Nutrição, exercício e comportamento

Opinião|Não anda feliz com seu corpo? Problema pode estar no uso exagerado de redes sociais


As plataformas digitais têm intensificado a comparação entre pessoas, alimentando a insatisfação corporal e, consequentemente, aumentado os riscos para a saúde mental

Por Desire Coelho

Tente calcular quanto tempo, em média, você dedica por dia cuidando da sua aparência. Inclua nessa conta o tempo gasto em atividades como fazer exercícios, lavar e pentear os cabelos, aplicar cremes, passar maquiagem, escolher roupas, ir ao cabeleireiro e realizar tratamentos estéticos. Um estudo com mais de 90 mil pessoas de 93 países, incluindo o Brasil, revelou que adultos passam, em média, 4 horas por dia cuidando da aparência. A sua conta chegou perto disso?

O estudo também destaca alguns dados interessantes: mulheres investem, em média, 25 minutos a mais por dia em comparação aos homens nessas atividades. Além disso, constatou-se que o uso intenso de redes sociais está associado a uma maior dedicação à aparência, reforçando a relação entre ficar muito tempo nessas plataformas e a insatisfação corporal.

Quanto mais tempo alguém passa nas redes sociais, maior o risco de não se sentir feliz com o próprio corpo. Foto: guruXOX/Adobe Stock
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Segundo alguns pesquisadores, a satisfação corporal é influenciada por três fatores: aceitação da aparência física, satisfação com o peso e flexibilidade na importância atribuída ao ideal. Esses aspectos sofrem uma interferência direta do meio em que a pessoa vive e também de suas relações pessoais, incluindo o acesso aos meios de comunicação e o vínculo com a família e seus pares.

E há um consenso entre os pesquisadores da área sobre a interferência das redes sociais nessa aceitação com a aparência, seja em adultos, adolescentes e, pasme, até em crianças. A busca incessante por padrões estéticos normalmente vinculados com ideais de magreza pode ser um reflexo de baixa autoestima, um conhecido fator de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares.

Autocuidado ou autocobrança?

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Todo esse tempo dedicado à aparência nos leva a um questionamento: estamos praticando autocuidado ou nos submetendo a uma autocobrança exacerbada?

Nossa autoimagem, ou a forma como nos percebemos, é moldada por diversos fatores, incluindo o ambiente em que vivemos, nossa história de vida e aspectos psicológicos. A autoestima , por sua vez, é influenciada por quatro dimensões principais:

  • Pessoal: envolve a forma como o indivíduo percebe a si mesmo e seus atributos físicos;
  • Social: diz respeito à maneira como o indivíduo se avalia com relação aos seus relacionamentos e importância nos grupos sociais;
  • Familiar: tem a ver com a autoestima do indivíduo e como ele percebe seu significado dentro do seu núcleo familiar;
  • Acadêmica: engloba a autoavaliação do indivíduo sobre seu desempenho e sucesso acadêmico.
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Um estudo avaliou que uma percepção negativa em qualquer uma dessas áreas possui uma relação positiva com baixa autoestima. E a ciência nos mostra que essa falta de apreço por si e a insatisfação corporal são fatores de risco significativos para transtornos alimentares – um problema que está surgindo cada vez mais cedo em crianças e adolescentes. Dados que levam em consideração a última edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) sugerem uma prevalência de quase 6% entre as meninas de 11 a 19 anos de idade, fase caracterizada por grandes mudanças em todos os aspectos, e com enorme carga emocional. É um dado alarmante, que evidencia a vulnerabilidade desse grupo.

A insatisfação corporal é ensinada

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Ensinada e perpetuada. Estudos indicam que a exposição à mídia pode aumentar o risco de comportamentos alimentares transtornados, especialmente em indivíduos com maior suscetibilidade a internalizar ideais de magreza.

Quando expostas a pressões sociais para alcançar um ideal de magreza – e essa pressão pode estar inclusive dentro da própria família –, muitas crianças internalizam esses padrões, o que pode intensificar a insatisfação corporal e a baixa autoestima.

Em uma sociedade que ainda associa magreza à saúde, é vital diferenciar esses conceitos. A saúde, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um estado de completo bem-estar físico, mental e social – e não apenas a ausência de doença. Agora, reflita: quantas pessoas abdicam de bem-estar físico e emocional na busca pela magreza?

