alimentação tem que ser perfeita durante a semana. Se a pessoa quiser emagrecer, o extremismo se intensifica e o famoso “grelhado com salada” vira o prato oficial nos cinco dias da semana. Há uma disseminação tão grande desse tipo de conduta que o que deveria ser sinônimo de dieta restritiva passou a ser sinônimo de comer saudável.

Porém, cardápios restritivos e alimentação saudável são conceitos distintos.

Persistência é a chave

Seja para melhorar a saúde ou para emagrecer, o que realmente importa é a persistência nos hábitos. Resultados duradouros vêm de processos de longo prazo, e não de práticas extremas e curtas.

Quem utiliza esse tipo de estratégia muitas vezes tem em mente que controlar a alimentação durante a semana irá garantir os resultados desejados, mas se esquece de que os exageros do final de semana podem anular esses esforços. Por exemplo: alguém que consome 1800 kcal de segunda a quinta pode facilmente anular todo o seu esforço ao iniciar seu final de semana na sexta à noite com um jantar mais pesado e, depois, ingerir 3500 kcal no sábado e domingo. Esse tipo de padrão é o motivo pelo qual muitas pessoas sentem que estão estagnadas, ou que, mesmo cuidando da alimentação durante a semana, ainda estão ganhando peso.

A pessoa que se submete a esse tipo de extremos também pode se frustrar ao acompanhar o peso corporal, ou seja, pesar-se com frequência. Mas vale lembrar que flutuações de peso são normais, e elas ocorrem tanto dentro do mesmo dia quanto de um dia para o outro. Se você exagerar em um dia, retome os hábitos saudáveis, pois eles ajudam o corpo a se reequilibrar.

Esse comportamento de “tudo ou nada” da cultura de dietas cria uma relação punitiva com a comida, onde o “sofrimento” da semana é recompensado com exageros, prejudicando a habilidade de ouvir e entender o próprio corpo, além de ser fator de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares.

Flexibilidade x rigidez alimentar

A rigidez alimentar por um período determinado pode parecer atraente, mas a flexibilidade é que tem se mostrado crucial para a saúde e o emagrecimento. Estudos mostram que comportamentos flexíveis são mais eficazes em longo prazo.

Um ponto importante é que seu corpo não sabe que dia da semana é. Apesar de existir um ritmo biológico diário, o que o corpo entende é o padrão que está sendo estabelecido. Desse modo, é possível organizar sua alimentação de acordo com sua conveniência. Isso porque não existe o tal “já que...” (por exemplo, “já que eu exagerei no almoço, o dia está perdido, então vou comer de tudo hoje e amanhã retomo”).

O corpo não funciona por dia. Logo, se você exagerou no almoço de um dia, não tem nada perdido. Provavelmente você terá fome um pouco mais tarde, então o natural é que organize sua refeição honrando o sinal de fome física. Além disso, dependendo da qualidade do almoço, tente um jantar mais leve ou, dependendo do horário que terminou o almoço, se não tiver fome, nem precisa jantar. Esse tipo de regulação é o natural para quem tem boa conexão corporal.

O que faz sentido, pensando em saúde?

O extremismo alimentar simplifica toda a complexidade da relação entre corpo e alimentação, dividindo os alimentos em duas categorias: bons e ruins. Porém, não é possível julgar a alimentação por um único alimento.

Mais do que pensar desse modo simplista, é preciso pensar na alimentação como um todo. Afinal, comer é também um ato social e uma alimentação saudável depende do que, quanto, por que e como se come.

Para responder se uma alimentação é saudável ou não, precisamos ir além dos nutrientes: é preciso entender o contexto em que ela ocorre. Não se trata de levar uma marmita de salada para uma festa infantil, mas de saber equilibrar a rotina para aproveitar momentos especiais.

Variar é preciso!

A pizza ocasional pode ser tão importante quanto a salada do almoço. A comida faz parte dos momentos de prazer e descontração. A questão é como conseguir equilibrar prazer e qualidade. Para isso, gosto de fazer a seguinte pergunta: “Qual o estilo de vida que você deseja ter?”

Não existe uma fórmula única para a saúde. Nossos corpos são diferentes, assim como o dia a dia e as nossas preferências. O importante é encontrar uma rotina de saúde que faça sentido para você. Você prefere organizar sua alimentação de que modo? Ser honesto consigo mesmo é essencial para evitar frustrações – mas isso só vem com muito autoconhecimento.

É comum ouvir, de quem segue dietas restritivas, frases como “Durante a semana eu me controlo, mas no final de semana posso me permitir” ou “Faço o ‘dia do lixo’ no final de semana”. A ideia de manter uma alimentação rígida durante a semana e relaxar aos finais de semana pode parecer lógica, mas além de não ser a melhor abordagem, é contraproducente para quem quer emagrecer e pode trazer consequências negativas.