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Como escrevi em meu primeiro livro, os relacionamentos mais longos que temos em nossas vidas são com nosso corpo e com a comida. Precisamos dar atenção a esses relacionamentos todos dias, e fica muito mais fácil cuidar bem daquilo que amamos.

Enquanto a insatisfação gera frustração, culpa e raiva, a satisfação gera cuidado, carinho, respeito.

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Estudos sugerem que a satisfação corporal tende a aumentar com a idade, mas por que esperar? A atualidade, juntamente com as redes sociais, trazem consigo um excesso de comparação que pode adoecer. A verdade é que sempre terá alguém com mais sucesso, com um corpo ou um visual mais interessante, uma ideia mais criativa, e precisamos cultivar e diferenciar o que é nosso e o que é do outro. Promovendo a aceitação e o amor-próprio desde cedo, podemos construir uma sociedade que tem como foco a saúde e o cuidado, caminhos fundamentais para uma vida mais serena e de qualidade.

Tente calcular quanto tempo, em média, você dedica por dia cuidando da sua aparência. Inclua nessa conta o tempo gasto em atividades como fazer exercícios, lavar e pentear os cabelos, aplicar cremes, passar maquiagem, escolher roupas, ir ao cabeleireiro e realizar tratamentos estéticos. Um estudo com mais de 90 mil pessoas de 93 países, incluindo o Brasil, revelou que adultos passam, em média, 4 horas por dia cuidando da aparência. A sua conta chegou perto disso?

O estudo também destaca alguns dados interessantes: mulheres investem, em média, 25 minutos a mais por dia em comparação aos homens nessas atividades. Além disso, constatou-se que o uso intenso de redes sociais está associado a uma maior dedicação à aparência, reforçando a relação entre ficar muito tempo nessas plataformas e a insatisfação corporal.

Quanto mais tempo alguém passa nas redes sociais, maior o risco de não se sentir feliz com o próprio corpo. Foto: guruXOX/Adobe Stock

Segundo alguns pesquisadores, a satisfação corporal é influenciada por três fatores: aceitação da aparência física, satisfação com o peso e flexibilidade na importância atribuída ao ideal. Esses aspectos sofrem uma interferência direta do meio em que a pessoa vive e também de suas relações pessoais, incluindo o acesso aos meios de comunicação e o vínculo com a família e seus pares.

E há um consenso entre os pesquisadores da área sobre a interferência das redes sociais nessa aceitação com a aparência, seja em adultos, adolescentes e, pasme, até em crianças. A busca incessante por padrões estéticos normalmente vinculados com ideais de magreza pode ser um reflexo de baixa autoestima, um conhecido fator de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares.

Autocuidado ou autocobrança?

Todo esse tempo dedicado à aparência nos leva a um questionamento: estamos praticando autocuidado ou nos submetendo a uma autocobrança exacerbada?

Nossa autoimagem, ou a forma como nos percebemos, é moldada por diversos fatores, incluindo o ambiente em que vivemos, nossa história de vida e aspectos psicológicos. A autoestima , por sua vez, é influenciada por quatro dimensões principais:

  • Pessoal: envolve a forma como o indivíduo percebe a si mesmo e seus atributos físicos;
  • Social: diz respeito à maneira como o indivíduo se avalia com relação aos seus relacionamentos e importância nos grupos sociais;
  • Familiar: tem a ver com a autoestima do indivíduo e como ele percebe seu significado dentro do seu núcleo familiar;
  • Acadêmica: engloba a autoavaliação do indivíduo sobre seu desempenho e sucesso acadêmico.

Um estudo avaliou que uma percepção negativa em qualquer uma dessas áreas possui uma relação positiva com baixa autoestima. E a ciência nos mostra que essa falta de apreço por si e a insatisfação corporal são fatores de risco significativos para transtornos alimentares – um problema que está surgindo cada vez mais cedo em crianças e adolescentes. Dados que levam em consideração a última edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) sugerem uma prevalência de quase 6% entre as meninas de 11 a 19 anos de idade, fase caracterizada por grandes mudanças em todos os aspectos, e com enorme carga emocional. É um dado alarmante, que evidencia a vulnerabilidade desse grupo.

A insatisfação corporal é ensinada

Ensinada e perpetuada. Estudos indicam que a exposição à mídia pode aumentar o risco de comportamentos alimentares transtornados, especialmente em indivíduos com maior suscetibilidade a internalizar ideais de magreza.

Quando expostas a pressões sociais para alcançar um ideal de magreza – e essa pressão pode estar inclusive dentro da própria família –, muitas crianças internalizam esses padrões, o que pode intensificar a insatisfação corporal e a baixa autoestima.

Em uma sociedade que ainda associa magreza à saúde, é vital diferenciar esses conceitos. A saúde, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um estado de completo bem-estar físico, mental e social – e não apenas a ausência de doença. Agora, reflita: quantas pessoas abdicam de bem-estar físico e emocional na busca pela magreza?

Como escrevi em meu primeiro livro, os relacionamentos mais longos que temos em nossas vidas são com nosso corpo e com a comida. Precisamos dar atenção a esses relacionamentos todos dias, e fica muito mais fácil cuidar bem daquilo que amamos.

Enquanto a insatisfação gera frustração, culpa e raiva, a satisfação gera cuidado, carinho, respeito.

Estudos sugerem que a satisfação corporal tende a aumentar com a idade, mas por que esperar? A atualidade, juntamente com as redes sociais, trazem consigo um excesso de comparação que pode adoecer. A verdade é que sempre terá alguém com mais sucesso, com um corpo ou um visual mais interessante, uma ideia mais criativa, e precisamos cultivar e diferenciar o que é nosso e o que é do outro. Promovendo a aceitação e o amor-próprio desde cedo, podemos construir uma sociedade que tem como foco a saúde e o cuidado, caminhos fundamentais para uma vida mais serena e de qualidade.

Tente calcular quanto tempo, em média, você dedica por dia cuidando da sua aparência. Inclua nessa conta o tempo gasto em atividades como fazer exercícios, lavar e pentear os cabelos, aplicar cremes, passar maquiagem, escolher roupas, ir ao cabeleireiro e realizar tratamentos estéticos. Um estudo com mais de 90 mil pessoas de 93 países, incluindo o Brasil, revelou que adultos passam, em média, 4 horas por dia cuidando da aparência. A sua conta chegou perto disso?

O estudo também destaca alguns dados interessantes: mulheres investem, em média, 25 minutos a mais por dia em comparação aos homens nessas atividades. Além disso, constatou-se que o uso intenso de redes sociais está associado a uma maior dedicação à aparência, reforçando a relação entre ficar muito tempo nessas plataformas e a insatisfação corporal.

Quanto mais tempo alguém passa nas redes sociais, maior o risco de não se sentir feliz com o próprio corpo. Foto: guruXOX/Adobe Stock

Segundo alguns pesquisadores, a satisfação corporal é influenciada por três fatores: aceitação da aparência física, satisfação com o peso e flexibilidade na importância atribuída ao ideal. Esses aspectos sofrem uma interferência direta do meio em que a pessoa vive e também de suas relações pessoais, incluindo o acesso aos meios de comunicação e o vínculo com a família e seus pares.

E há um consenso entre os pesquisadores da área sobre a interferência das redes sociais nessa aceitação com a aparência, seja em adultos, adolescentes e, pasme, até em crianças. A busca incessante por padrões estéticos normalmente vinculados com ideais de magreza pode ser um reflexo de baixa autoestima, um conhecido fator de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares.

Autocuidado ou autocobrança?

Todo esse tempo dedicado à aparência nos leva a um questionamento: estamos praticando autocuidado ou nos submetendo a uma autocobrança exacerbada?

Nossa autoimagem, ou a forma como nos percebemos, é moldada por diversos fatores, incluindo o ambiente em que vivemos, nossa história de vida e aspectos psicológicos. A autoestima , por sua vez, é influenciada por quatro dimensões principais:

  • Pessoal: envolve a forma como o indivíduo percebe a si mesmo e seus atributos físicos;
  • Social: diz respeito à maneira como o indivíduo se avalia com relação aos seus relacionamentos e importância nos grupos sociais;
  • Familiar: tem a ver com a autoestima do indivíduo e como ele percebe seu significado dentro do seu núcleo familiar;
  • Acadêmica: engloba a autoavaliação do indivíduo sobre seu desempenho e sucesso acadêmico.