O equilíbrio da alimentação é colocado de lado entre sexta à noite e domingo? Pois isso pode levar a repercussões negativas na saúde. Foto: DC Studio/Adobe Stock

Uma das crenças mais comuns dentro do extremismo que inunda a cultura das dietas é que a alimentação tem que ser perfeita durante a semana. Se a pessoa quiser emagrecer, o extremismo se intensifica e o famoso “grelhado com salada” vira o prato oficial nos cinco dias da semana. Há uma disseminação tão grande desse tipo de conduta que o que deveria ser sinônimo de dieta restritiva passou a ser sinônimo de comer saudável.

Porém, cardápios restritivos e alimentação saudável são conceitos distintos.

Persistência é a chave

Seja para melhorar a saúde ou para emagrecer, o que realmente importa é a persistência nos hábitos. Resultados duradouros vêm de processos de longo prazo, e não de práticas extremas e curtas.

Quem utiliza esse tipo de estratégia muitas vezes tem em mente que controlar a alimentação durante a semana irá garantir os resultados desejados, mas se esquece de que os exageros do final de semana podem anular esses esforços. Por exemplo: alguém que consome 1800 kcal de segunda a quinta pode facilmente anular todo o seu esforço ao iniciar seu final de semana na sexta à noite com um jantar mais pesado e, depois, ingerir 3500 kcal no sábado e domingo. Esse tipo de padrão é o motivo pelo qual muitas pessoas sentem que estão estagnadas, ou que, mesmo cuidando da alimentação durante a semana, ainda estão ganhando peso.

A pessoa que se submete a esse tipo de extremos também pode se frustrar ao acompanhar o peso corporal, ou seja, pesar-se com frequência. Mas vale lembrar que flutuações de peso são normais, e elas ocorrem tanto dentro do mesmo dia quanto de um dia para o outro. Se você exagerar em um dia, retome os hábitos saudáveis, pois eles ajudam o corpo a se reequilibrar.

Esse comportamento de “tudo ou nada” da cultura de dietas cria uma relação punitiva com a comida, onde o “sofrimento” da semana é recompensado com exageros, prejudicando a habilidade de ouvir e entender o próprio corpo, além de ser fator de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares.

Flexibilidade x rigidez alimentar

A rigidez alimentar por um período determinado pode parecer atraente, mas a flexibilidade é que tem se mostrado crucial para a saúde e o emagrecimento. Estudos mostram que comportamentos flexíveis são mais eficazes em longo prazo.

Um ponto importante é que seu corpo não sabe que dia da semana é. Apesar de existir um ritmo biológico diário, o que o corpo entende é o padrão que está sendo estabelecido. Desse modo, é possível organizar sua alimentação de acordo com sua conveniência. Isso porque não existe o tal “já que...” (por exemplo, “já que eu exagerei no almoço, o dia está perdido, então vou comer de tudo hoje e amanhã retomo”).

O corpo não funciona por dia. Logo, se você exagerou no almoço de um dia, não tem nada perdido. Provavelmente você terá fome um pouco mais tarde, então o natural é que organize sua refeição honrando o sinal de fome física. Além disso, dependendo da qualidade do almoço, tente um jantar mais leve ou, dependendo do horário que terminou o almoço, se não tiver fome, nem precisa jantar. Esse tipo de regulação é o natural para quem tem boa conexão corporal.

O que faz sentido, pensando em saúde?

O extremismo alimentar simplifica toda a complexidade da relação entre corpo e alimentação, dividindo os alimentos em duas categorias: bons e ruins. Porém, não é possível julgar a alimentação por um único alimento.

Mais do que pensar desse modo simplista, é preciso pensar na alimentação como um todo. Afinal, comer é também um ato social e uma alimentação saudável depende do que, quanto, por que e como se come.

Para responder se uma alimentação é saudável ou não, precisamos ir além dos nutrientes: é preciso entender o contexto em que ela ocorre. Não se trata de levar uma marmita de salada para uma festa infantil, mas de saber equilibrar a rotina para aproveitar momentos especiais.

Variar é preciso!

A pizza ocasional pode ser tão importante quanto a salada do almoço. A comida faz parte dos momentos de prazer e descontração. A questão é como conseguir equilibrar prazer e qualidade. Para isso, gosto de fazer a seguinte pergunta: “Qual o estilo de vida que você deseja ter?”

Não existe uma fórmula única para a saúde. Nossos corpos são diferentes, assim como o dia a dia e as nossas preferências. O importante é encontrar uma rotina de saúde que faça sentido para você. Você prefere organizar sua alimentação de que modo? Ser honesto consigo mesmo é essencial para evitar frustrações – mas isso só vem com muito autoconhecimento.

Opinião por Desire Coelho

Nutricionista e bacharel em esporte, doutora e mestre em Ciências pela USP, especialista em transtornos alimentares e em análise do comportamento. É autora do livro “Por que não consigo emagrecer?” e coautora do livro “A Dieta Ideal”

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