Um estudo avaliou que uma percepção negativa em qualquer uma dessas áreas possui uma relação positiva com baixa autoestima. E a ciência nos mostra que essa falta de apreço por si e a insatisfação corporal são fatores de risco significativos para transtornos alimentares – um problema que está surgindo cada vez mais cedo em crianças e adolescentes. Dados que levam em consideração a última edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) sugerem uma prevalência de quase 6% entre as meninas de 11 a 19 anos de idade, fase caracterizada por grandes mudanças em todos os aspectos, e com enorme carga emocional. É um dado alarmante, que evidencia a vulnerabilidade desse grupo.

A insatisfação corporal é ensinada

Ensinada e perpetuada. Estudos indicam que a exposição à mídia pode aumentar o risco de comportamentos alimentares transtornados, especialmente em indivíduos com maior suscetibilidade a internalizar ideais de magreza.

Quando expostas a pressões sociais para alcançar um ideal de magreza – e essa pressão pode estar inclusive dentro da própria família –, muitas crianças internalizam esses padrões, o que pode intensificar a insatisfação corporal e a baixa autoestima.

Em uma sociedade que ainda associa magreza à saúde, é vital diferenciar esses conceitos. A saúde, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um estado de completo bem-estar físico, mental e social – e não apenas a ausência de doença. Agora, reflita: quantas pessoas abdicam de bem-estar físico e emocional na busca pela magreza?

Como escrevi em meu primeiro livro, os relacionamentos mais longos que temos em nossas vidas são com nosso corpo e com a comida. Precisamos dar atenção a esses relacionamentos todos dias, e fica muito mais fácil cuidar bem daquilo que amamos.

Enquanto a insatisfação gera frustração, culpa e raiva, a satisfação gera cuidado, carinho, respeito.

Estudos sugerem que a satisfação corporal tende a aumentar com a idade, mas por que esperar? A atualidade, juntamente com as redes sociais, trazem consigo um excesso de comparação que pode adoecer. A verdade é que sempre terá alguém com mais sucesso, com um corpo ou um visual mais interessante, uma ideia mais criativa, e precisamos cultivar e diferenciar o que é nosso e o que é do outro. Promovendo a aceitação e o amor-próprio desde cedo, podemos construir uma sociedade que tem como foco a saúde e o cuidado, caminhos fundamentais para uma vida mais serena e de qualidade.

Tente calcular quanto tempo, em média, você dedica por dia cuidando da sua aparência. Inclua nessa conta o tempo gasto em atividades como fazer exercícios, lavar e pentear os cabelos, aplicar cremes, passar maquiagem, escolher roupas, ir ao cabeleireiro e realizar tratamentos estéticos. Um estudo com mais de 90 mil pessoas de 93 países, incluindo o Brasil, revelou que adultos passam, em média, 4 horas por dia cuidando da aparência. A sua conta chegou perto disso?

O estudo também destaca alguns dados interessantes: mulheres investem, em média, 25 minutos a mais por dia em comparação aos homens nessas atividades. Além disso, constatou-se que o uso intenso de redes sociais está associado a uma maior dedicação à aparência, reforçando a relação entre ficar muito tempo nessas plataformas e a insatisfação corporal.

Quanto mais tempo alguém passa nas redes sociais, maior o risco de não se sentir feliz com o próprio corpo. Foto: guruXOX/Adobe Stock

Segundo alguns pesquisadores, a satisfação corporal é influenciada por três fatores: aceitação da aparência física, satisfação com o peso e flexibilidade na importância atribuída ao ideal. Esses aspectos sofrem uma interferência direta do meio em que a pessoa vive e também de suas relações pessoais, incluindo o acesso aos meios de comunicação e o vínculo com a família e seus pares.

E há um consenso entre os pesquisadores da área sobre a interferência das redes sociais nessa aceitação com a aparência, seja em adultos, adolescentes e, pasme, até em crianças. A busca incessante por padrões estéticos normalmente vinculados com ideais de magreza pode ser um reflexo de baixa autoestima, um conhecido fator de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares.

Autocuidado ou autocobrança?

Todo esse tempo dedicado à aparência nos leva a um questionamento: estamos praticando autocuidado ou nos submetendo a uma autocobrança exacerbada?

Nossa autoimagem, ou a forma como nos percebemos, é moldada por diversos fatores, incluindo o ambiente em que vivemos, nossa história de vida e aspectos psicológicos. A autoestima , por sua vez, é influenciada por quatro dimensões principais:

  • Pessoal: envolve a forma como o indivíduo percebe a si mesmo e seus atributos físicos;
  • Social: diz respeito à maneira como o indivíduo se avalia com relação aos seus relacionamentos e importância nos grupos sociais;
  • Familiar: tem a ver com a autoestima do indivíduo e como ele percebe seu significado dentro do seu núcleo familiar;
  • Acadêmica: engloba a autoavaliação do indivíduo sobre seu desempenho e sucesso acadêmico.

Um estudo avaliou que uma percepção negativa em qualquer uma dessas áreas possui uma relação positiva com baixa autoestima. E a ciência nos mostra que essa falta de apreço por si e a insatisfação corporal são fatores de risco significativos para transtornos alimentares – um problema que está surgindo cada vez mais cedo em crianças e adolescentes. Dados que levam em consideração a última edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) sugerem uma prevalência de quase 6% entre as meninas de 11 a 19 anos de idade, fase caracterizada por grandes mudanças em todos os aspectos, e com enorme carga emocional. É um dado alarmante, que evidencia a vulnerabilidade desse grupo.

A insatisfação corporal é ensinada

Ensinada e perpetuada. Estudos indicam que a exposição à mídia pode aumentar o risco de comportamentos alimentares transtornados, especialmente em indivíduos com maior suscetibilidade a internalizar ideais de magreza.

Quando expostas a pressões sociais para alcançar um ideal de magreza – e essa pressão pode estar inclusive dentro da própria família –, muitas crianças internalizam esses padrões, o que pode intensificar a insatisfação corporal e a baixa autoestima.

Em uma sociedade que ainda associa magreza à saúde, é vital diferenciar esses conceitos. A saúde, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um estado de completo bem-estar físico, mental e social – e não apenas a ausência de doença. Agora, reflita: quantas pessoas abdicam de bem-estar físico e emocional na busca pela magreza?

Como escrevi em meu primeiro livro, os relacionamentos mais longos que temos em nossas vidas são com nosso corpo e com a comida. Precisamos dar atenção a esses relacionamentos todos dias, e fica muito mais fácil cuidar bem daquilo que amamos.

Enquanto a insatisfação gera frustração, culpa e raiva, a satisfação gera cuidado, carinho, respeito.

Estudos sugerem que a satisfação corporal tende a aumentar com a idade, mas por que esperar? A atualidade, juntamente com as redes sociais, trazem consigo um excesso de comparação que pode adoecer. A verdade é que sempre terá alguém com mais sucesso, com um corpo ou um visual mais interessante, uma ideia mais criativa, e precisamos cultivar e diferenciar o que é nosso e o que é do outro. Promovendo a aceitação e o amor-próprio desde cedo, podemos construir uma sociedade que tem como foco a saúde e o cuidado, caminhos fundamentais para uma vida mais serena e de qualidade.

Tente calcular quanto tempo, em média, você dedica por dia cuidando da sua aparência. Inclua nessa conta o tempo gasto em atividades como fazer exercícios, lavar e pentear os cabelos, aplicar cremes, passar maquiagem, escolher roupas, ir ao cabeleireiro e realizar tratamentos estéticos. Um estudo com mais de 90 mil pessoas de 93 países, incluindo o Brasil, revelou que adultos passam, em média, 4 horas por dia cuidando da aparência. A sua conta chegou perto disso?

O estudo também destaca alguns dados interessantes: mulheres investem, em média, 25 minutos a mais por dia em comparação aos homens nessas atividades. Além disso, constatou-se que o uso intenso de redes sociais está associado a uma maior dedicação à aparência, reforçando a relação entre ficar muito tempo nessas plataformas e a insatisfação corporal.

Quanto mais tempo alguém passa nas redes sociais, maior o risco de não se sentir feliz com o próprio corpo. Foto: guruXOX/Adobe Stock

Segundo alguns pesquisadores, a satisfação corporal é influenciada por três fatores: aceitação da aparência física, satisfação com o peso e flexibilidade na importância atribuída ao ideal. Esses aspectos sofrem uma interferência direta do meio em que a pessoa vive e também de suas relações pessoais, incluindo o acesso aos meios de comunicação e o vínculo com a família e seus pares.

E há um consenso entre os pesquisadores da área sobre a interferência das redes sociais nessa aceitação com a aparência, seja em adultos, adolescentes e, pasme, até em crianças. A busca incessante por padrões estéticos normalmente vinculados com ideais de magreza pode ser um reflexo de baixa autoestima, um conhecido fator de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares.

Autocuidado ou autocobrança?

Todo esse tempo dedicado à aparência nos leva a um questionamento: estamos praticando autocuidado ou nos submetendo a uma autocobrança exacerbada?

Nossa autoimagem, ou a forma como nos percebemos, é moldada por diversos fatores, incluindo o ambiente em que vivemos, nossa história de vida e aspectos psicológicos. A autoestima , por sua vez, é influenciada por quatro dimensões principais:

  • Pessoal: envolve a forma como o indivíduo percebe a si mesmo e seus atributos físicos;
  • Social: diz respeito à maneira como o indivíduo se avalia com relação aos seus relacionamentos e importância nos grupos sociais;
  • Familiar: tem a ver com a autoestima do indivíduo e como ele percebe seu significado dentro do seu núcleo familiar;
  • Acadêmica: engloba a autoavaliação do indivíduo sobre seu desempenho e sucesso acadêmico.

Um estudo avaliou que uma percepção negativa em qualquer uma dessas áreas possui uma relação positiva com baixa autoestima. E a ciência nos mostra que essa falta de apreço por si e a insatisfação corporal são fatores de risco significativos para transtornos alimentares – um problema que está surgindo cada vez mais cedo em crianças e adolescentes. Dados que levam em consideração a última edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) sugerem uma prevalência de quase 6% entre as meninas de 11 a 19 anos de idade, fase caracterizada por grandes mudanças em todos os aspectos, e com enorme carga emocional. É um dado alarmante, que evidencia a vulnerabilidade desse grupo.

A insatisfação corporal é ensinada

Ensinada e perpetuada. Estudos indicam que a exposição à mídia pode aumentar o risco de comportamentos alimentares transtornados, especialmente em indivíduos com maior suscetibilidade a internalizar ideais de magreza.

Quando expostas a pressões sociais para alcançar um ideal de magreza – e essa pressão pode estar inclusive dentro da própria família –, muitas crianças internalizam esses padrões, o que pode intensificar a insatisfação corporal e a baixa autoestima.

Em uma sociedade que ainda associa magreza à saúde, é vital diferenciar esses conceitos. A saúde, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um estado de completo bem-estar físico, mental e social – e não apenas a ausência de doença. Agora, reflita: quantas pessoas abdicam de bem-estar físico e emocional na busca pela magreza?

Como escrevi em meu primeiro livro, os relacionamentos mais longos que temos em nossas vidas são com nosso corpo e com a comida. Precisamos dar atenção a esses relacionamentos todos dias, e fica muito mais fácil cuidar bem daquilo que amamos.

Enquanto a insatisfação gera frustração, culpa e raiva, a satisfação gera cuidado, carinho, respeito.

Estudos sugerem que a satisfação corporal tende a aumentar com a idade, mas por que esperar? A atualidade, juntamente com as redes sociais, trazem consigo um excesso de comparação que pode adoecer. A verdade é que sempre terá alguém com mais sucesso, com um corpo ou um visual mais interessante, uma ideia mais criativa, e precisamos cultivar e diferenciar o que é nosso e o que é do outro. Promovendo a aceitação e o amor-próprio desde cedo, podemos construir uma sociedade que tem como foco a saúde e o cuidado, caminhos fundamentais para uma vida mais serena e de qualidade.

Opinião por Desire Coelho

Nutricionista e bacharel em esporte, doutora e mestre em Ciências pela USP, especialista em transtornos alimentares e em análise do comportamento. É autora do livro “Por que não consigo emagrecer?” e coautora do livro “A Dieta Ideal”

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